TRIBUNAL EUROPEU DE OLHOS VENDADOS PELO VÉU ISLÂMICO

Empresas poderão proibir o uso de símbolos religiosos, políticos ou filosóficos

António Justo

O Tribunal Europeu de Justiça, por decisão incontestável de 14.04.2017, deixa à discrição das empresas a decisão de proibir ou não o uso do lenço islâmico no trabalho, sob determinadas condições. Para os 28 juízes do tribunal europeu, os interesses da economia têm caracter prioritário em relação à confissão religiosa ou partidária; as empresas podem proibir o uso de símbolos religiosos, políticos ou filosóficos aos funcionários, no caso de estes se tornarem perturbadores do negócio no contacto com os clientes.

A decisão do tribunal parece inocente, mas pode ter consequências alargadas, pois ao conceder às firmas privadas o direito de neutralidade, na consequência, mais obrigação terá o Estado de praticar a neutralidade nas suas instituições. A consequência que se pressupõe a entrar pela porta traseira é uma rígida separação entre estado e religião. Por outro lado, corresponde à privatização também da política e praticamente ao desfavorecimento da cultura autóctone. A justiça deu um tiro no próprio pé!

Em países civilizados a liberdade religiosa é um direito fundamental e ninguém deve ser discriminado por razões religiosas. A missão do estado é garantir a paz social e a neutralidade do Estado; consequentemente o direito de igualdade de trato (não discriminação) pressupõe que a maioria tenha de se colocar ao mesmo nível da minoria (tratamento igual para todos: um assunto que provocará insónias!). No caso, quem mais sofrerá, a longo prazo, são as instituições cristãs que viam muitos dos seus símbolos, costumes e hábitos tidos com coisa natural, em sociedades de reminiscência cristã, e como tal naturalmente apoiados por muitos Estados. Agora com os muçulmanos, que não só se entendem com direito ao espaço público, mas que também o exigem, surgirão problemas para a sociedade acolhedora para os quais não encontra resposta nem está preparada. O Estado laico e as organizações partidárias, como representantes de ideologias, terão também elas de se colocar no terreno das ideologias, ao terem de se defrontar perante o Islão que é uma religião-política que reúne num só sistema o foro mundano (César) e o foro divino. Numa sociedade, cada vez mais islamizada, isto trará consequências graves quer para o poder secular quer para a organização e agrupamento partidários do Estado. O factor religioso e ideológico ganharão mais espaço público e político e a atmosfera social assumirá um caracter mais jacobino. Por outro lado, o Estado secular, ao não ter em conta a tradição cultural dos autóctones, torna inoperante o equilíbrio até agora criado nas sociedades pelas forças da aculturação e inculturação.

Já vai sendo tempo de a Europa se ocupar dos aspectos negativos do islão e dos aspetos positivos que podem significar os muçulmanos. A política seguida de 1950 até agora tem sido irresponsável para com as sociedades acolhedoras e irrefletida para com os imigrantes muçulmanos ao preocupar-se apenas com o seu desenvolvimento económico e negligenciando a sua modernização religiosa e cultural.  Assim, em vez de se fomentar a visão da Turquia de Atatürk fomentou-se o islão do véu islâmico e dos interesses veiculados pelas associações turcas de interesse

No caso do islão tem-se a ver com uma religião política e o islão do lenço é, precisamente a representação de uma força politizada contra os muçulmanos modernistas e contra uma Europa consciente, que desejariam ver a afirmação de um islão europeu. Isto não quer dizer que se deva proibir o lenço muçulmano, embora seja símbolo da afirmação do islão retrógrado e contra os muçulmanos progressistas na Europa; no islão do lenço, trata-se de um islão à lá Erdogan, em que as comunidades muçulmanas turcas, a viver noutros países, correspondem a comarcas pessoais (não territoriais) no estrangeiro da turquidade e do avanço muçulmano. Como a verdadeira fidelidade é concebida em termos de religiosidade nacional, a dupla nacionalidade revela-se, em muitos casos,  num apelo à infidelidade para com os países de acolhimento. A realidade que se observa e constata: gerações turcas a viverem há 60 anos na Alemanha continuam imunes aos valores democráticos ocidentais ao votarem maioritariamente em Erdogan que desde o início da sua carreira política trabalha no sentido de destruir o estado moderno da Turquia criado por Atatürk para o transformar num fascismo religioso.

