O TRIBUNAL EUROPEU DE JUSTIÇA (ECJ) REFORÇA OS DIREITOS DOS CIDADÃOS

Não é permitido armazenar os dados telefónicos e de ligação à Internet dos cidadãos sem que haja uma suspeita concreta de terrorismo ou de um crime grave.

O tribunal de Justiça Europeu proibiu uma recolha abrangente de dados de precaução por parte das autoridades públicas da UE.

O Tribunal declarou, a 6 de outubro de 2020, que não era permitido o armazenamento de coberturas pelas empresas de telecomunicações, mas apenas no caso de uma ameaça aguda à segurança nacional ou para combater a criminalidade grave.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Temo

REUNIFICAÇÃO ALEMÃ – A OPORTUNIDADE PERDIDA

Afirmação dos Polos contra a Transversalidade do Meio (Centro)

Por António Justo

Recordo com nostalgia a revolução iniciada na noite de 3.10.1990 pelo povo da Alemanha socialista. Nesse dia (a sessenta Km da Alemanha socialista) senti a Europa e a Rússia a pulsar num só coração. Nas ruas de Kassel, a abarrotarem de gente, sentia-se a euforia de desejos e esperanças de povos a encontrar-se em abraços; era a festa das fronteiras abertas, um mundo todo que se reunia num só abraço! No ar misturava-se também um cheiro da gasolina dos Trabant (Trabis) com um borburinho de alegria e fraternidade que ressoava a humanidade.

 Foi uma revolução pacífica, verdadeiramente socialista no sentido democrático (os de baixo a libertarem-se dos de cima).  Socialistas corajosos acabaram com o socialismo de Estado.

A intrepidez de alguns, num sistema político fechado (com uma Igreja aberta), apoiados pela luz de velas e orações, possibilitaram a queda de um sistema armado até aos dentes. Michael Gorbatchov tornou possível o raiar de sol nesse dia. A RDA com o socialismo real passou à História.  O socialismo perdeu e o capitalismo ganhou; e isto apesar de um e outro se encontrarem nas mãos dos alemães!

As duas Alemanhas reúnem-se, mas a fenda continua na sociedade: enquanto a Alemanha ocidental buscava a reunificação, a Alemanha oriental procurava liberdade e autodeterminação. O alemão de leste sente-se privatizado e responsabilizado, experimentando a falta da solidariedade e da coesão que a necessidade criara nele numa RDA onde faltava quase tudo. O povo que lutou pela liberdade sente-se levado na corrente do Marco.

A revolução feita por um povo à procura de liberdade foi rapidamente interrompida pelas cúpulas socialistas e capitalistas que optaram sobretudo pela liberdade material renunciando em parte à liberdade interior. O povo sente-se assim na banalidade do mal da luta normal do dia a dia. É de admirar, porém o êxito conseguido a nível económico pelo Estado alemão, tendo conseguido, com as contínuas transferências de grandes verbas de solidariedade para a Alemanha de Leste, um nível de vida social equiparado nas duas zonas.

A Alemanha, entre Oeste e Leste, no meio do Oriente e do Ocidente não optou por ser o meio dos polos (a intermediária interpolar), preferiu continuar polar, adaptando o seu leste ao oeste (assimilando o polo socialista no capitalista). A Alemanha inteira perdeu assim a oportunidade de ser fiel culturalmente a si mesma (medianeira, transversal) e de se afirmar e  dar resposta à sua posição geográfica entre Leste e Oeste. (A posterior transferência da capital de Bona para Berlim – em direcção ao Leste – revela-se apenas como um tranquilizar da alma alemã a nível exterior do consciente).

Em vez de conciliar os dois polos de maneira transversal, no sentido da inclusão, da complementaridade, atraiçoa a sua vocação histórica de se reunir no meio, no centro dos polos (de unir a Europa com a Rússia). Em vez disso assistiu-se, com a queda do muro de Berlim, ao acentuar-se da política real (liberalismo económico) em desfavor da política ideal (unir a Europa à Rússia); optou-se pelo globalismo liberalista e consequentemente pelo acentuar-se do novo muro (cortina de ferro) em que se está a tornar a NATO. A Alemanha abdica assim de si mesma, da sua posição geográfica intermédia para apoiar a afirmação da posição anglo-saxónica no mundo. Abstém-se da liderança política para viver na ambivalência da materialidade socialista e capitalista.

