ATENTADO ASSASSINO NUMA IGREJA EM ROUEN EM NOME DO ISLÃO

 Política não interessada em acordos bilaterais em questões de tolerância religiosa

No momento em que celebrava a missa, Jacques Hamel de 86 anos, padre coadjutor em Saint-Etienne-du-Rouvray, Rouen, Normandia, foi degolado por dois terroristas do Daesh, segundo o método das suras do Corão ( 8:12, 47: 4). Traziam facas, uma pistola e falsos engenhos explosivos. Do altar, fizeram um sermão em árabe, que filmaram com o assassínio do padre a ser obrigado a ajoelhar. Enquanto faziam isto uma freira conseguiu fugir da Igreja e alarmar a polícia. Feriram gravemente um outro fiel no pescoço. Um atacante tinha 18 anos e era natural de Saint-Etiénne, o outro é Adel Kermich de 19 anos que tinha tentado servir o Estado Islâmico na Síria. A brigada de intervenção matou-os.
O que pretendem os terroristas

O objectivo da guerrilha na Europa é colocar pessoas e comunidades umas contra as outras. Os extremistas muçulmanos pretendem com tais actos transformar a sua luta bárbara numa luta de religiões. Se os cristãos abandonassem os princípios do evangelho e adoptassem os métodos de violência dos guerrilheiros de Alá, estes conseguiriam mobilizar também os muçulmanos moderados no sentido da sua guerra santa (Jihad). Então conseguiriam acabar com o Maomé de Meca (místico) para só fazerem valer o Maomé guerreiro de Medina.

O seu objectivo é dividir uma sociedade que no seu interior político estatal já se encontra dividida. Querem afirmar a diferença de mundos espirituais e ver legitimada a violência.
Reacções ao atentado

O Papa Francisco manifestou “dor e horror” pelo “assassinato bárbaro” e um comunicado do Vaticano declarou: “Estamos particularmente abalados por esta violência horrível ocorrida em uma igreja, um lugar sagrado no qual se anuncia o amor de Deus”.

A reacção do bispo de Rouen ao atentado foi: “A Igreja católica não pode ter outras armas que não sejam a oração e a fraternidade entre os homens”.

O Cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência Episcopal alemã reage: “Com isto pretende-se fomentar o ódio entre as religiões… Vamos fazer frente a ele e não nos vamos juntar à atmosfera de ódio e violência”.

O presidente Hollande disse: “Estamos em guerra” contra o Daesh.

Será que só resta à população apelar a Deus?

A guerra não pode ser porém a palavra de ordem dos cristãos; guerra é o alimento da guerra. Torna-se compreensível que uma França aterrorizada tenha vontade de se vingar e naturalmente deva usar também da violência contra o terror mas não de esquecer a parte humana e a corresponsabilidade: a França e seus aliados fazem o seu negócio fornecendo os estados árabes e os grupos rebeldes com armas e eles respondem fornecendo dinheiro e assassinos.

Muitos, que não percebem o âmago da espiritualidade cristã, criticam a Igreja que ao reagir da maneira pacífica como reage se submete. A igreja não pode porém reagir da mesma maneira que reagiriam muçulmanos tradicionalistas ao ataque de uma mesquita. A sua mensagem é outra e a sua maneira de estar na sociedade também.

A tarefa da pacificação não é fácil. Querer reunir representantes cristãos com os seus homólogos islâmicos nunca se dá em pé de igualdade atendendo aos diferentes conceitos dos parceiros em relação à violência, ao governo, à sociedade e a outras religiões; para um Imame não há negociações sobre uma palavra de Deus que não pode ser interpretada. É inerente ao Islão não só uma agenda religiosa mas também uma agenda política. Não chegam palavras de respeito é preciso que sopre um outro espírito nas mesquitas com a valorização do Maomé religioso em Meca e uma interpretação histórico-crítica do Maomé guerreiro (de Medina). Então seria possível a publicação com comentários explicadores. Confundir as “revelações de Meca com as de Medina” , ou até dar primazia de orientação prática a partir das suras de Medina é democratizar a jihad como forma de vida mais que ad intra, ad extra.

