APT / TTIP – Um Poder económico e comercial correspondente ao Poder militar da NATO? Vantagens e Desvantagens

O Euro também desestabilizou o Sul da União Europeia e  o APT/TTIP vai discipliná-lo

António Justo

A União Europeia está a negociar o acordo de comércio livre APT / TTIP com os EUA e o acordo CETA com o Canadá. Estes acordos, vêm influenciar negativamente as leis europeias de protecção do ambiente e do consumidor. Certamente que terá efeitos semelhantes à introdução do Euro e à abertura ao mercado chinês.

APT (Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento entre a EU e os USA) ou TTIP , é uma iniciativa para se estabelecer um poder comercial e económico correspondente à zona de poder da NATO a nível militar. Só que enquanto a acção da NATO é determinada pelos USA e rectificada pelos países membros (Parlamentos / Estados) o APT / TTIP quer subtrai-se ao poder e à jurisprudência dos parlamentos nacionais para ser determinada unicamente pelos poderes económicos e comerciais das multinacionais em colaboração com as cúpulas políticas da EU e dos EUA. A nova geração de acordos de comércio livre servirá os interesses das grandes corporações e correspondentes potências na concorrência com os novos centros político-económicos emergentes.

Ambos os acordos vão desautorizar os parlamentos e as legislações nacionais porque contêm cláusulas de proteção, das multinacionais investidoras, que, a serem aceites, permitirão às corporações processar os estados por perdas e danos em negócios, se houver decisões políticas (leis nacionais) que venham a danificar o valor dos investimentos ou suas expectativas de renda.

Daí a importância e necessidade de uma discussão pública intensiva na UE sobre este assunto, porque os acordos irão determinar o modo de vida das próximas gerações. Passarei a referir-me apenas ao APT / TTIP devido ao maior impacto das multinacionais dos EUA na UE.

O APT / TTIP pressuporia uma organização laboral sindical europeia

e não apenas nacional

As Multinacionais monopolistas preparam-se para subornar a democracia, esvaziar o Estado social, destruir as soberanias nacionais e defraudar o Ambiente.

As grandes multinacionais conseguem titularizar direitos que as ilibam de responsabilidades laborais na sua política empresarial perante a maioria dos países.

Portugal passa a não poder determinar a sua política laboral, dado fazer parte dos países do acordo. Atendendo à ocupação predileta da opinião pública portuguesa – a politiquice – Portugal terá de se deixar ir na enxurrada porque não lhe resta tempo para se ocupar e preparar para a realidade que move a UE e que determina o modo de estar de Portugal.

Para que a população europeia não se erga já e manifeste, as negociações do acordo dão-se propriamente em segredo, não a nível de Estados mas de lóbis políticas e económicas  das cúpulas da UE e dos USA.

É de admirar que os sindicatos se mantenham tão calmos atendendo ao que lhes espera! Os egoísmos nacionais aliados ao atraso das instituições do operariado levaram os sindicatos a perderem o comboio da História da UE, ao não se terem já organizado a nível supranacional na zona Euro. Com a UE está-se a destruir a soberania dos Estados nacionais em favor da soberania centrada em torno das diferentes lóbis da EU e com o Acordo APT está a tentar explorar-se os recursos da população mas não em benefício  da maioria. Onde se encontram os lóbis dos trabalhadores? Quem defende e como os seus interesses reais que a nova política exige? Dado a política encontrar-se sonâmbula em relação à economia, seria urgente um lóbi sindical a nível em Bruxelas. A hora em que nos encontramos é difícil para todos: cidadãos, organizações, estados e blocos de Estados porque o globalismo configura hoje os interesses em torno de blocos em concorrência brutal atendendo ao fanatismo do dinheiro. Isto exige de todos grande capacidade criativa que implica mudança.

As multinacionais pretendem ter mecanismos arbitrais próprios (tribunais do comércio com sede nas nações das multinacionais) de modo que, em caso de conflito, a mediação seja feita através das empresas sem se submeterem aos controles parlamentares nacionais. Assim multinacionais estrangeiras passam a adquirir um estatuto paraestatal.

