O MUNDO REORGANIZA-SE COM UM BRICS PLUS À MARGEM DO CONFLITO SISTÉMICO SOCIALISMO-CAPITALISMO

 

BRICS PLUS significa mais “Cooperação Sul-Sul” e “Desdolarização” do Comércio mundial

A guerra substituta a decorrer na Ucrânia e a guerra económica apressam o alinhamento do mundo em torno do grupo G7 e dos países emergentes no grupo BRICS PLUS. O conflito sistémico entre estados socialistas e estados capitalistas que se expressa na Ucrânia não impressionou as ações do G BRICS que viu o BRICS (5) aumentado para o BRIKS PLUS (11). Com o erguer-se do grupo BRIKS PLUS, o sonho globalista de um mundo monopolar sob a égide da NATO esvai-se no sentido de um mundo multipolar, de caracter mais pragmático e menos ideológico, facto este que obrigará as nações a novas estratégias de comércio internacional; a hegemonia ocidental será, porém, um osso duro de roer; o grupo surgente pode contribuir para se ir criando um mundo mais humano em termos de relações internacionais.

O “Brics plus”, em termos geopolíticos, é um sinal positivo que irá proporcionar uma reorganização da ordem mundial já fora do tradicional conflito sistémico socialismo-capitalismo. Nele se nota a marca mais própria do Sul (África negra + Ásia) que é organizar-se em termos utilitários pragmáticos e não tanto em termos de doutrina ou ideologia (valores) como é mais próprio da nossa região nórdica e da arábica.

Para nós, ocidentais, a nova situação político-económica revelar-se-á como desagradável porque teremos de abandonar a posição de determinar as nossas condições e padrões ao resto do globo. Com a afirmação do G Brics plus os parceiros internacionais serão levados mais a sério e ver-se-ão de cara a cara num mundo em que o que mais conta é o poder económico e militar. Espera-se que as relações internacionais sejam mais determinadas pelos interesses e encontros de povos do que pelos interesses ainda vigentes e trocados entre as elites dos diversos povos.

A15.ª Cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia; Índia, China e África do Sul) realizada em Joanesburgo de 22 a 24 de agosto expressou a aspiração dos países emergentes a tornarem-se num contrapeso do domínio unipolar americano e manifesta a vontade de emancipação num momento histórico, em que no jogo geopolítico em curso, passarão  a valer como trunfos não só os azes mas também as biscas, reis, valetes e damas, e em certo sentido também passa a contar um pouco a arraia miúda.

O BRICS Business Forum tenta ser a contrapartida do G7 que domina a economia mundial expressa no Dólar americano como moeda de transações. Manifesta-se a nível económico e político a vontade de uma geopolítica bipartida (bipolar) num primeiro estádio para um dia se chegara uma política multipolar que evite o globalismo unipolar. Neste sentido o G Brics por iniciativa da Rússia pretende a possibilidade de transações comerciais internacionais na moeda nacional de cada país, o que se revelará muito difícil atendendo à instabilidade das diferentes moedas! O presidente brasileiro Lula perguntava-se:” Por que é que o Brasil precisa de Dólares americanos para fazer comércio com a China… com a Argentina?”

O Ocidente que esperava manter alguns trunfos divisionistas no grupo, devido à concorrência de interesses da Índia-África do Sul dentro dos países do G BRIKS, viu-se desiludido ao constatar que de uma só vez o grupo se viu duplicado ao anunciar a adição de 6 novos membros ao grupo em 1º de janeiro de 2024. Os novos membros serão Arábia Saudita, Irão, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Egito e Etiópia. Os Emirados Árabes Unidos já faziam parte do banco dos BRICS. Como resultado, o grupo dos 11 ganha peso geopolítico e representa um forte contrapeso do grupo G7.  Porém o Banco  de Desenvolvimento do G Brics com sede em Xangai terá muita dificuldade em afirmar-se devido às moedas locais que não oferecem estabilidade;  a hegemonia ocidental ver-se-á obrigada a fazer aferimentos contratuais mas perdurará atendendo às suas redes estáveis nos seu sistema bancário, produção e redes de distribuição económica e de presença militar estratégica.