Aqui só poderá ajudar uma relação motivada pela bilateralidade de direitos e deveres em relação (neste caso) à Turquia e ao Ocidente; e isto pelo simples facto de se ter de criar proporcionalidade e clareza na política e nos interesses (Não pode ser que os muçulmanos se considerem num país de acolhimento como grupo de identidade estrangeira – um estatuto religioso com direitos de afirmação grupal especial – enquanto os imigrantes na Turquia (ou país muçulmano) sejam considerados apenas como indivíduos e como tal sem direito a afirmarem-se como grupos. A Turquia e países muçulmanos teriam de dar os mesmos direitos às minorias imigrantes dos seus países tal como as suas minorias emigradas pretendem do estrangeiro. Doutro modo uns têm um livro que os defende e os outros encontram-se à chuva por não possuírem livro que os abrigue. Aqui teriam de entrar em acção os políticos com tratados bilaterais que consignem os mesmos direitos e oportunidades bilateralmente; doutro modo em vez de se proporcionar o desenvolvimento de uma interculturalidade respeitosa e mútua afinca-se a luta da multiculturalidade (uma guerrilha sub-reptícia).

O direito europeu não se deveria deixar levar pelas ondas emocionais do tempo. Com a decisão do Tribuna Europeu, os juízes submetem demasiadamente o direito ao critério do humor de opiniões e confissões que arbitrariamente poderão ser consideradas, em qualquer altura, como argumento de perturbação da ordem pública. A justiça terá de estar atenta para, também ela, não se turquizar, abandonando padrões racionais ocidentais pelo facto de se ver confrontada com novas realidades sociais.

Entretanto, é de referir que o tratamento não igual nem sempre é discriminador (idade, sexo…).

A discussão pública sobre o islão é superficial e inocente porque se prende em exterioridades como o bocado de pano que as mulheres muçulmanas colocam ou não na cabeça e como tal perde-se no acidental em vez de se dedicar à linha de princípios e práticas. Mais importante que o lenço a cobrir a cabeça seria pesquisar e falar do que o lenço encobre ou guarda dentro da cabeça.

Importante seria que estado, religião e ideologias trabalhassem em estreita colaboração e m diálogo e na bilateralidade de reconhecimento de umas às outras, em benefício do povo e do país. Doutro modo a coexistência torna-se desconfortante e catastrófica porque se afirma o oportunista e a falsidade em vez do diálogo franco e aberto. Para isso teremos de nos deixar de olhar de lado uns aos outros. Temos de falar todos do essencial e deixarmos de andar a apresentar mezinhas com este ou aquele exemplo de pessoas individuais ou episódios esporádicos que não representam a instituição, mas servem em grande parte para se ir adiando a resolução do problema que terá de passar intelectualmente pela controvérsia para se poder chegar à concórdia. Não chega a boa vontade nem meias verdades; precisa-se também de vontades esclarecidas e de discernimento na procura de uma verdade que é complexa..

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e pedagogo

In Pegadas do Espírito

NAS PEGADAS DA FEMINIDADE


NAS PEGADAS DA FEMINIDADE

Mulher é vida, a flor da terra no céu concebida
Mulher é terra sagrada onde um raio de Céu se abriga
Mulher é o mar profundo onde o sentir do homem navega
Mulher é o tu da vida a encontrar-se no nós

Mulher é o templo de Deus onde o génio do homem leveda
Mulher é fogo vivo que a mente tempera
Mulher é a alma da sensação a quebrar a dureza do deserto
Mulher é a janela da vida entre as cortinas das ideias a gozar as ondas da fantasia

Mulher, encantado encanto, em ti canta o Céu, que em mim a vida toca
Mulher, em ti o mundo acorda e a graça canta
És a poesia do desejo que o mundo sustenta
És a sombra projectada que de mim foge e de mim me afasta

Mulher não é só ela, ela é a feminidade também no Homem a querer brotar
Mulher é o mundo inteiro, o eu do outro, a encontrar-se no nós
Mulher é a pegada do Espírito no tempo

©António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Espírito no Tempo, http://poesiajusto.blogspot.de/

