Portugal – Povo nas Valetas das Estradas

Portugal – Povo nas Valetas das Estradas
2007-08-17

Caminho de Fátima na Continuação dos Caminhos de Santiago

Um Estado sem respeito pelo povo continua a mandar para a valeta da estrada o seu povo. Um Estado que apenas se preocupa com estradas e auto-estradas para os instalados da vida e para os contribuintes despreza o povo caminhante.

Quem vem da Europa fica confuso ao observar grupos de caminheiros para Fátima em itinerários sem respeito nem consideração pelo peão. Humilhação pura para pessoas de consciência com um mínimo de exigências!

Os peregrinos, acordeirados, nas suas vestes reflectoras fazem lembrar almeidas da Câmara e das Juntas de Freguesia, enfim, um Estado de ovelhas! É uma dor de alma ver-se o povo a caminhar pela estrada nacional nº. 1, a ter de andar pelos IP e IC por falta de caminhos próprios. Uma imagem que se repete e ninguém parece notar. Esta imagem parece ser uma metáfora duma sociedade a quem não é dada a possibilidade de introspecção. Mesmo as coisas mais íntimas são acompanhadas de ruído poluidor.

A pé no asfalto, exposto ao perigo automóvel, comendo o pó das estradas, inspirando o Anidrido Carbónico dos tubos de escape, exposto ao calor das estradas, ao ritmo do ruído automóvel, portugal peregrina para Fátima. É o portugal povo de que se serve o tal Portugal, o Portugal dos instalados, aquele Portugal que só parece conhecer estradas e ruas para carros, ou itinerários sem povo.

A caminho, como se pode observar nas estradas do Norte de Portugal, um Portugal migrante de férias a cumprir promessas que o destino lhe obrigou a fazer. O destino do povo das bermas, do povo das valetas das estradas é fazer promessas para fugir à dor na ânsia pela sobrevivência, o destino dos outros, dos das “auto-estradas” é viver das promessas não cumpridas das campanhas eleitorais! A estrada da nação, na sua maior parte, não contempla peões nem ciclistas, menos ainda peregrinos, para estes reserva-lhe, quando muito as faixas luminosas.

A elaboração do caminho do Norte para Fátima é mais que óbvia. A sua ausência é uma acusação justa ao Estado, à Igreja, às Câmaras e Juntas de Freguesia e aos deputados que não estão atentos às necessidades reais do povo, vivendo uns à custa da sua devoção e outros à custa dos seus impostos e dos seus votos.

Senhor Presidente da República, senhores do Governo, senhores presidentes e senhores Bispos, juntem-se e planeiem em conjunto ruas, estradas e caminhos com árvores, com vida. Realizem o caminho de Fátima, conscientes da sua grande dimensão económica, social e espiritual no sentido de integrar, de maneira digna, o património nacional no internacional europeu, na tradição do itinerário dos caminhos de Santiago. Neles se reflectem o espírito e a cultura dos povos, o espírito universal que é o nosso.

Portugal tal como os peregrinos tem que levantar os olhos para o horizonte consciente de que não há caminho feito mas se faz caminho andando. Peregrinando servimos a higiene corporal e espiritual não ficando parado em nenhuma etapa da vida, ideologia ou crença. A vida é fundamentalmente caminhada, é aventura, arte e mistério. A missão nobre de toda a elite, se o é, é popular. Deus é povo!

Imagine-se que ao lado destes caminhos se juntavam não só paróquias e Freguesias mas também roteiros da arte e centros de veraneio ecológico com artistas e iniciativas ao vivo onde se revivesse o brio das aldeias tão necessitadas da dignidade roubada por uma política proletária que apenas conhece o fomento da cidade Zeca!…

Uma sociedade técnica não pode desprezar o percurso pedonal, a que se deveria ligar a bicicleta e também o cavalo. De trinta em trinta quilómetros seriam necessários albergues dignos e económicos. A Comissão Europeia certamente apoiaria com milhões um projecto que ligasse aspectos históricos, culturais e recreativos dum turismo não só espiritual como alternativo a toda a Europa. Valeria a pena iniciar um caminho iniciático na descoberta do comum das paisagens interiores e exteriores. Neste trajecto não faltariam certamente ligações aos templários. Tudo isto na continuação da descoberta do Santo Grahal.

António Justo

Publicado em Comunidades:

http://web.archive.org/web/20080430103606/http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&mmes=08&anon=2007

António da Cunha Duarte Justo


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Comentários:

– – – 2007-10-10
Caro António Justo:
Foi com muito agrado que encontrei este seu texto numa busca ocasional na net.
Deus põe em contacto as almas quando se trata de fazer avançar as boas ideias e obras.
Somos um grupo da paróquia de Carcavelos (Cascais) que nos últimos 3 anos temos peregrinado pelos caminhos de Santiago; desejamos concretizar uma experiência de apoio aos peregrinos, tomando conta de um albergue durante parte do ano.
Eu penso que seria importantíssímo dinamizar o(s) caminho(s) para Fátima, irmanando-os com os de Santiago (não é por acaso que S.Tiago foi sobrinho de Nossa Senhora).
Cumprimentos
Luis Nogueira Ramos