Mais explicitamente: A Alemanha que parecia ser chamada a tornar-se culturalmente a balança do Oriente e do Ocidente para equilibrar o movimento das forças entre os dois polos (blocos) contraentes, desaproveitou a grande oportunidade que teve em 1990 de criar uma terceira via (a via do meio termo – interpolar), que teria sido possível através da união do seu polo socialista (RDA- Rússia) com o polo capitalista (BRD-Europa). Em vez disso a reunificação fortaleceu a luta polar (via capitalista) num globalismo que se afirma também ele por princípios dualistas de contradição polar. Deste modo revigoram-se as forças da masculinidade sobre as da feminilidade criando-se um desequilíbrio cada vez maior entre o material e o espiritual, o afirmativo e o criativo (O ideal de uma visão trinitária da realidade cedeu, novamente à luta dualista de afirmação das polaridades!). A mentalidade polar (de caracter masculino), expressa tanto no capitalismo como no socialismo, não deu lugar a uma reflexão possibilitadora de uma mentalidade inclusiva e transversal centrada na criatividade e na transformação com um substrato de motivação espiritual. A reunificação da Alemanha oriental com a ocidental tornou-se por um lado num projecto de sucesso económico e por outro numa traição à Alemanha no seu todo, no âmbito de uma possível missão cultural histórica.

Vive na ambivalência entre ocidente e oriente numa tensão entre espírito e matéria que practicamente se expressa na continuação da politização da narrativa socialista e da narrativa capitalista.

Nos novos desafios, Covid-19, globalização, alterações climáticas, migração, o medo parece tornar-se senhor de uns e meio de domínio para outros.

Precisamos de pontes que unam e não muros que separem. Esperam-se sempre os filhos da unidade e depara-se com os irmãos da divisão: matéria/espírito, capitalismo/socialismo.

Uma lição da história fica na nossa lembrança: Nem fascismo nem comunismo! Só a liberdade e a autodeterminação tornam o futuro possível!

 

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

GEOPOLÍTICA E PORTUGAL

União Europeia entre os USA e a Rússia a serem empurrados pela China

 “George Glass, embaixador dos EUA em Lisboa, em entrevista ao Expresso, publicada este sábado, admitiu consequências em matéria de segurança e Defesa para Portugal se o país escolher trabalhar com a China” (1).

O embaixador falou claro (sem diplomacia, tal como fez o seu homólogo na Alemanha) das forças e interesses económico-geopolíticos, isto é, daquilo que geralmente os políticos nacionais não gostam que se fale. Portugal encontra-se na ressaca das ondas e em conflito de interesses.

Incomoda, mas chama a atenção para as circunstâncias que nO embaixador dos USA em Portugal fala claro das forças e interesses económico-geopolíticos, isto é, daquilo que geralmente os políticos nacionais não gostam que se fale.

Incomoda, mas chama a atenção para as circunstâncias que nos movem e moverão: a realidade económica motivadora de guerras, da determinação de zonas de influência política e de agendas internacionais.

Não se trata aqui de pintar a realidade com as tintas de Belzebu ou do Diabo, porque essas discussões sentimentais só ajudam um e outro a levar o seu negócio à frente.

A guerra em Portugal tem acontecido no dia-a-dia entre a China e os USA (e em parte UE, dos países mais fortes) a nível económico.

A importância do porto de Sines é realmente “incrivelmente estratégica” para a distribuição do gás natural liquefeito americano, especialmente num momento em que Trump se insurge descaradamente contra o gasoduto North Stream 2 que liga a Rússia à Alemanha.

Um outro capítulo será a concretização e interesses geopolíticos ligados ao porto de Sines! Sines será também a entrada da rota comercial para a Europa.

Naturalmente que não é também inocente o uso da tecnologia chinesa na nossa rede 5G. Trata-se de reconhecer os poderes que têm as biscas e os trunfos mas contar também com desenvolvimentos futuros.

Enquanto os nossos fomentadores de opinião se fixam em questões de ideologias continuaremos a ser embalados entre as ilhas das sereias. Esta não é a altura de sermos uns contra os outros (uns blocos geográfico-económicos-políticos) contra os outros.Importante seria descobrir, na nossa pequenez real e de sonhos, a vantagem estratégica que viremos a ter numa ordem mundial bi ou tripolar!

Na discussão deste assunto não seria oportuno tratar-se aqui de se colocar do “lado certo” ou do “lado errado”, mas de compreender a complexidade do assunto para poder jogar com os dois! Cada potência faz a sua pressão, cada uma à sua maneira. Relevante seria termos a consciência da nossa importância estratégica e termos um conceito e um sonho para Portugal. Doutro modo poderia restar-nos tornar-nos num cavalo de troia dos interesses geopolíticos!

