União entre Portugal e Espanha! – De Couto para Província?

União entre Portugal e Espanha! – De Couto para Província?
2006-10-18

Num País de Sonhadores há sempre um D. Sebastião
A revista espanhola El Tiempo apresentava ontem, 17.10.06, os resultados duma sondagem feita algures em Espanha em que 45,6 % dos espanhóis se manifestam pela fusão de Portugal e Espanha. Destes, 43,4% defende que o novo país se chame Espanha enquanto que 39,4 % opta pelo nome Ibéria. A maioria 80 % quer a capital fique em Madrid e 3,3% favorecem Lisboa. Metade dos inquiridos quer o regime monárquico espanhol, 30,2 % é favorável a uma República.
O mais grave é que, aquando da visita de Cavaco Silva a Espanha, uma sondagem certamente não representativa do semanário português Sol referia que 28 % dos portugueses são pela integração de Portugal e Espanha num único Estado.
Estes são inquéritos sem credebilidade mas que podem revelar os estados de alma dos dois lados da fronteira.
Para a Espanha seria esta uma maneira fácil de resolver os seus problemas políticos internos ainda não arrumados duma nação multinacional politicamente ainda não estabilizada. Esta poderia ser uma estratégia indirecta de resolverem os problemas da sua casa numa de mais valia.
Olivença já lá está não tendo problemas com ela. O contrário de dá com Catalães, Bascos e Galegos .
Para Portugal continua a restar-lhe o sonho. Num país de sonhadores há sempre o recurso a um D. Sebastião que resolve aquilo que deveria ser resolvido por eles.
As reportagens do Tempo e do Sol são de questionar-se. Não serão estas sondagens artimanhas de nacionalistas ou de progressistas? …. De patriotas certamente que não.
Para os nominalistas portugueses não haveria problemas porque viriam na Espanha o D. Sebastião e ficariam de espírito agradecido ao naco de pão numa atitude semelhante ao cão fiel não à raça mas a quem lhe dá o pão. Esta atitude parece-me mais de progressistas. De resto, um ataque ao sentimento nacional. Os que favorecem a opção pela eventual união entre os dois países vizinhos fundamentam-no com os benefícios económicos. Sujeitar-se-iam a ser espanhóis porque lá se ganha mais e se paga menos pelos serviços e pela energia. Esta posição é própria daqueles que se comportam como a avestruz que quando vê o perigo enterra a cabeça na areia na esperança de que o problema passe. Só que a receita para tais seria sonhar menos e trabalhar mais. Só conta o Mamon.
Por outro lado a Espanha não aguentaria tanto sonho nem com um povo em que cada um e cada qual é um governo! A guerra da nova Aljubarrota que Espanha trava é a económica e os seus generais já se encontram posicionados por todo o Portugal (o que não condeno porque também criam riqueza). Naturalmente que também levantarão o tributo da antiga afronta e o enviarão em desagravo para Espanha.
Este é o problema dos pequenos. O que não têm nos músculos terão que o ter no cérebro, na organização e na disciplina… Uma desilusão não se resolve com uma nova ilusão nem só com greves. O que Portugal tem é de valorizar a sua maça cinzenta que é muito boa e aplicá-la. Então, a exemplo duma Irlanda, duma Suiça poderemos de novo dar mundos ao mundo, podendo estar mais satisfeitos connosco e suportar melhor a leviandade das nossas elites sem termos de as lançar ao Tejo para nos subjugar a Madrid. Primeiro teremos que unir Portugal, unir o povo acabando com os senhorios, temos que unir o interior e o litoral, a cidade e a aldeia. Para isso é necessário dividir Portugal em duas ou três regiões naturais, temos de reduzir os deputados para metade e tornar as administrações distritais e camarárias mais eficientes e organizadas em planos supra-distritais.
Porque tropeçar na Espanha se já estamos nos braços da Europa. A maior parte da soberania já a demos à União Europeia. Ou já não chegam as comendas?
De tudo isto uma coisa é certa, as nossas escolas têm que ensinar mais história de Portugal onde se aprenda a ser português. Ou já estão esquecidos da batalha de S. Mamede e da vontade popular, sempre repetida contra os tais das comendas, frente às varandas reais?

António Justo

Publicado em Comunidades:

http://web.archive.org/web/20080430103626/http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&mmes=10&anon=2006