Está-se perante a tentativa de uniformizar e fortalecer o capital e o poder militar centrado no ocidente a nível de potências EU e EUA. O poder económico configurado no APT / TTIP está interessado no uso dos instrumentos fiscais e no predomínio das multinacionais num conluio entre centrais de governos para que os Estados garantam a hegemonia das grandes empresas, sem leis sindicais ou laborais que as estorve. Este tratado está a ser negociado, quase em segredo, pelos poderes económicos, fora do âmbito público e do controlo democrático parlamentar em que os Estados menos fortes perdem voz activa política e influência económica pelo facto de não possuírem grandes multinacionais. Os estados e a política ficam de braços atados.

Se observarmos os acordos entre EUA-Canadá-México, os cereais americanos invadiram o México arruinando-lhe os agricultores. Temos também um precedente de um acordo semelhante entre o México e os EUA em que o México foi condenado a pagar às firmas de bebidas americanas a quantia de 90 milhões de euros por ter publicado uma lei reguladora das bebidas. Com esta lei, as firmas passaram a ter menos lucros que tiveram de ser compensados pelo estado mexicano. Na Guatemala deu-se coisas semelhantes com o preço da energia. Naturalmente a UE tem padrões de concorrência mais preparados para a competição.

Os países da EU terão de abdicar da qualidade em favor da internacionalização. A UE abdica de padrões elevados no direito ao trabalho em demandas trabalhistas, para facilitar a concorrência. Surgirá na UE uma base proletária mais igual a si mesma independentemente da riqueza do Estado em que se encontre. Dar-se-á uma emigração da classe média para uma classe baixa, mais alargada. Dado os standards sociais baixarem, haverá menos emigração de pobreza para os sistemas sociais dos Estados ricos.

O artigo continua em: APT / TTIP – Uma catástrofe para a cultura social da Europa

António da Cunha Duarte Justo

Jornalista

www.antonio-justo.eu

Os 2.325 Bilionários do Mundo

A Distribuição da Riqueza revela o Cinismo humano tácito

António Justo
A revista alemã, “manager magazine spezial” Oktober 2014, faz uma análise sobre os 500 alemães mais ricos em 2014 e apresenta estatísticas sobre a distribuição da riqueza mundial em 2014 (fonte: Wealth-X/UBS.), registando, sob o título “O Superiores”, os 2.325 bilionários do mundo. Por estes dados serem de grande importância para reflexão e orientação apresento-os detalhadamente.

Distribuição dos 2.325 bilionários pelo mundo:

Em primeiro lugar está a Europa com 775 bilionários com uma fortuna total de 2.375 bilhões de dólares (1), em 2° lugar os USA e Canada com 609 bilionários com um total de 2.371 bilhões de dólares, em 3° a Ásia com 560 bilionários com um total de 1410 bilhões de dólares, 4° Médio Oriente com 154 bilionários com um total de 413 bilhões de dólares, 5° América Latina com 153 bilionários com um total de 511 bilhões de dólares, 6° África com 40 bilionários com um total de 114 bilhões de dólares, 7° Oceania com 34 bilionários com um total de 97 bilhões de dólares.

Os 10 países do topo com mais bilionários:

1° USA têm 571 bilionários com um total de 2.266 bilhões de dólares; 2° China, 190 bilionários com um total de 440 bilhões de dólares; 3°Grã-Bretanha, 130 bilionários com 395 bilhões de dólares; 4°Alemana, 123 bilionários com 413 bilhões de dólares; 5° Rússia, 114 bilionários com 365 bilhões de dólares; 6° Índia, 100 bilionários com 175 bilhões de dólares; 7°Suíça, 86 bilionários com 200 bilhões de dólares; 8°Hong Kong, 82 bilionários com 343 bilhões de dólares; 9°Brasil, 61 bilionários com 182 bilhões de dólares; 10°Arábia Saudita, 57 bilionários com 166 bilhões de dólares.

Segundo a Revista americana Fobes, o Brasil tem 65 bilionários sendo o mais rico Jorge Paulo Lemann cuja fortuna atinge os 19,7 bilhões de Dólares.

Portugal tem três multimilionários: Américo Amorim, com cerca de 4.400 milhões de dólares, Alexandre Soares dos Santos com cerca de 2.500 milhões, e Belmiro de Azevedo com 1.000 milhões de dólares).

