COMBATENTES  DO ESTADO ISLÂMICO PERDEM A CIDADANIA ALEMÃ

Retornados do EI um Perigo para as Sociedades acolhedoras

António Justo

O Governo alemão decidiu (3.04.2019) que os jihadistas combatentes de maioridade e com dupla nacionalidade, que voltam da guerra muçulmana, perderão a nacionalidade alemã (1) .

Como argumentação para a lei diz-se que ao participarem em operações de combate numa milícia terrorista no estrangeiro, demonstraram com isso ter virado as costas à Alemanha e à sua orientação de valores.

Em 2013 foram da Alemanha para a região do Estado Islâmico (EI) 1.050 islamistas. Destes já se encontra um terço deles na Alemanha e 200 dos 1.050 morreram lá em combates. Entretanto as autoridades alemãs já trouxeram para a Alemanha várias crianças dos combatentes que lá se encontram presos.

Os governos têm atuado de forma negligente para com o povo porque já desde 2003 foi fundado o Estado Islâmico e só agora se reage; além disso foi permitida a campanha de distribuição do Corão pelos simpatizantes do EI (Salafistas) nas zonas pedonais alemãs em 2011.

A justiça alemã vê-se quase na impossibilidade de julgar os retornados da guerra dado todos negarem em tribunal terem participado em combates e não ser fácil provar crimes.

Os Estados europeus têm, por vezes, seguido uma política de autonegação, até ao possibilitar a criação de lugares de refúgio para os inimigos desta sociedade e da sua Constituição. A sociedade alemã deve muito aos seus serviços secretos e à sua polícia que tem evitado atentados. Muitos dos retornados estão fanatizados e indoutrinados de tal modo que continuam a ser um perigo para a sociedade acolhedora. O Estado com o legítimo argumento da defesa dos cidadãos cada vez restringe mais os seus direitos e legitima o seu controlo.

Pelo que pude observar ao longo de muitos anos e até como tradutor em questões de asilo em tribunal, pude verificar que a Alemanha é um país muito tolerante em relação aos refugiados e especialmente aos muçulmanos.

Devido aos complexos da guerra e a programas culturais públicos de educação do povo, conseguiu-se na Alemanha um espírito muito aberto em relação aos estrangeiros refugiados. Quanto à demasiada compreensão pelos Guetos muçulmanos talvez isso se deva também devido a um certo espírito germânico de que quando se instala num país forma os seus agrupamentos nacionais.

Na Alemanha as organizações muçulmanas têm muito poder e muitos muçulmanos encontram-se integrados como deputados em quase todos os partidos. Os salafistas, grupo muçulmano que apoia o terrorismo, encontra-se muito espalhado na Alemanha.

A Alemanha tem de ter um serviço secreto e policial forte atendendo à liberdade que socialmente permite. De facto,  se na Alemanha houvesse mais ataques muçulmanos do que os que tem havido, a população poderia reagir e fortalecer grupos anti-islâmicos. Também por isso a criminalidade acentuada é um pouco embrulhada na opinião pública com outras considerações que a tornam menos agressiva.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

(1) O governo chegou finalmente a acordo: “Os jihadistas com dupla nacionalidade podem ser privados dos seus passaportes alemães sob certas condições. O acordo da Grande Coligação foi alvo de muitas críticas – mesmo no seio das suas próprias fileiras”: https://www.tagesschau.de/inland/passentzug-terrorkaempfer-103.html?fbclid=IwAR2qOJb5kETeI8AEHbITj-L38TceqcMjPYi62i4IYhXDqyfQ0f5wc2f1rXQ O Ministro Federal da Justiça Barley anunciou uma lei rápida para retirar os passaportes dos combatentes IS alemães. Dobrindt, líder do grupo estadual da CSU, havia acusado o Ministério da Justiça de atrasar o projeto. https://www.br.de/nachrichten/deutschland-welt/barley-is-kaempfer,RJZq76G . O governo federal concorda em tirar a cidadania para os combatentes do IS com cidadania dupla! https://www.br.de/nachrichten/deutschland-welt/bundesregierung-beim-passentzug-fuer-is-kaempfer-einig,RJfzHYa

 

Tagesschau: https://www.tagesschau.de/thema/is-r%C3%BCckkehrer/

 

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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