A OSCE — Organização para a Segurança e Cooperação na Europa — QUER-SE FRACA

Estratégia de invalidar tudo que não favoreça os próprios Interesses

A UE e a Alemanha, em particular, querem ter uma palavra a dizer no conflito, mas falta-lhes a garganta e a farda que trazem apesar de camuflada deixa prever que se trata de guerreiros; por isso o antigo terceiro mundo (não alinhado) olha com desconfiança as actividades europeias mais tencionadas em dividir do que em unir! A visita da Ministra dos Negócios Estrangeiros na Índia mostrou que a Índia não quer ser integrada numa estratégia ocidental.

A OSCE é composta por 57 Estados participantes e remonta à fase de desanuviamento político no início dos anos 70. A tarefa mais importante da OSCE é garantir a paz no mundo. O seu objectivo é “segurança, prevenção de conflitos, gestão de crises e reabilitação pós-conflito, bem como o desenvolvimento de um sistema de compromissos políticos baseado num conceito abrangente de segurança”.  Até agora, nenhuma acção deste tipo da OSCE teve lugar porque aos principais beligerantes não interessa a resolução de conflitos políticos. Em tempos mais risonhos para a Europa, a 21 de Novembro de 1990, os Estados participantes da CSCE adoptaram em Paris a “Carta de Paris para uma Nova Europa” que visava melhorar o clima entre o bloco soviético e o bloco NATO. Cooperação multinacional não interessava aos Estados Unidos   porque fortaleceria o estabelecimento do poder rival Europa e por isso a OTAN seguiu a linha de (contra a ONU) começar por desmantelar a Jugoslávia e, pouco a pouco, ir-se apossando dos velhos quintais da Rússia em vez de fomentar uma política de paz para todos como inicialmente queriam os russos. Numa altura em que a Europa ainda sonhava por ela mesma não pensando nos planos do irmão grande USA teciam-se planos ingenuamente centrados na Europa (1).

A estratégia geopolítica dos EUA em vista também relativamente à Ucrânia nunca teve interesse em valorizar a OSCE porque ia contra a doutrina estratégica americana, cujos objectivos políticos, a longo prazo, depois da queda da União Soviética, eram enfraquecer a Europa e desmantelar a Rússia e para isso impedir colaborações políticas e económicas da Europa com a Rússiae para isso impedir colaborações políticas e económicas da Europa com a Rússia.

Na consequência desta filosofia de estado, a última a reunião de Chefes de Estado e de Governo da OSCE que se realizou foi em 2010 depois de uma interrupção de 11 anos e os interesses apostados no golpe contra o presidente ucraniano de 2014 era lógica a desmontagem da OSCE;   a sua última reunião (início de Dezembro 2022) em Lodz, Polónia terminou sem acordo dos 57 membros sobre uma resolução sobre a guerra na Ucrânia, o que não agradou à OTAN. Agora que se trata de afirmar a hegemonia americana, o interesse está em fazer reuniões entre os membros da organização militar da OTAN: os nossos políticos passaram a trazer “farda militar”; reuniões com os membros da OSCE só viriam estragar o negócio com a guerra, por não haver interesse em alcançar compromissos políticos; só se querem vencedores numa guerra em que se encontram todos comprometidos.

Principalmente a partir de 2008, a organização iniciou um ponto crítico atendendo ao crescente embate de interesses dos EUA e da Rússia na Ucrânia (Do porquê disto ninguém fala porque iria desmascarar a rivalidade de interesses geopolíticos na Ucrânia e isso revelaria o cinismo dos governantes europeus).

Por isso, a função da OSCE de desanuviamento entre as partes não interessava à narrativa tecida pela OTAN e com a política iniciada pelo golpe de Estado em Maiden, em 2014 (2), a sua função revelar-se-ia num impedimento da execução dos interesses anglo-americanos! A OTAN passa a fazer muitos dos encontros que seriam da competência da OSCE e isso convém aos EUA e à EU porque, assim, o público ocidental só ouvirá relatos uníssonos no seu sentido sem desmancha prazeres de países com pensar mais alargado e diferente.   Análise em nota (3)

