Europa na Rectificação – AfD o seu Mecânico?

 

Quem não marra não mama – Em vez de Lamentos Grupos de Pressão

Por António Justo

No fim de semana de 30 de Abril para 1 de Maio realizou-se na Alemanha o congresso do partido AfD (Alternativa para a Alemanha) para discutir e aprovar o programa básico do AfD e assim alinhar as diferentes tendências do partido e se preparar para as próximas legislativas de 2017; a secção do AfD Sarre foi excluída do partido pelo Congresso, por manter contatos com a extrema-direita.

O declarado objectivo do novo partido AfD (actualmente com 23.000 membros) é, em relação à Alemanha, “entrar no Parlamento Federal” e, em relação à EU, defender uma “Europa das pátrias” soberanas.

O Programa

O jornal HNA 2.05 cita as seguintes decisões aprovadas no programa do partido: a Turquia não deve tornar-se membro da EU, a EU deve ser reformada de maneira a restituir a soberania aos estados nacionais, regressar à comunidade económica CEE, ser diminuído o número de abortos, proceder-se à expulsão de estrangeiros criminosos, iniciar uma saída ordenada do ensaio Euro, reintroduzir-se o serviço militar obrigatório para os alemães, “a imigração de refugiados não regulamentada” prejudica a Alemanha, precisando esta de “imigrantes qualificados com vontade de se integrarem”; pretende também que a responsabilidade criminal seja já a partir dos 12 e não dos 14 anos. O programa afirma que o islão não é compatível com a Constituição Alemã. Entre outros apelos regista-se a proibição do uso da burca e do niqab em público, bem como o apelo do muezim (1) e a construção de minaretes (torres das mesquitas), prolíferos devido ao financiamento árabe. Defendem a energia atómica, o sistema escolar dividido em escola industrial, escola comercial e liceu em vez da “escola secundária integrada”; contra a ideologia multicultural e consideram o Islão como o adversário do ocidente.

 São críticos em relação aos “partidos do consenso” e a uma “Alemanha contaminada pela geração 68” e reconhecem na Suíça o grande exemplo de participação civil na política.

O fenómeno que sociopolítico que se observa na Alemanha, uma sociedade extremamente temperada é indício de na Europa se iniciar um período crítico em relação a uma esquerda que actuou desenfreadamente perante uma direita, que se tinha reservado, socialmente, o papel de espectadora.

Segundo Bild am Sontag, a última sondagem Emnid conclui que se agora houvesse eleições o AfD seria a terceira força partidária da Alemanha com 13% de eleitores, os Verdes com 12%, o CDU/CSU 33%, o SPD 22%, o Esquerda 9% e o FDP 6%.

Os partidos estabelecidos procuram defender-se da nova força política, dando-lhe os atributos de extrema-direita e de populistas. Esta atitude revela mais fraqueza que força de argumentação porque é injusta no que respeita à atitude da maioria dos membros do partido (muitos deles eram membros dos partidos que dominam o poder na cena política: são os desiludidos da maneira como a esquerda europeia tem sido iconoclasta e irreverente em relação às tradições culturais ocidentais, são os críticos e os perdedores do sistema.).

O AfD obriga os outros partidos a ocuparem-se a nível de conteúdo com os problemas prementes que incomodam a maioria da população.

A classe política, apesar das perdas, sabe que pode continuar a governar sem grandes mudanças porque o grupo que a contesta é constituído por diferentes e concorrentes interesses que desestabilizam a nova formação política.

O que contribuiu para a formação do novo partido

Depois de 50 anos de domínio ideológico da esquerda surge agora, pela parte determinante da Europa, a resposta da direita. Até ao surgir do AfD, a Alemanha era um país em que os imigrantes de cultura árabe se encontravam à vontade e até com exigências desmedidas. Os governos alemães não elaboraram uma política de estrangeiros em termos sociais; tinham uma política só virada para a economia e em questões problemáticas consideravam o tema de estrangeiros na opinião pública como tabu. O tema sobre os problemas do gueto e de integração não podiam ser tratados com objectividade porque os interesses do status quo e grupos políticos da esquerda logo se insurgiam com o epíteto de racista a quem apresentasse algo crítico em relação aos árabes.

O Governo da Turquia envia regularmente para a Alemanha 970 imames (orientadores religiosos de mesquitas) que rotativamente se renovam de cinco em cinco anos, enquanto a mesma Turquia proíbe a entrada e a acção de padres ou pastores na Turquia. Deste modo, o governo turco com o seu ministério do culto, direcciona política e religiosamente, os turcos e seus descendentes na Alemanha chegando o presidente turco Erdogan a considerar a integração “um atentado contra a humanidade”.

