Interesses marxistas comunistas contra Interesses liberais conservadores na Arena da Educação

O Aluno é a Vítima da Farsa entre o Ensino privado e o público

Por António Justo

O Facto e a Premissa

O marxismo que se servia da politização da economia para se autoafirmar, ao perder a guerra contra o capitalismo, mudou de estratégia, optando por um neo-marxismo de luta anti-cultural; o estratagema é mudar a cultua, a moral popular e a tradição, acabar com a influência da família e da religião. Por isso o neo-marxismo declara guerra à cultura e às aquisições culturais da colectividade (no sentido da sua ideologia revela-se anticristão e pró islão).

A Luta e suas Contrapartes

Estamos a assistir, na sociedade portuguesa, às consequências de uma luta de forças entre duas visões de sociedade de interesses antagónicos – marxismo e capitalismo – que se debatem de maneira vingativa e irreparável sem consciência de Estado nem de Povo. Isto acontece numa sociedade depauperada que precisaria de uns e de outros e, como tal, em vez de se obstinar em soluções exclusivas, precisaria de se entender num compromisso de deliberações inclusivas. O resto é conversa fiada que faz lembrar os leões e as hienas em torno do cadáver do cordeiro (o aluno) e ao largo um público que assiste e se contenta com o cheiro a sangue e a satisfação de ter uma opinião.

Por trás da iniciativa contra o ensino privado encontra-se a luta ferrenha da esquerda radical e da maçonaria pela aplicação da soberania do dirigismo ideológico marxista a nível de Estado e povo; a esquerda radical e a maçonaria sentem-se donos da república e os guardiões dos interesses só de alguns. A esquerda radical é contra o princípio civilizacional da cultura cristã segundo o qual o soberano não é a instituição, o Estado ou a ideologia mas sim a pessoa, a pessoa em comunidade; a pessoa é o outorgante!

O professor Vital Moreira afirma no “Público” que “o direito público ao ensino é realizado por meio da escola pública” e conclui que “o Estado só pode recorrer a escolas privadas em caso de falha da rede pública”. O professor confunde “alhos com bugalhos” ao pretender condicionar o direito do aluno ao ensino gratuito a uma só via de concretização. Naturalmente tem todo o direito de defender o projecto político de esquerda radical a que é inerente uma filosofia de vida de caracter socioeconómico marxista. De notar que esta posição marxista não é partilhada pela parte da esquerda portuguesa não radical. O que o senhor professor diz é lógico mas a Razão não se reduz à lógica. A lógica socialista marxista tal como a lógica liberal capitalista são duas pistas no terreno mas não devem ter a pretensão de serem o terreno; este pressupõe a superintendência da razão e não o seguimento de uma só lógica.De facto a natureza consta de terra e céu e não só de terra como pretende o materialismo ateu marxista nem só de céu como pretendem os crentes idealistas.

A posição, referida pelo professor universitário, refugia-se numa ideologia reducionista que confunde o ensino público (do particular e do Estado) com a escola pública. Ao condicionar a acção do Estado à ideologia marxista desrespeita a liberdade e a dignidade da pessoa, além de discriminar o contribuinte que, no caso de optar pelo ensino público particular não subsidiado, teria de subsidiar duplamente o ensino, o que contraria o espírito democrático plural de uma sociedade civil aberta e adulta numa sociedade moderna justa. O ensino é pago pelo contribuinte independentemente de se realizar no “Privado” ou no “Público”. O subsídio é devido e dado com base nos alunos e não nas instituições de ensino. O critério de avaliação e de apoio deveria basear-se no serviço prestado.

A identidade e a vontade da nação não são identificáveis nem reduzíveis a  uma ideologia monocolor de ditadura. A política e o MEC, em vez de tentarem impedir a fuga de alunos do ensino estatal para os colégios, deveriam preocupar-se com a qualidade de ensino e oferta de actividades paraescolares nas escolas estatais para que os pais não se sintam tanto obrigados a colocar os filhos no ensino particular. A qualidade do ensino e a pluralidade de ofertas é que deveriam determinar a escolha e a discussão. O Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo de 2013 poupa gastos ao Estado (contribuinte).

O Artigo 75° CRP, ao determinar a obrigação de criação de uma “rede de estabelecimentos públicos de ensino que cubram as necessidades de toda a população”, vem dar resposta ao direito constitucional de todo o aluno ao ensino gratuito. Público é todo o ensino, seja ele efectuado em escolas particulares ou em escolas estatais. (Há sociedades que concedem o direito ao ensino privado também na família!)

A referida frase constitucional pode ser interpretada no sentido de o Estado ter de cobrir as necessidades de toda a população e que não haja nenhum vácuo nesse assunto. Grupos com uma visão de estado marxista pretendem o monopólio do Estado especialmente no controlo da ideologia educacional e dos órgãos estatais que lhe dão continuidade. Se bem que a ideologia que produziu o Artigo 75° CRP fosse marxista, a sua leitura é passível de outras interpretações como mostram outras leis em vigor, até ao ponto de não serem cobertas pela constituição (por ex. a lei do aborto é um exemplo de inconstitucionalidade!). Já agora porque não se atreve a argumentar também com o direito do cidadão a abrigo (direito a casa) quando o Estado deixa isso a cargo do privado?