Segundo informações do Governo sul-africano, o G BRICS representa mais de 42% da população mundial, 30% do território do planeta e 18% do comércio global. Segundo o presidente brasileiro Lula da Silva, o grupo dos 11 produzirá até 37 % do produto interno bruto global (PIB) em paridade de poder de compra e representará 46 % da população mundial.

Dos 40 estados pretendentes a entrar no G Brics, 23 tinham manifestado firme interesse na adesão reconhecendo no G Brics o centro de poder do sul global.  Na lista encontram-se países como Indonésia, Turquia, Kuwait, Nigéria, Uruguai e Bangladesh.

 

A Rússia, a China e o Brasil empenhados na ampliação do grupo Brics conseguiram assim ver a sua iniciativa premiada no seu alargamento para o “Brics plus”. Quanto mais estados tiverem, mais poder terão para se afastarem do dólar, que consideram instrumento de lutas políticas pelo poder. Putin também apoia a entrada da Bielorrússia como membro do grupo.

A China afirmou que defendia a expansão do grupo Brics, no sentido de se estabelecer uma “ordem económica mundial mais justa”. A China quer passar para o centro da ordem mundial.

De destacar no fórum foi o facto da Índia aceitar o “Brics plus” porque o seu alargamento corresponde ao aumento da influência da China na região o que poderá tornar-se desfavorável para a Índia num espaço asiático onde China e Índia são concorrentes. A Índia estaria mais interessada na cooperação entre países em desenvolvimento e emergentes e em manter boas relações com os EUA e a Europa que recebem 30% das suas exportações.

A África do Sul queria ver no grupo Brics um jogo de caracter mais diplomático não considerando o G Brics como pró-rússia nem como antiocidental. Interessante foi o facto de a África do Sul ter apoiado o BRICS PLUS que considerava mais como “cooperação Sul-Sul”.

O Irão considera a sua inclusão no grupo Brics como uma “vitória estratégica para a política externa iraniana” e a Argentina vê nele uma “nova oportunidade”.

O Brasil defendeu sempre o “Brics plus” como contrapeso ao grupo G7. Lula criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI) por muitas vezes ajudar a “afundar países”. A Argentina deve US$ 44 bilhões ao FMI. Criar uma moeda comum independente de dólares, como o Brasil deseja, será difícil devido às diferentes economias dos membros do G Brics..

O Ocidente considera que os estados do Brics plus não têm orientações políticas, o que dificulta o seu agir futuro; como o conflito oeste-leste se está a transformar em conflito norte-sul, tudo justifica a necessidade da autoafirmação do G Brics plus. Com o G Brics plus, a comunidade ocidental passa a ter um sério concorrente. Por isso o Ocidente tenta não perder parceiros comerciais como o Brasil, a Índia e a África do Sul.

A fusão dos estados Brics, apesar das diferentes situações, ao centrar-se na defesa de interesses pragmáticos aumenta a esperança de que a via ideológica possa ser ultrapassada de modo a que o que é bom ou mau no capitalismo já não tenha de ser ditado pelo marxismo e por outro lado surja a possibilidade de o capitalismo receber um rosto mais humano.

O grupo das economias emergentes BRICS PLUS reunir-se-á em outubro de 2024, na cidade de Kazan, Rússia. Neste contexto será interessante observar o desenrolar da reunião do G 20 (um grupo de importantes países industriais e emergentes) na Índia, nos dias 9 e 10 de setembro. Sem sonho não há vida!

António CD Justo

Pegadas do tempo

 

 

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL – UM AVANÇO REVOLUCIONÁRIO DO NOSSO MUNDO

 

Que diz a Inteligência Artificial (IA) sobre si mesma e sobre seus Perigos e Chances?