António da Cunha Duarte Justo


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Iberismo – – – 2006-12-10
A CAMINHO DE UM NOVO IBERISMO
Compreende-se o temor do Sr. Ignacio Sanchez Amor, vice-presidente da Extremadura, em artigo publicado no Expresso de 30 de Abril de 2005, sobre correntes de opinião que advogam um iberismo plurinacional, tendo em conta o espaço peninsular como um todo, logo, com a participação activa de Portugal neste projecto dando apoio político aos nacionalismos espanhóis e propondo a Madrid “que aceite desenhar com Portugal uma nova Península”, o que tornaria “Portugal menos ameaçado na sua identidade”.
Neste contexto, a força negocial de acordos transfronteiriços da Extremadura com Portugal diminuiria, por não ter por trás o arrojo de Madrid, e os transvazes dos rios do norte peninsular para esta sequiosa região, de que o Sr. ISA é Vice-presidente, seriam certamente mais problemáticos.
Propõe o Sr. ISA que a relação de Portugal com a Espanha deve basear-se na transparência e na lealdade, ou seja, na subserviência.
Mas a lealdade e a transparência nunca foram o apanágio de Madrid para com Portugal. Basta observar a construção de centrais nucleares e do cemitério nuclear junto à fronteira; a constante imposição a ministros lusos indigentes de desenhar a geografia dos rios peninsulares internacionais como se fossem apenas espanhóis e tivessem a sua foz na área raiana; a dificuldade dos empresários portugueses em território espanhol; o persistente assédio a empresas estratégicas lusas por parte das congéneres espanholas com o esquisito beneplácito de gestores altamente bem pagos pelo erário público português (veja-se o caso recente da PT e Telefónica, e, no passado, o grupo Champalimaud adquirido por um banco espanhol, o que levou o primeiro ministro de então a gritar publicamente que Portugal não era a república das bananas ); o traçado do TGV, em que Madrid se senta à mesa das conversações só para dizer aquilo que Lisboa tem que fazer; as ameaças de OPAs hostis e até, pasme-se, a diferença de critérios da imprensa oficial espanhola, tida como imprensa de bom jornalismo, na abordagem de Olivença e Gibraltar! Quem não se lembra dos comentários dessa imprensa acerca do relatório da CIA sobre disputas territoriais em que era incluído o território de Olivença?
Adivinha-se que para o “ADN” da política interna espanhola não interessa um Portugal forte e próspero, pois seria um exemplo encorajador e moralizador para os nacionalismos espanhóis.
Compreendemos assim o velado boicote às iniciativas portuguesas e o esquecimento ostensivo e parolo de Portugal nos media espanhóis.
Parece, por vezes, que as teses dos historiadores oficiais de Franco, que viam a independência de Portugal como uma aberração geográfica e histórica, predominam numa Espanha democrática, que nutre pelo servilismo de Lisboa uma arrogância e um complexo provinciano, de certo modo, compensatórios do complexo de inferioridade que sente além Pirinéus, quando se compara com a França, a Alemanha, a Itália e a Inglaterra.
Neste panorama, Portugal nada tem a perder se se redescobrir num novo mapa da Península Ibérica em consonância com os nacionalismos espanhóis, exigindo deste território de contrastes a força política a que tem direito. O surgimento de novas nações na Península porá termo a uma relação histórica e cronicamente doente entre Lisboa e Madrid.
É um facto que “Portugal não deve aproveitar-se das tensões territoriais de Espanha e da sua consequente fraqueza política”, mas também é verdade que a política portuguesa não deve agir como se elas não existissem.
Esta maneira de pensar não tem nada de “incendiário”,pois criará as condições para o apaziguamento e união politicamente equilibrada de toda a Península Ibérica, o que iria ao encontro da já consistente integração económica.
É tempo de meditar e materializar sem complexos uma Península Ibérica unida por nações soberanas, e bilingue (castelhano e português ). A identidade de Portugal sairá reforçada por algum protagonismo no equilíbrio e consensualização de todas as forças políticas que tais movimentos geram.
A península Ibérica tornar-se-ia numa grande potência económica, cultural e política, e as duas línguas internacionais ibéricas teriam a importância que lhes cabe.
Era o abraço e a materialização do sonho histórico de muitos peninsulares e, sobretudo, daqueles que se revêem, embora noutros moldes, no impulso de ver a Península Ibérica como um todo.
Francisco de Miranda
Portugalclub

“cada macaco no seu galho” – – – 2006-11-15
Sem recorrer ao significado mais comum do dito que assinalo como título e sem ler com mais atenção a sua douta apreciação sobre a estafada “União Ibérica”, assino e louvo quase sem restrições todo o seu douto parecer. Ainda ontem perguntei a alguém que me acompanhava se ela fazia ideia de quantos dos nossos compatriotas se sacrificaram até à morte para que pudéssemos viver com alguma independência? Os portugueses são ibéricos, mas não castelhanos! De facto, temos sido mal governados, mas não é isso que nos permitirá entregar a gestão da “nossa casa” aos outros.
Este é o meu grande desabafo!

Pedro da Silva Germano
Um olhar sobre a Hespanha – – – 2006-11-03
O post está lúcido e os comentários são interessantes.
Junto-me à confraria com esta reflexãozinha: no meu caso, gosto da Espanha porque – agora sem curar de razões de ordem histórica – é um país belo e variado: tem florestas e desertos, lagos e mares e rincões encantadores. O povo é inteligente e comparticipativo e possui uma altivez que me agrada. (Não falo nos casos de arrogancia ou prosápia pontuais, que são detestáveis em qualquer pessoa ou nacionalidade). Dão-me a ideia de encarar as coisas a sério, enquanto em Portugal se tem a sensação de um artificialismo sem fibra. Têm pinta de libertários e amam, tanto quanto me apercebo, a arte viva e a vida vivida com arte. Por isso são duros na guerra, mas sabem saborear a paz. As mulheres são directas, não fingidas como em Portugal. Assumem a sua condição de seres sexuados e não são lambisgóias nem andam a esconder a sensualidade, como as hipócritas e beatas lusitanas costumam fazer. Os homens têm caballerosidad. Em geral não são provincianos nem mesquinhos, que é o pior que têm os portugueses.
Sabem respeitar o talento e a criatividade e apreciam os outros povos, talvez porque andaram, autonomamente mesmo quando eram empresas e aventuras de Estado, por todo o mundo e sabem inclusivamente arrepender-se de crimes que perpetraram nos tempos das “descobertas”.
E trabalham, sabendo que isso é duro mas…são ossos do ofício. Não são lamechas, quando se sentem prejudicados lutam. Os portugueses barafustam, mas calam-se prudentemente se lhe pedem que dêem testemunho.(Mas talvez que eu esteja a olhar em demasia para a pequena burguesia lusa, é nela se calhar que assenta estas reservas que faço. Porque o povinho, pelo que tenho visto, com toda a sua falta de letras eventual ainda é o que de melhorzinho por cá há).
O ideal seria que a União Ibérica prosperasse, mas sem nos obstaculizarem, sem nos obstaculizarmos – antes possibilitando que nós varrêssemos os muitos vícios que em nós vivem. E eles os seus, como por exemplo caírem na pecha de andar a cindir a Espanha em multi-regiões ou multi-nacionalidades (não comunidades autónomas, mas mini-países), sem verificarem que estão a fazer os sonhos dos nostálgicos autoritários do pacto de Varsóvia: dividir para reinar.

Saudações cordiais do ns

nicolau saião
Portugal – Espanha – – – 2006-11-02
PLANO SECRETO PARA VIABILIZAR O ESTADO PORTUGUÊS

Passo 1:
Trocamos a Madeira pela Galiza.
Têm que levar o Alberto João!

Passo 2:
Os galegos são boa onda, não dão chatices e ainda ficamos com o dinheiro gerado pela Zara (é só a 3ª maior empresa de vestuário).
A indústria têxtil portuguesa é revitalizada.
Espanha fica encurralada pelos bascos e Alberto João.

Passo 3:
Desesperados, os espanhóis tentam devolver a Madeira (e Alberto João).
A malta não aceita.

Passo 4:
Oferecem também o País Basco.
A malta mantém-se firme e não aceita.