Luis Miguel Nogueira Ramos
Estudante – – – 2007-08-27
Justo: sua escrita é corrosiva. E pergunto a mim por quais labirintos imateriais conseguiu achar meu saite? Obrigado pelo sincero comentario e espero agrada-lo mais com textos meus e imagens trabalhadas por mim ou de referencia historica.
Moro no Brasil, Mato Grosso. Se um dia quiser caminhar pelo “caminho das cachoeiras” estarei ao seu dispor para compartilhar os sentidos abertos.
te abraço
Afonso Alves
dionisios.zip.net

Afonso Alves
Portugal – Povo nas valetas das estradas – – – 2007-08-27
Caríssimo e Ilustre
Professor António Justo,

Antes de mais, quero saudar o seu regresso a este espaço, depois das férias em Portugal.

E assinalar, também, assunto que nos trás à nossa apreciação, por ser mais do que pertinente, ACTUAL!

Infelizmente, temos em Portugal um Poder Autárquico cego, surdo e mudo e, sobretudo, insensível às questões de natureza espiritual, mas que só se lembram que elas existem quando há eleições…

Do Governo da Nação nem vale a pena falar, pois só está preocupado com as altas negociatas, como as “OTAS”, que nem OTA nem DESOTA, e a rejeição das alternativas que lhes estão a tentar impôr… Onde, também, o Presidente da República mais parece andar a presidencializar noutra galáxia que não é Portugal…

Neste ambiente, o que se poderá esperar da Igreja Católica e das autoridades religiosas?…

As questões que coloca são de uma importância plural que, só neste pobre país, passam ao lado, porque os que detêm responsabilidades de planeamento e de investimento, porque são incompetentes e sem sensibilidade, fazem vista grossa…

Depois de aprovada à força, por imposição de um Primeiro-Ministro Socrático e ATEU, como é José Sócrates, a IVG – Intervenção Voluntária da Gravidez com menos de 30% dos votantes, porque as abstenções galoparam para mais de 50%, o que é de esperar?…

É este o País que temos e os governantes incompetentes que estão mais apostados em destruir, fazer terra queimada, do pouco que resta de Portugal…

De um Portugal, cada vez mais, a caminhar para a cauda da Europa, com Malta a ultrapassar-nos, e ninguém tem olhos na cara para ver esta situação gritante e escandalosa… Mas, acima de tudo, está a exercer a Presidência da União Europeia, que se prepara para fazer aprovar a Constituição Europeia ou outro documento equiparado, sem que os portugueses tenham o direito de se expressar em REFERENDO, e o mais grave com a cobertura política do Presidente da República…

É este o Portugal livre e democrático saído da “dita” Revolução dos Cravos, de 25.Abril.1974!…

Quando, paulatinamente, tudo isto se passa num País onde os Governantes, a começar pelo Primeiro-Ministro, cada vez mais mentem e atropelam e postergam os mais elementares Direitos de Cidadania dos portugueses, as questões que acaba de levantar no seu lúcido, competente e inteligente artigo (post), infelizmente, acabam, na óptica deles, por não passar de meros “amendoins” que nem os macacos os querem porque são pôdres…

Perante todo este cenário, afigura-se-me, salvo melhor opinião, que da parte da Igreja Católica se assiste, também, a um cruzar de braços, por conformismo, porque os seus responsáveis parecem permanecer cristalizados…

E eu, a título de exemplo, pergunto:

– Hoje, por onde anda a então voz incómoda de Dom Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal?

A receber comendas e condecorações atribuídas pelo Governo no 10 de Junho?…

Nunca, em Portugal, a situação política, económica e social, atingiu foros de tão elevado escândalo e imoralidade como a que se está a viver! E a voz da Igreja Católica não se faz ouvir porquê?…

No título do seu excelente, oportuno e objectivo post, refere: “Portugal – Povo nas Valetas das Estradas”, mas, pela leitura que me permito fazer da actual situação, diria: Portugal – Povo nas sarjetas das ruas e das estradas…

É esta a consideração e o respeito que o Primeiro-Ministro, Governo e Presidente da República estão a manifestar pelos PORTUGUESES!

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Paulo M. A. Martins
Jornalista Luso-Brasileiro
Fortaleza (CE)
Brasil

Paulo M. A. Martins
Povo nas Valetas – – – 2007-08-23
Os Presidentes da Câmara deveriam ter mais iniciativa para poderem revitalizar a província.
Também é um facto que os governos seguem uma política de terra queimada para o interior e para o norte. Os deputados são servidores dos seus partidos que ainda não decobriram Portugal.
Só conta Lisboa!
Saudações de Berlin

Manuel Henriques
Saudações da Branca – – – 2007-08-21
Prezado Paulo Santos:
Obrigado pela sua visita. Recordo com muita satisfação a cidade da Branca e o Bar Colinas com tanta atmosfera e nível! Parabéns!
Um abraço
António Justo

António Justo
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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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