À liberdade individual de escolha do ensino não deve implicar a cobrança de um imposto ou contribuição de forma dupla: o contribuinte deverá pagar o imposto ou contribuição para o mesmo serviço uma só vez e não duplamente, efectue-se ele no ensino privado ou no estatal (1).

A liberdade de ensino (educação) e de escolha de escolas não implica o alegado “propósito de liquidar o direito ao ensino público”, as escolas privadas possibilitam apenas mais qualidade, mais liberdade, mais competição e comparação em termos de avaliação escolar entre os estabelecimentos de ensino sejam eles particulares ou estatais.

A história constitucional portuguesa reflecte o projecto político marxista que esteve na base da sua criação ainda orientada para a ditadura do proletariado, que via na democracia apenas uma oportunidade para, depois de uma educação ideológica consequente e de que enferma ainda hoje o MEC, atingir os seus objectivos: impor, através da lavagem ao cérebro, o comunismo materialista e ateu.

O actual Governo dependente do PCP e do Bloco de Esquerda fomenta legislações no sentido de servir os radicais da revolução de Abril. Sabem que através do Ensino oficial também conseguem promover os seus multiplicadores ideológicos de sindicatos num valor de 9 milhões de euros por ano e perpetuar na mentalidade do povo os interesses da extrema-esquerda e da maçonaria (2).

Iniciativas de mudanças da constituição não são “tentativa de subversão constitucional” como pretende o professor e alguns dos seus pretensos donos e radicais abrilistas que, entre outros, fizeram da revolução dos cravos a revolução dos cravas, que nos levou ao ponto de abdicação em que nos encontramos! As iniciativas de revisão revelam a expressão de interesses e de vontades livres e a subjacente intenção de não encostar a Constituição à vontade de uma só ideologia ou de um só grupo de interesses, seja ele de esquerda ou de direita. A Constituição portuguesa tem, em vários sectores, uma conotação marcadamente marxista que carece de modernização e adaptação ao desenvolvimento do povo e dos novos tempos.

Das Ovelhas ranhosas do Ensino estatal e particular

Tanto no particular como no estatal há escolas melhores e piores. Diria ainda que também há colégios com contratos de associação que terão como objectivo principal o lucro e não o bem dos alunos e da comunidade escolar. Dizia-me um director de uma escola: “Nesse grupo estará, por exemplo, o grupo GPS. Parece que conseguem sempre trabalhar com professores no início de carreira. Não sei como conseguem controlar as leis do trabalho e ter sempre professores “baratos”. Foi coisa que nunca investiguei. Haverá colégios subsidiados, que não terão qualidade educativa. Mas, para eliminar a não-qualidade, o Ministério tem à sua disposição a IGE (Inspecção geral do Ensino). Esse deveria ser o seu trabalho: enviar a IGE às escolas estatais e às escolas privadas e inspeccionar; uma medida importante seria também submeter os professores à avaliação de desempenho para poderem obter resultados semelhantes ao do privado. Quem persistisse em prevaricar sofreria as consequências até de fechar portas, desde que esta medida fosse válida para o ensino estatal e privado. Agora, fechar, sem mais, os privados simplesmente porque são privados para encherem as escolas estatais que estão vazias, independentemente de serem boas ou más escolas, isso é que é ser ladrão da liberdade que é constitutiva do ser humano e, no caso português também consagrada na Constituição”. O Estado deveria ser ideologicamente neutro no seu agir, para respeitar a diversidade de interesses dos diferentes grupos e corresponder à democracia e poder orientar-se pelo bem comum. Um estado democrático deve dar resposta à diversidade e à multiplicidade.

Ataque marxista também ao Ensino das Escolas da Igreja

Há ensino privado e ensino privado; o ensino administrado nas instituições da Igreja é geralmente de alta qualidade. Parte do princípio superior da dignidade humana e da soberania da pessoa em relação a ideologias e instituições. As escolas privadas da Igreja são altamente apreciadas, em todo o mundo civilizado, entre outras escolas  temos o exemplo, dos alunos formados nas escolas dos jesuítas e das doroteias. O ensino privado nas instituições da Igreja é social e solidário e de alta competência e integra nele também muitos alunos das camadas desfavorecidas que, de outro modo, não teriam a possibilidade de subir às elites (https://antonio-justo.eu/?p=1305).

O ensino nas escolas da Igreja envolve uma formação integral orientada para os talentos pessoais com valores comportamentais positivos morais e intelectuais, pressupostos para o crescimento pessoal de maturação humana para melhor servir o outro (mais em https://antonio-justo.eu/?p=3336).

Um Estado com instituições produtoras de boa formação e de boas elites é como um carro puxado a motores de alta cilindrada; naturalmente muitos peões inocentes consideram a bicicleta como suficiente para andar, só que depois passam o tempo a queixar-se do vento dos carros que os ultrapassam (destes inocentes e dos descontentes se aproveitam as ideologias)! Também esta seria uma razão muito oportuna para o Estado subsidiar o ensino e a qualidade no ensino privado também porque grande parte deste é cooperativo e solidário e, de uma maneira geral, produz melhores motores para puxar o carro. A maior parte da conversa com que se ocupa a nação é gasolina para encher os depósitos de oportunistas e do partido (3). Muito boa gente socialista tem as suas boas razões para colocar os seus meninos em colégios privados. A esquerda radical do actual governo geringonça faz tudo por tudo por defraudar o ensino da Igreja.

