O PARTIDO ALEMÃO SPD NÃO ENCONTRA PAZ NEM RUMO

Kevin Kühnert, chefe dos Jovens Socialistas, quer o seu partido SPD menos pragmático e mais esquerdo. Mais uma vez escandalizou muitos dos eleitores tradicionais ao propor agora uma coletivização democrática dos grandes empresários.

Como refere a imprensa alemã (t-online.de) depois das declarações de Kühnert os sociais-democratas caíram dois pontos percentuais em relação à semana anterior, 15%.

Uma tal intenção amedronta uma Alemanha habituada a viver mais da produção do que de ideologias passadiças.  Neste sentido, logo o chanceler Sebastian Kurz, do país vizinho, levantou a voz convidando os investidores alemães a investirem na Áustria. Ele prefere “um país de proprietários”.

Desde que os sociais democratas  estão a deixar a posição de partido popular, devido à diminuição contínua do apoio eleitoral, o SPD parece encontrar-se em alto mar sem encontrar rumo.

Em tempos revoltos, seria de avaliar, até que ponto um socialismo democrático se impõe contra uma ideologia falida, um estalinismo cruel e uma ditadura chinesa que não considera a pessoa como tal.

O SPD (democracia social) foi a alternativa ao socialismo ideológico ao optar por um socialismo democrático e contra heteronomia. O bem-estar atual alemão e a sua posição privilegiada no mundo devem-se sobretudo à política real do SPD e da CDU/CSU.

A luta pela domesticação do capitalismo (a ordem capitalista económica e social) é legítima. Porém uma ideia socialista tradicionalista e radical, à la Kühnert encontra-se melhor guardada no partido comunista “Die Linke”! Die Linke é, porém, demasiado pequena para muita gente ambicionada!

Creio que Kühnert, de momento, mija no rio! Porém, pretender standards gerais de moral para uma facção política é, geralmente, desconhecer que política é negócio de interesses e cada um defende os seus. Toda a sociedade europeia se encontra insegura e desestabilizada perante os desafios que o globalismo provoca.

O jogo das ideias com o socialismo tem o seu sentido e até se torna oportuno para fazer reflectir e agir numa sociedade rica em que um nível de vida mais elevado especialmente para alguns parece ser a única motivação para que vale a pena viver, deixando para segundo plano tudo o que torna a vida digna e mais humana a nível de indivíduo e de comunidade.

De facto, o lucro tornou-se mais importante do que a prestação de serviços à comunidade, a habitação urbana é objecto de especulação, não há falta de dinheiro para os gestores de empresas e os administradores da propriedade pública chegam a ter ordenados e benesses incompatíveis com uma democracia que mereça o nome, mas a pobreza está a aumentar.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

DAS CONQUISTAS GEOGRÁFICAS PARA AS CONQUISTAS IDEOLÓGICAS

Líder muçulmano exige ao Rei de Espanha que peça Perdão pela Reconquista

 

Por António Justo

O pior inimigo da Verdade é a ignorância, mas esta é, por outro lado, o melhor meio para fortalecer o poder e os poderosos.

Jihad, presidente da comunidade islâmica Mesquita Ishbilia, em Sevilha, escreveu a Filipe VI (26.03.2019) pedindo que peça perdão pela Reconquista iniciada há cerca de 1300 anos (em 718 e terminada em 1492 pelos Monarcas Católicos com a conquista de Granada ( a subordinação ou expulsão dos muçulmanos de Espanha depois de estes terem invadido e ocupado a Península Ibérica no sec. VIII).

O líder islâmico pedia, além disso, a concessão da nacionalidade espanhola para os muçulmanos descendentes dos expulsos, que hoje deveriam ser alguns milhões, com direito a voto (1). Muitos dirão que isto é impróprio de hóspedes atrevidos, outros que é fraqueza de hospedeiros acomodados e ainda outros dirão que a atitude é própria de uma cultura que ainda sabe o que quer! (A noticia não seria relevante se não manifestasse, de uma maneira geral, a atitude muçulmana em relação aos “infiéis”!)

Revisionismo revanchista nacional e internacional ao Serviço da Domesticação do Povo ocidental

Isto aconteceu alguns dias depois do presidente do México, López Obrador, ter enviado uma carta ao Rei de Espanha e ao Papa Francisco, pedindo-lhes que pedissem desculpa pelo que infringiram aos nativos no momento da conquista (2).