Os partidos, até agora ignoraram o facto de muitas famílias turcas impedirem as filhas de frequentarem a ginástica (natação) na escola; não tomaram a sério nem puseram na ordem do dia o facto de jovens muçulmanos manifestarem desrespeito pelas professoras; ignoraram o facto de em algumas mesquitas se pregar contra princípios democráticos da sociedade ocidental; não se preocuparam com o problema da radicalização em torno das mesquitas, nem dos casamentos forçados, nem da matança primitiva de animais para a festa do sacrifício; evitaram também tematizar crimes de honra, a liberdade individual e a igualdade dos géneros entre os muçulmanos.

Desonrou-se a tolerância, tolerando a intolerância e agora que surge um novo partido (o AfD) a fazer concorrência aos partidos instalados, estes já se começam, oportunisticamente, a preocupar com o problema da integração e com a realidade de sociedades paralelas que fomentaram.

Outrora o povo barafustava não sendo tomado a sério pela classe política, agora que se organiza em termos de poder já é tomado a sério sendo até copiado  nalgumas exigências.

Lição da história: em vez de lamúrias e queixumes contra a classe do poder instalado, a solução é organizar-se em grupos de pressão, tal como fazem os que dominam. Basta seguir o exemplo dos grupos que têm nas mãos o poder: partidos, lóbis da economia e das finanças, maçonaria, sindicatos, etc. Doutro modo terão de se deixar reduzir à categoria dos que seguem o mote de “quem não berra não mama”; estes porém estão sempre dependentes do leite e da mãe. A política e o povo têm a melhor alegoria do seu comportamento na vaca leiteira e no seu bezerro: se o bezerro marra a vaca, esta deixa correr o leite. Em vez de berrar para mamar seria mais adequado lembrar-se da experiência de que quem não marra não mama. Alternativa: chorar ou marrar?

Aqui se nota a razão de povos vocacionados ao queixume! Em vez de seguirem o mote “quem não berra não mama” tornem-se activos mudando de atitude e de consciência, cientes de que quem não marra não mama! A prova vem dos grandes que marram tanto na teta do povo que chegam a nadar no leite. «Ou há moralidade ou comem todos»!

Somos livres de continuarmos a ser um povo que “não tuge nem muge” mas então não nos queixemos de sermos vaca só para alguns. No meio de tudo isto não desprezemos o outro provérbio português que avisa: “Onde reina a força, o direito não tem lugar.”

António da Cunha Duarte Justo

www.antonio-justo.eu

  • “Não há nenhum deus além de Deus (Alá) e Maomé é o seu profeta”. Este grito é uma provocação diária em relação a todos os que não são maometanos e para mais é entoada nas mesquitas europeias sem qualquer preocupação. A política que penaliza quem levanta o braço na repetição do gesto de Hitler aceita como normal a entoação religiosa de uma confissão de superioridade e de exclusão dos outros. O povo parece resignar, na consciência de que é melhor não pensar para não sofrer! Esta cultura que sobe ao rubro por qualquer ninharia cristã acumula energias negativas no povo ao verificar que se respeita mis a cultura do próximo que a própria.

A ALEMANHA POLÍTICA ENCONTRA-SE INQUIETA E EM FERMENTAÇÃO

O novo Partido AfD afirma-se afirmando que o “Islão é incompatível com a Constituição”

Por António Justo

Passaram-se os tempos em que a opinião pública era determinada pela classe pensante. A passagem do Marco alemão para o Euro e em especial a política de boas-vindas aos refugiados, da Chanceler Merkel, secundada pelo seu governo (com alguns desacordes do CSU) e pela oposição, puxou muita gente para a rua que já há muito tempo sofria de dores abdominais e agora reage abruptamente num acto de insegurança perante o “terremoto” dos refugiados.

Grande parte da população anda desconsolada com tanta abertura e compreensão da política para com os imigrantes de cultura árabe. Em 2014 tinham solicitado requerimento de asilo na Alemanha 202.645 refugiados e segundo os registos oficiais, a Alemanha em 2015 deu albergue a mais 1,1 milhão de refugiados. O coração das autoridades e do povo tinha-se aberto numa onda de filantropia sem igual. Uma tal subida, secundada de experiências menos positivas no contacto com muitos dos chegados, provocou um choque social, não se fazendo esperar a reacção.