Solução: não ideologizar integrar e descentralizar

A democracia precisa das posições da direita e da esquerda a actuar em compromisso com um ideário base de consciência integral e de subsidiariedade recíproca numa sociedade plural.

Uma e outra, para estarem à altura de um Estado democrático humano e plural, deveriam tornar-se complementares e não contraditórias nem exclusivas. Os pais deveriam ter a possibilidade de escolha entre o ensino estatal e o ensino particular (ambos gratuitos, em princípio). A escolha da escola deveria basear-se no que ela oferece, comunidade escolar, conceito pedagógico, qualidade, empenho, formação complementar, música, teatro, arte, actividades paraescolares, cursos inovadores, etc.

As escolas estatais deveriam deixar o dirigismo centralista de Lisboa e fomentar mais a criatividade e a qualidade de ensino, a autonomia, a inserção e promoção regional; o sistema centralista de colocação dos professores deveria ser abolido para ser descentralizado e humano; contradiz o espírito democrático tratar os professores como soldados, obrigados a viver longe da terra, devido a uma política do MEC anti-familiar e desrespeitadora das necessidades elementares dos seus funcionários. Deputados e servidores do Estado, que baseiam o seu poder para desestabilizar o cidadão e as instituições orgânicas de base, não são factualmente sérios, porque usam e abusam demagogicamente do pouco saber que têm de avanço em relação a um povo que propositadamente tornaram espectador e especialista do aplauso.

O que está em jogo e em perigo?

O povo deve ser induzido em erro! Na legítima discussão estão em jogo duas filosofias de vida: a visão do mundo socialista marxista contra a visão liberal conservadora. A esquerda radical procura impor-se à nação em nome de uma revolução apresentada à sua imagem e semelhança e não criticamente discutida como seria natural numa sociedade com uma direita e uma esquerda responsáveis e sérias!

A concepção socialista marxista aposta no valor do Estado e na manipulação cultural do indivíduo, concebe o Estado como patrão monopolista com direito a cimentar a sua máquina do poder e decidir sobre os conteúdos, os métodos, o pensar, a moral e os costumes, e até a religião; considera o Estado como um absoluto e a pessoa como meio para atingir os seus fins, vendo a pessoa e a educação como tarefa do estado; esta mundividência é a razão pela qual a esquerda procura, como estratégia inteligente, ocupar os lugares do Estado e da administração pública e de maneira especial o sector do ensino e da cultura; deste modo influencia com sustentabilidade as gerações novas e estudantis: Pretende, a longo prazo, uma escola de pensar único à maneira do dirigismo da troica soviética; consequentemente é contra a liberdade de ensinar e contra a liberdade de escolha dos pais; considera-se dona do orçamento do Estado (contribuintes) penalizando os pais que optem pelo ensino particular. Encontramos esta filosofia já plenamente aplicada e concretizada na antiga União Soviética, na China e na Coreia do Norte.

A concepção liberal conservadora aposta no valor da pessoa, na liberdade de escolha, na personalidade e nas capacidades do indivíduo, defendendo a multiplicidade de visões, a concorrência das instituições no sentido de optimação do nível do ensino (considera o Estado em função da pessoa); esta visão é liberal e vê na iniciativa privada o factor impulsionador da sociedade e na família o direito de determinar a instrução e educação e não o Estado; este apenas deve manter uma função de regulador e controlador do cumprimento da Constituição e dos programas de ensino. Encontramos esta filosofia aplicada nos USA, na Alemanha e muitos outros países democráticos.

Cada qual tem o direito de puxar a brasa à sua sardinha na grelha do estado democrático que é subsidiado pelos impostos e pelas vontades de todos os cidadãos (4). A irresponsabilidade governativa torna-se culturalmente prejudicial para a sociedade, significando a um empobrecimento educacional e cultural nacional, além de esbanjar os recursos do Estado. A AEEP (Associação de Estabelecimentos do Ensino Particular) refere que os cortes previstos pelo governo originam o “desemprego de mais de mil professores” e, de imediato, 9811 alunos que serão arrancados à comunidade educativa a que pertenciam. A medida governativa provocará “31 milhões de euros em indemnizações” e professores com “20, 25 anos de casa, que, se nada for feito, vão para o desemprego”.

A ideia original cristã da soberania da pessoa humana, sobre as instituições e as ideologias, poderia ser o princípio de uma discussão equilibrada baseada nas relações livres e complementares, como a política nórdica tentou com a economia social de mercado (ao tentar tornar compatíveis as leis da economia com a doutrina social da igreja), uma economia mista que responda de maneira inclusiva aos direitos e interesses do indivíduo e do grupo. 