Tudo isto é certamente mais um ponto das agendas ideológicas a atuar através de várias ONGs ideológicas mundiais e que também fazem parte da implementação do pensamento politicamente correcto de uma Agenda internacional ideologicamente ultraprogressista.

Quanto à concessão de naturalização, em termos de oferta de nacionalidade, não se pode comparar os muçulmanos com os judeus, porque estes onde imigraram entraram pacificamente e integram-se nos países, não havendo, passadas gerações, a exigência de se formarem enclaves judaicos, ao contrário do que acontece com os muçulmanos que, quando atingem uma determinada percentagem na população de um país, exigem independência, como aconteceu p. ex. : Kosovo, Albânia, Índia-Paquistão, etc., e como acontece hoje em várias regiões do mundo.

Encontramo-nos numa época desorientada e, por isso, favorecedora do revisionismo revanchista nacional e internacional; quem mais alto levanta a voz mais direito tem, segundo a sabedoria popular, “quem não berra não mama”! A guerrilha da palavra, a desinformação e a criação do sentimento de culpa, são meios muito comuns para se moverem sentimentos reivindicativos de forma gratuita.

O grande benefício árabe em relação ao Ocidente, é o petrodólar e uma Agenda materialista internacional como aliada, na sua luta contra a cultura ocidental clássica, seguindo eles uma estratégia comum de, pouco a pouco, instalarem um ideário da demagogia e da ignorância até poderem implantar uma monocultura latifundiária (islão e comunismo) universal: indirectamente parece uma preparação para o predomínio de uma certa mundivisão ou maneira de estar asiática no mundo. Tudo isto é naturalmente legítimo porque o poder e a política não é dos que dormem e a História está sujeita a contínua mudança não podendo ser abarcada por uma vida humana mesmo longa de 100 anos. Muita gente, mais sensível na Europa sente-se preocupada com uma política só orientada pela economia na preocupação de tapar os buracos causados na população pela menor fecundidade europeia. Uma política de imigração desregulada provoca reações populares preocupantes e revela irresponsabilidade política.

Isto acontece porque uma elite fraca aceita dos reivindicadores imigrados direitos especiais. “O fraco rei faz fraca a forte gente” constatava Camões ao repassar a História de Portuga (2)! Devido à fraqueza das nossas elites, acomodadas e acobardadas em relação ao marxismo modernista que tomou, em grande parte, posse de grande parte do espaço social público, na era pós-guerra, a nossa história passa a não ter suporte e a decadência avança em Estados sem consciência nem defesa cultural.

Os árabes, ao contrário dos ocidentais, são unidos no bem e no mal pois consideram-se primeiramente como comunidade, como povo, a afirmar-se perante um Ocidente feito de comunidades rivais; fazem uso, para isso, da dupla estratégia do falar positivo sobre si e do calar sobre as próprias negatividades, enquanto os europeus, dentro da mesma sociedade, constroem a sua dominância na base do desdizer uns dos outros e do transformar a excepção em regra: é-se mais pelo partido, pela tribo, pelo grupo do que pelo todo; assim passa a não haver povo!  Os muçulmanos e os agentes da agenda marxista, atendendo aos seus objectivos de luta contra a tradição ocidental, não podem ser criticados pelo seu agir arguto; não se identificam com a civilização europeia e fazem por eles, apoiando-se uns aos outros, independentemente das pequenas diferenças que têm entre eles! Como seguem a matriz natural do poder, mais tarde virão a ter a razão que a história lhes dará: de facto, “dos vencidos não reza a História”.

Como os países da União Europeia se encontram divididos e agrupados em famílias de partidos já não é de tanto interesse, para eles, a acção partidária aferida aos interesses do país, mas sim às agendas das famílias partidárias europeias e universais (A ideologia passa a assumir o papel que, politicamente, antes tinham as confissões religiosas!). A ideologia também é subvencionada pelos correspondentes governos que criam certas cadeiras universitárias para assegurarem a propagação da “ciência” e da verdade sociológica (a verdade das estatísticas) como substracto e legitimação da própria ideologia. A ideologia subvencionada actua também nas universidades a nível global, através de agendas e iniciativas a realizarem-se ao mesmo tempo em todos os países de cunho ocidental. O poder de ONGs, por um lado necessário, chegará, com suas iniciativas e acções populares, a ameaçar os próprios Estados.