O homem mais rico do mundo é o mexicano Carlos Slim, com uma fortuna de cerca de 69.000

Distribuição da riqueza mundial por habitante:

0,7% da população mundial possui 41,0 % da riqueza mundial, o correspondente a mais de um milhão de dólares por pessoa; 7,7% da população mundial possui 42,3 % da riqueza mundial que vai de 100.000 até um milhão de dólares por habitante; segue-se 22,9 % da população mundial com 13,7 % da riqueza mundial correspondente a 10.000 até 100.000 dólares por habitante; segue-se, por fim, 68,7 % da população mundial com 3,0 % da riqueza mundial, o correspondente a menos de 10.000 dólares por habitante.

Na ordem da reprodução crescente da riqueza, desde 2008 até 2013, a China ocupa o 1° lugar, a América do Norte o 2°, a América Latina o 3°, a India o 4°, a Ásia/Pacífico o 5°, a África o 6° e a Europa o 7°lugar. O 7° lugar para a Europa não é bom, porque isso levará, muito do seu capital emigrar, para zonas onde este se reproduz mais rapidamente. Maus sinais para a assistência social e para os sindicatos.

António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu
(1) Um bilhão ou milhar de milhões de dólares corresponde a mil milhões

Islamistas europeus em Luta pelo “Estado Islâmico” afligem a Europa

Portugal tem 12 Jihadistas, do Brasil não se conhecem Estatísticas
Solução: Apoiar os Muçulmanos democráticos reformistas

António Justo
No Iraque e na Síria encontram-se cerca de 30.000 jihadistas (guerra santa) estrangeiros de 83 países, que se aproveitam da experiência aí feita para uma melhor organização de redes de grupos terroristas internacionais. Estes, quando regressam aos países de origem, fomentam o terrorismo, em nome da resistência islâmica.

Segundo estatísticas da revista alemã Cícero-11.2014, há na Síria e no Iraque 1.000 combatentes da França, 600 da Inglaterra, 550 da Alemanha, 300 da Bélgica, 250 da Austrália, 120 da Holanda, 100 da Dinamarca, 70 dos USA, 50 da Noruega, 60 da Áustria, 30 da Irlanda, 30 da Suécia, etc..

Na Síria já morreu um jihadista português em combate pela instauração do Estado Islâmico (EI). Portugal tem 12 guerrilheiros na guerra santa (jihad), dos quais dois são mulheres (muitas mulheres jihadistas oferecem o sexo para os guerreiros de Alá, talvez no sentido de anteciparem o paraíso dos homens!). Há também jihadistas brasileiros mas não são abrangidos por estatísticas; O Brasil tem redes de recrutamento e propaganda em meios salafistas (fluxo rigorista do Alcorão) e outros grupos islamistas ou talvez jihadistas como: (http://islam-maranhao.blogspot.com). Na Europa abundam as redes de organização, como: Sharia4Belgium ou “Profetens Ummah (Noruega) e na península ibérica especialmente o grupo Sharia45Spain que, além do mais, quer minar as Constituições dos 2 países ibéricos. O recrutamento preferido dos jihadistas processa-se através das suas estruturas logísticas da internet. Este atinge sobretudo a camada jovem atraída e radicalizada sobretudo por grupos em torno dos salafistas, da Sharia e outros.

A Europa está inquieta com os novos mujahedin internacionais. Já se conta, na Europa, com atentados de decapitação e outros. Afeganistão formou uma geração de bombistas nas décadas passadas e agora sucede-se-lhe o Estado Islâmico.

Muitos jihadistas ficam desiludidos, quando notam que na Síria os próprios sunitas se combatem uns aos outros. Por isso no regresso de terroristas islâmicos às nações deveria haver mais diferenciação no seu trato, porque os há que em contacto com a realidade se desiludiram, outros ficaram traumatizados e outros ainda mais radicalizados.