Assim se vão desmontando as peças que poderiam constituir oportunidade para a construcção de um modelo mundial baseado na paz e na multipolaridade para se fomentar um mundo unipolar hegemónico ocidental que terá como consequência uma maior divisão e empobrecimento das populações.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1)  “A “Ata Final de Helsínquia”, assinada em 1975, foi considerada a maior conquista da diplomacia da época, prenúncio de uma nova era nas relações Leste-Oeste. No entanto, desde então, os problemas aumentaram na Europa com o final do período soviético e a OSCE foi sendo substituída pelos Estados Unidos na condução do processo da Guerra Fria” in https://dasculturas.com/2022/12/03/o-estranho-desaparecimento-da-osce-por-carlos-matos-gomes/

(2) Cinco mil milhões de dólares que a Secretária de Estado Adjunta Victoria Nuland se gabou de ter investido nos partidos neonazis da Ucrânia, que participaram no golpe de Estado em Maiden, em 2014.

Major-General Carlos Branco | O confronto dos EUA com a Rússia

(3) Die zukünftige Bedeutung der OSZE: https://ifsh.de/file-CORE/documents/jahrbuch/08/Hopmann-dt.pdf

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

10 comentários em “A OSCE — Organização para a Segurança e Cooperação na Europa — QUER-SE FRACA”

  1. Os ucranianos estão a ser vítimas das intrigas entre Rússia- USA e do próprio presidente Zelensky. Os americanos e OTAN querem ver a Rússia enfraquecida e desmantelada e a Rússia com o argumento de defender os ucranianos de origem russa está a destruir a Ucrânia. Quem mais contribuiu para o desenrolar bélico foram os Estados Unidos e a União Europeia não interessadaas na neutralidade da Ucrânia e por isso ajudaram a Ucrânia a não respeitar o acordo de Minsk nem o Memorando de Bucareste.

  2. António Cunha Duarte Justo, e desde quando isso é um argumento para Putin destruir a Ucrânia, desrespeitando todas as regras internacionais? Não entendi ainda. Guerra nunca foi solução!

  3. Manuel Campos , não percebo a cor dos óculos que usas para poderes dizer que vejo guerra como solução; apenas procuro contribuir para que se analisem as coisas e a realidade com a razão na sua complexidade e não se incorrer na lavagem de cérebro a que estamos votados através de meios de comunicação maniqueistas que oobrigam o povo a pensar em termos de bons ou de maus como se a maldade e a bondade estivessem totalmente ausente dos dois! Nesta ordem de ideias muitos procuram não ver a guerra civil que especialmente acontecia na Ucrânia entre cidadãos ucranianos nacionalistas e cidadãos ucranianos russos com todo o enredo que os envolvia. Não sei por onde andavas antes do 24 de Fevereiro quando na guerra civil foram mortos 14.000 cidadãos civis e 4.000 soldados. A história é complicada e a guerra não deixa ninguém limpo! Não podemos ficar apenas pelo alarmismo emocional nem pela razão fria só mental. Eu procuro referir mais os aspectos que os meios de comunicação ocidental omitem ou calam para que cada pessoa possa fazer a sua análise tendo em conta várias perspectivas. Sabes, a mim faz-me sofrer ver que uma civilização que eu pensava ser mais justa não é melhor que outras em questões de poder e empenho pela paz! Abraço

  4. Manuel Campos,destruição de outros países pela força temos os americanos como exemplo . Após a segunda guerra mundial foram para a Coreia,o que provocaram um país dividido em dois Vietname usaram todo o tipo de armamento,e não faltou vontade ao Nixon para usarem armas nucleares,valendo o bom senso do Heinrich (Henry) Kissinger que travou a ideia . Após anos de guerra abandonaram os vietnamitas do Sul e regressaram à América,após protestos da juventude americana,onde tiveram um papel importante as canções de grandes músicos com o Bob Dylan à cabeça.Ainda hoje andam à procura de arranjarem conflitos em países que nãoquetem alinhar nas suas políticas.Portanton isso de regras internacionais estamos ditos.Um abraço
    .