Antigamente faziam-se as conquistas através da Espada, agora na Europa os povos e as regiões já se encontram estabilizadas, pelo que a conquista a fazer-se passa a ser entre subculturas e com a palavra; os ideólogos actuam dentro da sociedade na luta contra costumes e instituições (em vez de inclusivamente ajudarem a renovar as existentes, seguem a tática marxista da luta) ; por outro lado, os países dos blocos (USA, Rússia, China e Europa) vão fazendo a guerra económica que se usa de guerrilhas e sublevações civis (uns a pretexto de valores democráticos e outros a pretexto de zonas de influência económica ou dos dois). A guerra que antigamente era militar e orientada pela conquista de terreno (conquistas geográficas) hoje é feita através da conquista do pensamento (conquistas ideológicas); daí, quem mais conquista os pensadores e os Média, mais determina o pensar e a vontade popular (a soberania controlada e dirigida)!

Pedir perdão

Quanto à exigência do pedir perdão torna-se uma questão complicada, pois: quem terá de pedir perdão a quem? Por outro lado, na História comandam os factos; a conversa sobre eles já pertenceria a um romantismo histórico ao serviço de grupos em despique que pretendem assumir o poder.

O   imã da mesquita, certamente, não pedirá desculpas ao povo espanhol pelas barbaridades que os maometanos fizeram na Espanha de 711 a 1492 (3)   nem pela pirataria que fizeram e amedrontou a Europa de tal modo, durante séculos, mesmo depois da sua expulsão e que criou nos europeus um sentimento de culpa que permite ao islão o sentimento de superioridade e a ideologias ascendentes aplainar os caminhos da decadência de uma grande civilização.

Se não fosse a desinformação e o não saber, todo o poder teria problemas de legitimação. Cada vez se encontram mais ventríloquos ideológicos desfazedores da história europeia porque notam que têm sucesso com as suas teses e exigências e encontram acólitos intelectuais que abusam de um moralismo egoísta como único meio de interpretar e fazer história (ocupam as mentes de oportunistas e de incautos, num ocidente fraco que perdeu o sentido da vida de um povo e o sentido da História). Têm, porém, razão porque esta é-lhes dada por um povo “inocente” e impreparado e quem está à frente encontra-se mais iluminado!

Como a asneira é contagiosa e agendas aliadas dos Soros e do petrodólar têm grande força nos governantes do ocidente, torna-se fácil o uso de armas ideológicas para a conquista do terreno real. “Os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz!” (Bíblia). Partem do princípio que a vida é resolução de problemas, por isso há que criá-los no sentido das suas oportunidades.

Como se sentem sistematicamente superiores (5) e acham natural a construção de mesquitas e a pregação do Islão àqueles a quem é proibida a construção de igrejas e a pregação do Cristianismo, não têm pejo em fazer exigências descabidas. Invadiram a Península Ibérica e agora já se sentem fortes a ponto de exigirem que o Ocidente lhes peça perdão (6)! Dado nas mesquitas não se diferenciar entre política e religião, estão conscientes da vantagem de sustentabilidade que estrategicamente têm. Esquecem, porém, que toda a ideia e toda a instituição que não sirva a pessoa estará com o tempo destinada a desaparecer.

Como João Paulo II, no ano 2000, numa atitude religiosa, pediu perdão geral pelos pecados históricos da Igreja, pensam que o pedir perdão iliba os outros da culpa e não implica um acto recíproco. Esquecem que teriam de pedir perdão por terem demolido a Basílica de San Vicente para construírem a Mesquita de Córdoba. Teriam de pedir perdão por terem destruído o reino visigótico e cultura romana ao invadirem a Hispânia no século VIII d.C. e sujeitarem todos os cristãos a vassalagem vergonhosa e a terem de pagar impostos especiais aos “ocupantes” durante quase oito séculos. Porque não pedem perdão por terem arrasado o que restava do cristianismo do Norte de Africa depois da passagem dos vândalos? Porque não pedem perdão pelas conquistas muçulmanas na terra Santa, Constantinopla e outros territórios outrora cristãos. Tudo isto não passa de areia levantada ao ar para melhor levarem o seu projecto adiante.