A figura insegura e duvidosa de políticos

A política tem deixado também os seus cidadãos cristãos à chuva; nunca se preocupou com convenções bilaterais entre Estados em questões de tolerância religiosa. O fanatismo antirreligioso secularista procura, muitas vezes, enxovalhar o cristianismo colocando a violência expressa no islamismo como algo inerente às religiões, difamando assim as igrejas cristãs que tanto têm feito na defesa dos refugiados e para a tolerância do islão.

É de observar uma atitude de irresponsabilidade política crassa ao transmitir à população a ideia repetitiva de que o fomento da polícia, das armas e as limitações dos direitos legais dos cidadãos serão a resposta à insegurança e os garantes da estabilidade.

Enquanto a Igreja se foi despedindo do Estado, reconhecendo com a democracia o princípio evangélico da divisão de poderes (“a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”), as Organizações muçulmanas negociam com os órgãos do Estado para que lhes sejam concedidos privilégios no sentido do islão político. Muitos políticos ocidentais, como se consideram representantes do laicismo não estão interessados no estabelecimento de contratos com vínculo de reciprocidades no trato religioso entre os países europeus e os países de cultura fundamentalmente árabe. E ainda têm o cinismo de, publicamente, se admirarem do que acontece na Turquia, e calam a realidade concreta de que o Estado turco sempre segrega e discriminou os cristãos: até no cartão de identidade turco os cristãos são identificados com um número específico, para que sejam impedidos de assumir cargos públicos de grande relevância, dado um cristão ser um suspeito para o Estado.

Tanto a palavra de Deus (Corão) como as orientações de Maomé (Hadit) não são interpretadas no seu contexto histórico pelos portadores do Islão (A teologia islâmica esgota-se na jurisprudência e não reconhece a abordagem histórico-critica aos seus textos). Muitos pensam que o comportamento do terrorismo árabe é apenas uma aberração da idade média sem se interessarem pelo seu fundamento; os jihadistas sentem-se no direito porque vêem o seu agir fundamentado em orientações religiosas transmitidas e interpretadas à letra pelo facto de Deus se ter in-librado no Corão. Os seguidores do Corão à letra não são elucidados pelos imames de que muitas das revelações descritas no Corão eram feitas para justificar actos da vida privada e política de Maomé (para isso teriam de reconhecer a análise histórico-crítica do Corão e das Hadith). Esta visão é activamente fomentada pela Arábia Saudita e suas embaixadas e transportada por todo o mundo por salafistas que muitas vezes se escondem por trás de acções de distribuição gratuita do Corão. Por isso muita conversa na opinião publica ao dizer que é preciso combater a ideologia dos terroristas não notam que a sua fonte está no próprio islão que precisaria de ser reformado.

A imprensa banaliza, por vezes, actos como o de 2013 em Garbsen, Hannover, onde jovens muçulmanos queimaram a igreja protestante Willehadi, falando apenas de “agitação de gangues de jovens criminosos”.

Os interesses da ordem do dia são outros e nestas questões de terrorismo parece que o que resta ao povo será gritar a Deus!

A Atitude do padre assassinado

Assassinaram o “homem bom”, o “raio de sol do Rouen”, que tinha colocado toda a sua vida ao serviço das pessoas e da comunidade.
O último apelo do padre Jackes aos paroquianos que partiam para férias foi: “As férias são o momento para nos afastamos das nossas ocupações habituais. Mas não é um simples parênteses, além de tempo de descontração, servem também de encontro, de partilha, de convivialidade. Oremos por aqueles que têm mais necessidade, pela paz, para um melhor viver em conjunto”.
António da Cunha Duarte Justo

PORTUGUÊS DE MUNIQUE É O ROSTO DA SEGURANÇA – AMOK EM MUNIQUE – 1° ATENTADO ISLAMISTA EM ASNBACH

Por António Justo

 

O exemplo de um português a fazer carreira no Público alemão

Marcus da Glória Martins, luso-germano, porta-voz da polícia de Munique, foi considerado nos Media alemães, o rosto da segurança e da serenidade, na sexta-feira (22.07.16), dia em que o alvoroço se espalhava nas ruas de Munique e a insegurança se ia alastrando nas almas de uma Alemanha amedrontada pelo atentado (amok).