De resto a nação é mais rica com o ensino público privado e com o ensino público estatal numa aposta de cada um tentar servir melhor os alunos, as famílias e a nação. Vamos todos colocar o poder dos factos sobre o poder das ideologias! O cinismo do poder não teme conduzir e fortificar a ideologia até à destruição do país. Ousemos colocar o futuro ao serviço de Portugal e dos portugueses numa inter-relação de grupos e interesses orientados pela inclusão e pelo bem da pessoa, a única soberana!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

  • 1 A propósito: a ADSE é segurança social privada ou pública? Não chegaria também um SNS comum? Porque não assume o estado português também a incumbência de construir casernas para toda a população em vez de delegar isso no privado?
  • 2 https://antonio-justo.eu/?p=3569) e https://antonio-justo.eu/?p=3444
  • 3 Como produto que sou do ensino particular dos salesianos e com os exames feitos no estatal, ensinei 7 anos no ensino particular e mais de 30 no ensino estatal; como andei sempre empenhado em representações de professores e sindicais, sei bem do que falo. Muitas vezes tive a impressão de que aqueles que mais se expõem em nome do proletariado são os que mais abusam dele, servindo ele apenas de escada para eles, do alto das suas posições, se servirem e deitarem as suas sentenças em nome de quem se distanciam.
  • 4 Em termos muito simplificados temos a lóbi marxista comunista beneficiada pelas infraestruturas criadas pela ideologia de Abril que pretende tornar-se na razão do Estado e temos a lóbi liberal capitalista que aposta no privado (no indivíduo e nas empresas, no mercado livre e nos contratos livres com o Estado a regulá-los) e nas relações livres. O capitalismo liberal explora a pessoa como força de trabalho reduzindo a pessoa a um instrumento ou mercadoria; o socialismo marxista explora a pessoa como mera força proletária reduzindo a pessoa a um instrumento em função do Estado.

 

 

ENSINO PÚBLICO ESTATAL VERSUS ENSINO PÚBLICO PRIVADO

Quem financia quem? Ensino Público ao Serviço da Esquerda?

António Justo

Na intervenção do governo com o fim de rescindir os contratos do Estado com o ensino associativo particular, o que está em causa não são os gastos com o ensino, o que está em causa é a estruturação da ideologia radical esquerda! O dinheiro do orçamento sai do contribuinte e as escolas privadas ficam mais baratas ao orçamento do estado que as públicas. Da análise e classificação das 621 escolas do ensino secundário em Portugal resulta que o ensino privado é mais económico e com melhor rendimento (1). O governo de Costa deixa-se orientar por ideologia e sensibilidades oportunas e não por dados matemáticos ou de direito comercial. Não há honestidade intelectual?

As nossas deolindas da política, agressivas e invejosas, querem ver tudo alinhado em uniforme ideológico sob a batuta avermelhada do MEC! Agora, que o BE e o PCP têm mão no governo geringonça, aproveitam a ocasião para avermelharem ainda mais o MEC, deitando ao charco os contratos de associação que os governos de esquerda e de direita criaram e cumpriam desde 1995. A discussão pública sobre as escolas privadas faz lembrar uma sequência do episódio da ideologia do sindicato único nacional, que o vermelho PCP pretendia impor à verde democracia de Abril.

O PS ao explicar que os contratos de associação são apenas uma „forma de suprir as carências da rede pública“, demonstra bem o seu entendimento de democracia e cultura plural. Querem o domínio da vontade do Estado sobre a vontade dos pais (2).

A rescisão dos contratos vem criar mais discriminação porque então os privados passarão ter de aceitar só filhos de pais com posses. Estes terão de suportar o ensino privado com as propinas e ao mesmo tempo o ensino estatal com os impostos (sofrem dupla tributação!). Ou será que a esquerda radical não quer ver gente pobre a frequentar colégios particulares? O MEC já interfere e controla as escolas privadas e avalia os respectivos alunos nos exames nacionais…

A esquerda radical qualifica os colégios particulares com contrato como parasitas quando, o que querem é servir o próprio parasitismo na estrutura do MEC e vê-lo como garante da sua clientela. De facto o MEC concede benesses à Esquerda através do subsídio indirecto a sindicatos da Fenprof, etc. gastando muitos milhões de euros com delegados sindicais, seus multiplicadores, dispensados de horas lectivas ou de dar aulas, coisa que num Estado rico como a Alemanha não seria possível (3). É escandaloso ver-se como um Estado pobre como o português se dá ao luxo de subvencionar ideologias no seio dos seus funcionários.

Concretamente, segundo o Relatório do Tribunal de Contas relativo a 2009/10 o ensino com contratos de associação com o ensino particular e cooperativo fica mais barato 400 € por aluno do que o ensino estatal (custo médio por aluno estatal 4.921,44 euros anuais, aluno privado 4.522 €) Estatísticas relativas a esse ano, referem que o Estado poupou 21 milhões de € ao deixar os alunos frequentar o privado.

Os resultados das investigações da OCDE e do PISA falam a favor do privado. O dever do Estado deveria ser fomentar a iniciativa privada e a diversidade de iniciativas e oportunidades, em vez de fomentar o regime monopolista totalitário, de formação em massa.

O MEC continuará a não dar conta do recado enquanto continuar a privilegiar ideologias políticas e a não servir um Portugal plural onde a qualidade de ensino deveria ser prioritária (4).

Com as medidas que a esquerda pretende muitos milhares de professores passariam ao desemprego e milhares de alunos perderiam um ambiente e uma comunidade escolar em que vivem.

O Estado já perdeu em segunda instância quatro processos devidos a cortes de verbas a colégios com contrato em 2010, o mesmo acontecerá, certamente, com os actuais cortes.

Os partidos do governo comportam-se como donos da nação usando o Estado como palco para fazer política ideológica em vez de fazerem política consensual para o povo; em vez de servirem o povo e o país servem-se do povo e das infraestruturas do estado para  se instalarem e imporem os seus credos. A natural consequência será o surgir de uma política conservadora consequente.