Passo 5:
A Catalunha aproveita a confusão para pedir a independência.
Cada vez mais desesperados, os espanhóis oferecem-nos a Madeira, País Basco e Catalunha.
A contrapartida é termos que ficar com o Alberto João e os etarras.
A malta arma-se em difícil, mas aceita.

Passo 6:
Dá-se a independência ao País Basco.
A contrapartida é eles ficarem com o Alberto João.
A malta da ETA pensa que pode bem com ele e aceita sem hesitar.
Sem o Alberto João a Madeira torna-se um paraíso.
A Catalunha não causa problemas.

Passo 7:
Afinal, a ETA não aguenta com o Alberto João, que, entretanto, assume o poder. O País Basco pede para se tornar território português.
A malta aceita, apesar de estar lá o Alberto João (não há problema – ver passo seguinte).

Passo 8:
No País Basco não há Carnaval.
Alberto João emigra para o Brasil…

Passo 9:
Governo brasileiro pede para Brasil voltar a ser território português.
A malta aceita e manda o Alberto João para a Madeira.

Passo 10:
Com os jogadores brasileiros mais os portugueses (e apesar do Alberto João), Portugal torna-se campeão do mundo de futebol!
Alberto João, enfraquecido pelos festejos do Carnaval na Madeira e no Brasil, não aguenta a emoção e sucumbe.

Passo 11:
Todos vivem felizes para sempre.

SER PORTUGUÊS – – – 2006-10-22
Não pretendendo nem ser xenófobo, nem nacionalista, mas antes ser um verdadeiro patriota, quero aqui dizer que prefiro ser mil vezes Português, embora sejamos um quanto ao quanto preguiçosos, embora tenhamos muitos defeitos, embora sejamos sonhadores, que gostam de sonhar com o D.Sebastião ( como Sebastião da Gama escrevia: “ pelo sonho é que nós vamos…” ) do que ser um espanhol, que é coisa que ao fim e ao cabo não existe.
E, embora me encontre fora do país, meu Portugal, há uma coisa que procuro sempre ensinar ao meu filho, nascido e criado aqui na Alemanha, que nunca tenha vergonha de ser Português, porque se é verdade que os Alemães, e os Ingleses e os Espanhóis nos são economicamente superiores, nós, Portugueses possuímos uma coisa que poucos povos possuem: sentimentos, mas sentimentos profundos…
Se Portugal ainda existe como nação, a mais antiga da Europa com fronteiras fixas, é porque os portugueses sempre sentiram profundamente no plexo das suas almas o que é ser Português. – ser Português é ser-se talvez pobre, mas ser português é também ter uma alma grande, uma alma nobre e é também estar-se espalhado pelo mundo mas, apesar dos nuitos erros e das muitas decepções políticas, saber-se que lá na periferia da Europa existe uma terra pronta para nos acolher, chamada Portugal, uma terra que tem uma língua rica, como poucas, uma terra que fala uma língua que é a nossa.
E penso que se um dia Portugal viesse a ser absorvido pela Espanha, coisa quase impossível, estou certo que os Portugueses se iriam umir e, tal como aconteceu durante os 60 anos de reinado de Filipe IV ( III Portugal ), iriam lutar até conseguirem de novo a sua Restauração.
Talvez nos nos encontremos hoje numa grave crise de identidade, mas eu estou certo que se os Espanhóis nos quisessem anexar, o mito sebastianista, ao fim e ao cabo cordão umbilical da nossa identidade, iria acordar em todos nós aquele ígneo sentimento, nos dias de hoje, um tanto ou quanto anestesiado, do que é ser Português….

Luís Costa
União entre Portugal – – – 2006-10-22
Penedo da Paciencia
As sondagens apresentados nao significam muito pois o facto de haver 45% de espanhoiis e 28% de portugueses que gostaria da fusao dos dois paises, tal nao traria proveito nenhum para a Espanha e como tal nao tera lugar, nunca, especialmente agora que os dois paises estao na UE. Que ha muitos portuguese com vergonha de o ser, isso ha. Tambem ha muitos que pensam que se Portugal fosse “absorvido” por outro pais (neste caso a Espanha) seria a solucao para aquilo que parece ser incapacidade dos portuguesae em andar para a frente. E tudo uma grande falta de auto-estima e confianca que estao ligadas ao sistema de educao e instrucao vigentes desde o 25 de Abril. E preciso nao olhar ao investimento e possivel influencia espanhola em Portugal como um perigo. Nao e, antes pelo contrario. Trazem capital necessario,inovacao e diversificam a nossa economia. Nao sejamos nem xenofobos nem isolacionistas ! A se-lo nao nos levara a lado nenhum num Mundo cada vez mais globalista. A Espanha na verdade nao e um pais unido. Pois ate sabemos que a Catalunha, a Galiza e os Bascos tem ja ou lutam ferozmente pela sua propria autonomia ! Porqe haveria de ser Portugal a unica regiao na Iberia a desejar tanto ser absorvida Aquilo a que nos referimos quando falamos de Espanha e na verdade Castela. As outras regioes na Iberia querem o investimento economico “espanhol” , mas preferem a autonomia e menos influencia castelhana nos seus assuntos. Eu creio que os castelhanos nao tem interesse nenhum em ter Portugal pendurado neles e a viver a conta deles, pois Portugal trabalha pouco e exige muito em termos de beneficios. E os Portuguese nunca deixariam de ser cidadaos de segunda. Os portugueses podem estar confusos e nao saber o que querem ou o que sao. Mas garanto-vos que os castelhanos sabem bem o que querem e o que nao querem…e o que sao! Eles nao precisam de Portugal para nada. Na verdade podem ter todos os beneficios economuicos sem ter de arcar com as despesas. So se fossem idiotas iriam movimentar-se para “absorver’ um pais de Funcionarios Publicos. Nao ha que ter receio. Se aguentamos 800 anos e ate lutamos (nesses tempos lutava-se mesmo !)para nao nos tornarmos parte de Espanha, porque seria agora que tal iria acontecer? Mesmo que hajam alguns traidores escondidos nos bastidores da politica….o POVO de Portugal sabe o que e ser Portugues e nunca teve qualquer duvida sobre o que isso representa. Renato Nunes
Portugalclub

Novo paradigma de administração – – – 2006-10-19
O Manual Administrativo de Marcelo Caetano permitiu administrar de forma magistral o Império. Depois de 25 de Abril, esse instrumento passou a ser util apenas para instrumentalizar a Constituição e a Legislação permanentemente dominada/manipulada – por esse Administrativismo inadequado.
Talvez se o Governo cumprisse a Lei, e na sua execução abolisse o Manual Administrativo de Marcelo Caetano permanentemente aplicado,talvez Portugal tivesse um funcionamento globalmente eficaz e se aproximasse do nível dos Países como Espanha,ao melhor nível Europeu, e nos tornaríamos bem mais competitivos.