Enquanto o medo da morte corria pelas estradas de Munique e o caos se empilhava na estação do comboio, por toda a parte se via a polícia, sem pânico, empenhada na defesa do cidadão.

Neste cenário viu-se o rosto sereno e ouviu-se, a voz calma e suave do luso-descendente nas TVs a transmitir um sentimento de segurança.

O porta-voz Martins, pacato, concreto e soberano, respondia aos repórteres apontando só para os factos, objectando contra certos boatos rápidos que se espalhavam como o vento através do Facebook, Twitters  e dos Media interessados na informação apressada. Apesar de tudo, o luso-alemão, espontâneo e eloquente, não fugia às perguntas dos jornalistas, num momento difícil: o medo de que tudo poderia acontecer.

No Facebook, Marcus Martins, com a virtude da humildade e a consciência comunitária que fizeram  Portugal grande, respondeu com simplicidade, à chuva de louvores que recebia: ”Não se trata da minha pessoa. Sim, é verdade que fui o rosto. Mas o desempenho não me cabe a mim “.

O lusodescendente tem dois filhos e trabalha desde há 23 anos na polícia. Escolheu a profissão motivado pelo dinheiro mas depressa começou a ter alegria na profissão que exerce. Foi louvado também em todo o mundo pelo seu twitar durante o atentado no centro comercial Olimpia de Munique e no McDonald’s ao lado.

Glória Martins, pode ser um estímulo para muitos portugueses fazerem carreira na administração alemã e nos partidos políticos alemães!

 

O Amok de Munique

O massacre (Amok = “matar com fúria cega”, com acessos de loucura) foi preparado e executado por um germano-iraniano de 18 anos que matou 8 jovens, uma senhora e se suicidou, por fim. Executou o seu plano nas pegadas de Breivik que, cinco anos antes a 22 de julho, tinha feito 76 mortos na Noruega.

Filhos da loucura, alimentados por doutrinas loucas, matam inocentes semeando a dor nos corações de imensa gente.

Os assassinos (Amok) são pessoas que, geralmente, sofrem da falta de reconhecimento familiar e social. Ruminam a existência em torno da pergunta “Quem sou? Quem precisa de mim”. Muitos jovens não encontram resposta a estas perguntas e ao passarem por situações de estresse e de atitudes injustas, devido ao seu estado inseguro e depressivo, reagem à humilhação com a vingança. Em psicologia também uma criança que se tenha sentido o ídolo da família mas não tenha aprendido a tratar com as dificuldades também pode chegar ao suicídio.

A criminóloga Britta Bannenberg é de opinião que “os criminosos (amok) ampliam a sua auto-imagem narcisista e desvalorizam os seus semelhantes”.

Nota-se nas redes sociais e nos Media muita gente perdida à procura da culpa esquecendo que ela se encontra também debaixo da pele de cada um. A satisfação da culpa encontrada comunga muitas vezes da mesma agressão escondida, embora educada. A culpa é a dívida do remorso que aumenta a impaciência e com ela a infracção.

 

Em Ansbach  o 1° atentado suicida islâmico na Alemanha?

À beira do festival de Verão em Ansbach, na Baviera, no Domingo (24.07) deu-se a primeira tentativa de atentado suicida islâmico na Alemanha. Desta vez o criminoso é um refugiado sírio de 27 anos que vivia há dois anos na Alemanha. Não pôde entrar no areal do concerto com a sua mochila, por não ter bilhete de entrada, o que poupou a vida a muita gente. O terrorista activou o explosivos matando-se a si e ferindo 15 pessoas, três delas em estado grave.

No dizer do ministro do interior da Baviera o suicida anunciou o atentado num vídeo em nome de Alá e “Não há dúvida que se trata de um ataque terrorista de fundo islâmico e de convicção islâmica do criminoso” ; este tinha contacto com os salafistas.