Os extremismos políticos e religiosos têm assento num espírito perturbado que liga o Homem ao tempo da pedra. Nas ruínas da humanidade é de encontrar as sombras da parte má do Homem que encontra guarida nas cavernas de toda a pessoa!

A história é dura e dá sempre razão aos vencedores; num ocidente decadente, a sua história de outrora é unilateralmente condenada pelos que querem ser os vencedores de hoje (Só falam dos podres da Igreja, de cruzadas e outras barbaridades descontextuadas como se as maldades do passado pudessem encobrir as do presente. Num tempo em que não querem que se saiba quem é quem, os aliados na luta sabem que esta é a sua hora num tempo em que a democracia não tem fundamentos de identidade capazes de unir os partidos na defesa do povo e da sua cultura para melhor procederem a uma inclusão respeitadora de uns e de outros; parece corremos o perigo de nos encontramos num momento histórico de regresso ao tribalismo. Um espírito crítico, mas acolhedor e sabedor de que o outro ou o adversário também é irmão, pode ajudar-nos ao encontro, no sentido de juntos se elevar a esperança de uma convivência fraterna.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

TROCA DE FOGO ENTRE A FAIXA DE GAZA E ISRAEL

Palestinenses e Israelenses num Beco sem Saída

As preocupações das populações pela existência ameaçada, de um lado e do outro, são um facto! A culpa é repartida! Ligá-la só a uma parte seria negar a realidade e negar uma verdade complexa.

A situação encontra-se num beco sem saída. A população de Gaza sofre devido à política de bloqueio do Egipto, e de Israel e ao facto de a organizacão terrorista Hamas empregar para armas os dinheiros internacionais de apoio à população. A população de Israel sofre devido à insegurança provocada pelos vizinhos. No meio de tudo isto dominam as ideologias ou a má vontade contra a humanidade!

Com o ataque de Hamas a Israel e a reacção deste, Hamas pretende, antes do Festival da Canção Contest em Tel Aviv, atrair as atenções internacionais para si esperando conseguir colocar Gaza como vítima.

Aqui é facto que a culpa morreu solteira.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo

DA INDEPENDÊNCIA DA IMPRENSA E DO JORNALISMO DESDENTADO

Classificação da Liberdade de Imprensa por Países em 2019

António Justo

A organização “Jornalistas sem fronteiras” publicou a lista de classificação da liberdade de imprensa 2019 e, como de costume, a Escandinávia obtém a melhor posição: 1° Noruega, 2°Finlândia, 3° Suécia, 12° Portugal, 13° Alemanha,  29°Espanha, 32°França, 33°  Reino Unido, 103°Moçambique, 105° Brasil °,109° Angola, 178° Eritreia, 178 Coreia do Norte e 180° Turquemenistão (1). A Arábia Saudita é inimiga declarada da liberdade de imprensa e de expressão; por isso encontra-se no lugar 172°; tem 23 jornalistas na prisão e 14 Activistas online sob custódia. Países muçulmanos e a China são inimigos da liberdade do cidadão. A China ocupa na lista o 177° lugar e tem 14 jornalistas na prisão e 50 online activistas na prisão.

A abertura e liberdade de uma sociedade pode ser medida pelo nível da liberdade de imprensa. Uma sociedade dividida ataca e culpabiliza o que é diferente, fomentando um clima misantrópico.

Naturalmente haverá grandes diferenças entre os 180 países abrangidos pela investigação sobre a liberdade jornalística. Há países em que domina o medo de medidas de retaliação e de prisão como é o caso da Turquia e de muitos outros. O direito ao acesso à informação livremente pesquisada torna-se num privilégio cada vez mais raro, atendendo à pressão de grupos fortes com interesses próprios dentro da sociedade. Atualmente acentua-se o perigo de páginas críticas da Internet censuradas.

Relativamente à Alemanha, a organização “Jornalistas sem fronteiras” criticou a lei alemã que desde 2018 entrou em vigor e que obriga, redes como Facebook, a eliminar conteúdos obviamente ilegais, no prazo de 24 horas após a apresentação da queixa. A ameaça com multas de milhões e também com penas para os suspeitos, pode levar à supressão de contribuições jornalísticas por medo de multas.

