O Povo europeu irá pagar caro a sua má Política
António Justo
Os perdedores deste conflito são já claros: a Europa, a população líbia e a civilização. O Estado cairá nas mãos do diabo ou de Belzebu. Desde que o Islão acordou, quem perderá será o Ocidente e as populações maometanas, como tem acontecido nas guerras com as suas populações!
O Ocidente perde em todo o caso. Perde, se apoiar as tribos rebeldes do Leste líbio, porque assim ajudará o extremismo muçulmano a estabelecer-se na Líbia e não só. O Leste, onde a resistência contra Kadhafi se expressa com vigor, é também o centro de recrutamento do terrorismo internacional de Al-Qaida. A Europa perde com o acolhimento de refugiados (que terá de aceitar por razões humanitárias) pois estes irão engrossar os herméticos guetos muçulmanos na Europa, facilitando-lhes assim a sua estratégia de guerrilha, a partir da sociedade europeia. A Europa perderá também ao reprimir as forças de Kadhafi; este ver-se-á obrigado a incendiar os centros petrolíferos. A Europa perderá também no caso de Gadhafi ganhar a guerra civil, porque este não aceitará mais ser o bastião da Europa, em terra líbia, contra refugiados e terrorismo de Al-Qaida. Quem terá vantagens com a guerra civil será o islamismo extremista. Já se pode prever a guerra civil como na Somália.
NÚVENS NEGRAS LÍBIAS VERSUS EUROPA
Um raio de sol tardio roçou as margens africanas do Mediterrâneo. Uma Primavera no Outono, que, apesar de tudo, faz pulsar corações amantes de liberdade. Nas águas líbias o vermelho dum pôr de sol triste mistura-se com nuvens sombrias a toldar o Mediterrâneo.
Kadhafi lança bombas sobre a população. 150.000 líbios encontram-se em fuga. A liga para os Direitos Humanos(FIDH) fala de 3.000 mortos na Líbia até hoje. Kadhafi será acusado no Tribunal Internacional (IStGH) por crimes cometidos contra a humanidade.
Alguns cabecilhas da zona rebelde do Leste da Síria que antes eram contra a intervenção internacional pedem agora apoio militar internacional para que se proíbam os voos aéreos militares sobre a Líbia. A cedência a tal pedido significaria um ataque à soberania dum Estado e o apoio à oposição com consequências e responsabilidades logísticas semelhantes às do Kosovo. Se a UNO ou o Conselho de Segurança determinar a proibição de voos militares na Líbia, aceita implicitamente o próximo passo para a força internacional intervir. No caso de Kadhafi usar aviões militares, transgride a regra legitimando assim a intervenção internacional tal como aconteceu contra a Sérvia em 1992/93.
Agora que a Líbia quer tomar o destino nas suas mãos já os países fortes se preocupam, querendo até intervir, como se já não tivessem interferido antes. A realização dum tal intento, só revelaria que se não aprendeu nada da História, e que se continuaria a colonização camuflada sob o manto duma dupla moral de humanismo e de interesses económicos. Uma intervenção internacional na Líbia corresponderia mais uma vez ao adiamento da História. A colonização externa impediu a colonização interna da luta entre tribos e serviu-se da rivalidade entre as tribos para conseguir trunfos.
O primeiro passo a dar para a Paz terá de ser a Nível de Filosofias e de Povos
O mundo moderno ocidental – sedentário – nunca compreendeu o mundo árabe – nómada, nem este compreende aquele. São duas formas de estar no mundo: Duas filosofias, duas antropologias, duas sociologias e duas religiões! Depois das invasões dos povos bárbaros, que com o tempo se sedentarizaram, a Europa apenas tinha tido, no seu seio, a experiência cigana, que nunca tomou a sério. Também não tem tomando a sério a cultura árabe interpretando-a mal, projectando nela desejos de libertação não realizada. A sede europeia de dinheiro tem-na levado a negar-se a si mesma e assim impedido também o desenvolvimento dum islão europeu; um islão sedentário.
Embora o mundo ocidental não queira ouvir a sua mensagem, o povo do Magrebe é claro nas suas aspirações. Diz que não quer “nem ocidente nem oriente”; quer ser ele, só ele e a sua cultura! Um povo em marcha não se contenta com a perspectiva do paraíso, quer um futuro mais luminoso com empregos e sem fome, e este encontra-se na “terra prometida”, na Europa. Aqui cai o maná do céu, muito dele trazido pelos ventos vindo de África.
A sua insatisfação, consigo mesmos, com os seus líderes, com o estrangeiro, é natural, numa civilização tipo nómada, entregue às forças da natureza, dada à inércia, cativa de si mesma, explorada pelos próprios líderes e por estrangeiros a eles unidos, vivendo sempre na miragem de encontrar um oásis, um lugar onde colocar uma tenda..
Neste momento a hora da população não é mais que a hora da rua, até que novos tiranos ocupem o Estado e façam dele a sua tenda. Há muita gente boa no Ocidente que vê as manifestações da rua como expressão dum desejo de liberdade. Esta porém será uma liberdade cativa. Os ocidentais, habituados a viver em paisagens culturais lameirentas, junto aos rios, não têm a mínima ideia do que são as paisagens da alma dos povos do deserto e da realidade que expressam!
Esta civilização sustentada por rivalidades tribais, dirigida por déspotas, controlada por “irmandades” e unificada sob uma matriz religiosa omnipotente, não deixa espaço para a autonomia individual e, consequentemente, não tem espaço para a cidadania; quando muito, tem lugar para o homem crente.
Daí a sua impossibilidade momentânea de produzir cidadãos e de gerar “povo” no sentido ocidental. (De notar que também o Ocidente se encontra ainda a princípio duma caminhada que possibilite o crescermos juntos). Ao povo árabe, falta-lhe o sentir sedentário no seu ideário, falta-lhe a experiência de que religião se quer “como o sal na comida”; Sal a mais estraga tudo, torna tudo intragável. Falta-lhe a consciência de “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
Enquanto a civilização árabe não reconhecer factor geográfico do seu antigo pensar, o seu povo continuará, a ser vítima. Continuará a não ser povo, continuará apenas a ser população a viver na /da queixa. Enquanto continuarem a construir as tendas do gueto onde chegam não se encontram preparados para passarem da mentalidade nómada para a mentalidade sedentária. Só depois de experimentarem a fertilidade da mãe terra estarão preparados para aceitar a mulher para então se tornarem Povo e não ser apenas a população de Maomé guiada por “patriarcas”!.
António da Cunha Duarte Justo
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