Surgiu o partido AfD (“Alternativa para a Alemanha”); este, em menos de um ano de existência; conseguiu superar os 10% nos estados federados onde houve eleições comunais. Os partidos estabelecidos, CDU/CSU, SPD e Verdes, já temem a nova força concorrente que se candidatará para as eleições federais em 2017. As estimativas de previsão para as eleições parlamentares federais de 2017 confirmam a tendência obtida nas eleições para as comarcas. O AfD beneficiará, também do contestado acordo com uma Turquia, de pouca credulidade, que, além do mais, a troco de muitos milhares de milhões de euros, impede os refugiados de virem para a Europa, ganhando assim uma posição de poder chantagear a UE.

O AfD é recebido na praça da polis com semelhantes reacções como foi recebido, nos anos 80, o surgir do partido Os Verdes. Enfim: poder perturba poder, e os meios de uns e outros não conhecem as águas de uma moral pública onde se possam lavar.

De momento o AfD prepara-se para o seu congresso, onde elaborará o programa para as próximas legislativas. As suas afirmações sobre o Islão abanam a discussão pública e fazem tremer a alma de alguns mais sensíveis às intempéries. Uma sociedade mais preocupada e competente em princípios económicos do que em princípios de religiões parece acordar agora para a realidade da força da religião como factor fomentador de identidade.

O AfD que também quer uma fatia do bolo do poder, polariza a discussão provocando a reacção da classe política e de muitos jornalistas do consenso. O AfD, que surge do meio da sociedade – facto que atemoriza os poderes já instalados – insurge-se publicamente contra o islão político e lá do alto do seu minarete, afirma: “A maior ameaça para a democracia e para a liberdade parte hoje do Islão político”. A imprensa da praça insurge-se contra, afirmando que embora haja partidos muçulmanos que dão mais valor a princípios religiosos do que a direitos individuais de liberdade, na Alemanha não há partidos islâmicos e a maioria dos muçulmanos na Alemanha obedecem aos princípios democráticos.

Um outro ponto de crítica a querer lugar no programa do partido regista: „o AfD rejeita os Minaretes como símbolo de dominação assim como o apelo do muezim (almuadem), segundo o qual, com excepção de Allah (deus) islâmico não há Deus “. Os críticos do AfD respondem comparando o Minarete islâmico com as torres cristãs. Quanto ao credo professado nas cinco vezes do apelo diário à oração, a saber: “Não há nenhum deus além de Deus (Allá) e Maomé é o seu profeta”, a opinião publicada desculpa-os argumentando que tal apelo e oração expressa convicções religiosas que contribuem para uma maior ligação dentro do islão (Cf. HNA 20.04.2016). (Devo pessoalmente confessar que este apelo repetido todos os dias publicamente em todo o mundo é um distúrbio da ordem pública e uma provocação, apesar da admiração que se possa ter pela voz do muezim!)

Quanto ao lenço de cabeça que muitas muçulmanas trazem, lê-se numa moção a apresentar no congresso: ” A integração e igualdade das mulheres e raparigas assim como o livre desenvolvimento da personalidade contradizem o lenço de cabeça como símbolo religioso-político de subordinação das mulheres muçulmanas aos homens “. Oponentes desta tese vêem no trazer do lenço um testemunho por uma norma moral de fundamentação religiosa. O HNA também relata que o vice-presidente do AfD afirma: “Eu creio que o Islão, na sua forma actual não é integrável numa sociedade ocidental, muitas pessoas sim mas o Islão não”. Embora haja muitos fluxos islâmicos de salafistas crescentes, há também muitas outras comunidades religiosas islâmicas que não se opõem à ordem social em que vivem.

No projeto do programa também se lê “O Islão já se encontra no seu caminho declarado de domínio do mundo em 57 dos 190 países. Estes declararam a Sharia como o seu sistema legal na Declaração do Cairo de 1990 e, deste modo, a Carta de 1948 dos Direitos Humanos da ONU como irrelevante”. Há quem contradiga fazendo a observação que a OIC (Organização de Cooperação Islâmica) não é uma aliança de estados mas apenas uma organização intergovernamental cujos acordos não são obrigatórios para cada Estado membro.

No passado o Estado Secular não tem tomado a sério a força religiosa imanente ao Homem e tem até procurado discriminá-la. Negar ou ignorar tal realidade contradiz o espírito democrático e um encontro de culturas de olhos nos olhos. A imprensa e os intelectuais não são amigos do Islão se o tratam como um coitadinho que só pode ser defendido e compreendido: querer-se-ia um islão de baixo sem compreender a sua verdadeira filosofia.