 

Imprensa desdentada

Os poderes estabelecidos preferem uma Imprensa desdentada e o jornalista sente-se, muitas vezes, dependente de quem paga a reportagem ou notícia; o pensar politicamente correcto provoca, por vezes, previamente uma certa autocensura. Há jornalistas sem posição pré-definida que trabalham num clima de medo de informar criticamente quer no sentido da esquerda quer no da direita.

Uma mundivisão intolerante torna-se indiferenciada reduzindo a boa política aos do próprio partido ou ideologia e a má política aos adversários. Importante é que política, Estado e imprensa não se unam e também que não sejam considerados como adversários. Numa sociedade da diversidade de opiniões, próprio de uma democracia aberta, ninguém precisa de combater ou difamar ninguém embora cada um tenha o direito a manifestar e defender os seus interesses que não devem excluir os interesses adversários nem declará-los como maus.

A imagem do desenvolvimento social numa sociedade pode observar-se na sua maneira de apreciar diferenciadamente interesses e valores.

Dentro e fora de Portugal, nunca poderá haver uma linha informativa ideologicamente independente porque quer jornalistas quer elementos do CGI não são eunucos, na qualidade de delegados de grupos de interesses! Uma sociedade que não esteja consciente disto está mais predisposta a ser enganada!

Opinar da independência da RTP é como, na generalidade, falar da virgindade das meninas e dos meninos antes do casamento! Um dos poucos critérios seguros para análise da questão (não fossem os “anticoncetivos”!) seria ver até que ponto o jornalismo investigativo contribui para a correcção de atitudes abusivas de governos, oposição, economia e ONGs; ou até que ponto levaram à deposição de ministros, à queda de um governo, a chefes de empresas terem de atempadamente abandonar o cargo! Isso torna-se num busílis e para mais em países acomodados, em que muitos multiplicadores sociais trazem a tesoura da censura na cabeça! Numa sociedade portuguesa reguila, dos clubes, mas alegre e contente, torna-se difícil um civismo crítico capaz de pensar para lá dos limites partidários!

Um outro factor que impede a imprensa portuguesa de ser mais isenta situa-se na malaise do pensamento político português que, na praça pública, é equacionado apenas em termos de direita ou de esquerda: um fruto do jacobinismo que se tornou numa doença crónica do argumentar social português! O mesmo se diga nas comparações e análises de caracter regionalista (patriotismo estomacal!). De facto, a afirmação de que a RTP, em comparação com as outras é mais ou menos equilibrada, revela-se numa falácia. O critério de orientação de avaliação da independência da RTP a partir da comparação com as privadas portuguesas manca muito, tal como pensar a sociedade em termos de direita ou de esquerda, passando a polaridade a ter demasiado peso como critério de orientação. Pior ainda quando os polos são deficitários não se podendo então seguir como orientação o princípio filosófico de que a „virtude” se encontrará no meio”! Talvez a juventude surgente possibilite uma sociedade de opinião mais focada na realidade económico-cultural e menos em termos polares de esquerda e de direita.

Em Portugal predominam os Media desdentados, mais virados para o sentimento, para o catastrófico e para o clubismo. Como exemplo de uma imprensa sem dentes temos também agora o caso, na Alemanha, da aceitação não crítica da recusa das diferentes fracções partidárias não elegerem os candidatos da AfD para vice-presidente no Bundestag e no Landtag Hessen. Aí são sistematicamente boicotados pelos outros partidos, embora cada fracção partidária tenha direito a um vice-presidente. E isto acontece ao mais alto nível, da democracia, quando a consequência seria abolir a lei do direito das fracções parlamentares a terem Vice-presidentes! Não é legítimo que a concorrência político-partidária determine as regras democráticas básicas. Não é boa uma sociedade cega do olho esquerdo nem do olho direito. Claudia Roth dos Verdes é vice-presidente do Bundestag, embora tenha participado numa manifestação com os autonomistas de esquerda que ostentavam cartazes “Morte à Alemanha” “Deutschland Verrecke”!

Precisa-se uma sociedade de olhos bem abertos sejam eles o da esquerda ou o da direita! Só assim se poderá evitar o populismo das massas e o populismo da ideologia da elite formadora de opinião pública.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=5395

(1) Lista dos países: https://www.reporter-ohne-grenzen.de/weltkarte/#rangliste-der-pressefreiheit