João Asseiceiro

A Armadilha do Diálogo e da Compreensão

A Armadilha do Diálogo e da Compreensão
2006-09-25

Dado que tanto terroristas como muçulmanos pacíficos baseiam o seu agir no Corão que é o fundamento imutável e obrigatório da fé, dos valores, do agir e do direito não pode haver diálogo entre as culturas sem o conhecimento do livro Corão. Consequentemente terá que ser permitido falar do conteúdo do mesmo…
O diálogo não é uma questão de somenos importância reservada a ingénuos ou a bonzinhos que confundem diálogo com engraxar ou com o jogo do empisca.
O futuro das democracias na Europa dependerá da maneira como reagirmos ao Islão.
A obrigação obsessiva em que se sentem os europeus para a compreensão conduz à armadilha da compreensão. Um diálogo aberto ajudará o Islão e todos os outros.
Para o diálogo não é suficiente a afirmação de que o Islão é uma religião pacífica. Alguns apelam para o tacto no trato com os muçulmanos. Ora, eles não são crianças, o que se necessita no diálogo é veracidade, sinceridade e abertura. Doutro modo o diálogo torna-se em campo de acção de hipócritas e oportunistas. A dor, a sombra de hoje anuncia o sol de amanhã… Um diálogo universal, num mundo global só é possível sob a plataforma da razão. Já antes de Jesus, a Bíblia reconhecia “ Muita sabedoria, muita aflição e quem aumenta o saber, aumenta a dor”….
A “guerra santa” não é racionalmente sustentável. Àqueles que misturam alhos com bugalhos apresentando as cruzadas como espécie de guerra santa isso é perverter a realidade. As cruzadas nunca foram santas nem com base no evangelho. Também não foram guerras de conquista mas sim de reconquista. (Lembre-se a acção de D. Henrique e seus homens na fundação de Portugal). Além disso vivemos hoje.
Hoje, só o Islão defende o direito de defender a religião, a fé com a espada. Daí a oportunidade da frase do imperador bizantino: “mostra-me o que Maomé trouxe de novo e encontrarás coisas más e desumanas, como o direito de defender pela espada a fé que pregava”. Os extremistas do Islão tornaram-se a expressão da religião, pervertindo assim o todo.
A indústria da informação não está interessada em ouvir o que se diz. Ela está preocupada no como ouvir, como utilizar, dizendo-se o mesmo dos destinatários. Observa-se uma cumplicidade mútua.
Amigos, podemos fazer história mas não na continuação da guerra com outros meios. Não precisamos de esperar pelas catástrofes para nos mudarmos, para aprendermos. Rememos contra a catástrofe contra a violência, talvez com palavras duras mas com um coração manso no sentido de servir no seguimento da luz… a luz da possibilidade real.

António Justo

Publicado em Comunidades:
http://web.archive.org/web/20080430103612/http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&mmes=09&anon=2006

António da Cunha Duarte Justo


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SOBRE A IDEIA DE MORTE ( no homem ocidental ) – – – 2006-10-06
SOBRE A IDEIA DE MORTE ( No homem ocidental )

”Wer soll der Erde Herr sein? Wer will sagen:
so sollt ihr laufen, ihr großen und kleinen Ströme! „

Friedrich Nietzsche

Li, há uns poucos de dias, num fragmento filosófico de Antero de Quental uma coisa muito interessante. Dizia ele: “ A ideia de morte é a base da vida moral. Os seres que a não têm ( crianças, animais ) não são morais – são maus ou bons apenas . Se o homem fosse imortal, estaria exactamente, no mesmo caso, por muito que a razão progredisse. “
Concordando-se com Antero pode-se translinear esta ideia para o tempo de hoje.
Portanto, como acabámos de ler, para Antero os seres que não possuem moralidade, como crianças e animais, não tem a ideia de morte.
Analisando-se o homem da nossa época, a partir desta perspectiva, poderemos dizer que ele é moral ? A resposta só pode ser negativa. Concluimos assim que o homem apesar de todo o seu desenvolvimento ainda não conseguiu deixar de ser criança, embora queira afirmar o contrário.
Pense-se nas pequenas brigas que ele vai inventando no dia a dia, pense-se no seu egoísmo primitivo, nas suas invejas, no seu racionalismo tão contraditório etc.
Ele quer deveras ser Homem e porta-se, por vezes, como um Homem, mas podemos afirmar que ainda não o é, e que talvez nem nunca o venha a ser.
Pretende-se então, com isto, dizer que o homem de hoje não possui a noção de ideia de morte ?
Se a possui, pelo menos não o demonstra. Graças ao desenvolvimento científico acima de tudo no campo da genética, ele imagina-se todo poderoso, capaz de fazer verdadeiros prodígios e por isso, embora não o seja, senhor da morte. Este facto leva-o a desrespeitar a sua vida e a vida dos outros, bem como a própria natureza.(A qual de quando em vez lhe dá uma demonstração real do seu poder.)
Como é que o homem pode ter respeito pela vida se não tem consciência de que esta vida, que agora está em si, que desbrochaem em seu redor, é um simples sopro no tempo?
Chegando a este ponto poderemos agora também perguntar:
Mas será que se o homem tivesse a noção de morte se tornaria automaticamente moral como Antero nos pretende fazer crer? Ou antes deixaria ele de ser moral visto que sendo a vida um simples sopro no vento, ela perderia com isto todo o seu sentido? E não tendo a vida um sentido final, porque é que deveremos ser morais? Antero fala-nos da razão. Mas o que é a razão se a vida não tiver um sentido último? Se não houver uma instância transcendental que nos obrigue a acreditar nessa razão e assim a sermos morais ?
Se a vida não tiver um sentido último, uma continuação para lá da morte, uma alta instância pela qual o Homem se regule, então tudo é possível, tudo é permitido ao homem, cada qual pode inventar a sua razão, cada qual pode inventar os seus valores morais, quer dizer, tudo é relativo, deixando uma moral humanista de ser viável. A moral da besta loira ganha assim a sua justificação.
A única saida para este problema, penso eu, poderia ser Deus.