Concretamente: seria incúria se o Estado secular e a intelectualidade europeia continuassem a ignorar o problema sem se ocupar de maneira científica e humana da questão da compatibilidade ou incompatibilidade do Islão com a Democracia; só assim se poderão fomentar a paz social e ajudar o mundo islâmico a uma revolução pacífica interna. Os Estados islâmicos terão de enfrentar o problema do seu autoritarismo e da sua desconsideração das necessidades de libertação do povo, como já se manifestou no movimento da primavera árabe. Urge a mudança no sentido de reconciliar as autoridades com o povo e os princípios com a vida. Sem a paz entre os muçulmanos não haverá paz mundial.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

MIGUEL DE CERVANTES NO SEU 4° CENTENÁRIO – UM CRENTE DA FANTASIA QUE INVERTE A FIGURA DO HERÓI NO ROMANCE

Dom Quixote (idealista) e Sancho Pança (realista) tornam-se Arquétipos do Homem e da Sociedade a Caminho de si mesmos

Por António Justo

Miguel de Cervantes morreu há 400 anos no dia 23.04.1616 (1). Publicou, em 1605, o romance “Dom Quixote da Mancha” com 640 páginas e em 1615 a sua continuação (2).

Cervantes, com o “Dom Quixote”, criou o melhor romance de todos os tempos. A sua luta contra os moinhos de vento inclui uma missão de resgate do mundo, criando um novo tipo de herói (herói é o que perde, o fracassado a viver à margem de uma realidade que, para o ser verdadeiramente, inclui o ideal) que, no seguimento do Crucificado, passa a inspirar também outros géneros da arte. O escritor Cervantes compreendeu bem a mensagem cristã ao fazer do derrotado o herói num mundo de alucinados de um combate em torno do poder e do sucesso. Acaba com a primariedade de uma visão que fazia do herói um protagonista infalível. Com Dom Quixote, Cervantes inicia assim uma nova forma de fazer romances ao inverter-lhe os termos. O fidalgo Dom Quixote afronta o escárnio e o ridículo de sociedades renitentes incapazes de compreenderem o seu ideal.

Passados quatro séculos, a obra continua a ser o testemunho de um idealismo perene que não se deixa apagar pela sombra da História. Ontem como hoje constata-se a mesma queixa de Cervantes: uma sociedade perdida no dinheiro e no mercantilismo de interesses e de arbitrariedades.

Opta pela vida de cavaleiro andante, movido pela crença num mundo caldeado de fantasia criativa e de abertura ao diferente. Recalca a outra parte de si (o companheiro Sancho Pança) para afirmar a sua parte mais nobre (o Dom Quixote) e assim fugir à banalidade do factual habitual. Dom Quixote sobrevive ao tempo por ter um ideal, uma vontade e uma missão envolventes. Deste modo sobrevive a todos os que se amarram na defesa de interesses próprios (dinheiro e sucesso) e por isso não passam de meros sucessores da lista da história numa tarefa de adiadores e enegrecedores do horizonte social.

O autor que não se contenta com a leitura/feitura de romances numa vida desafogada

Cervantes nasceu em 1547 nas redondezas de Madrid; estudou teologia na universidade de Salamanca e na idade de 22 anos torna-se serviçal do Cardeal Giulio Aquaviva. Pouco tempo depois abandona Roma para seguir a voz da aventura, distinguindo-se como soldado na defesa da cristandade contra o poder muçulmano. Depois da batalha naval de Levanto, com a mão mutilada, inicia o regresso a Espanha; com o romance pronto a ser publicado, foi aprisionado por corsários argelinos e depois já em fuga oferece-se como fiel penhor dos companheiros. O governador de Oran condenou o poeta a duas mil chicotadas; Cervantes volta a fugir sendo depois resgatado por monges com os 300 ducados dados em resgate pela mãe e a irmã; finalmente volta a Espanha depois de 5 anos de escravidão e prisão. Depois combateu ainda como soldado em Portugal (o Prior do Crato oferecera resistência a Filipe II de Espanha!). Cervantes regressa depois a Espanha continuando a ser malfadado pela sorte.

Cervantes, como a sua figura Dom Quixote, combate contra moinhos de vento. Isto não é apenas uma mania sua porque ele estará consciente que os gigantes que combate fazem parte de uma realidade feita de factual e fantasia, não hesitando em deixar-nos hesitantes da realidade da sua crença: se o real do factual se o real da fantasia. A vida é feita de mistério e como tal fermentada pela fantasia num moer de moinhos e vento.