 

As novas tecnologias estão a mudar substancialmente as posturas dos governos e a maneira de pensar e agir das populações. A Inteligência Artificial (CHATGPT entre outras) é uma mais valia e será sempre um instrumento importante, de apoio nas mãos de quem a usar. O cidadão terá de manter a supervisão sobre ela analisando-a, ordenando-a e corrigindo-a, pois, a Inteligência Artificial estabelece interações, mas não conhece nenhuma verdade nem relação humana; ela apenas processa informações não podendo avaliar sobre fontes confiáveis nem pesquisar. A inteligência artificial obrigará a sociedade civil e formadores de opinião a serem mais responsáveis porque com ela as nossas elites serão as que mais dela se aproveitarão e, na consequência, tentarão subordinar as populações a governos tecnocratas centralistas.

Não queremos um estado de vigilância como o que já é praticado na China. O capitalismo de vigilância está-se já tornando muito incómodo devido ao monitoramento do dinheiro pelos bancos em parceria com o Estado, e o mesmo se está dando com o espaço digital: A junção dos fatos sugere que está em via o controlo absoluto do indivíduo cuja liberdade será circunstanciada ao desenho de suas contas bancárias e digitais. Para que a monitorização se torne ainda mais eficiente, o dinheiro também será gradualmente eliminado. Cada vez se assiste mais à supervisão do cidadão através de bancos e de tecnologia digital em enquadramentos políticos formando-se uma troica adversa à democracia. O espírito de controlo é tal que as fronteiras entre ameaça e serviço estão desaparecendo do agir político. Por outro lado, quem observa o desenvolvimento dos Estados percebe que cada vez há mais problemas que ficam fora do alcance da sociedade.

No espaço público, a informação é tanta que se desautoriza a si mesma, valorizando sobretudo os seus canais de transmissão. Paulatinamente, é construído um sistema de mentira que serve os detentores do sistema e ao mesmo tempo encontra desculpa popular porque impercetível ou servidora de interesses momentâneos. Além disso, as elites do sistema contam com a cumplicidade dos sobrecarregados da sociedade que têm de se poupar ao fardo da autorreflexão, também devido a razões de luta pelo próprio sobreviver. Todo o mundo sabe que é desconfortável falar detalhadamente sobre como resolver problemas em público; por isso se formam cada vez mais núcleos pensantes (fábricas de pensamento) de recurso que funcionam como almofadas de proteção de responsabilização.

Para dar uma ideia mais aproximada sobre as questões da IA (Inteligência Artificial) apresento aqui a resposta da IA a duas perguntas que lhe fiz: 1.ª Quais serão as consequências da IA ​​para o futuro? 2.ª Não será que a IA contribui para uma manipulação do humano ao pretender fundamentar a sua informação só em dados na pretensão de não ter opiniões pessoais, sentimentos nem preconceitos? Não contribui para criar um humano tipo máquina? Resposta da IA relativa à primeira pergunta abrangendo vários âmbitos:

“As implicações da inteligência artificial (IA) para o futuro são diversas e complexas. É importante notar que as consequências reais dependerão fortemente do desenvolvimento e utilização da tecnologia de IA. Aqui estão algumas das possíveis consequências que a IA pode ter no futuro:

Impacto económico:

Mudanças no mercado de trabalho: a IA pode automatizar certas tarefas, o que pode levar a mudanças no mercado de trabalho. Alguns empregos poderiam ser automatizados, ao mesmo tempo que poderiam surgir novos empregos no domínio do desenvolvimento e manutenção da IA.  Crescimento económico: A IA tem potencial para aumentar a produtividade em muitas indústrias e estimular a inovação, o que pode levar ao crescimento económico.

Impacto social:

Ética e confiança: A IA levanta questões éticas, especialmente em torno da privacidade, discriminação e segurança. A confiança nos sistemas de IA é crucial para garantir a sua adoção generalizada.

Educação e adaptação ao local de trabalho: A difusão da IA ​​pode exigir a adaptação dos sistemas educativos para preparar as pessoas para novos campos de carreira. Os programas de reciclagem poderiam tornar-se mais importantes.