(A esta conclusão também chegou o grande Kant, responderá o leitor. Só que o Deus de Kant é um mero postulado, por isso pouco credível. Algum tempo depois, Nietzsche destrói este postulado com o grito de guerra: “ Gott ist tot.”)

Acreditando o Homem num Deus, não como um postulado, mas como se diz em ontologia, como o ser em si , por quem ele foi criado, instância moral reguladora, o qual um dia, depois da morte, o julgará pelos bons ou maus actos que este possa ter cometido durante a sua existência terrestre, então, ai sim, o homem poder-se-ia tornar homem, já que a sua vida ganhava desto modo, um sentido final.
( embora esta afirmação venha a pôr outros problemas de ordem filosófica que por agora não interessa serem aqui descritos)
É exactamente neste ponto que reside a fraqueza da cultura ocidental dos nossos dias.O homem ocidental de hoje já não consegue acreditar em Deus. E embora ,por vezes, até pareça que acredite, lá bem no fundo, ele não acredita em nada. Para ele já não existem coisas sagradas, ele não tem qualquer problema em conspurcar os templos, para ele tudo acaba por , mais cedo ou mais tarde, ter uma explicação lógica, e assim ele perdeu toda a moralidade, todo o repeito por si próprio e todo o sentido existêncial; visto que passou a ver existência não a partir do SER como processo contínuo evolutivo, mas a partir dum TER definitivo, inflexível.
A partir da perspectiva deste TER definitivo e inflexível, ele torna-se num verdadeiro ditador do Ser e imagina-se imortal, já que se pensa, por meio do poder económico e por meio do progresso técnico-cientifíco, ( a isto chamou Heidegger a “ metaphysische Wesen der Moderne ” ) vir a ser um dia capaz de dominar a natureza e tomar o trono abandonado por Deus. Mas será isso possível?

Não reconhecendo a temporalidade da sua vida e continuando a afirmar a morte de Deus, o homem ocidental está-se aos poucos e poucos a derrotar a si mesmo. Neste seu modo de pensar, nesta sua forma de encarar a existência, encontra-se precisamente o seu calcanhar de Aquiles.
– Calcanhar esse que o Islão desconhece e que por isso o torna actualmente tão forte e ao mesmo tempo tão perigoso para a cultura ocidental.

Züschen, O1. Oktober MMVI

Luís Costa
A armadilha do diálogo… – – – 2006-09-28
A verdade é que eles vivem bem do tal diálogo e os ocidentais parece que querem ser enganados.
O que vale é que o povo simples consegue ver melhor o que está por trás do diálogo porque nao estao tao interessados no negócio do petróleo.
Os que defendem a compreensao ainda nao notaram que nao se trata disso e caem como tordos e ingénuos nas maos dos muculmanos.
A Europa está perdida.

Neves
– – – 2006-09-28
Não acha que a renúncia da ópera à peça de Mozart nao é um atentado à religiao porque em cena é cortada a cabeça de Maomé?
A arte tem de ser responsável!
Quanto aos árabes eles ainda se encontram na Idade Média.
MA

Tem razão – – – 2006-09-28
Não desejo monopolizar os comentários no seu interessante e suscitador blog, mas não resisto a dizer que a realidade que radiografa é efectivamente inquietante. E inquietante porque aponta em duas direcções: a primeira é que o imaginário social do ocidente democrático está a bloquear-se, o que é sufocante e deixa sequelas e miasmas muito negativos; a segunda porque mais tarde ou mais cedo as forças mais poderosas desse ocidente perderão a paciencia de acordo com o velho ditado que diz que até um rato busca lutar se o encostam à parede.
Temo que tudo acabe numa catástrofe. Os árabes conscientes deviam considerar esse facto maduramente e procurarem que a extrema susceptibilidade dos santões muçulmanos não leve certas instancias a um acto limite em desespero de causa.
Do nosso lado – do nosso lado todo – espero que haja inteligencia ponderada mas também firmeza.
Obrigado por me ter respondido.

nicolau saião
A Armadilha do Diálogo – – – 2006-09-27
Douto Nicolau Saião!
Obrigado pelo seu contributo.
As suas deixas: “entre fanatismo totalitário e civilização”, “chantagem moral”, “ o mundo chegou à mais grave crise da sua existência” apontam para uma situação triste que nem a sociedade, nem a política nem a igreja se atrevem a pôr na ordem do dia.
A espiritualidade embora confiante tem por companheira a dúvida e a fé nunca pode ser presunçosa. Reportar-se a Deus não pode ser o factor legitimador do saber, como eles fazem. Nós é que temos de desenvolver a nossa tradição na consciência, na consciência do mundo cristão de que Deus é o nosso próximo.
O diálogo com os muçulmanos torna-se impossível porque para eles tudo constitui ofensa e injúria. Esta só acabará no momento em que o mundo se oriente pelas suas concepções o que significa só deixaria de ser ofendidos no momento em que todos se tornem muçulmanos. O grande problema é que só é permitido um diálogo de amabilidades hipócritas tendo o Ocidente de ceder sempre. Não querem saber de nada e querem tudo. Este é o melhor serviço antidemocrático.
É uma tristeza ver como o Ocidente já se encontra na defesa, com a tesoura na cabeça, com uma auto-censura que já funciona automaticamente no que toca aos árabes. O medo do que poderá acontecer leva intelectuais e opinião pública a censurar-se a si mesma. Até a arte já não é livre. Eles interferem na liberdade da cultura e da arte. Como um pequeno exemplo refiro o caso da Ópera de Berlim que se viu obrigada a interromper a ópera de Mozart “Idomeneo” com receio das reacções muçulmanas.