António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo

 

NÃO À EDUCAÇÃO PARA UMA CIDADANIA DE PERFIL MARXISTA E MAOISTA

A Disciplina de Cidadania reduzida a Aula de Religião do Estado?

António Justo

O secretário de Estado queria não deixar passar de ano alunos que faltem às aulas de Cidadania por razoes de objetores de consciência, mesmo quando ensinadas em termos marxistas de ideologia do género (1).

A tutela da Educação quer substituir os pais no direito de educar. Com as suas medidas vai contra a Constituição portuguesa que garante “a liberdade de aprender e de ensinar” e o direito insubstituível dos pais, ao determinar que “os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos” e mais, que o Estado deve “cooperar com os pais na educação dos filhos”. A lei fundamental também proíbe o Estado de “programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas”; o artigo 41º da Constituição garante a liberdade de consciência, de religião e de culto, classificando-as como invioláveis e no número 6   do mesmo artigo consagra o direito à objeção de consciência.

Não é legítimo que um governo, seja de esquerda ou de direita queira formatar a sociedade segundo a sua ideologia. Seria um acto retrógrado querer criar infraestruturas ideológicas que deem sustentabilidade à crença da esquerda radical mesmo que para tal façam uso do subterfúgio de quererem cumprir normativas da ONU.

Respeite-se o direito escolar à informação sem usurpar o direito de formar o cidadão no sentido de uma só ideologia, como se dá na Turquia com o islão ou em países socialistas. Defenda-se o valor da diversidade em sociedade. Não é aceitável que uma instituição estatal se transforme num Olimpo de Deuses e se arrogue o direito da posse da verdade e da formação (formatação) da opinião. Não é qualquer cidadão que tem a posse de escolher o Estado onde viver nem o Estado tem o direito de impor qualquer ideologia ao povo. 

A função do Estado é apoiar não substituir (como bem dizem os bispos). Não está em causa a disciplina, mas a ideologia do género, a manipulação da sexualidade e a preparação das mentalidades no sentido de um estado socialista. Ao contrário de um Estado socialista como a China, em democracia ocidental, o Estado não usurpa para si a tarefa de uma doutrinação específica.

O direito à informação e ao conhecimento em todas as áreas do saber deveria ser um bem adquirido. É, porém, de rejeitar a opressão coletiva assumida por representantes do Estado que, para assumirem o poder total sobre o cidadão, façam uso do direito obscurantista de manter o monopólio da educação.

No intuito da selecção da informação os regentes querem também a selecção da formação em nome de valores mais altos, tal como faziam as elites de regimes passados. Seria cegueira intelectual e política criticar a união de religião e política do passado e querer-se hoje substituir a religião pela ideologia (por sua vez implementada na universidade em cursos servidores e não senhores) em compadrio com o Estado (o senhorio do regime político).

Em nome da democracia, da igualdade e da justiça social procura fomentar-se um modelo de educação que crie um perfil de cidadão ajustado à ideologia política de características da falhada União Soviética.

A disciplina de Cidadania e Desenvolvimento não pretende instruir, mas sim modelar caracteres. Para se evitar tal risco é obvio que tal disciplina deva ser opcional.  Também o filósofo Immanuel Kant argumentava: „O ser humano é aquilo que a educação faz dele.”

Apesar de alguns contributos positivos que o socialismo trouxe para a sociedade, isto não legitima a esquerda radical a ter o direito de, através do Ministério da Educação, implementar uma consciência social de perfil proletário. Isto seria fatal para um país que deixado o autoritarismo de direita passou, com o 25 de Abril, a ser dominado pelo autoritarismo de esquerda. (O povo não tem culpa: ontem como hoje não nota nada devido à informação e educação respetivamente transmitidas!) A matriz de pensamento monolítico cuidada pelos nossos regimes políticos tem prejudicado Portugal.

É grave e cínico, em nome da liberdade democrática, quer-se um modelo único de educação em que o debate público se expresse nos moldes do monólogo da crença marxista como se não houvesse alternativa nem modelos que respeitem e valorizem a dignidade humana e a diversidade cultural.

O facto de o Estado querer assumir o monopólio de formar o cidadão é já uma coerção do cidadão abusiva e cínica. Por isso há uma petição Manifesto “Em defesa das liberdades de educação” para a salvaguarda dos direitos humanos fundamentais, constitucionais e legais (2) e que quem desejar pode assinar (link em nota).