O ministro do interior mostrou-se muito preocupado porque estas e outras podem levar as massas a colocar refugiados no rol de suspeita generalizada. A população cada vez tem mais medo de a política importar os problemas do Médio Oriente. A frustração contra o “estabelecimento” político cresce.

Um atentado na Alemanha tem mais consequências do que noutro país porque os partidos têm bastante “respeito” ao povo – sabem que do seu comportamento depende os votos nas eleições!

A Alemanha vive no problema entre as garantias constitucionais, leis vigentes e as exigências de um povo amedrontado que em grande parte vê a cultura de boas-vindas fracassada. Por isso cada vez se exige mais emprego de pessoal pelas instituições do Estado e um reexame de muitos casos de exilados. Os esforços da Alemanha neste sentido já se encontram desgastados, dado na Alemanha também haver muitos alemães a viver na pobreza e estes comparam-se muitas vezes com os refugiados! Não chega ter um Estado rico, é preciso ter um povo pelo menos remediado!

Este é o terceiro atentado na Alemanha numa semana; o primeiro foi em Würzburg onde um refugiado de 17 anos do Afeganistão feriu, num comboio, cinco pessoas com um machado; ele queria “matar os incrédulos „. Segundo o MMerkur.de, inquéritos mostram que, da população muçulmana jovem na Alemanha , um em cada cinco defende a aplicação  da violência na imposição do Islão.

As flores colocadas em homenagem às vítimas murcharão como as culpas atribuídas a isto ou àquilo até que surjam novas flores a testemunhar o odor da vida.

A sociedade assistirá cada vez mais a horas da violência, do medo e das lágrimas. Horas destas são gritos à vida, à misericórdia e ao amor

 

António da Cunha Duarte Justo

 

TURQUIA – UMA NAÇÃO DE BRAÇOS NO AR E DE LENÇO NA CABEÇA

GOLPE DE ESTADO DE ERDOGAN CONTRA A DEMOCRACIA QUE DEMOCRATICAMENTE O APOIA

O fascismo em marcha e a política europeia em sentido a fazer-lhe continência!

Por António Justo

A Turquia torna-se cada vez mais num país de braços no ar e de lenços na cabeça. O presidente turco Erdogan declarou a suspensão da Convenção Europeia dos Direitos Humanos e o Estado de Emergência por três meses, ficando assim com direitos absolutos. (Será esta uma maneira indirecta de poder também introduzir a pena de morte?)

Chega a ter-se a impressão que nos encontramos no início da era muçulmana! O radicalismo muçulmano determina o sentir dos povos e a cedência de liberdades nas chamadas sociedades livres. Ao saneamento de milhares de juízes, de soldados, de polícias e de outros funcionários da administração segue-se o saneamento dos agentes de ensino.

O despedimento de 1.5oo reitores de universidade e a retirada da licença de ensino a 21.000 professores do ensino privado é mais um acto radical eficiente para o saneamento de um Estado que Erdogan e seus sequazes querem ainda mais uniforme. Em todos os regimes os fascistas de direita e de esquerda procuram ter sempre o ensino sob o seu controlo ideológico. Ciente de que a religião é o melhor garante de sustentabilidade, Erdogan aposta sistematicamente no fomento de um islão sunita retrógrado; no tempo de sua actuação política, já foram construídas mais 10.000 mesquitas.

Este golpista enganador trabalhou sistematicamente, a longo prazo, para conduzir o país ao fascismo.

Mais preocupante ainda é o facto de ter recebido 60% dos votos dos turcos que vivem na Alemanha e ainda o facto de muitos destes se manifestarem violentamente na Alemanha a favor do golpista Erdogan. Quando há algum acto terrorista, os mesmos não se manifestam. Na Alemanha vivem cera de três milhões de turcos e de turco-descendentes. À semelhança do que acontece na Turquia, apoiantes de Erdogan, organizaram um serviço online onde se pretende fazer o alistamento de cúmplices e simpatizantes com a intentona para poderem ser mais eficientemente perseguidos.