Cervantes criou magistralmente os arquétipos Sancho Pança – o realista com os pés bem assentes na terra- e Dom Quixote – o idealista que quer antecipar o futuro (num presente a fazer-se de passado e futuro). São dois polos de uma dinâmica de que é feita a vida. Cervantes dá preferência à fantasia na figura do fidalgo Dom Quixote (que no cavalo segue a aventura) ao colocar como servidor deste o fiel escudeiro Sancho Pança (realista e pragmático que, seguindo em cima do seu burro, não compreende idealismos nem teorias que complicam). Sancho Pança revela-se bom conselheiro mas só segue o caminho na esperança de alguma promessa.

A caminho de si mesmo

O caminheiro, se observa bem as caminhadas da natura e da cultura, encontra-se a si mesmo em percursos de vidas, todas elas a jorrar na procura da mesma meta; o caminheiro redescobre-se então em novos panoramas de alma que se abrem nos ecos do mesmo silêncio que bate e o acompanha nas pegadas do coração; neste peregrinar chegamos assim à vivência do ritmo universal de uma inspiração e expiração que ilustra e inspira novas orientações e novos caminhos.

Dom Quixote (idealista) e Sancho Pança (realista) são paradigmas do Homem a caminho de si mesmo. (Em termos da metáfora cristã dir-se-ia que estes modelos do mesmo ser se realizam no caminho e na meta JC, o protótipo do caminhar num processo de reunião de todo o ser e na união de todas as paisagens materiais e imateriais numa mesma existência).

 António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo https://antonio-justo.eu/?p=3547

(1)  No mesmo dia fenece também um outro grande luzeiro da literatura mundial: Shakespeare o maior dramaturgo da humanidade. Este é lembrado por todos no seu mote “Ser ou não ser, esta é a questão” onde se reconhece a pergunta que ultrapassa a questão da vida e da morte e reconhece a existência como feita de bem e de mal, de intrigas e confusões amorosas, de ganância e desespero.

(2)  A vida e a obra de Cervantes têm ressaibos da odisseia de Ulisses. Personalidades como Camões, Shakespeare e Cervantes marcam e perpetuam o Renascimento!

MINHA VIDA NA MALA – Reparar e Memorizar a Importância do Emigrante

Projectos, Comemorações e Iniciativas

Por António Justo

A organização de exposições e outras iniciativas sob o título “MINHA VIDA NA MALA”, no âmbito de celebrações comemorativas dos emigrantes portugueses, poderia tornar-se num factor de promoção e revitalização de associações e iniciativas lusas na diáspora e, ao mesmo tempo, num apelo à consciência portuguesa para valorizar a imagem dos emigrantes portugueses pelo seu papel de embaixadores de Portugal e pelo contributo económico e cultural, que deram e dão, para os seus locais de proveniência e para a sustentabilidade das finanças portuguesas.

O objectivo principal do projecto seria focar o itinerário e o papel da vida migrante; celebrar a presença dos portugueses nos diferentes países e motivar a nova geração de emigrantes a desenvolver o associativismo e o lusitanismo universalista propagador de uma cultura de povos em festa. Ao mesmo tempo fomentar a memória e o agradecimento que Portugal deve aos emigrantes na qualidade de constantes factores de desenvolvimento do país e para quem o país se tem mostrado ingrato.

Criar recursos lusos de apoio e fomentar sinergias entre associações e as mais variegadas instituições em Portugal e na diáspora. Contribuir para espalhar a festa portuguesa a acontecer dentro e fora de Portugal: arraial, museus, celebrações e diferentes iniciativas tendentes a avivar a memória e presença migrante no palco da lusofonia e nas comunidades da diáspora espalhadas pelo mundo

Conteúdo do projecto: Num trabalho de rede de consulados, missões, associações, artistas, professores, assistentes sociais e multiplicadores culturais, activar entre os emigrantes e em Portugal iniciativas concretas viradas para diferentes públicos.

Um apoio financeiro poderia provir do MNE, União Europeia, bancos, etc.

Resultados a esperar: celebração dos emigrantes – do Homem como caminheiro – fortalecimento da consciência migrante, intercomunicação e fortalecimento operacional das associações e inclusão das mais variadas personalidades em actividades das associações. Fortalecer a consciência dos emigrantes no seu papel de embaixadores de povos/culturas e de apoio ao desenvolvimento. Fortalecer a consciência nacional de um povo cujo génio se encontra dentro e fora do país.