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PRATO VEGETARIANO OBRIGATÓRIO NAS CANTINAS PÚBLICAS PORTUGUESAS

Na Alemanha cerca de 5% da população é vegetariana

Finalmente, na Assembleia da República (3.03) foi aprovada uma lei que obriga à inclusão de um prato vegetariano nos menus das cantinas públicas do Estado. Os clientes passam a ter a possibilidade de escolher um prato sem produtos de origem animal. Esta medida torna-se cada vez mais óbvia. Também em todos os restaurantes de Portugal deveria haver a possibilidade de opção por um prato vegetariano. De facto há muitos portugueses que por razões de saúde ou por princípios éticos procuram, muitas vezes, em vão nos restaurantes um prato vegetariano. Há muitos turistas vegetarianos. Na Alemanha, cerca de 5% da população é vegetariana.

Espera-se que dentro de dois meses o Presidente da República promulgue a lei.

A lei resulta de uma petição de 15.000 pessoas, segundo informa o jornal Público. A lei pressupõe uma grande implementação porque abrange “refeitórios e cantinas de escolas e universidades, hospitais, prisões, lares, autarquias e serviços sociais da administração pública”.

Alimentação vegetariana é mais barata e torna-se numa medida em favor do clima e dos animais.

Quanto às cantinas privadas a lei não constituirá novidade, espera-se.

António da Cunha Duarte Justo

É O ISLÃO A CAIXA DE PANDORA DA CIVILIZAÇÃO?

Impulsos para uma discussão honesta sobre o Islão

António Justo

Da falta de transparência numa discussão torcida

Dizer que «Alcorão não apela à guerra, mas à justiça» como faz o Xeque David Munir (Imã da Mesquita de Lisboa) é torcer e esconder a realidade literal e factual da linha oficial islâmica; uma tal afirmação sobre muitas suras do Corão faz lembrar um recurso a frases do tipo de interpretação das Sibilas sob inspiração de Apolo! Entre a objectividade das frases do Corão e uma interpretação individual (não oficial: o islão não permite anotações interpretativas ou explicativas do Corão) esconde-se a realidade das intenções numa confusão sempre oportuna, à margem das obras que se praticam.

Em tempos modernos, o recurso à ambiguidade como maneira de se desenvencilhar de situações embaraçosas não ajuda os muçulmanos nem os interlocutores.A alternativa é a reforma!

Naturalmente, um público pouco informado dá-se por contente com o primeiro aperitivo que se lhe apresente para alimentar a mente. Já vai sendo tempo de entrarmos num diálogo sério e com exigência, num encontro de olhos nos olhos de modo a deixar-se o estilo de discurso de subterfúgio e a atitude amaneirada e diplomática dos nossos salões de discussão. Isto adia o desenvolvimento do islão e apenas serve o negócio dos diferentes funcionários, interessados em ajuntar públicos mal servidos, ao serviço de diferentes grupos de interesses (numa união enganadora subterfugiada no uso do pensamento politicamente correcto) que têm medo de discussões de alto nível filosófico, teológico, sociológico e antropológico e como tal sem lugar para controvérsia. Não há lugar para a controvérsia porque os grupos de interesse estão empenhados na dfesa do status quo e nãointeressados na verdade que interessaria ao indivíduo e ao povo.

É também para admirar a vontade de uma sociedade do mainstream meramente ouvinte e de boca aberta na escuta de explicações que nos distraem e desviam do mundo dos factos que determinam o nosso viver e o de gerações futuras.

David Munir conhece certamente o princípio islâmico da Hudaybiyyah (método de enganar e obter vantagens). Esta tradição assenta no tratado de paz assinado por Maomé em Hudaybiyyah e onde este  se compromete a não atacar a cidade de Meca por um período de dez anos; os representantes de Meca confiaram no acordo feito com Maomé mas este aproveitou-se da confiança dos adversários no acordo para se preparar e assim poder atacar Meca com sucesso; passados dois anos, atacou Meca que em 24 horas venceu completamente, porque inesperadamente atacada. Este proceder de Maomé passou a ser um princípio da estratégia de guerra para o islão (O mesmo princípio aliado à Taqiyya constitui, como se vê da História, a tática de comportamento adaptado por minorias islâmicas enquanto vivem numa sociedade em minoria: como exemplo bem próximo temos o Kosovo e a Albânia).