A raiva do povo contra as elites turcas, de orientação moderna, é insaciável. Erdogan, um filho do povo, vinga-se da elite secular servindo-se do povo. Em democracia o povo é quem determina a razão!

O presidente quer ser o novo Ataturk da Turquia mas no sentido contrário. Conseguirá atrasar eficientemente o ponteiro da história da Turquia e irá dar que fazer à política europeia que em breve terá de abrir as portas a muito mais refugiados: os da síria e de outros estados muçulmanos e ainda mais curdos e outros que o Estado turco ainda perseguirá mais.

A Turquia e o comportamento de muitos turcos na Alemanha poderia ser um sinal para o que a Europa acorde e reflita sobre o que está a acontecer à Europa sob a acção de políticos mais interessados em administrar a miséria e a decadência da Europa, do que em defender os valores que a tornaram grande e exemplar para todas as sociedades.

 

Erdogan, embora retrógrado e ditador, procura, à sua maneira, construir uma Turquia dominante. É um chefe oportunista coerente com os princípios muçulmanos que aposta no poder da luta cultural e religiosa, deixando atónitos os políticos ocidentais que, à custa da própria cultura e do povo, pensam dominar o mundo através da economia!

António da Cunha Duarte Justo

Os Golpistas da Democracia são Erdogan e Militares

TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO NA TURQUIA DE ERDOGAN

Por António Justo

O exército turco compreende-se como o defensor da Constituição e da herança secular de Ataturk, fundador da república. Interveio já muitas vezes nesse sentido; a partir de 1960 já interveio 3 vezes; a 27.05.1960 derrubou o governo porque este tinha restringido os direitos da oposição e a liberdade de imprensa; os militares permaneceram então 17 meses no poder.

A 12.03.1971 houve a segunda intervenção, desta vez contra o terror de grupos da extrema-esquerda; passado um ano, os militares possibilitaram um governo civil.

Em 12.09.1980, o exército interveio de novo contra o terror de extremistas da direita e da esquerda para impedir a queda da autoridade do Estado. Em 1983 os militares cederam o poder político aos civis. A 30.06.1997 o exército obrigou o primeiro-ministro turco islamista Erbakan a abdicar do governo. O presidente turco Erdogan encontra-se na continuidade de Erbakan.

A actual intentona de 15.07.2016 falhou. Os responsáveis da conspiração justificaram-se dizendo que queriam reimplantar a ordem constitucional democrática e restabelecer os direitos humanos. Erdogan apelou a toda a população a sair para a rua para defender a democracia. Esta acedeu ao apelo e impediu os blindados de avançar.

Na tentativa de golpe, houve 290 mortos (100 golpistas e 190 civis e das forças leais ao presidente) e mais de mil feridos: Depois da intentona Erdogan vinga-se, mandando aprisionar 7.500 pessoas, entre elas, pelo menos 2.900 militares, provocando 8.500 demissões e cerca de 30.000 empregados públicos foram suspensos e quase três mil juízes e procuradores da justiça foram exonerados . A “limpeza” acontece a uma velocidade tão deslumbrante que demonstra já estar tudo antes preparado. O Estado de Direito é Erdogan.

A SIDH (Sociedade Internacional para os Direitos Humanos) conclui que estas medidas já estavam previstas antes da intentona. A SIDH adverte ainda que a Europa não se deve deixar chantagear por Erdogan também na crise de refugiados. Segundo a SIDH o governo turco apoiou de facto o “Estado Islâmico” (IS) tornando-se também ele cúmplice na origem da crise dos refugiados. 

O presidente turco já tinha conseguido, paulatinamente, neutralizar a posição moderadora que os militares tinham no aparelho de Estado, tornando o Estado cada vez mais repressivo e perseguindo sistematicamente os jornalistas não conformes. Agora com uma intentona mal organizada e dividida e uma oposição a ter de condenar o ataque à „democracia”, as forças reaccionárias ganharam maior legitimação.