António da Cunha Duarte Justo

www.antonio-justo.eu

 

VIVER BEM

VIVER BEM

Na vingança da resposta a vida aquece, evola-se e desaparece.

A vida não pergunta, nós somos a resposta;

se lhe queremos responder

o seu bem esvai-se na pergunta que a disseca.

Viver bem é sofrer e amar sem saber porquê.

Para mim, viver bem, mais que existir é a arte de fugir ao engano,

é querer dar lugar ao leito do sonho e do tempo

que flui em mim, em ti

e prossegue no rio e na estrada.

É também um borbulhar de sonho no tempo

a iluminar o futuro, o caminho, no leito do mundo

a querer parecer (encenar) mundo sem o ser.

Nesse leito sou o brilho, um modo de ser sem estar no acontecer.

Viver bem é deslizar como a água que alimenta sem saber,

é sentir um olhar sem olhar nem pensar,

um estado de graça a agradecer.

Viver bem é a coragem de mergulhar na vida e fluir

e como a água fazer os outros crescer.

Viver bem é saber que se passa sem andar,

que se bebe a água sem ter sede.

Existir é a sede do caminhar no bom viver

e viver bem é ser, ser sem cobiçar nem pensar.

Viver bem és tu sou eu, no rio do nós,

a fluir para o bem.

Para mim, viver bem é viver sem querer,

viver na alegria do fazer e do ser como se é.

Viver bem é estar todo no ser

no ser em devoção da comunhão que se é.

António da Cunha Duarte Justo

A ELITE DE ABRIL ATRAIÇOOU O IDEÁRIO UNIVERSAL PORTUGUÊS EM NOME DA LIBERDADE E DO PROGRESSO

O Jacinto de “A Cidade e as Serras” é o Protótipo do Português moderno autêntico

Por António Justo

 

Eça de Queirós, no romance “A Cidade e as Serras”, revive o espírito luso, ao incarnar-se no seu protagonista Jacinto e defender a reconstrução de uma sociedade tipicamente portuguesa que acompanhe a civilização mas sem se corromper.

Jacinto que levava uma vida afrancesada, progressista e artificial transforma-se no símbolo do verdadeiro português, de autoconsciência madura, que integra na natura e na cultura, de maneira criativa, as novidades da civilização sem destruir a própria cultura.

A obra “Cidade e as Serras” consegue idealmente integrar e reconciliar Portugal e nele, reconcilia o exterior com o interior, irmana a tradição com o progresso.

As nossas elites de Abril, “afrancesadas” e “sovietizadas”, ainda se encontram na fase de Paris, vendendo a alma portuguesa aos demónios socialista e capitalista, mercantilizando o povo e o espírito da sua vida; vivem ainda unilateralmente nos andares da razão do artifício (polar dialético) sem se preocuparem pela integração de razão e coração (corpo e alma); aquele modo de estar tem-nos levado à promoção da desconciliação e à alienação do cultural e natural num movimento de entropia contrariador do espírito luso de inclusão.

A elite pós-25 de Abril, ao contrário do personagem do romance, Jacinto, iniciou uma viagem já não de Paris para Portugal mas de Portugal (natureza) para as cidades da ideologia sem regressar nem capacidade para renovar Portugal porque apenas lhe oferece os enlatados estranhos que, a nível cultural, não produzem humos alimentícios que alimentem a terra mas apenas entulheiras de enlatados amontoados.

“Paris” é a ideologia, é moda que passa em gestos de dançarinos públicos, é espírito que corrompe, se não regressa à frescura e inocência da natureza campestre (o nosso Portugal, que integrou nele o mundo todo não se deixando cativar pelos cantos de sereias nem perder nos extravios de uma Europa decadente porque envelhecida). Enquanto Jacinto moderniza as serras e se junta ao povo, a nossa elite de Abril destrói as serras e desertifica as aldeias; em vez de se casar com a província (Joaninha) prostituem-na com a falsidade e a corrupção de citadinos degenerados e malabaristas sem consciência; em vez de se tornarem no pai dos pobres, tal como fez Jacinto, desprezam e negligenciam o povo e os seus costumes.

O Ideal de Jacinto de Tormes deveria consistir em reconciliar a cidade com o campo (a tradição com o progresso) promovendo uma condição digna também para o povo de baixo. As nossas elites atraiçoaram os ideais de Portugal; Jacinto de Tormes é o protótipo do português autêntico, o contrário da nossa elite que figura no palco da nação, uma elite desenraizada sempre atarefada a correr atrás da moda e de olhos fixos no que faz e diz o estrangeiro como se as modernices não fossem apenas fulgores passageiras condenadas a tornar-se velhices. A situação actual, analisada sob a perspectiva característica da identidade portuguesa descrita no romance “A Cidade e as Serras”, tornou-se mais numa tragédia que num romance…

Resta-nos agir e esperar que a nossa elite progrida e se desenvolva tal como aconteceu com Eça de Queirós, primeiramente iludido e seguidor incondicional do progresso e depois, mitigado pela naturalidade humana do povo e da natureza, se tornou num grande português como se retrata e descreve no Jacinto, e no grande romance “A Cidade e as Serras”. (Este romance, que revela ainda o génio de Portugal e não as suas ideologias, deveria ser leitura obrigatória para todo o aluno).