Muçulmanos e não muçulmanos têm medo de Islão

Assiste-se a uma radicalização religiosa e política principalmente da juventude que se encontra desempregada e num vácuo entre a família paterna e uma família a fundar; são pessoas perdidas que não sabem onde pertencem e encontram na ideologia islâmica um sinal a brilhar no seu caminho escuro; a mais fácil forma de sobressair é converter-se ao islão e colocar-se ao seu serviço. O salafismo apresenta um projeto contra a sociedade ocidental, que se serve da música Rapper para, no sentido jihadista lutar contra a corrente e contra o ocidente, como fazem Jihadi John e Deso Dogg, que figuram como estrelas pop. Por isso, os salafistas encontram-se na Alemanha sob observação do Estado! Em nome de uma revolução hegemónica, justificam-se os meios bárbaros e a intenção de chamar a atenção para a causa islâmica. Nas mesquitas prega-se normalmente em turco ou árabe sem preocupação por esclarecer e continua a defender-se a separação em relação aos não islâmicos, apelidados de incrédulos ou infiéis. Nas mesquitas entram à vontade moderados e extremistas.

O islão extremista vive de teorias de conspiração do ocidente, dos judeus e até dos xiitas, contra o Islão (Sunita), e fundamenta-se no Corão e nas Hadith; os imãs nas suas mesquitas, no dizer de gente inside, não se declaram criticamente em relação aos versos do Corão que apelam à violência, não falam do direito a determinar o próprio modo de vida (calam os casamentos forçados), calam a violência da sharia, silenciam o aspecto problemático do uso do lenço e do chador, ocultam a discriminação da mulher, etc. Chega-lhes a jihad, o esforço interior e contra o exterior.

O Flerte cínico cultivado entre Figurantes da Tolerância religiosa

Em muitos dos nossos colóquios universitários sobre o Islão e nas rondas públicas de tolerância ad hoc, os conferencistas falam de permuta de ideias acentuando o lado pacífico do Islão. Ao omitir-se os aspectos críticos, e ao não convidar-se muçulmanos críticos, como referentes, impede-se uma discussão séria, de olhos nos olhos. Peca-se assim por omissão e fomenta-se a intolerância do Islão institucional contra um islao que se quer modernizar e contra muçulmanos críticos que ao criticar versos agressivos do Corão e dos hadith (Hádices) de Maomé, são hostilizados pela generalidade, e chegam mesmo a colocar a própria vida em perigo dentro das suas fileiras islâmicas. A estes, que poderiam contribuir para a evolução do islão tira-se-lhes o tapete. Deste modo, intelectuais não islâmicos tornam-se cúmplices de um islão conservador e segregador porque reservam o mícron aos conformes ou oportunos.

Mulheres e homens islâmicos corajosos, porque críticos de irracionalidades islâmicas, precisam de um palco que permita a modernização do Islão. Quem dá a palavra a estes é verdadeiramente amigo do islão; quem dá guarida e projecção aos conservadores islâmicos e aos falantes suaves islâmicos serve, muitas vezes, a hipocrisia. O islão precisa de reforma e quem precisa de palco público, para motivarem outros irmãos, são os reformistas. O resto é show de mútuas vaidades brilhantes mas um mau serviço ao Islão, porque quer o status quo, não apoia a formação de um islão tolerante. Afirmo isto também devido à longa experiência de convivência e até apoio a grupos islâmicos da cidade.

Nenhuma Constituição de um país civilizado legitima o terrorismo, nenhum país civilizado aceita o facismo; o Corão e as Hádices fazem-no e tudo aceita isso como um dado religioso aceite e indiscutível pelo facto de trazer a etiqueta de religião. Não podemos legitimar o islão como arma aceitando também a premissa islâmica que uma mentira em favor do Islão é uma virtude! É preciso modernizar o Profeta Maomé, não o deixando preso num patriarcalismo avoengo do Antigo Testamento. A ignorância e o oportunismo engravatado perante o Islão contribui para que este não passe da sua idade média nem do referido patriarcalismo próprio de zonas pobres e nómadas.

A jornalista turca de Berlim, Güner Yasemin Balci afirma em Cícero: “Muçulmanos e não muçulmanos têm medo do Islão. O Islão é uma arma carregada, devemos finalmente descarregá-la”.

As causas da violência e do não desenvolvimento no islão vêm-lhe da falta da ausência de pensamento autocrítico e da presunção dos que não querem reformar o Islão para manterem uma atitude de desprezo perante as outras religiões.

Urge ajudar as forças reformistas dos muçulmanos e não manter o Islão institucional em banho-maria como se faz em muitas agremiações, conferências e confrarias.

A honradez é o tesouro mais profundo que cada pessoa tem a guardar, mas na consciência de que a honra que nos é devida se encontra no próximo a respeitar.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu