Governo Contradiz o Presidente da República
2007-06-18
Novos Emolumentos – Emigrantes Explorados
“O Estado não pode demitir-se de resolver problemas de emigrantes!” Estas palavras do Presidente da república Cavaco Silva ainda estavam mal publicadas na imprensa e logo a acompanhá-las a publicação das novas tachas a pagar por emigrantes. Assim, para desfazer malentendidos o Governo manda o recado indirecto ao Senhor Presidente: “aqui quem manda sou eu”! É de aproveitar, aproximam-se as férias!…
Os governos dificultam a vida ao povo da província obrigando-o a emigrar. Desresponsabilizam-se e, como não há mal que não venha por bem, servem-se das remessas e dos emolumentos. O Estado português já há muito se alheou e demitiu da responsabilidade perante este povo. Mais que querer “garantir estruturas” administrativas para os emigrantes e fomentar pelouros de ocupação à disposição dum Estado partidário que tem uma grande boca, precisando, por isso, de lugares administrativos para ocupar com os seus fieis, é urgente o fomento duma cultura aberta, crítica e tolerante que valorize a figura do emigrante para Portugal.
Enquanto o emigrante continuar a ser olhado com inveja pelos bons do sítio e constituir um modo de vida para exploradores da política, continuar-se-á a manter um discurso hipócrita e mentiroso. Aos emigrantes duplamente vítimas reserva-se-lhe o papel de mordomos nas festas.
Que haja uma racionalização de meios e serviços no sentido dum melhor serviço a Portugal e aos emigrantes considerando a emigração menos coutada. Em Portugal entram diariamente mais milhões de euros enviados pelos emigrantes do que pela União Europeia. Entretanto a imprensa portuguesa não valoriza os emigrantes. Pelo contrário, alguma imprensa que publica no estrangeiro está mais preocupava em propagandear os produtos portugueses, o que seria natural se não representasse tão mal os interesses dos emigrantes perdendo-se em questões paliativas!… O vírus da mentalidade comezinha impera. Todos sabem que o povo explorado não tem remissão. Deles importa o que metem menos à boca para outros poderem capitalizar.
Quanto aos portugueses que vivem no estrangeiro ocupando melhores lugares, a administração procura infiltrar-lhes o vírus da subserviência com convites ou quejandas. É assim que uma migração, sem voz por não se interessar em organizar e manifestar, continuará a ser uma migração coitadinha nas mãos de coitadinhos.
A nova tabela
A nova tabela de emolumentos consulares publicada no Diário da República, aumenta em 63% o custo dos passaportes passados pelos consulados. O passaporte electrónico passa a custar 70 euros além dos grandes agravamentos nas custas de serviços. O passaporte para menores de 12 anos custa 50 euros e para maiores de 65 anos 60 euros. Pedidos de vistos de escala e de trânsito passam de 10 para 60 euros.
Já não bastam as deslocações a trezentos e mais quilómetros para muitos emigrantes com a perda de trabalho como a dificultação de resolução dos actos por via postal em consequência dos agravamentos de envio (custas de envio dum passaporte 35 euros).
O povo espera sempre por líderes honestos e assim desbarata a vida na desonra do aguentar sempre. E alguns a andar. ainda dão a culpa aos emigrantes estes em vez de fazerem revolução terem posto a andar.
António Justo
Publicado em Comunidades:
http://web.archive.org/web/20080430103539/http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&mmes=06&anon=2007
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Comentários:
Governo contradiz o Presidente da República – – – 2007-06-18 Caríssimo Professor António Justo, Antes de mais, queira aceitar as minha mais fraternas saudações, bem como o meu aplauso pelo oportuníssimo tema que, hoje, traz à nossa reflexão. Indiscutivelmente, a emigração portuguesa é o parente pobre do actual Governo de José Sócrates, apesar de enviar elevadíssimos montantes de remessas para Portugal. E só para isso, para os cifrões, é que conta!… Convenhamos que, nós os emigrantes, só servimos para alimentar a gula desmedida do actual Governo. Tanto mais, porque os emolumentos altíssimos que pagamos pelos serviços consulares prestados, revertem para um FUNDO destinado exclusivamente aos diplomatas, onde estão incluídos os cônsules de carreira e os honorários, e não só. O que significa dizer que, com os emolumentos pagos pelo Emigrante, reduz-se a despesa do Orçamento de Estado que, de ano para ano, vai engordando cada vez mais… Agora, inventou-se “essa maravilha” que dá pelo nome de “diplomacia económica” que, no fundo, só está a beneficiar as Câmaras de Comércio e os empresários. Inclusive, executivos de algumas Câmaras de Comércio já se intitulam DIPLOMATAS ECONÓMICOS! Creia que não estou a fantasiar, pois ouvi e registei em fita magnética essa “brilhantíssima” declaração. De resto, foi uma entrevista que eu realizei, mas que, devido às baboseiras e patetices, proferidas, limitei-me a transcrevê-la mas nem perdi tempo a publicá-la, mas que guardo como “recordação”… Os Consulados, regra geral, nunca têm dinheiro para nada, e o pouco que vão fazendo é às custas dos contributos e do trabalho dos emigrantes portugueses, mas que, agora, com esta nova “invenção” até já cativam e atribuem verbas às Câmaras de Comércio… O mais grave, espantem-se!, até já neste domínio assistimos à deslocalização, promoção,despromoção, abertura e encerramento dos consulados. Melhor dizendo: Os Consulados aparecem com toda a sua força onde houver desenvolvimento económico, sobretudo da actividade económica em que participem os empresários portugueses. Quem minimamente se debruçar sobre as recentes movimentações, verificará, por exemplo, que o Consulado de Portugal em Santos, no Brasil, com cerca de 30 mil inscrições, onde se situa um dos mais importantes portos marítimos da América do Sul, acaba de ser encerrado, enquanto o Consulado Honorário de Portugal em Fortaleza, no Estado do Ceará, com menos de 2 mil inscrições, acaba de ser elevado à categoria de Consulado. No entanto, o Consulado de Portugal em São Paulo faz deslocar, uma vez por semana, um funcinário a Santos. Também, ao que me foi dito, em Fortaleza, vão manter-se um Cônsul de carreira e o Cônsul Honorário! Só com esta pequena amostra da política consular no Brasil, dá para avaliar o destino a dar ao brutal aumento dos emolumentos consulares e não só!… Uma coisa é certa: Presidente da República e Primeiro-Ministro andam, definitivamente, dessincronizados, cada um a remar o seu barco e com destinos opostos… Para concluir este desabafo, o que, efectivamente, parece ser uma realidade é que o GOVERNO quer a todo o custo as remessas dos emigrantes, mas quer, também, os emigrantes bem longe de Portugal e, se possível, que se naturalizem nos países de acolhimento onde se encontram! A propósito, ainda há instantes, acabei de circular pela Praça de Portugal, aqui, em Fortaleza, e deixem que vos diga, apesar de localizada num lugar por excelência, é uma vergonha vergonhosa vê-la ao abandono e desprezada. Isto não viu nem foi mostrado ao Secretário de Estado das Comunidades nem ele viu, quando aqui esteve recentemente a jantar com o Governador do Estado do Ceará. Só uma pequena observação: Com tanto investimento português em Fortaleza, será que nenhum empresário se digna ou dignou olhar para o estado da Praça Portugal? Por onde andam o Cônsul Honorário e os empresários portugueses?… Já que as autoridades cearenses não sabem, não querem ou andam distraídas, ao menos saibamos nós portugueses fazer algo. Olhar para aquela praça, no estado em que se encontra, é ficar com o Portugal actual na retina dos olhos!… Caríssimo Professor António Justo, aceite o meu afectuoso abraço. Paulo M. A. Martins Paulo M. A. Martins
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