O golpe de Estado falhado foi considerado pelo presidente Erdogan como “o dedo de Deus” que ele usará, como alibi, para institucionalizar o seu despotismo sombrio. Aproveita para se vingar da liberdade e fazer os saneamentos que desejar. Erdogan, que antes reprimia as manifestações, apela agora ao povo para se manifestar a favor dele, até ao momento em que possua poderes absolutos! (Há que ter em conta o facto de a cultura árabe ser mais propícia ao fascismo do que à democracia e muitas vezes as forças militares serem as mais modernas e abertas, aquelas que culturalmente estão mais próximo das formas de Estado ocidentais!)

Dado a Turquia ser um membro da Nato e Erdogan poder voltar a introduzir a pena de morte (abolida em 2004 para poder iniciar conversações no sentido de vir a ser membro da UE) e poder reduzir ainda mais as liberdades cívicas, a Nato e a UE já se manifestaram no sentido de Erdogan usar moderação e proporcionalidade nos meios utilizados como reacção à intentona; se introduzir a pena de morte, a candidatura da Turquia para a UE fica bloqueada. A Turquia, mais religiosa, não está interessada numa EU que acarreta consigo muitos compromissos abertos.

A Turquia tem muita importância para a Nato devido aos seus 600.000 soldados e à sua posição geográfico-cultural estratégica.

A Turquia já começou a mostrar os seus músculos em relação à UE e à Nato ao procurar estabelecer amizade com a Rússia, pedindo desculpa a Putin pelo avião russo que fez despenhar. Para dominar não olha a perdas, seguindo a estratégia: “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Em relação à UE, o leão do Bósforo sabe que tem os políticos europeus na trela porque dele depende a quantidade de refugiados que vêm para a Europa e da quantidade dos refugiados na Europa depende o destino dos políticos no poder. As prioridades de Erdogan para a Turquia são: 1° combater os curdos e o PKK, 2° depor o presidente da Síria e 3° luta contra o EI.

Erdogan tem não só a sua democracia religiosa mas também muitos trunfos contra a UE e contra a Nato, podendo manipulá-los à vontade. É esperto; aposta naquilo que mais tem: a religião que os outros não têm e os pontos fracos dos interesses que os outros têm. A Turquia de Erdogan já não precisa da Europa, ele já a tem nos turcos e muçulmanos que nela vivem!…

Na Alemanha as associações turcas apoiam o presidente e dos minaretes e  das mesquitas ressoam não só as vozes de oração, mas também palavras de ordem contra os infiéis. Os turcos saem às praças alemãs para apoiar Erdogan; é estranho porém que nunca desçam às ruas para condenarem o terrorismo muçulmano!

Um provérbio português diz:” “Onde reina a força, o direito não tem lugar.”

Assim continua a tragicomédia política a nível internacional: a política manobra-se entre o oportuno e o cinismo e o resto anda estupefacto. A esperteza engana-se enganando; não conta com o tempo, só olha para a próxima oportunidade, passando o tempo a entreter idiotas.

António da Cunha Duarte Justo

HORÁRIO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NA ALEMANHA

O PAÍS ONDE O TRABALHO É VALORIZADO E O QUEIXUME NÃO É CULTIVADO

António Justo
Os portugueses que trabalham mostram que não ficam atrás de ninguém; veja-se a sua popularidade como emigrantes, os títulos no desporto e portugueses em chefias em organizações internacionais. O problema de Portugal está na classe política que tem tido e tem.

No estado do Hesse, Alemanha, os funcionários públicos, (por deliberação do governo de 15.07.2016) a partir de Agosto de 2017, passarão a ter o horário de trabalho reduzido para 41 horas semanais. Em 2016 recebem um aumento de 428 euros. Em contrapartida Portugal, com o Governo de António Costa, reduziu o horário semanal dos seus funcionários para 35 horas; outra diferença: Portugal pede crédito ao estrangeiro para poder pagar o ordenado aos seus funcionários. O estrangeiro sabe destas inconsequências e da ineficiência na produção e grande parte do Portugal partidário, em vez de exercer autocrítica e de se preocupar com a razão do fracasso económico (demasiados gastos com o aparelho do Estado, produção insuficiente para alimentar a nação e falta de formação empresarial) desvia a bola para canto dando a culpa aos outros.