A coordenação poderia ser feita pela Secretaria de Estado para as Comunidades, por universidades, Associações empresariais, Instituto Camões, consulados, missões, associações e possíveis parcerias sob um comité ad hoc. (Fiz esta proposta, já lá vão muitos anos, à Secretaria das Comunidades – ME- mas não houve resposta).

O projecto poderia constituir uma oportunidade para reflectir sobre a identidade portuguesa e possibilitar a objectivação de histórias de famílias que partem e que ficam, que vão e vêm

Cada pessoa ou família envolvida no projecto poderia apresentar uma mala, a ser exposta e elaborada com materiais, imagens, objectos, documentos, lembranças, tudo relacionado com uma vida entre paragens e em que a mala se tornou símbolo de vida e companheira. Trata-se de conhecer e divulgar, também com postais, cartas, músicas, etc., o contributo da emigração em termos geográficos e sociológicos valorizadores do nosso povo e das nossas terras. Nas associações ou iniciativas seria importante envolver artistas a apoiar a elaboração das malas.
Em museus de emigração, poderia haver uma secção com malas de migrantes forradas e recheadas com fotos e materiais que testemunhassem currículos e destinos individuais.

Atendendo ao rosto amarelo de um Estado envergonhado, devido à emigração carente (o que tem impedido a sociedade portuguesa residente de honrar suficientemente a contribuição dos emigrantes para o seu bem-estar e desenvolvimento), agora que já tem imigrantes que mostram a atractividade de Portugal, poderiam ser unidas, expressões que incluam emigrantes e imigrantes. (Aqui há também um outro capítulo de grande débito e de reparação que ao país tem em falta em relação aos “Retornados”). Enquanto a consciência nacional não se encontrar à altura de fazer reparação e de reconhecer as suas faltas em relação ao passado faltar-lhe-á a lucidez necessária para dar forma ao presente de forma a prestigiar o futuro.

Quanto a celebrações anuais (10 de Junho e outros festejos comemorativos) um tal projecto poderia assumir proporções regionais, nacionais ou mesmo internacionais. A estender-se o projecto a Portugal (por exemplo ligação com a festa migrante) implicaria que as repartições da cultura das Câmaras, bancos, alguma faculdade universitária e os meios de comunicação social se tornassem, possivelmente, iniciadores e promotores de tais projectos. Este projecto, depois de realizado nos diferentes locais, poderia tornar-se depois numa exposição itinerante.

Não há família nenhuma em Portugal sem experiência migrante. A migração marca a paisagem e a alma de Portugal. É uma constante característica de organização da vida familiar portuguesa e do seu Estado. A emigração é, na realidade, uma das cinco quinas que marcam o país.

Este é um contributo para um “Brain” de ideias que poderia preparar um projecto a ser assumido por um Secretário de Estado, institutos superiores, jornais, pelos deputados, conselheiros da emigração e outras parcerias.
António da Cunha Duarte Justo

“MINHA VIDA NA MALA” Uma ideia já velha mas que ainda não ganhou pernas para andar

A ARCÁDIA, Associação de Arte e Cultura em Diálogo, dedicada à terra e ao Homem, deseja, em colaboração com diversas entidades, elaborar e promover o projecto de Malas Migrantes para focar a vida e o papel da vida migrante na sociedade portuguesa. Este projecto poderia tornar-se numa exposição itinerante.

Não há família nenhuma em Portugal sem experiência migrante. A migração marca a paisagem e a alma de Portugal. É uma constante característica de organização da vida familiar portuguesa e do seu Estado. A emigração é uma das cinco quinas que marcam o país.

Cada pessoa ou família envolvida no projecto poderá apresentar uma mala, a ser exposta, elaborada com materiais, imagens, objectos, documentos, lembranças, tudo relacionado com uma vida entre paragens e em que a mala se tornou símbolo de vida e companheira. Trata-se de conhecer e divulgar, também com postais, cartas, músicas, etc., o contributo da emigração em termos geográficos e sociológicos valorizadores do nosso povo e das nossas terras.

O projecto poderia constituir uma oportunidade para reflectir sobre a identidade portuguesa ao possibilitar a objectivação de histórias de famílias que partem e que ficam.