Atenciosamente
António Justo

António Justo
Subscrevo – – – 2006-09-26
Subscrevo, com gosto e certo descanso de espírito, este lúcido texto.
Com gosto porque verifico que ainda há intelectuais (dignos desse nome) que não se enredam em reflexões especiosas e chamam os bois pelos nomes: o Islão nasceu na violencia, viveu e vicejou na violencia e, se não resultarem as tentativas de aproximação que visam que o Islão se morigere, já que não pode tornar-se pacífico pois isso é o mesmo que falar-se em “tigres vegetarianos”, terminará no meio da violencia a que os seus próceres deram ensejo mediante a sua falaz brutalidade.
Com descanso de espírito porque verifico, de igual modo, que mantendo a tolerância e a lucidez, há pois pensadotres que não se conformam em tornar-se reféns da chantagem moral dos chefes islamitas ou meros “idiotas úteis” papagueadores de inanidades.
Tenho para mim que o mundo chegou à mais grave crise da sua existência, uma vez que agora a sociedade democrática não se defronta com aparatchikis nazis, estalinistas ou maoístas mas com o próprio “Deus” (essa espúria versão de “Deus”) encarnada em ulemas totalitários e massas fanatizadas que o exprimem.
A cegueira de muitos, que os poetas (não lambedores de frases pseudo-líricas) têm procurado erradicar – a par de outros cidadãos – pode e está a facilitar o embate que se perspectiva, por nossa tristeza, entre o fanatismo totalitário e a possível civilização.
Esperemos que, se os bárbaros mais uma vez tentarem a nossa defenestração, saibamos resistir com a firmeza e a verticalidade que se impõe.

Nicolau Saião

CÃES TRISTES

Cãs tristes – Tristes cães!
2006-08-26

Volto de férias passadas na calma e laboriosa Branca, Albergaria.
Trago comigo a nostalgia! Não é só a saudade daquela gente tão boa e das paisagens impares, mas também aquela tristeza de premeio do latir dos cães solitários e mendigos de carinho. Por companheiros têm apenas o cadeado e a voz dos outros parceiros de infortúnio que se torna característica ao anoitecer nas paisagens nortenhas. Tornados recordações da terra, eles são sentinelas, testemunhas duma paisagem e duma humanidade inconsciente em que a identificação com a natureza e com os animais se torna difícil na luta pela subsistência. O sofrer da natureza anda ligado ao sofrimento do Homem… Nos países pobres o cão é mais uma coisa que pode ser útil do que um ser vivo com sentimentos. Os seus latidos são tristezas não choradas, súplicas de povo à terra atado.
Nesta minha nostalgia também anda uma recordação de criança. A daquele cão de aldeia que já noite adiantada consegue libertar-se do cadeado que o prendia e, farejando, se dirige à campa da sua dona, lá no fundo da freguesia, nesse dia triste de Outono enterrada. Pressuroso, com as suas patas remove a terra da campa… De manhã encontram-no, extenuado do cansaço, repousando no buraco da terra parecendo escutar o segredo da dona que ali quer guardar.
Recordo também o caso do herói Ulisses que após a sua odisseia de muitos anos, depois do cerco de Tróia, ao voltar esfarrapado a sua casa na ilha de Ítaca (Tiaqui), ninguém o conhece. Apenas o seu velhíssimo cão o reconhece. Eufórico por tornar a ver o seu dono o coração rebenta-lhe de alegria caindo morto aos pés de Ulisses.
Amigo e confidente de pessoas, companheiro de idosos, salvador de vidas entre escombros, ou colaborador na procura de drogas, o cão aí está sempre pronto e disponível.
A sua companhia tem efeitos muito positivos e terapêuticos sobre os donos. Estes dormem melhor e não precisam de visitar tantas vezes o médico nem de tomar tantos comprimidos. A sua vida prolonga-se. Também a circulação sanguínea dos seus donos funciona melhor atendendo a que têm de dar os seus passeios diários com ele, esteja bom ou mau tempo.

António da Cunha Duarte Justo

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António da Cunha Duarte Justo


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Comentários:

Cães tristes – Tristes cães – – – 2006-09-06
Prezado senhor Luís Costa:
Muito obrigado pelas suas considerações.
Creio que o problema que apresenta é premente. Ele não tem tanto a ver com a dicotomia pobres e ricos, com a pobreza real que justamente refere. Isto é apenas o resultado duma forma de estarmos acomodados, de não ser.Estamos mas não somos! É uma situação precária de consciência humana, de consciência social e de consciência individual. Anda-se no mundo por ver andar os outros seguindo mais ou menos as leis da natureza, e estas têm bastado… A inércia das bases justifica a letargia das elites e vice-versa. O mal é que as pessoas andam todas à espera de qualquer coisa!… Quando acordam, se é que acordam, já parece tarde!
Um abraço
Justo

antónio Justo
caro Justo – – – 2006-09-03
Caro Justo,

gosto do seu artigo, gosto mesmo.
A tristeza que o nosso tão belo Portugal lhe provoca, em que os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres não saiem da cepa torta, já que os ricos assim o querem, é de facto lamentável.
Mas isto é um sintoma próprio da nossa época, cada vez mais materialista e capitalista em que os valores morais e humanistas se encontram num estado de pura ruína.
Aqueles que tem as rédeas da política nas mãos, não querem, ou não tem o poder real para conseguirem fazer do nosso Portugal um país mais próspero, um país em que ser filho de fulano ou sicrano não tenha qualquer importância, em que as capacidades individuais de cada um, não tendo em conta a sua origem social, sejam valorizadas e fomentadas.
Isto, infelizmente, não acontece e se acontece, só raras vezes, pela simples razão de que somos um país de padrinhos. Quem sabe se esta tendência não terá uma origem genética!
Assim dum lado lá temos os nossos ricos com os seus jipões e mercedes e do outro os nossos pobres na sua luta existencial do dia a dia, com os seus cães escanzelados.
O que já não é assim tão mau, dirão certos aristocratas, pois não é verdade que o melhor amigo do homem é o cão?

Luís Costa

União Europeia – Razão e Fé

União Europeia – Razão e Fé
2007-10-17

Partidos à Margem da Nova Mundivisão Científica

A Europa foi desbravada com a charrua da fé e da razão. Também Portugal, na sua fase áurea, foi à conquista do mundo, com o arado da fé e da razão, contribuindo com a sua obra colonizadora para o desenvolvimento das civilizações.

Em que se terá de basear hoje a Europa para a conquista do futuro? Na redescoberta da união da fé com a razão, na reunião da filosofia e das Ciências Naturais?