Exclusão digital: Existe o risco de que aqueles que não têm acesso à tecnologia de IA ou não possuem as competências necessárias sejam deixados para trás.

Implicações políticas:

Regulamentação: A regulamentação da IA ​​desempenhará um papel importante para garantir que ela seja usada de forma segura e ética. Isto poderia levar a tensões políticas, especialmente nas relações internacionais.

Segurança e Defesa: A IA pode ser utilizada em aplicações militares, colocando novos desafios para a segurança nacional e internacional.

Impacto ambiental:

Consumo de energia: alguns modelos de IA requerem grandes quantidades de poder de processamento, o que pode aumentar o consumo de energia. O desenvolvimento de tecnologias de IA energeticamente eficientes está, portanto, a tornar-se mais importante.

Assistência médica:

Diagnóstico e tratamento: A IA pode desempenhar um papel importante nos cuidados de saúde no diagnóstico e tratamento de doenças. Isso poderia melhorar a precisão e a eficiência.

Educação:

Aprendizagem personalizada: a IA pode permitir uma educação personalizada, onde o ensino é adaptado às necessidades exclusivas dos alunos.

Artes e Cultura:

IA criativa: a IA pode ser usada nas artes e na cultura para gerar ou aprimorar música, arte e literatura.

Esta lista não é de forma alguma exaustiva e as consequências reais dependerão de muitos factores, incluindo decisões políticas, desenvolvimentos tecnológicos e a própria sociedade. É importante ser proactivo na gestão destas mudanças e garantir que os benefícios da IA ​​sejam amplamente acessíveis e os riscos sejam minimizados.”

Quanto à resposta à segunda pergunta a IA revelou: “É uma preocupação válida. A inteligência artificial (IA) pode induzir em alguns riscos éticos e sociais, incluindo a manipulação do ser humano e a criação de um “tipo humano máquina”. Vou explicar alguns pontos relevantes para essa discussão: A IA ao ser alimentada por dados e estes serem

Viés nos dados: A IA é alimentada por dados, e se esses dados forem enviesados ou refletirem preconceitos humanos, a IA também pode reproduzir esses preconceitos. Isso pode levar a decisões discriminatórias e injustas em várias áreas, como recrutamento, sistema judicial e assistência médica.

Limitação de perspectivas: Ao tentar ser neutra e não ter opiniões pessoais, a IA pode não capturar completamente as nuances e complexidades do mundo. Isso pode levar a respostas simplistas ou falhas em considerar aspectos importantes que não podem ser quantificados em dados.

Manipulação da informação: A IA pode ser usada para manipular informações e criar narrativas persuasivas, o que levanta questões sobre o controle e o poder de quem controla essas tecnologias.

Dependência excessiva: À medida que a IA se torna mais integrada em várias esferas da vida humana, pode haver uma tendência a depender excessivamente dela para tomadas de decisões importantes, prejudicando a autonomia e o julgamento humano.

Perda de habilidades humanas: Se as pessoas se acostumarem a depender exclusivamente da IA para resolver problemas e tomar decisões, podem perder habilidades cruciais, como pensamento crítico, empatia e criatividade. Para enfrentar esses desafios, é essencial que a IA seja desenvolvida e utilizada de forma ética, transparente e responsável. É fundamental que os criadores e usuários da IA estejam cientes dos possíveis vieses nos dados e adotem medidas para mitigá-los. Além disso, é importante considerar a inclusão de uma diversidade de perspectivas humanas no desenvolvimento de sistemas de IA, para evitar a exclusão e a marginalização de grupos. Também é necessário desenvolver regulamentações e políticas adequadas para governar o uso da IA, bem como promover a educação e a literacia digital para que as pessoas possam entender as capacidades e limitações da tecnologia e fazer escolhas informadas.

Em última análise, a IA pode trazer benefícios significativos para a humanidade, mas é essencial abordar essas preocupações éticas para garantir que ela seja uma força positiva e não leve à criação de um “tipo humano máquina” que abdique de suas características e valores humanos essenciais.”