O argumento do compromisso assumido por Portugal em acordos internacionais (3) na área dos direitos humanos torna-se num pretexto ratoeira para impor um modelo único no seguimento de um regimento centralista de inspiração chinesa e soviética. O respeito de formas e valores assumidas em convenções internacionais não implica necessariamente a educação do cidadão no sentido da filosofia marxista nem sequer no espírito da revolução cultural maoista.

Pretender tirar-se o direito de educação de “cada contexto familiar” com o argumento de que só o Estado garante igual direito à formação por parte de todas as crianças e jovens corresponde a ideologia comunista declarada contra a Constituição portuguesa e que os estados resultantes da queda da União Soviética já superaram.

Deixe-se a liberdade de crença e de educação a cada pessoa e a cada agregado social. As diferentes disciplinas do currículo escolar são imensamente diferenciadas e suficientemente informativas para que o Estado as deva manipular no sentido de uma disciplina da sua crença política mesmo que esta se queira justificar com o indulto de inclusão; as aulas de biologia (sexologia) não precisam de ser complementadas por aulas de ideologia social que se querem (nas intenções da ideologia do género: cultura contra natura)  contra a biologia.

A Defesa da Educação para a Cidadania, nos termos em que se expressa e querida pelo Ministério da Educação, é um serviço à censura e como tal ao obscurantismo ideológico.

O cidadão adulto, respeitador dos direitos humanos, da igualdade social e de oportunidades, não precisa de uma “religião” estatal.  Toda a instituição deve estar ao serviço do cidadão, da pessoa humana e respeitar a sua soberania. É abuso democrático e prepotência adaptar a matriz política à matriz monopolista, seja ela marxista ou islâmica.

Cidadãos atentos e críticos não se deixam reduzir a cães de guarda de qualquer sistema monolítico nem se empenham na defesa de nenhum cargo ou ideologia, mas para alertar no sentido de as instituições servirem, todas elas, o humano. Defenda-se uma sociedade natural, tipo floresta, com diferentes biótopos e em que todas as árvores cresçam livremente; não seria inteligente fomentar-se uma monocultura tipo eucaliptal que por muita utilidade que o eucalipto possa ter se passe a transformar a floresta natural numa floresta só de eucaliptos. Deixemos as árvores viverem em paz nos seus biótopos naturais!

A educação é como o Sol que estimula as energias de quem acaricia; o seu melhor fruto é a tolerância no sentido da ordem e se assim for feito teremos uma sociedade rica, múltipa e variada à semelhança do reino vegetal do planeta. O melhor estímulo para a boa educação é o exemplo, dos pais, dos superiores, dos governantes, da sociedade.

Não podemos permitir que o ensino seja pervertido numa educação, à margem do ser humano e dos sentidos cívico e pedagógico.

Não à globalização da mediocridade apagadora da diversidade e da diferença que pretende transformar a pessoa (aluno e estudante) num produto formatado e apto a pensar e agir de forma já não individual-pessoal, mas meramente mecânica e funcional que em vez de pessoas só precise de técnicos para funcionar.

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

(1) https://rr.sapo.pt/2020/09/07/pais/d-manuel-clemente-passos-coelho-e-sousa-pinto-juntos-em-manifesto-pela-liberdade-de-educacao/noticia/205371/

(2) Petição Manifesto “EM DEFESA DAS LIBERDADES DE EDUCAÇÃO”: https://peticaopublica.com/mobile/pview.aspx?pi=LiberdadeEducacao

(3) “Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres, Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica (Convenção de Istambul), Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o Pacto Europeu para a Igualdade entre Homens e Mulheres 2011 -2020, Compromisso Estratégico para a Igualdade de Género 2016-2019, Plano de Ação para a Igualdade de Género e Empoderamento das Mulheres (CPLP 2017-2020), Recomendação CM/Rec(2010)5 do Comité de Ministros aos Estados-Membros do Conselho da Europa sobre medidas para o combate à discriminação em razão da orientação sexual ou da identidade de género”.

 

EDUCAÇÃO PARA A PAZ

SÓ HÁ UM POUCO DE PAZ

Não há nem nunca houve educação para a paz porque ela se encontra distribuída pelas diferentes ideologias, partidos e grupos de interesses!
Cada um considera-se em posse da verdade e em vez de a ver repartida também pelos outros julga-se no direito de impor a sua!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Temo