O que resta de Cristão no Ocidente? A investigação do específico religioso na cultura europeia não se pode reduzir a um trabalho de arqueologia. Exige uma tarefa de argumentação dialógica. A Europa é judaica, grega, romana, bárbara, ortodoxa, católica, protestante, revolucionária, dialéctica e mística. Dela surgiu a globalização que é o início da resposta ao espírito novo, à nova consciência do ser humano a que o século XX deu base com a superação das contradições de espaço e tempo no contínuo espaço-tempo e a superação do dualismo matéria-energia. Esta descoberta ainda não entrou na consciência política europeia.

Desenvolvimento da Consciência Europeia
No desenvolver das nações, nos seus altos e baixos, houve sempre uma linha condutora que ligou a Europa. O cristianismo manteve o culto da razão no equilíbrio polar de corpo e alma.

Com o início da época moderna no séc. XVI e a correspondente divisão das ciências e fragmentação política e religiosa, sob a égide das ciências naturais obteve-se um grande desenvolvimento tecnológico na Europa.

Galileu Galilei no século XVI dá início ao credo da nova época determinando o absolutismo da nova ciência com o seu programa:”Medir tudo o que é mensurável e tornar mensurável o que ainda não é.” Descartes com a geometria analítica e o exagero do princípio dualista realiza a separação completa de corpo e alma.

Com a passagem do pensar lógico para o pensar racionalista exagerado, o iluminismo e a Revolução francesa (e seus sequazes) querem banir tudo o que é cristão e substitui-lo pela sua nova ideologia em toda a Europa. Depois da revolução francesa afirmam-se no espaço político dum lado as forças restaurativas (socialismo e republicanismo) e do outro as forças conservadoras. Nesta época o racionalismo impõe-se à razão e à religião desembocando na praxis tecnológica e tecnocrata. A grande actividade renascentista levou também aos becos sem saída mecanicista, materialista e racionalista. A pós-modernidade procura um caminho para sair da crise. O espírito ocidental manteve-se mais num espírito católico que não cede ao dualismo e não se perdeu no experimentalismo.

No século XIX e XX o socialismo queria tornar-se o sentido da Europa. As novas descobertas da física relegam o socialismo para uma ideologia presa ainda no espírito do séc. XIX. O fracasso do sistema socialista e das ideias da geração de 68 tornam-se cada vez mais visíveis. Incapaz de se modernizar a família socialista ainda actua desesperadamente estoirando os seus últimos cartuxos. Procura, com uma determinada maçonaria, influenciar a Europa a nível da sua Constituição e instituições, bem como com intervenções autocráticas, quando se encontram em funções governamentais. Perde-se na luta cultural. O seu problema está em ter perdido o comboio da história e da ciência. Enquanto que o catolicismo muito lentamente se adapta à nova visão da ciência os credos políticos apenas se aproveitam das suas marginalidades mantendo a sua mundivisão antiquada. O seu desespero manifesta-se no militantismo dum progressismo ultrapassado contra uma sociedade de espírito cristão que, apesar de vagarosa, por não ter concorrentes sérios a nível de visões e modelos intelectuais de sociedade, está segura da sua presença no futuro da Europa e do mundo. Os democratas cristãos e os conservadores europeus distanciaram-se do missionarismo marxista mas também eles, desorientados, se deixam similarmente levar pelo mero pragmatismo.

Assim a União Europeia tornou-se numa realidade de grande sucesso à margem da ideia do ocidente cristão. No debate sobre a Europa do futuro, o elemento cristão é imprescindível. Ignorá-lo significaria a abnegação de si mesmo. Há forças ligadas à tradição extremista da revolução francesa (um certo liberalismo, socialismo e o republicanismo laicista), agarradas às velhas ideias mecanicistas, materialistas e racionalistas da velha ciência, que continuam empenhadas em desacreditar a história do ocidente. O laicismo quer declarar a religião como coisa privada. À margem da realidade mundial e dos verdadeiros ideais de democracia, desconhecem que não há liberdade sem liberdade de religião / consciência, tanto a nível público como privado. Optam por um restringimento nacional. Desconhecem a mundivisão da nova ciência e a filosofia cristã. Vivem oportunamente dos erros duma economia abandonada a si mesma.

A história da Europa seria incompreensível sem o cristianismo. A Europa tornou-se uma grandeza geográfica e política através dele. O Ocidente como toda a cultura tem os seus fortes e os seus fracos. Não se pode viver na limitação da nostalgia nem na ilusão dum mundo intacto. Política e religião têm que tomar mais a sério as descobertas da nova física no início do séc. XX. A política para dar resposta aos sinais dos tempos deve rever a sua ideologia com base na nova ciência e a religião deve acentuar o pensar místico incluído na fórmula trinitária que se encontra muito perto da fórmula física.

Um elemento que não poderá ser esquecido no espírito da Europa é também a ortodoxia.
A discussão ideológica e a tentativa marxista e racionalista laicista de impedir a referência cristã na Constituição Europeia e um certo actuar anti-cultural posto na ordem do dia, revelar-se-ão como um erro no futuro dum socialismo integral.

A declaração pelo cristianismo não implica o monopólio cristão do espírito da história europeia. O carácter discursivo do espírito grego, romano e judaico e o ideal da liberdade são aspectos vitais da identidade espiritual europeia. O cristianismo, nas suas várias expressões e o espírito europeu em permanente discurso e constante acção recíproca dos diferentes povos e sub-culturas europeias, com a sua ideia católica, são um modelo exemplar para a configuração do mundo. Isto é óbvio também pelo facto dos princípios éticos serem objecto da discussão e não garantidos pela jurisprudência ao contrário da maneira de estar islâmica e do credo comunista. A civilização cristã é, na sua essência, aberta. Uma praxis europeia com fundamentos na ética, Deus, constituição revelou-se muito oportuna. A constituição está ligada aos valores. Um preâmbulo de Magna Carta que expresse a responsabilidade, Deus, o Homem, a consciência na liberdade do desenvolvimento corresponde ao desenvolvimento da Europa através dos tempos. A Constituição Polaca seria o melhor exemplo a seguir, neste aspecto. Ela fala da responsabilidade perante Deus e perante a própria consciência…

Não há nenhum euro-centrismo na tradição judaico-cristã. As raízes do cristianismo e a sua origem estão fora da Europa. Tomás de Aquino e Alberto Magno possibilitaram a discussão com a Antiguidade. O protestantismo acentua a continuidade dos fundamentos dos primeiros séculos, enquanto que o catolicismo opta por uma apropriação na continuidade. A independência de igreja e estado é específica. A cultura cristã possibilita assim a multiplicidade das formas de vida. Ao contrário do Islão que é anti-moderno e só se comporta tolerante quando vive em diáspora; falta-lhe ainda a teologia. O cristianismo é compatível com as diferentes culturas sem condicionamento hegemónico. Esta é a vantagem do modelo europeu.

