Tecnologia aproveita-se da Sombra dos Mortos
António Justo
Que a tecnologia venha a revolucionar a nossa maneira de viver será um facto, mas que cimeiras de tecnologia sejam aproveitadas para propagar ideologias não abona em favor de seriedade científica.
A cimeira Web Summit (6 a 9 de novembro em Lisboa) fez o seu jantar de despedida no Panteão Nacional, entre os túmulos. Em si, um desejo pio de acabar com a morte.
O evento até parece inocente! Mas torna-se num acto com imensa densidade simbólica! Na paródia da vida, a malta desta “farra„, embora junta em Lisboa, não conhece a festa portuguesa que é humana e universal (é povo) não se esgotando nas farras, porque estas só são para alguns! Que pena, a falta de gosto que deixa!
Escolhem lugares altos da cultura para se celebrarem no desrespeito da tradição, dos vivos e dos mortos! À vaidade das elites celebrada no Panteão junta-se o cinismo dos niilistas que quereriam ver o fim da civilização ocidental aproveitando toda a oportunidade para atacar precipitadamente tabus.
Neste gesto revela-se a vontade da agenda mundial niilista! Primeiro acabar com Deus, depois acabar com a religião para finalmente acabarem com a dignidade humana!
No Portugal do cinismo e da inocência, podem permitir-se isso: profanar a calmaria dos restos mortais, porque é terreno propício para se dar nas vistas. A preservação da paz dos mortos baseia-se no sentimento de piedade (e em tabus); esta é abusada quando se torna numa tentativa deliberada de desacreditar um falecido ou sua filiação religiosa ou grupal. (A educação médica e a pesquisa nos cadáveres não perturbam a paz dos mortos se forem baseados no consentimento das pessoas ainda em vida.
Hoje, a nível ético é mais fácil a disposição para seguir a inércia e a entropia, distrai-se o povo e faz-se o negócio com o apoio do escândalo. Portugal quer estar à frente da agenda do niilismo na destruição dos valores que o fizeram crescer e aparecer.
Tudo isto parece fazer parte de uma agenda já iniciada noutros sectores, se não me falha a memória, nos anos 90 pela organização mundial da saúde; política de educação sexual escolar, etc.
Apesar de bons aspectos da WEB Summit, o evento final revela-se, como fazendo parte do cumprimento de uma agenda internacional, na linha da destruição de valores que apontem para o respeito da pessoa. Em nome do progresso tudo se torna legítimo. Isto é possível numa civilização decadente. O mesmo não fariam um país muçulmano nem tão-pouco na China! Sim ao desenvolvimento e ao uso da tecnologia, mas não ao seu abuso!
António da Cunha Duarte Justo
O DESPUDOR:
http://observador.pt/videos/programa-comentarios/a-falta-de-vergonha-de-antonio-costa-no-caso-do-jantar-no-panteao/