Yasser Arafat, assinou o acordo de Oslo com Israel em 1993 para receber terras dos Judeus. Passados 8 anos quebrou o acordo (nem esperou 10 anos) e declarou a segunda revolta em 2.000, causando uma imensa confusão. Arafat conseguiu apaziguar alguns adversários que inicialmente estava contra o contrato, dizendo “Lembrem-se de Hudaybiyyah”!

Enganar e obter vantagens é também o outro princípio islâmico da taqiyya que consiste na prática da simulação (fingir a mundivisão), consiste, em casos embaraçosos, em dissimular a própria crença religiosa e em poder usar da mentira desde que isso sirva o Islão ou o crente! O princípio da Taqiya assenta na Sura 3:28, que diz: “Os crentes não devem tomar os incrédulos em vez dos fiéis como amigos. Quem faz isso já não tem nenhuma comunidade com Deus. É diferente, se estiverdes na frente deles (ou seja, os descrentes) e se tiverdes realmente medo deles”. A amizade com não muçulmanos só é justificada em caso de medo! Outras suras justificadoras da Taqiyya: Sura 49:13 e Sura 16:106

Uma mera tentativa de explicações do Corão para pessoas não muçulmanas, querendo interpretar a palavra jihad e outros solicitações do Corão à guerra e ao assassínio em nome de Alá, como algo descontextuado, vai contra a realidade muculmana e corresponde a lançar poeira sobre os olhos dos ouvintes, dado essa interpretação (que implicaria uma abordagem histórico-crítica) não ser praticada nos países islâmicos e continuar a não ser assumida pelas lideranças islâmicas. É preciso ter-se muita confiança sobre si mesmo e ser-se muito insensível à realidade dos factos para se conseguir passar a mensagem de que o islão é uma religião da paz. (O que não quer dizer que ele não tenha em si também potencialidades para se tornar numa religião da paz!)

A compreensão e o desconto que se pede para os apelos à violência nos textos sagrados islâmicos seriam de compreender se no islão fosse permitida uma abordagem que admita a análise histórico-crítica (que tivesse em conta o contexto humano e cultural da época e a pessoa de Maomé) e possibilitasse uma visão literária e não apenas literal dos textos (refira-se aqui, em abono da verdade, que também há algumas seitas cristãs que interpretam toda a Bíblia à letra; os seus estragos não são tão grandes porque se reduzem a grupos pouco numerosos e que não se afirmam como gueto). O que o Corão, a Sharia e os ensinamentos de Maomé precisam é de uma abordagem que lhes permita não continuar a interpretá-los hoje como se vivêssemos no contexto de Maomé. De resto muitos referentes do islão vêem-se obrigados a fazer uma apresentação enganosa de muitos textos.

Que os muçulmanos ajam como agem não é de admirar porque a sua estratégia de afirmação de grupo tem resultado em benefício da expansão islâmica, o que é de estranhar é o facto de pessoas formadas no espírito iluminista abdicarem das capacidades de discernimento e do espírito de procura da verdade em benefício das boas maneiras. Quem não for amigo da verdade também não serve como amigo do Homem.

 

Islão sem reforma é um engano para a ocasião

Quem for amigo do islão estará certamente interessado na sua reforma porque só desta forma ele poderá sobreviver ao saber da juventude muçulmana e contribuir para a paz no mundo.

Já não chega defender-se os interesses da religião ou da política, chegou a hora de se colocar a pessoa humana e o cidadão em primeiro plano independentemente das suas crenças ou tendências. A dignidade humana não pode ser posta de lado por muito amor e respeito que se possa ter por uma cultura ou religião. Só apresenta caracter de sustentabilidade a instituição que defenda os interesses do Homem que se expressam na inviolabilidade da dignidade humana e na sua liberdade. Sim, até porque Deus, na compreensão cristã, encarnou no Homem, independentemente da sua crença numa relação de amor que cria comunidade.

Isto de se querer apresentar exteriormente um islão vestido à maneira ocidental é um engano duplo ad intra et ad extra. Um engano para os de fora porque se faz dizer aos textos o que eles não dizem e que as autoridades islâmicas consequentemente impedem de dizer ad intra e é também um engano ad intra porque impede uma verdadeira discussão entre os funcionários do islão.