No meio de tudo isto trata-se de um instrumento válido, mas que exige do ser humano ainda melhores estratégias para continuar dignamente no mundo da procura da verdade e não se deixar manipular por meios tecnológicos nem por elites sociais que se apoderem deles.

Um mundo máquina não tem opiniões pessoais, sentimentos ou preconceitos (torna-se questionável ao apresentar o seu parecer como máquina inteligente dado este depender das informações que também a IA se serve o que contradiz a sua neutralidade e objetividade. Tal como as pessoas, a IA forma a sua informação com base no conhecimento fornecido anteriormente e quanto ao humano, a nível mental, não lhe ficará senão a procura permanente da verdade num processo feito de confiança e dúvida.

A tarefa será “humanizar” a IA de maneira a ela tornar-se numa assistente virtual nossa aliada.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

VIOLÊNCIA CONTRA CRISTÃOS NO PAQUISTÃO

 

Pelo menos 19 igrejas queimadas, 150 casas reduzidas a escombros, moradores desesperados e perplexidade nas comunidades cristãs é o que resta da violência contra comunidades cristãs no leste do Paquistão a 16 de agosto e isto é perpetrado por uma sociedade islâmica que ergue mesquitas por toda a Europa. Especialmente atingido foi o bairro cristão da cidade Faisalabad (Vídeo: https://www.facebook.com/ZDFheute/videos/826255899209558?locale=pl_PL ).

Na cidade Faisalabad, pregadores islâmicos radicais mobilizaram multidões de seguidores depois que dois jovens cristãos foram envolvidos numa discussão de mira islâmica com as habituais acusações comuns de blasfêmia que justificam retaliação popular.

Em pânico, os moradores abandonaram as suas casas e refugiaram-se em campos onde pernoitaram. No Paquistão vivem 240 milhões de habitantes, dos quais 96% são muçulmanos. Nos países muçulmanos, o povo funciona como guardião eficiente do Islão e as mesquitas, no dizer de políticos muçulmanos, como pontos avançados do islão.

Segundo a ADF Internacional, no norte da Nigéria, onde a blasfémia também é punível com a morte, um jovem muçulmano sufi chamado Yahaya Sharif-Aminu foi condenado à morte por enviar mensagens de WhatsApp que foram consideradas “blasfemas”.

As leis sobre a blasfémia ameaçam as vidas das minorias religiosas em todo o mundo.

Hoje 22 de agosto é o Dia Internacional das Nações Unidas em Memória das Vítimas de Atos de Violência Baseados na Religião ou Crença.

Os cristãos são hoje o grupo religioso mais vítima de perseguição mundialmente..

António CD Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=8725

 

António CD Justo

Pegadas do Tempo

ARMAMENTO MILITAR MUNDIAL EM 2022

Estranho não haver um Orçamento para a Paz igual ao Orçamento militar

Países com os maiores gastos militares do mundo em 2022 mencionados pelas estatísticas:  USA 877 bilhões de US-Dólares, China 292 bilhões de US-dólares, Rússia 86,4 bilhões de US- dólares, Índia 81,4 bilhões de US-dólares, Arábia Saudita 75 bilhões de US-dólares, Reino Unido 68,5 bilhões de US-dólares, Alemanha 55,8 bilhões de US-dólares e outros em (1).

Os gastos militares globais em 2022 totalizaram cerca de 2,2 triliões de US-dólares, correspondendo os gastos dos EUA a cerca de 39%.

Força das tropas militares das forças armadas da OTAN por país 2023:

Estados Unidos 1.346.400, Turquia 461.500, França 207.300, Alemanha 192.200, Itália 173.900, Grã-Bretanha 156.200, Polónia 124.000, Espanha 117.600, Grécia 111.700, Roménia 81.300, Canadá 76.700, Holanda 42.200, Finlândia 31.000, Portugal 23.000 e outros em (2).