  5. António Cunha Duarte Justo, a maior potência mundial no ramo do hardware atual e futuro é a Holanda. A empresa ASML fabrica os chips nanométricos do futuro numa máquina tipo litográfica que produz semicondutores com a dimensão incrível de 1/10^19 m. A máquina custa 200 milhões de dólares e pesa 180 ton. É a máquina que vai fabricar os chips dos futuros computadores quânticos, sendo do tamanho de um grande autocarro. Os EUA compraram 3 mas ainda só receberam uma e a Alemanha comprou duas e espera receber a primeira. Tudo na condição imposta à Holanda de não fornecer uma única máquina à China e nem fornecer modelos mais antigos porque os chineses são peritos em copiar e os EUA estão a investir 65 mil milhões de dólares na sua indústria informática e não querem a China a desrespeitar as patentes e copiar ilegalmente o que lhe interessa. Recorde-se que o presidente vitalício nutre um profundo desprezo pelas pequenas nações da Europa, esquecendo que as 27 da União Europeia têm mais do dobro do PIB da China e 501 milhões de habitantes.

  6. Dieter Dellinger, muito agradecido pela informação! É um ramo que não está ao meu alcance! Apenas tinha informação que, no possível conflito na Ásia entre a China e Taivan, poderiam originar-se grandes problemas na aquisição de chips para smartphones e semicondutores, etc dado os Chips virem sobretudo da Coreia do Sul e de Taivan! Essa de a China não respeitar as patentes e de estabelcer condições a empresas estrangeiras para depois de uns tantos anos copiarem a sua tecnologia nao respeitando as patentes é roubo e é um grande problema que se põe também à VW e Mercedes que tanto investram lá: o mercado chinês é apesar disto promissor. Por isso penso que uma boa política comercial seria uma política aberta e não circundadas a um ou outro bloco. Penso que nestas questões a política deveria ser mais pragmática não se deixando obstinar por ideologias. Que o Ocidente proteja as suas criações que exigem tanto investimento é mais que justo e urgente. Nesta situação crítica em que nos encontramos seria de se estabelecerem relações comerciais que ultrapassem sistemas políticos para que toda a humanidade possa ser melhor servida. Uns têm dinheiro, outros têm tecnologias, outros têm metais ou matérias primas outros investem mais em serviços outros em indústrias ou rampos produtivos. A conjugação de interesses por uns e outros numa política baseada na complementaridade sem a aspiração de uns dominarem os outros penso qu deveria tornar-se numa cultura que prometa futuro para todos.

  7. “Uma mulher morreu no cruzamento das ruas Artyom com Tamansky há algumas horas. Poderia ter sido qualquer pessoa próxima de mim, uma vizinha, um colega ou o namorado. Mais valia ter sido eu. Vou lá quase todos os dias. Atravessei mil vezes a rua naquele semáforo. Eu nem sequer tenho raiva. É apenas uma sensação estúpida de impotência”. Estas são as palavras de uma amiga de Donetsk nas redes sociais sobre um bombardeamento ucraniano no seu bairro. Há dois dias, um morteiro rebentou no jardim em frente ao prédio em que vive e provocou danos em várias partes do edifício. A situação na cidade piorou nos últimos dias. A artilharia ucraniana dispara sem cessar sobre todos os bairros. Há mortos e feridos todos os dias. Na região de Lugansk, morreram, esta manhã, 9 refugiados dentro de um abrigo humanitário atacado pelas forças ucranianas. Até ao momento, nenhum jornal, rádio ou televisão em Portugal abordou qualquer um destes ataques.
    Bruno Carvalho
    FB

  8. Moura GMoura , na Europa, não só em Portugal, as agências noticiosas e especialmente as TV julgam-se na missão de apoiar os interesses dos EUA/OTAN e por isso fazem parte do exército informativo, salvem-se honrosas excepções que não alcançam o público em geral. Estamos metidos numa guerra que não foi a nossa porque as nossas elites apenas se solidarizam dom os interesses dos EUA também porque estão dependentes deles. Os media só apresentam o que pode falar a favor da OTAN e de Zelensky, o grande traidor do povo ucraniano. A nossa imprensa nunca informa sobre o que tem acontecido desde 2007 e especialmente o que aconteceu em 2014 , o Putsch de estado, os ataques ao Donbass e guerra civil em que foram mortos 14.000 civis e 4.000 soldados. O povo não pode saber a verdade porque isso comprometeria os governantes! Tudo é negócio!

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