As elites alemãs premeiam quem trabalha e os governos portugueses parecem premiar quem está mais perto deles.

No discurso público sobre o défice português (foi 4,4% em 2015 enquanto o défice médio da UE foi de 2,1%) e contínuo endividamento do orçamento de Estado, assiste-se a uma discussão de acusações e desculpas, assumindo por vezes um caracter “racista” e muito longe de um discurso responsável. A política de Bruxelas tem sido tudo menos que justa, também em relação a Portugal, mas isso não justifica uma atitude irreflectida de encontrar as culpas só fora quando os contratos assinados foram por nós.

Quase toda a gente se queixa da Alemanha que exige mais poupança aos estados do sul. Em Portugal, os empregados públicos são discriminados pela positiva em relação aos trabalhadores da produção (do privado) que trabalham 40 horas. Para se poder cultivar a excelência, o país teria de produzir mais e gastar menos. Em vez da inveja de quem ganha mais seria importante um discurso económico e político de maneira a, também nestes sectores, se poder ganhar o campeonato. Para isso não se ganham golos a passar rasteiras nem se ganha o jogo a barafustar contra o árbitro, em fora de jogo nem tão-pouco se pode passar muito tempo na pausa ou deixar ir o rendimento para os compadres e para as clientelas. Temos que valorizar mais o trabalho e menos a conversa.

Doutro modo, a nossa condição será armamo-nos em vítimas, aquele hábito feio herdado talvez dos árabes, que contribui para uma mentalidade de coitadinhos que nos impede de ver a razão do sucesso de quem criticamos.

Horário dos funcionários públicos na Alemanha

Segundo a lei federal da Alemanha os Funcionários federais têm um horário de 41 horas semanais; pode ser reduzido para 40 horas semanais no caso de deficientes graves e para aqueles que recebam o abono de família para crianças menores de 12 anos.

Os funcionários dos Estado federados e os funcionários das autarquias locais têm um horário de trabalho que varia segundo o Estado entre 42 horas e 40 horas semanais (sem pausas).

No Estado do Hesse o horário é de 42 horas por semana, isto é, o funcionário trabalha uma hora por semana a mais para uma conta de trabalho creditado (para possibilitar a opção de reforma antecipada); a partir do início da idade de 51 até aos 60 pode ver reduzido o trabalho semanal para 41 horas e desde o início dos 61 anos de idade, ou por incapacidade grave, trabalham 40 horas semanais.

 

Conclusão

Nós portugueses “vergamos a mola” dentro e fora! Lá fora os responsáveis políticos são outros, cá dentro são os nossos. Lá fora enriquecemos os outros e cá dentro enriquecemos os nossos. Lá fora a sociedade civil pede contas aos políticos; cá dentro acusam-se os empresários e não se pede contas aos nossos! Cultiva-se o  queixume, com carinho, porque é nosso!

Não chega a competência académica, o ser patrão, nem tão-pouco o argumento autoritário e presunçoso do “sabe com quem está a falar?” O que conta para a riqueza de um país é o respeito, a gestão competente, seja ela do Estado ou do privado! Em Portugal valoriza-se demasiado a discussão (política) enquanto lá fora (na Alemanha) se valoriza mais o trabalho. Males e bens há em todo o lado; berra-se mais onde o ordenado e a produção são menores!

Muitos cromos da política e seus acólitos falam do que fazem de bem e colocam o mal lá fora. E o povo, que vai na cantiga, anda por aí a falar de ordenados miseráveis em relação ao estrangeiro; calam porém que os melhores ordenados provêm da produção conseguida e talvez da inteligência de fazerem negócios que os favorecem e deixam os seus chefes e as elites ganharem tanto ou mais dos que ganham lá fora

Investir mais na preparação de empregadores e empregados e deixar de viver do imediatismo.

Muitos ainda não notaram que, no nosso regime, os culpados são sempre os outros: são os anos do “fascismo”, é o ordenado reduzido, é Merkel, é o capitalismo, é a direita, é a esquerda: são todos e não é ninguém.

António da Cunha Duarte Justo