Neste momento do projecto, o senhor secretário de Estado das Comunidades poderia apresentar ideias e modos de elaboração do projecto e painéis com dados da emigração, de modo a que esta iniciativa da ARCÁDIA – Associação de Arte e Cultura em Diálogo se tornasse num projecto de exposição itinerante, por Portugal e pelas comunidades. Neste sentido, também o tradicional encontro de emigrantes poderia ser organizado na vila da Branca, sob o patrocínio da edilidade de Albergaria-a-Velha e de Aveiro.

Este projecto poder-se-ia concretizar no Verão de 2013 ou de 2014. Nele poderiam contribuir e participar as mais diversas entidades.

Um terço de Portugal vive no estrangeiro sendo inegável o impacto do contributo dos emigrantes para o desenvolvimento de Portugal.

O MNE poderia elaborar também um projecto de digitalização aberto ao público online com conteúdos relacionados com a vida e a história da emigração.

A Universidade de Aveiro em colaboração com o MNE poderia tornar-se na patrocinadora e orientadora de tal projecto.

A exposição de “MALAS MIGRANTES” – “MINHA VIDA NA MALA” poderia ser alargada a outras iniciativas de projectos camarários e poderia ser apadrinhada por um Município ou cidade com disponibilidade de espaços e patrocínio dum museu local.

O local de arranque poderia ser a Quinta Outeiro da Luz e possivelmente a vizinha quinta do Outeiro na Branca, Alb.-a-V. O projecto que a ARCÁDIA pretende realizar na sua sede teria um outro impacto se fosse realizado nas perspectivas aqui sugeridas.

Aqui está uma ideia aberta, duma associação sem fins lucrativos, que poderia vir a constituir um projecto colectivo de grande alcance. Neste sentido agradecia a sua colaboração.
António da Cunha Duarte Justo
Presidente da ARCÁDIA
http://www.arcadia-portugal.com/blog.html, 21 de Agosto 2012.

DEPUTADOS ALEMÃES À TRELA DOS EUA E DA EU E COM OS DEPUTADOS DOS OUTROS PAÍSES LEVADOS AO COLO

Conversações sorrateiras TTIP pelas Traseiras da Democracia

Por António Justo
As conversações sobre o FTA (o contrato de comércio livre) entre os USA e a UE, que se prevê em breve assinado no acordo TTIP, são conduzidas sob a exclusão do público e da opinião pública. (Panorâmica de eundo e Perigos em https://antonio-justo.eu/?p=2957 https://antonio-justo.eu/?p=2962 ).

Enquanto o povo se perde distraído, na praça da nação, com as imagens da TV e uma conversa fiada apelativa ao sentimento do dia-a-dia, os grandes capitalistas e as grandes instituições USA e União Europeia, fazem pressão sobre os governos europeus para que TTIP passe desapercebido até mesmo aos parlamentos.

Nunca pensei que o Governo alemão chegaria a ponto de não colocar os textos das conversações sobre TTIP ao acesso da opinião pública nem que teria o descaramento de os manter amarrados para consulta nos armários do parlamento, apenas para a consulta de deputados! De facto os deputados não podem copiar os textos nem trazê-los para fora, só podem lê-los in loco. E depois vem-se cá para fora falar de democracia!

Deputados alemães encontram-se numa democracia amarrada à trela da economia e dos interesses das grandes potências.

Os mordomos da nossa democracia são tão bem educados, tão atenciosos para com a nação que passam nela em bicos de pé para que o povo não acorde. Deixam os sentimentos para o povo e reservam para eles os rendimentos. Depois ainda têm o desplante de quererem um povo que não pense com a barriga e com uma inteligência só alimentada por sentimentos!

Quando os deputados alemães se deixam amarrar à trela dos EUA e da EU então os deputados de outros países são levados ao colo! Apesar de tudo, na Alemanha ainda há, pelo menos, uma consciência de responsabilidade do governo para com os parlamentares enquanto noutros países tais assuntos são mantidos nos segredos dos deuses sob a sigla governamental.

Muitos chefes de governo da EU fazem barreira encobrindo os interesses duma Comissão Europeia que depois se escusa quando os Estados tiverem de assumir os custos.

O mesmo, fizeram os Governos da EU quando negociaram, com exclusão do povo, entre outras coisas a impossibilidade de os países membros  poderem defender as suas indústrias e economias perante o ditado da UE e a concorrência estrangeira. E agora temos uma EU sempre na oficina de reparações! (1)
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo www. antonio-justo.eu

(1) A propósito de colonialismo! Ao escrever este texto a abreviatura da União Europeia com UE e não com EU, logo o computador corrigiu para EU. Como vemos ao lado da democratura temos a ditadura da tecnologia que nos amaçará a espinha!

