REFLEXÃO PENTECOSTAL

Pentecostes – O Espírito da Compreensão

António Justo

Pentecostes é a festa do nascimento da Igreja! A palavra Pentecostes vem do grego antigo e significa o quinquagésimo dia (depois da Páscoa).

Nesse dia, os seguidores de Jesus reunidos sentiram o Espírito Santo vir sobre si sob a forma de vento e de fogo, como refere Lucas no seu evangelho.

O vento é a vida que se expressa no ar que respiramos e o fogo traz a luz e o calor que nos sustenta.

Através de sinais e rituais, a consciência humana vai-se mantendo e desenvolvendo na História humana, não nos deixando desintegrar e desaparecer como meros indivíduos (meros elementos) porque não só somos indivíduos mas também pessoas.

O amor que tudo une (Espírito Santo) é tão perfeito que surge da relação entre Pai e Filho como pessoa!  Tudo é relação a florir na pessoa. A relação, o amor, o Paráclito, é a relação que tudo une e conjuga no homem novo e tudo sustenta.

A fórmula da realidade expressa-se na Trindade e especialmente em Jesus Cristo que une Espírito e matéria, a divindade à natureza humana, em cada ser.

Para os cristãos a Trindade, Jesus e Maria são os protótipos da vida plena! Independentemente do seu caracter religioso (mistério da Trindade), o princípio trinitário   poderia tornar-se na fórmula da vida de cada pessoa independentemente do seu caracter religioso ou secular.

Pentecostes implica em si o milagre da compreensão. O espírito que sopra é criador de comunidade e permite uma atitude unificadora mesmo entre posições diferentes; ele proporciona uma atitude de ouvir uns aos outros e de tentar compreender. O Espírito divino liga as pessoas umas às outras e estas a Deus; apesar de todas as divisões o Amor mantém o mundo unido na consciência de que cada é um ser em relação.

O Pentecostes testemunha que o milagre da compreensão é possível apesar de existirem diferentes pontos de vista, diferentes focos, diferentes tradições e diferentes obediências religiosas e políticas.

Ontem como hoje o mesmo Espírito pode possibilitar que cada pessoa de boa vontade oiça e inclua os outros (os estranhos) como irmãos discípulos a falar a sua língua materna.

Se olhamos o mundo, a nós mesmos e os outros, notaremos muitas fendas e divisões, mas em todos repousa o mesmo espírito.

Um só espírito nos une a todos.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

9 comentários em “REFLEXÃO PENTECOSTAL”

  1. A trindade está presente em todo o homem, pois, este é espelho da verdadeira Trindade.

  2. Pelos vistos a alma e Deus (espiritualidade) parecem tornarem-se aqui na pedra do pontapé de saída para a discussão que para ser produtiva deveria ser aberta em que a opinião individual não se torne na norma absoluta para julgar toda a realidade.
    O termo alma tem múltiplos significados, dependendo das diferentes tradições culturais e ideológicas em que aparece. Geralmente, refere-se à totalidade de todos os processos emocionais, mentais e espirituais nos seres humanos, enquanto para naturalistas, mecanicistas e materialistas apenas expressa os processos emocionais e mentais .
    A consciência é a totalidade dos estados mentais conectados em cada indivíduo, e implicam vários estados de consciência. Aquilo a que alguns chamam consciência, outros chamam alma (alma implica geralmente também a dimensão espiritual).
    A consciência é uma percepção ambiental própria, que não tem o direito de se afirmar à custa da negação das percepções dos outros! A consciência humana desenvolve-se continuamente, ganhando, por vezes, várias expressões no decurso da evolução.
    Reduzir a consciência à percepção do neocórtex, é uma questão de atitude que não pode ser negada subjectivamente à decisão de cada um; porém, nem mesmo a ciência que se encontra nas pegadas da consciência, se afirma em termos absolutos como alguns parecem querer fazer crer!
    Não se pode fazer do cérebro o crivo de toda a realidade até porque quem pensa e sente é o homem todo e não apenas o cérebro. A consciência, como o pensamento e o sentimento são processo e como tal envolventes de todo o ser vivo no seu todo e no seu contexto. Com a tradição filosófica poder-se-ia dizer que uma coisa é a mente e outra é o cérebro! Uns ficam-se pelo cérebro como algo material e outros procuram ir mais além vendo a mente como algo também imaterial!

  3. António Cunha Duarte Justo , isso dava pano para mangas .. não sendo nada inclinada para o lado de Deus, a sua ou não existência, considero que é para lado que durmo melhor e deixo cada um na sua. Convencer o outro não vale de nada…mesmo…muito menos em termos de Facebook. Não lhe estou a lançar nenhuma pedra, mas é tema que guardo para conversas mais…pessoais…digamos.
    FB

  4. Laura Sarmento, desculpe, não queria convencer ninguém. Quiz apenas apresentar alguns aspectos de argumentação em relação a algum argumento que alguém lançou na discussão! Margem para que cada um vá na sua também o deixei expresso no texto, até porque corresponde à crença do espírito do tempo tal como antes pertencia ao espírito do tempo a crença em Deus!. De resto, penso que “Dignidade humana” não precisa de ser reduzida ao foro individual, penso eu na minha perspectiva mas a sua perspectiva para si também está certa! Para não ser incómodo, até porque pensar faz doer deixo aqui por encerrada no FB, quanto a mim, a discussão.

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