Guerra da Ucrânia: “Demasiado para morrer, demasiado pouco para viver”
O Coronel Markus Reisner (Viena, 17 de Agosto de 2022) faz um balanço interessante sobre a guerra:. “Na guerra, que tem sido travada como uma guerra de informação desde o início, é cada vez mais difícil acompanhar a situação. Novos acontecimentos, tais como o confronto entre a China e os EUA sobre Taiwan, dominam as primeiras páginas. As entregas de armas ocidentais que chegaram até agora significam que as forças armadas ucranianas têm “demasiado para morrer e demasiado pouco para viver”. Se os 16 lançadores múltiplos de foguetes do tipo HIMARS entregues a partir dos EUA obtiveram até agora um sucesso compreensível, coloca-se a questão: Porque é que os EUA não fornecem mais? Drones para reconhecimento de artilharia ou em operações “kamikaze”, aplicações de controlo de fogo de artilharia, mísseis de cruzeiro de precisão ou mísseis de médio alcance, reconhecimento por satélite e rádio apenas escondem o facto de que a guerra ainda está a ser travada com extrema brutalidade.
A guerra moderna é acima de tudo uma guerra para as mentes…. Os militares chamam a esta abordagem “guerra cognitiva”. Para o lado russo, o ponto decisivo do ataque é, portanto, a vontade do Ocidente de continuar a apoiar a Ucrânia. A Rússia está portanto a tentar enfraquecer esta prontidão em todos os domínios disponíveis (especialmente no espaço cibernético e de informação). A retirada de matérias-primas e as ameaças de armas nucleares são as armas aqui utilizadas para obter um efeito. O Ocidente, por outro lado, está a tentar atingir a coesão da sociedade russa. Os pacotes de sanções e as medidas económicas punitivas são concebidos para exercer pressão. A economia russa já está a sofrer grandes impactos. A questão é: irão ou não provocar uma mudança de comportamento? De momento, o sucesso decisivo não pode ser medido nem no campo de batalha nem em casa, o que torna claro que as armas na Ucrânia não ficarão em silêncio durante muito tempo.” O Artigo encontra-se completo em alemão em https://www.bundesheer.at/cms/artikel.php?ID=11511
Para se chegar a uma observação mais abrangente é necessário ver-se o que os nossos media propagam e o que outros também propagam. Neste sentido é interessante também o ponto de vista do Major-General Carlos Branco que procura referir o contexto que levou à intervenção directa russa:
“Esta guerra é fundamentalmente consequência de a obstinação de Washington querer integrar a Ucrânia na NATO, parte integrante do seu projeto hegemónico. Chamem-lhe autocracias, imperialismos, inventem as narrativas que quiserem. Mas é neste ponto que reside a coisa. Este conflito estava anunciado há décadas. Não por mim, mas por Kissinger, Mearsheimer, Stephen Walt, Keagan, muitos outros. Como, aliás, alguns setores liberais da elite russa que não se revê em Putin. “… A guerra na Ucrânia é uma condenável violação do Direito Internacional. Como são quase todas as guerras, tendo como referência a Carta das Nações Unidas. Como foram a invasão de Grenada (1983), o ataque à Jugoslávia (1999), a Guerra no Iraque (2003), a guerra na Síria (2011). O leque de violações não acaba aqui, curiosamente perpetradas sempre pelos mesmos… Iraque, em 2003.”…” A presente crise em que a humanidade se encontra, à beira de um confronto mundial, entre os EUA, Rússia e China, começou com o golpe de Estado de 2014, patrocinado pelos EUA (hoje Washington assume isso. Victoria Nuland e o embaixador americano andaram a distribuir sandes aos revoltosos em Kiev. A Sr.ª Nuland gastou cinco mil milhões de dólares na preparação do golpe. Na altura de escolher os ministros para o governo, mandou a Europa à fava) que substituiu um presidente democraticamente eleito, que defendia uma política de neutralidade (non block policy), por outro que abrisse as portas à entrada da Ucrânia na NATO, e voltássemos à estaca zero. Podia falar-lhe do dilema de segurança, das zonas de influência (teoria Monroe), segurança para uns, segurança para todos….” … a lei de 1.7.2021, “sobre os povos indígenas da Ucrânia”, disponível em https://zakon.rada.gov.ua/laws/show/1616-20#Text, que consagra uma política baseada na pureza racial da nação ucraniana em nome da superioridade genética dos ucranianos puros sobre os russos, considerados “sub-humanos”.
Sou do parecer que ouvindo uns e outros nos vamos preparando para sermos menos manipulados num sentido ou no outro e deste modo não nos tornarmos em propagandistas de um ou outro polo económico-político! Naturalmente, saber mais faz doer!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
Merkel-Schröder-Erdogan poderiam ser escolhidos para entrar num grupo preparador de negociações com Putin para chegarem a um compromisso em que os interesses de todos sejam considerados de maneira a possibilitar uma interrupção do conflito. Contra isto só poderiam ser contra os EUA e os falcões da OTAN. Esta preparou o golpe ao governo em 2014 e a partir daís morream na guerra civil da Ucrânia mais civis e soldados do que os que morreram na guerra depois da invasão russa! Disto não se interessava a opinião pública ocidental porque esperava que a OTAN conseguisse vencer na guerra civil! O principal motivo porque Putin interviu foi por ver que a OTAN queria ver a Ucrânia no seu seio!
Saber mais requer esforço. Leia, aprenda, pense, entenda. Em vez de consumir apenas relatórios de mídia unilateralmente.
Bravo António, muito boa postagem !!!!
Muito bem. Lembrar tambem que ; a histeria acerca do nuclear, ou por outra de os Russos estarem dentro (ocupando) a central nuclear de Zaporigna, nao tem razao nenhuma! Pois alem de terem varias centrais nucleares e poderio de armas nucleares, nao esquecer que a tecnologia destas centrais é toda de origem Sovietica ou Russa! Os Russos defendem o seu pais e os seus povos, nao os matam só para que os outros sejam culpados dessas acçoes! Obrigado e continue…
A reacção do ocidente na Ucrânia especialmente a partir de 2013 acordou a rússia que ainda andava a esperar tornar-se parceira do Ocidente! Com a estupidez de um Ocidente orgulhoso e só interessado em expandir levou a Rússia a prepara-se para andar por si só. O resultado desta terceira guerra mundial vai ser o empobrecimento sustentável da Europa e quem ganha a guerra vai ser a Rússia.
António Cunha Duarte Justo, a Rússia quer voltar a ter o Império czarista e soviético que antes Lenine designava por “prisão de nações”, mas no poder não libertiu nenhuma, apenas mudou os nomes para Repúblicas. e foi quando Estaline era o Comissário para as Nacionalidades. No fundo era como se Portugal voltasse a querer ter o Império que teve.
FB
Dieter Dellinger , numa história mal contada também essa versão, como muitas outras, é possível! Por vezes tenho a impressão que nos encontramos perante dois ladrões (Rússia e USA/OTAN) que procuram cada qual meter nações para o seu saco e só se encontram, de um lado e do outro escravos a segurar no saco! Ao fim e ao cabo parece só estar em jogo os interesses e o contentamento dos escravos de ambas as partes!