O grande negócio com as armas pode ser visto no seu barómetro que são as ações.  A Guerra pôs a ações de defesa em alta: No grupo de armamentos de Düsseldorf e do fornecedor Rheinmetall o preço de uma ação subiu de EUR 96 em 28 de fevereiro de 2022 para EUR 263 em 10 de abril de 2023 (3).

Se houvesse tanto empenho económico para a construção da paz como há para os que fazem o seu negócio vivendo de conflitos, este mundo seria um paraíso (4). É estranho não haver entre os ministérios governamentais um ministério para a paz tal como há os ministérios da guerra. A especificidade da política é a defesa de interesses!

Matar pessoas ou treinar outras pessoas para matar outras – sob o pretexto de preservar a liberdade – não é um jogo ou um ato patriótico, mas uma recaída na barbárie.

O que nos falta é uma cultura do compromisso e da paz!

António CD Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://de.statista.com/statistik/daten/studie/157935/umfrage/laender-mit-den-hoechsten-militaerausgaben/

(2) https://de.statista.com/statistik/daten/studie/36914/umfrage/streitkraefte-der-nato/

(3) https://www.dasinvestment.com/verteidigungs-etf-ist-ruestung-ein-gutes-investment/

(4) O negócio na Ucrânia já é antigo porque esta é um paraíso para oligarcas. Os Estados Unidos forneceram “ajuda ao desenvolvimento” para a Ucrânia já na década de 1990, com uma média de quase US$ 200 milhões por ano. Desde a guerra na Ucrânia na sequência da revolução de Maidan em 2014, a ajuda ao desenvolvimento dos EUA aumentou acentuadamente, para uma média de US$ 320 milhões por ano. https://www.tagesschau.de/faktenfinder/ukraine-hilfsgelder-trump-faktencheck-101.html Juntamente com outras nações ocidentais, os treinadores militares dos EUA treinaram soldados ucranianos. Muito antes do Maidan, havia exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e a Ucrânia. A manobra naval “Sea Breeze” é realizada regularmente desde 1997, os exercícios terrestres “Rapid Trident” desde 2011. Em 2018, foi adicionado o exercício da força aérea “Clear Sky”. Em junho de 2017, o parlamento ucraniano aprovou uma lei que tornava a adesão à OTAN um objetivo estratégico da política externa e de segurança. Desde fevereiro de 2019, o objetivo estratégico da adesão à OTAN e à UE está na constituição ucraniana. O povo ucraniano continua indeciso se o país se deve tornar membro da OTAN ou não. Em pesquisas recentes, pouco mais de 50% dos ucranianos entrevistados são a favor da adesão à OTAN. No entanto, as pesquisas não se aplicam às partes do país no leste afetadas pela guerra ou à Crimeia. Nessas áreas, as pessoas são tradicionalmente mais críticas à OTAN.

DE LISBOA O SORRISO DA JUVENTUDE BRILHOU PARA O MUNDO

Portugal está de parabéns e agradecido ao Papa e à juventude (JMJ) por evento tão significativo e marcante.

No domingo (06.08.2023) participaram na liturgia da despedida da JMJ 1,5 milhão de pessoas e concelebraram com o Pontífice 700 bispos e 10.000 sacerdotes.  Nunca houve em Portugal um evento com tanta gente (1).

Como mostrou a JMJ (Jornada Mundial da Juventude) a Igreja Católica entusiasma a juventude. E o Santo Padre apelou à juventude presente dizendo “não tenham medo”, porque os sonhos e desejos de um futuro melhor, elevam o mundo com sociedades cheias de problemas que precisam da ajuda da juventude.Quero dizer-vos: continuai assim, continuai a cavalgar as” ondas da caridade”, sede ‘surfistas do amor'”.