 

DA GUERRA FRIA PARA A GUERRA QUENTE EM CASA DOS OUTROS 

TURQUIA ABUSA DA NATO

O Médio Oriente está a determinar a política internacional deste século e a Turquia a minar a Europa!

A Turquia usa o conflito internacional no palco da Síria para defender os seus interesses nacionalistas contra uma solução de compromisso internacional. O governo de Moscovo ao apoiar as milícias curdas do Norte da Síria que a Turquia ataca fortalece a exigência curda de um estado próprio e dá-lhe maior relevo ao exigir a sua participação nas conversações de Genebra

O Ocidente encontra-se comprometido com a Turquia mas os EUA apoiam os curdos na luta contra o Estado Islâmico. É esquizofrénico o facto de o ocidente apoiar o governo turco que ataca os aliados da Nato, os curdos contra os extremistas sunitas do EI e deixar a Turquia seu membro atacar os curdos.
A guerra fria entre a Rússia e a Nato e a guerra quente entre sunitas (Turquia/Arábia Saudita contra o Irão (xiitas)) ameaça passar-se da guerra fria para a guerra quente entre os tradicionais blocos.

A TURQUIA ESTÁ A USAR, EM RELAÇÃO À NATO E NA LUTA CONTRA OS CURDOS, A MESMA ESTRATÉGIA QUE USOU NO SEU GENOCÍDIO CONTRA OS ARMÉNIOS. SERVE-SE DA CONFUSÃO DE INTERESSES PARA IMPOR OS SEUS.
Conseguiu impor os seus interesses nacionalistas à sombra da cumplicidade internacional que não queria ver o que a Turquia fazia (Na política de ontem como na de hoje, os alemães estavam então bem informados sobre o genocídio dos arménios e não fizeram nada contra)! O que está em primeiro plano são os interesses da potência alemã. Os países continuam prisioneiros dos seus interesses nacionais.
António Justo

A IGREJA CATÓLICA ALEMÃ APOIA A POLÍTICA DE REFUGIADOS DE ÂNGELA MERKEL

O cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferencia dos Bispos Alemães, apoia a política de boas vindas aos refugiados, iniciada na Alemanha por Merkel. Alega que é necessário mais solidariedade mais comunidade e luta contra a xenofobia. Para o cardeal, a misericórdia não conhece fronteiras e “quem pisa território europeu tem que ser tratado com decência e obter um processo justo”
António Justo

A PROPÓSITO DE CORRUPÇÃO E DE QUEBRA DA ROTATIVIDADE GOVERNATIVA

Governo de Costa e os oportunos parlamentares também se alimentam da Crise

O rotativismo do arco do governo da corrupção encalhou agora nas mãos da esquerda radical: a rotatividade encalhou mas a corrupção não; a corrupção continua o seu fluxo natural regando agora também os sequeiros da nação. No meu entender só mereceria ser continuado no seu aspecto crítico e mais alargado no que respeita à esquerda radical do Bloco de Esquerda e ao PC para completar a sua objectividade.

Urge uma metanoia radical a nível de governantes e de mentalidade popular! De resto, o país encontra-se confiscado e capturado pelas tradicionais oligarquias distribuídas por partidos, organizações secretas, economia e irmandades internacionais. A eficiência e a eficácia do nosso sistema só têm sido legítimas sob a aprovação das cores partidárias e de seus oligarcas.

Não há controlo fiável sobre concursos públicos nem projectos nacionais. Não se encontra em nenhuma das cores partidárias uma solução; os partidos são parte do problema! Este porém tem o seu fundamento na mentalidade de um povo que se habituou a pensar pela cabeça dos outros permitindo a corrupção instalada como algo carinhos nosso. Ao título do texto “O novo rotativismo” acrescentaria o subtítulo: O novo regime governamental acentua a realidade do rotativismo da corrupção entre PS-PSD. O novo sistema apenas torna a corrupção multicolor!

Antes andávamos atrás do Governo, agora corremos atrás dele!
António Justo

A ALEMANHA TEM UMA RESERVA DE OURO DE 3.381 TONELADAS

Segundo a dpa, a reserva de ouro em 2015 era de 3.381 toneladas. No Banco alemão em Frankfurt encontram-se 1.402,5 toneladas; no Federal Reserve de New York 1.347,4 Toneladas; no Bank of England/London 434,7 toneladas e no Banque de France/Paris 196,4 toneladas.
O valor das barras em 2015 somava 106 mil milhões de euros.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo www. antonio-justo.eu