Não se trata de vendermos a nossa alma ao passado nem ao futuro mas de sermos sempre nós, sempre em processo a tornar-nos nós mesmos, na concretização do presente: um agora feito de passado e futuro. Assim realizaremos a intercomunicação da alma tipicamente portuguesa expressa na saudade, onde ressoa o divino e o humano, a natureza, o tempo e a eternidade.

Também Eça, tal como Jacinto, se deu ao luxo de uma vida desregrada em Paris mas amadureceu deixando de ser um eterno adolescente para voltar, tal como o filho pródigo, à casa paterna, à natureza bem portuguesa das terras do Douro.

Chegou a hora de a nossa elite pôr de lado o cinismo e a vida irónica e dupla e seguir o exemplo de Eça no seu Jacinto para se reconciliar com o povo, com a natura e com a cultura genuinamente portuguesa: uma natureza aberta ao mar que é parte do seu corpo a abraçar o mundo, uma cultura inclusiva e universal que vê e sente o mundo e a humanidade a partir de dentro porque o génio sinceramente português é feito de terra mar e céu.

De facto, seria catastrófico, continuarmos a agir apenas em nome da ganância e do progresso atraiçoando assim o ideal português de ideais éticos e de inclusão numa consciência humilde de complementaridade.

Chegou o tempo de parar para reflectir e sentir o mundo nas pegadas de um Afonso Henriques, de um D. Dinis, de um Santo António de Lisboa, de um infante D. Henrique, de um Vasco da Gama, de um Camões, de um António Vieira, de um Feranando Pessoa e de tantas e variadas personalidades portuguesas que se sentiam na missão e tradição de se realizarem, cumprindo Portugal sem que este abandonasse o seu papel de pioneiro na realização da civilização…

António da Cunha Duarte Justo

www.antonio-justo.eu

 

LUSOFONIA ENTRE DESRESPEITO E IDEOLOGIA – O PORTUGUÊS NÃO É DE PORTUGAL NEM DO BRASIL ELE É A ALMA DA LUSOFONIA – Dos Caminhos errados no Trato do Português

MEC brasileiro pretende acabar com a obrigatoriedade da Literatura portuguesa: de Cavalo para Burro?

Por António Justo
Quem tocar na língua deve fazê-lo com respeito e de forma moderada porque ela é a alma da cultura, a água límpida que dá forma mais ou menos física à cultura de um povo. O Português não é só forma e meio de expressão de um povo, de uma região, de um país ou de um continente, ele é a alma e a expressão sublime de muitos e nobres povos que formam uma civilização intercultural interoceânica e intercontinental – é um idioma onde os diferentes génios de povos se miscigenam no sentido da evolução cultural e civilizacional. Seria ofensor do Português querer vê-lo reduzido a um lago ou país, ou mesmo a um mar ou continente, quando integra nele a experiência de vida dos diferentes continentes, sendo ele um mar aberto de águas interoceânicas.

Constituiria um acto de infidelidade e falta de brio, uma falta de autoconsciência querer apoucar-se o Português a uma terra maninha ou baldio incultivo, querê-lo uma árvore sem raízes ou reduzi-lo a simples coutada de alguém. O Português, como a água tanto rega os baixios da favela como os lugares altos do país e da civilização. No seu todo é que a língua é grandiosa, na rica expressão multiforme e na sua capacidade de diferenciação. O português não é de Portugal nem do Brasil; ele é teu e meu, é de todos, como o céu é das aves onde todas voam e se encantam. O português quando ouvido lembra diferentes melodias de variadas intonações. Ele é como a terra mais virgem ou mais elaborada, uma intercultura a proteger-se tal como uma terra indígena a defender-se.

A notícia de que “A Literatura portuguesa deixa de ser obrigatória no Brasil” (1) deixou-me perplexo e desiludido tal como a mutilação da língua, no que toca ao acordo ortográfico.

Defraudadores da Língua roubam as penas aos pequeninos e ao pensamento

Na minha qualidade de docente, divertia-me quando ensinava o Português aos distraídos que o queriam simples e imediato mas entristecia-me de sobremaneira quando, ao ensiná-lo no secundário e na universidade (de Kassel), onde estudantes já com capacidade de diferenciação se viam confrontados com os nossos gramáticos simplicistas que o empobreciam, ao roubar-lhe a segunda pessoa do singular e do plural (o tu e o vós) como se fossemos crianças que só compreendessem o “eu” e o “você”. Esta falta originava uma certa confusão a estudantes habituados a línguas de alta diferenciação em que se usam normalmente todos os pronomes pessoais (Eu, Tu, Ele/Ela, você, a gente, Nós, Vós, Eles/Elas, vocês). Contra a corrente simplicista em voga, implementada por ideologias proletárias, optei por elaborar a minha sebenta onde colocava todos os pronomes de expressão diferenciada e distinta. Via-o também como uma ferramenta de trabalho – uma possibilitação de oportunidades – tanto para futuros pedreiros como para futuros advogados. Tratava-se de dar as mesmas armas a beneficiados e desfavorecidos da vida para, uns e outros poderem combater pela vida fora com as mesmas armas e não apenas com as que a sorte ou a oportunidade lhes deixou.

