Há dias, aqui ao lado, numa cidade rica, com uma grande lixeira, foi encontrado um bebé morto, dentro de um saco de plástico, junto a um contentor do lixo.
Ao abandonado, filho de ninguém, foi proporcionada uma liturgia fúnebre ecuménica. Em torno do caixão, à luz das velas, a sociedade ausente, reduzida às pessoas do polícia que o encontrou, dos oficiantes litúrgicos e do defunteiro, prestava honra ao filho da desonra da vida na cidade. Na imaginação triste do polícia juntava-se a melodia de muitos outros casos esquecidos, nas actas da esquadra, que acompanham o destino triste do inocente.
Os filhos são as asas dos pais!…
António da Cunha Duarte Justo