Portugal deve à JMJ a graça de tão grande evento testemunho de presença da fé que transporta montanhas, a presença invisível do espírito que move os corações na alegria de ser cristão. Um apelo a Portugal a tornar-se mais jovem (Portugal com 2,5 milhões de idosos, segundo a R. Renascença tem 184 pessoas com mais de 65 anos por cada 100 jovens). A juventude e o Santo Padre deixaram um sorriso alegre espalhado por todo o Portugal; apesar das vozes críticas, provocadoras e negativas, a fé entusiástica da população juvenil mundial e de todos mostrou que a positividade vence e que a juventude portuguesa se encontrava irmanada com a juventude do mundo.

O Presidente Marcelo congratulou-se dizendo: um “grande sucesso para Portugal cá dentro e lá fora”

O cardeal-Patriarca de Lisboa agradeceu também a “generosidade” dos 25 mil voluntários (dois terços do sexo feminino e vindos de mais de 150 países) que fizeram com “que tudo acontecesse da melhor forma” e com os “melhores resultados”.

O Santo Padre despediu-se: “No meu regresso a Roma, no final da minha viagem apostólica, quero, uma vez mais, expressar a minha profunda gratidão a sua excelência [Presidente da República] e ao povo de Portugal, pela receção calorosa e hospitalidade que recebi durante a minha visita” e invocou cordialmente “sobre a nação as bênçãos de Deus, da fraternidade, da alegria e da paz”. “Peço que rezem por mim”.

O primeiro ministro, António Costa constatou: “Acho que temos boas razões para estarmos todos satisfeitos e orgulhosos porque, mais numa vez, o país mostrou que, polémicas à parte, somos capazes… as polémicas, mais uma vez, foram absurdas… Como foram absurdas há 25 anos as polémicas sobre a Expo, como foram absurdas as polémicas sobre o Euro2004… como se viu, o país tem capacidade para organizar e organizar bem, e colher os frutos daqui que semeia, e esses frutos muitas vezes não são frutos imediatos, são frutos que vêm mais tarde”.

É digno de registo que S. Tomé e Príncipe teve um grande número de participantes na JMJ. Na TV, uma Jovem disse que para nós a despesa foi enorme pois cerca de 2000 € para a viagem e estadia em Lisboa significa um grande esforço. Quando soube que ia ser em Portugal, animei-me e comecei a poupar dinheiro e os meus parentes e amigos! Assim juntei o necessário!

O Papa anunciou que a próxima JMJ 2027 será em Seul e o Jubileu dos Jovens 2025 em Roma. Na Coreia do Sul (onde apenas 10% são católicos) a despesa será muito maior. A esperança dá forças para começar já a poupar até lá! A Coreia é o 10° país donde vêm mais peregrinos a Fátima! A missionação desse país foi feita inicialmente pelos Portugueses.

EM 1995, a JMJ tinha-se realizado nas Filipinas (2).

Junto aqui o Discurso do Papa no Parque Eduardo VII:

“Queridos jovens, boa tarde! Sede bem-vindos e obrigado por estardes aqui. Fico feliz por vos ver e também por escutar o simpático barulho que fazeis, contagiando-me com a vossa alegria. É bom estarmos juntos em Lisboa: para aqui fostes chamados por mim, pelo Patriarca, a quem agradeço as suas palavras, pelos vossos Bispos, sacerdotes, catequistas e animadores. Agradeçamos-lhes por isso com uma grande salva de palmas!

Mas foi sobretudo Jesus quem vos chamou: agradeçamos-Lhe! Amigos, não estais aqui por acaso. O Senhor chamou-vos, não só nestes dias, mas desde o início dos vossos dias. Sim, Ele chamou-vos pelo nome. Chamados pelo nome: tentai imaginar estas três palavras escritas em letras grandes e, em seguida, pensai que estão escritas dentro de vós, nos vossos corações, como que formando o título da vossa vida, o sentido do que sois: tu és chamado pelo nome, tu és chamada pelo nome, eu sou chamado pelo nome.

Ao princípio da teia da vida, ainda antes dos talentos que possuímos, das sombras e feridas que carregamos dentro de nós, recebemos um chamamento. Chamados, porque amados.