A vida é luta e é desigual e quem apregoa uma igualdade sem esforço e gratuita ou é mentiroso ou é oportunista. Quem pretende libertar as massas do destino terá de lhes proporcionar o instrumentário e a vontade de o fazer! Ou queremos manter uma sociedade em que ao ouvir as pessoas falar se fique logo com a ideia da sua proveniência como acontecia antigamente ao olhar-se-lhes para os dentes? Quem, politicamente, tem só facilidades ou facilitações para oferecer, sem apontar o preço que se tem que pagar por elas, não é sério porque aposta na lei da inércia e no oportunismo que ela proporciona às aves de rapina!

As questões da língua não podem ser deixadas nas mãos de políticos feitos mais para as coisas grossas do que para as finas. A ideologia de alguns, no zelo do seu preconceito, chega a tal disfarce de dizer que o emprego do „vós“ é próprio da igreja, (de quem aprendeu latim e grego) como se, só padres, advogados ou médicos tivessem uma tal capacidade de discernimento e distinção! Aqui faria um apelo aos irmãos seguidores do soberbo Marquês de Pombal e ao proletariado intelectual de esquerda: não se virem também contra a igreja católica que no seu processo de aculturação e inculturação aprendeu a honrar e a respeitar a cultura seja ela a dos cedros do Líbano ou a dos pinheiritos raquíticos fustigados pelo vento salgado. Faz-me tanta dor ver que tanta esquerda irmã a combater Cristo pelo facto de ele se colocar ao lado dos pequeninos mas não com os mesmos meios, os meios activistas de Judas. Demo-nos as mãos; juntos certamente conseguiríamos tirar os irmãos das favelas; separados continuaremos a servir a dois senhores!

Que o povo simples se expresse como sabe e como pode, não é mal, o que é de lamentar é que já na escola se lhe cortem as asas dando-lhe apenas asas de pardal quando precisariam das de águia para subir mais alto. Este é o grande engano e a mentira declarada de uma esquerda radical que só alimenta o proletariado com ideologia não lhe facultando boas asas para que o proletariado não só possa voar mas para que tenha também a possibilidade de voar alto e assim notar que só das alturas se consegue ter a perspectiva de reconhecer quem explora económica e ideologicamente. É natural que uma sociedade de modelo soviético só precisaria do proletariado almeida e de uma pequeno grupo de águias – troica- que os governe e que um capitalismo liberal precise só de braços ou de mentes bem podadas para melhor produzir porque a capacidade de pensar só estorva.

Defraudadores da Língua portuguesa, porque roubais as penas aos passarinhos e ao pensamento? Não notais que, as asas com que voais, as não dais à passarada que em baixo esvoaça em volta dos trigais para que não possa voar nem subir mais? (Se escreverem um texto como este último parágrafo – que de propósito escrevi na segunda pessoa do plural – num computador com programa corrector de ortografia, logo notarão que as segundas pessoas verbais aparecerão assinalados como erro e com a indicação de se corrigir para a terceira pessoa! A pobreza de espírito e a entropia já chegaram a tal ponto de fazer uso da tecnologia para nos passar a ferro e embrutecer).

Uma Ideia de emancipação masculinizada, ao seguir o fluxo de um populismo barato, exige que, em questões de língua e de educação, se ande de cavalo para burro. O maior passo nesse sentido deu-se já no processo da regressão com o “Acordo Ortográfico” de 1990 (2). Quer-se uma reforma para favorecer ideologias e uma economia ligada ao comércio da cultura e a monopolistas e a um MEC a querer ter melhores satisfatórios nos meios analfabetos… Cultura não se pode adquirir com tarifa zero nem com ideologias de trazer por casa que passam como as nuvens em tempos fortes de altas e baixas pressões.

Ai dos Vencidos!

Como pode um país jovem e promissor, como o Brasil, seguir servilmente ideologias niilistas e marcadamente de extrema-esquerda que são o produto importado de um estado ocidental decadente e senil? Não notam que em cada fase do desenvolvimento seja de uma pessoa ou da história de uma sociedade, a cada fase corresponde uma diferente acção, pedagogia e ética? Esta Europa que já foi jovem e adulta e agora vai passando a vidinha já não tanto com base no trabalho mas nos serviços e na ideologia não pode ser norma para países jovens que passam a ser mais prejudicados pelo jugo novo do que pelo antigo. Como não nota a classe média de um país jovem que muitos dos seus impulsionadores só seguem atrás de um progresso que os não serve, apenas os adia e leva a empatar o melhor do seu tempo em copiar sem adaptar, no seguimento dos arrotes de ideias e de ideologias que são característica do espreguiçar-se de civilizações na sua fase velha e não do seu início? Não notam que consomem não só os produtos ocidentais mas, o que é mais grave ainda, também consomem as suas ideias de plástico, sem serem vivificadas nem sequer aferidas? Não notam que colonizam em nome da contra-colonização? Não notam que onde chega uma mentalidade decadente, fruto do Ocidente, ao ser importada pelos países emergentes, estes se destroem a si mesmos com novas doenças não só físicas como também intelectuais, tornando-se cada vez mais dependentes? Não notam que as instituições que exigem saber, disciplina e rigor para os seus empregados apregoam o simplicismo e o à-vontade para um vulgo que querem inerte e disponível? Uma nação faz-se pelo trabalho, pela qualidade da formação e por uma vontade determinada de ser, como mostraram e demonstram os judeus, como mostraram os portugueses, como mostrou a civilização ocidental quando se orientava por ideais universais e não apenas por objectivos económicos, quando a classe média se sentia responsabilizada e não se deixava levar em conversa fiada como querem as novas burguesias intelectuais citadinas e os novos ricos.