De facto estes são os mais perigosos porque são contra um islão moderno – um euro-islão em construção como alguns muçulmanos na Alemanha e não só. O muçulmano Prof. Dr. Bassam Tibi já confessou ter de capitular da visão de um islão humanista europeu porque vê que a política e a grande maioria das instituições europeias promovem um “islão de lenço na cabeça” um islão da sharia, só interessado numa discussão de um islão torcido a viver da dúvida e da insegurança dos outros.

Para que o Corão seja entendido e compreendido como código de vida para os muçulmanos modernos, os funcionários do Islão terão de começar por permitir o acesso histórico-crítico aos seus textos e deixar de os aferir e interpretar à maneira de Maomé (profeta e guerreiro) sem atender à revelação divina através da História e dos tempos. Naturalmente, o Corão ao pretender ser tido na sua leitura como a inlibração de Deus (Alá) impede qualquer interpretação liberal.

A Verdade não se encontra só no caminho caminhado

Naturalmente, não é possível eliminar as limitações humanas dos textos nem da História; pior ainda seria se permanecêssemos presos nelas. Assim também não é possível eliminar o preconceito da sua interpretação, atendendo às conotações da inspiração que cada época faz na sua interpretação como reacção à necessidade de se alinhar numa narrativa aberta mas coerente.

Cada pessoa, cada sociedade precisa de um certo enquadramento que lhe dê identidade e expressão própria e neste processo de identificação surge o problema dos caixilhos porque pretendem delinear as fronteiras da verdade quando ela é uma realidade sem fronteiras. Aqui se situa o problema do preconceito e a tática da confusão como maneira de se afirmar. O preconceito fundamenta a pretensão de se possuir a verdade encerrada no caixilho da própria visão ou entendimento. O Corão e o Islão pretendem-se como a verdade absoluta e derradeira da História humana, cometendo assim o equívoco de identificar os confins da verdade com a cultura árabe. Este comportamento verifica-se ainda hoje na prática das sociedades muçulmanas que consideram as minorias como seres de segunda ou terceira classe. (Porque não exigem os funcionários islâmicos da diáspora os mesmos direitos para as minorias que vivem nos seus sistemas como exigem para os seus crentes na diáspora; porque não se manifestam os representantes do islão na diáspora contra as barbaridades que seus irmãos cometem na África e na Ásia? – Não o fazem porque o Corão não o permite, não serviria o islão e o islão é contra a bilaterada em termos de igualdade de direitos religiosos e humanos).

Também a necessidade de uma “cidadania integrada, integradora e activa” não pode implicar uma discussão do faz de conta, pronta a engolir cobras e lagartos, doutro modo corresponderia a um marcar passo das culturas e abdicar do chamamento de todos à verdade (para lá dos enquadramentos culturais) a que toda a humanidade está chamada, em nome do desenvolvimento, a ver o mundo como um tecido comum que todos tecem. Só o conhecimento e o diálogo franco e aberto proveniente da diversidade religiosa poderão fomentar uma sociedade de alta competência, diversificada e oleada pelo respeito mútuo, sem cair na necessidade de se impor gato por lebre.

A preocupação da política pela igualdade e pelo equilíbrio dos grupos a agir no tecido social não deveria impedir um diálogo que para ser profícuo terá de seguir as regras do velho discurso da controvérsia. O respeito de uns pelos outros e o chamamento à descoberta da verdade não podem deixar-nos alinhar numa realidade do pós-facto em que a emoção e o oportunismo se tornem como orientadores da sociedade. A ideia e a procura da verdade são a luz que ilumina o nosso caminhar.

Continua num artigo próximo que tratará sobre razões do desinteresse numa discussão honesta e digno sobre o Islão.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no Tempo

 

DIA MUNDIAL DA LÍNGUA MATERNA – UM PATRIMÓNIO CULTURAL A DEFENDER

Em vez de português erudito fomenta-se o português macarrónico

António Justo
21 de Fevereiro é o Dia Internacional da Língua Materna. Foi proclamado pela UNESCO como memorial para “promover a diversidade e o multilinguismo linguística e cultural”.

Segundo a UNESCO, metade das línguas maternas encontram-se em risco de desaparecer (entre elas o Bretão, Quechua e Nahuatl). Com a celebração do Dia da Língua Materna, pretende-se manter viva  a consciência das tradições linguísticas e culturais. A visibilidade de um espaço cultural manifesta-se através da língua e suas marcas.
Especialmente nos países da lusofonia há que ter isto em consideração. A protecção dos falares indígenas e das tribos não deve porém substituir o português como língua de comunicação nacional e internacional. Seria relevante manter uma relação equilibrada entre os interesses regionais e o interesse da identidade nacional que se expressa numa língua de comunicação para todos.