Aos olhos de Deus somos filhos preciosos, que Ele cada dia chama para abraçar e encorajar; para fazer de cada um de nós uma obra-prima única e original, cuja beleza mal conseguimos vislumbrar. Nesta Jornada Mundial da Juventude, ajudemo-nos a reconhecer esta realidade essencial: sejam estes dias ecos vibrantes da chamada amorosa de Deus, porque somos preciosos a seus olhos, apesar do que às vezes os nossos olhos veem, enevoados pela negatividade e ofuscados por tantas distrações.

Sejam dias em que o teu nome, através de irmãos e irmãs de muitas línguas e nações que o pronunciam com amizade, ressoe como uma notícia única na história, porque único é o pulsar do coração de Deus por ti. Sejam dias para fixar no coração que somos amados tal como somos. Este é o ponto de partida da JMJ, mas sobretudo da vida.

Chamados pelo nome: não é um simples modo de dizer, é Palavra de Deus (cf. Is 43, 1; 2 Tm 1, 9). Amigo, amiga, se Deus te chama pelo nome significa que, para Ele, não és um número, mas um rosto.

Quero fazer-te notar uma coisa: muitos, hoje, sabem o teu nome, mas não te chamam pelo nome. Com efeito, o teu nome é conhecido, aparece nas redes sociais, é processado por algoritmos que lhe associam gostos e preferências. Mas tudo isso não interpela a tua singularidade, mas a tua utilidade para pesquisas de mercado.

Quantos lobos se escondem por trás de sorrisos de falsa bondade, dizendo que conhecem quem és, mas sem te querer bem, insinuando que creem em ti e prometendo que serás alguém, para depois te deixarem sozinho, quando já não lhes fores útil. São as ilusões do mundo virtual e devemos estar atentos para não nos deixarmos enganar, porque muitas realidades que nos atraem e prometem felicidade mostram-se depois pelo que são: coisas vãs, supérfluas, substitutos que deixam o vazio interior.

Jesus, não! Ele tem confiança em ti, para Ele tu contas. E assim nós, sua Igreja, somos a comunidade dos chamados: não dos melhores – não, absolutamente não -, mas dos convocados, de quantos acolhem, juntamente com outros, o dom de ser chamados. Somos a comunidade dos irmãos e irmãs de Jesus, filhos e filhas do mesmo Pai.

Nas cartas que me enviastes (são SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ 5/2 lindas, obrigado!), dissestes: «Assusta-me porque sei que há pessoas que não me aceitam e que acham que não há um lugar para mim (…), eu própria chego a questionar-me se há um lugar para mim ou não». E ainda: «sinto que na minha paróquia não há espaço para errar».

“ Só devemos olhar alguém de cima para baixo quando estivermos ajudar a levantar-se….”
Papa Francisco.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

(1) O Evento realizou-se de 2 a 6 de agosto e na Vigília e Missa de Envio (dia 6) teve a presença de 1,5 milhão de üparticipantes, segundo as autoridades de Lisboa.

“Maria levantou-se e foi depressa” (Lc 1,39) é a citação bíblica escolhida pelo Papa Francisco como lema da Jornada Mundial da Juventude que será realizada pela primeira vez na capital, Lisboa, Portugal.

O logótipo da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, tem a Cruz como elemento central. Esta é atravessada por um caminho onde surge o Espírito Santo.

“A próxima JMJ terá lugar na Ásia em 2027, será na Coreia do Sul, em Seul.

A participação dos peregrinos na JMJ é gratuita, o que significa que cada pessoa pode participar livremente nos eventos centrais (Missa de Abertura, Acolhimento, Via Sacra, Vigília e Missa de Envio).

Programa: https://www.lisboa2023.org/pt/programa-oficial-da-visita-do-papa

(2) O recorde absoluto pertence à capital das Filipinas, Manila, onde, em 1995, cerca de cinco milhões de pessoas se juntaram, no Parque Luneta, para a missa de encerramento da JMJ desse mesmo ano, presidida pelo Papa João Paulo II.