Ensino de literatura lusófona para todos os Países de língua lusófona

Entre os países lusófonos deveria haver um contracto interestadual em que cada Estado lusófono se comprometesse a incluir e implementar, nos seus programas e currículos escolares, literatura de todos os estados lusófonos. Urge fortalecer intelectualmente uma camada média consciente e capaz, com um ensino exigente, porque desta é que vem a massa crítica que corrige, desenvolve e equilibra os exageros dos extremos. Urge que, todas as organizações empenhadas na lusofonia façam valer as suas influências perante os países lusófonos no sentido de ser implementado o intercâmbio cultural e o ensino da literatura lusófona já a nível de escolas secundárias.

Como pode haver um estudo sério do português na escolarização sem o estudo de linguística e da história da literatura do português desde as suas origens? É mais que óbvio o estudo do seu desenvolvimento desde o latim vulgar e latim erudito ao português arcaico, galaico-português, Gil Vicente, ao português moderno de Luís Vaz de Camões, António Vieira, Fernando Pessoa e o seu desembocar nos diferentes sistemas literários de cada país lusófono, como, em relação ao Brasil, com um Machado de Assis, Drummond, Cecília Meireles, Jorge Amado, etc.

A política de língua seja ela no Brasil, Angola, Moçambique, etc. terá naturalmente que implementar o estudo das línguas indígenas, mantendo, no interesse da identidade nacional, uma incidência especial no português falado como o idioma nacional oficial.

Conclusão – Fernando Pessoa é o Protótipo do homo lusófono

Uma mentalidade bárbara procura, em nome de um capitalismo avassalador, de um socialismo aplanador e de uma emancipação masculinizante, acabar com as próprias raízes e origens no desprezo pela mãe latina, como se uma sociedade se pudesse manter viva contentando-se com o ir à prostituta, ou negar nela as virtudes e os defeitos que tornaram povos pequenos grandes. Quem faz das origens um borrão e acaba com as referências históricas, retrocede em vez de evoluir. Não é justo querer funcionalizar o povo indefeso e distraído no sentido de ser apenas braços, estômago e abdómen. Nesta fase social da História quem não defende uma classe média forte e consciente atraiçoa o povo. As nomenclaturas das ideologias e da economia trabalham a grande pedalada para que toda a sociedade se torne dependente de uma pequeníssima elite com o monopólio da influência cultural e económica. Por isso atacam tudo o que lhes oferece resistência seja o cristianismo, seja uma camada média resistente ou seja o sindicalismo. Querem transformar a democracia numa democratura. Na Alemanha os sindicatos e a Igreja já colaboram em acções comuns numa tentativa de impedirem a arrogância política e económica que se encontram cada vez mais de braço dado.

Verifica-se que, em todos os governos, onde a esquerda assume o governo logo procura, à maneira jacobina, influenciar determinantemente o sistema de educação e, quando em governos de coligação, segue a estratégia de assumir as pastas da cultura e do ensino, seus meios privilegiados para garantir a sustentabilidade da influência. A influência e o domínio social que o capitalismo adquire com a economia são adquiridos pelo socialismo através da cultura: Formam um par unido na exploração humana. Naturalmente esta estratégia não é de condenar. O que é de condenar é a atitude descomprometida de conservadores que por preguiça ou favorecimento da natureza se vejam apoiados sem necessidade de se empenharem.

Uma política redutora e nacionalista não pode ter a pretensão de querer inventar a roda de novo, nem tão-pouco, com a desculpa do colonialismo e da opressão externa, justificar uma colonialização ideológica interna que possa vir a alimentar o alarde de novas ideias de gene colonizadora. As grandes nações criam-se em torno do trabalho, do estudo e de uma vontade guiada por um sentido comum. Fernando Pessoa é o Protótipo do homo lusófono. Fernando Pessoa reúne e resume nele a grandeza de alma da pessoa lusófona.

A língua lusa é a pátria de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau, Moçambique, Portugal, Timor-Leste, de São Tomé e Príncipe e de tantas comunidades falantes do português, espalhadas por todo o mundo. A língua lusa é aquela alma que nos torna a todos irmãos. Fernando pessoa, aquele génio de personalidade lusa migrante, que reuniu numa só pessoa o contraditório e os opostos, é o melhor protótipo do lusófono; na diversidade e integração dos seus heterónomos viveu e reviveu a grandeza e multiplicidade dos povos da lusofonia que o fez exclamar, também da perspectiva geográfica horoscópica, com amor e devoção: “A minha pátria é a língua Portuguesa”!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo www.antonio-justo.eu

(1) Notícia em http://economico.sapo.pt/noticias/literatura-portuguesa-deixa-de-ser-obrigatoria-no-brasil_243170.html
Entre outros textos que escrevi: ACORDO ORTOGRÁFICO SEGUE A VIA POPULAR https://antonio-justo.eu/?p=2190 BARBARIDADES CONTRA A LÍNGUA PORTUGUESA https://antonio-justo.eu/?p=2843“Preparar uma ínclita geração”
(2) Entre outros textos que escrevi: ACORDO ORTOGRÁFICO SEGUE A VIA POPULAR https://antonio-justo.eu/?p=2190 BARBARIDADES CONTRA A LÍNGUA PORTUGUESA https://antonio-justo.eu/?p=2843“