Fazer uma coisa não implica deixar de fazer a outra (Unum facere et alium non omittere). No contexto importa recordar o lema latino “E pluribus unum” (fazer de muitos um/unidade na diversidade); este lema fez dos EUA o país que é hoje. Sem integração não há unidade orgânica.

O idioma deve reflectir, pelo menos, nalguma das suas partes, a herança cultural do todo e do particular, como memória viva a gerar futuro.

Tanto uma olhadela sobre o Português, muitas vezes usado no dia-a-dia, como sobre a política da língua não permite grande satisfação a muitos os falantes lusófonos. Tem-se implementado o empobrecimento da língua com uma reforma ortográfica que na ortografia não favorece a especificação (exemplo: faz das palavras acto e ato uma só palavra (ato) para com um só vocábulo designar dois conceitos.

Com isto desejo alertar para o facto de o Acordo Ortográfico ter tocado com a etimologia das palavras, coisa que outras línguas (Itália, França e Espanha) não permitiram fazer ( as consoantes mudas, são também importantes para quem tem de escrever, por exemplo em Italiano ou Espanhol, dado estas línguas conservarem a etimologia que corresponde às nossas consoantes mudas). Com as mudanças operadas pelo acordo surgem dificuldades variadas .

O “português do brasil” ou português de expressão brasileira tem-se afastado das línguas de origem latina europeia (contrariando o desenvolvimento diferenciador destas) ao reduzir o emprego das pessoas gramaticais (no sentido de uma indiferenciação e como tal empobrecedora).  As línguas europeias de origem latina mantêm o alto nível da língua na sua riqueza de diferenciação, ao preservar as três pessoas gramaticais do singular e do plural: eu, tu, ele-ela, (você, a gente) e nós, vós, eles-elas, (vocês); permanecem assim fiéis à defesa da excelência da língua e contrariando a tendência simplista de se cair no uso de uma língua de carácter “macarrónico” (substituir o uso da segunda pessoa gramatical pela terceira, etc. e com o tempo acabar com o emprego da segunda pessoa verbal).

Por outro lado há demasiados anglicismos conferem um  tom estranho ao serem empregues no uso diário  sem o conveniente aportuguesamento.

Nos média sociais ( Facebook) espalha-se  paulatinamente uma comunicação abreviada e simplista que, com o tempo, poderá levar muitos a não conseguir escrever uma carta em português correcto.

Do mesmo problema se queixam professores universitários que constatam em muitos alunos grandes défices na expressa do português.

No mercado observam-se também cadeias de empresas que não se preocupam em traduzir os nomes dos produtos para as  línguas onde são vendidos.

Na França implementaram-se medidas para defesa e enriquecimento da língua. Em 1994, na França foi proibido o uso de conceitos ingleses sem serem traduzidos. Cada conceito introduzido na língua materna, que respeite o seu espírito, constitui um enriquecimento da língua. (Confesso que, por vezes, uso estrangeirismos por não encontrar ainda termos adequados em português).

A língua é um organismo vivo e como tal aberta ao novo, mas deve ser respeitada sem ser violada; naturalmente há também nichos usados por grupos étnicos, estudantes, estrangeiros, além de regionalismos, dialectos, etc.

Infelizmente o governo pretende diminuir o ensino da língua materna em favor de disciplinas sociais.

António da Cunha Duarte Justo

“Pegadas do Espírito no Tempo” https://antonio-justo.eu/?p=4146

Hora da lusofonia: http://www.uaisites.adm.br/iclas/pagina_ver.php?CdNotici=206&Pagina=Opiniao

Acordo ortográfico segue a via popular: https://antonio-justo.eu/?p=2190

Português para todos: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2016/12/o-portugu%C3%AAs-deixa-de-ser-l%C3%ADngua-oficial-em-cabo-verde-que-futuro-para-timor-leste.html

MEC brasileiro pretende acabar com a obrigatoriedade da Literatura portuguesa: de Cavalo para Burro?: http://agostinhodasilva.blogtok.com/menu/6/42434/