O passado europeu ainda se encontra muito presente. Ainda se não reconciliou na relação entre cristãos ortodoxos, católicos e protestantes nem com o laicismo dos ideais do liberalismo da revolução francesa. As experiências sangrentas com a revolução francesa e as guerras civis republicanas ainda se encontram muito presentes na consciência europeia.

O Vaticano II procura a reconciliação. Na verdade o berço da dignidade humana é o cristianismo, só que a instituição se preocupou demais pelo poder, pela instituição. Um pensar baixo laicista persiste em antagonizar cristianismo, liberdade e iluminismo. Nesta luta de galos na mesma capoeira perdem-se muitas penas. A Europa precisa de qualidade espiritual e de perspectivas construtivas. A fórmula é fé e razão independentemente das patologias da fé e da das patologias da razão. A razão tem que continuar a acção purificadora das patologias religiosas tal como o cristianismo terá de purificar as patologias da razão que se manifestaram na concepção do homem como um produto. Também a razão tem fronteiras como se pode ver na bomba atómica e ao passar da lógica para o racionalismo. A esquerda tornar-se-ia infiel a certos princípios que defende se continuar no combate de castelos no ar e na guerra a um cristianismo macarrónico.

O melhor sistema de relação entre igreja e estado é o modelo alemão em que há uma relação de independência na parceria. Este modelo tem naturalmente os seus quês numa nova situação com o aparecimento dum islamismo com elementos ainda incompatíveis com a democracia.
Um processo de aprendizagem estará no trato de religião e política com a liberdade. Isto pressupõe um longo processo. A experiência nos Balcãs pode ser vista como chance ou como ameaça, o nacionalismo bósnio por um lado, uma polónia vital mas muito próxima à ortodoxia por outro. O mundo cada vez se torna mais numa “aldeia” não permitindo que se desça do comboio da história.

A Europa é a alternativa ao poder todo-poderoso das ideologias. Os muçulmanos terão de se abrir ao pensamento científico. Doutro modo haverá o perigo duma Balcanização da Europa.
O laicismo religioso da Turquia fere a liberdade, não sendo compatível com a Europa. Por sua vez os cristãos não podem aceitar que a religião seja reduzida a coisa privada ou sujeita a favoritismo. Os cristãos aprenderam a lição uns com os outros. O individualismo vê o estado e a Igreja como um perigo. A esperança numa liberdade que tudo promete é vã.

A religião será cada vez mais tema. É-o já na Europa desenvolvida. O secularismo terá de se tornar mais humilde e aberto, doutro modo diminuirá bastante, falhando a sua missão. A religião, quer queiramos quer não, permanecerá uma constante evidente. A América é um exemplo em que religião e modernidade não são contradições. A religião faz parte da discussão intelectual. O relativismo ainda vigente em alguns credos político-administrativos é uma ironia acerca do próprio vazio. Na província europeia instalada em certos meios de influência portuguesa ainda se continua a viver da luta pela luta, da luta de pseudo-intelectuais contra a cultura da maioria.

As pessoas procuram Deus, segurança, salvação, comunidade, vida subjectiva expressa em diferentes atitudes. Precisa-se da diferenciação dos espíritos e de diversas modalidades de vida.

A verdade liberta-se na liberdade, ao decidirmo-nos por ela. Muitos terão de aprender a nadar na nova religiosidade. Esta não oferece garantia a ninguém. Pode ser uma chance para todos. A renascença da religião não permite o regresso ao passado apesar dos impulsos muçulmanos. A fixação na autoridade é estranha à realidade cristã e contrária ao desenvolvimento subjectivo.

Sendo o cristianismo a fonte da Europa não deve ser reduzido a arqueologia. O futuro do cristianismo na Europa depende naturalmente do seu número e do seu testemunho e o desenvolvimento da civilização ocidental dependerá da fidelidade ao espírito judaico-cristão..

A Europa foi construída na dialéctica entre tradição e inovação, entre fé e razão. Uma fé não fechada em si mesma mas sempre dinâmica no seguimento da inteligência e amparada pela razão não precisa de temer o futuro. A Europa soube integrar a revolta no seu ser, através duma sabedoria prática.

O cristianismo é também um parceiro imprescindível à União Europeia nas diferentes plataformas de diálogo entre as civilizações e as culturas. Seria miopia assentar as relações internacionais apenas nas forças militares e económicas desconsiderando o papel das ciências e da religião na formação das mundivisões.

Sistemas partidários antiquados
Só modelos totalitários se julgam capazes de dar resposta à perfeita realização humana. Todo o absolutismo abafa o homem. Nenhum futuro, nenhum Deus, nenhum ser humano pode ser encerrado num sistema seja ele político, religioso ou intelectual.

Só a investigação fundamental da ciência europeia do séc. XX conseguiu, com as descobertas de início do século, dar resposta às novas necessidades iniciando uma nova tentativa, uma nova mundivisão e método de trabalho que pressupõe uma nova maneira de estar no mundo. As elites políticas do séc. XX não compreenderam esta revolução científica e continuam fiéis às velhas ideias. Assim aqueles que antes eram símbolo do progresso tornaram-se o seu impedimento, muito embora em nome dele.

Hoje o grande problema dos nossos sistemas partidários é o facto de se manterem antiquados, continuando a aplicar a mundivisão do século XIX, o exagero iniciado no séc. XVI e cujos extremismos se manifestam no (racionalismo), no marxismo, no pragmatismo e no existencialismo.

Desconhecem a nova ciência iniciada com Planc (teoria quântica) e com Einstein (teoria da relatividade que superou o materialismo dualista). As ideologias políticas modernistas, que determinam actualmente o dia a dia político europeu, ainda se encontram prisioneiras das velhas ideias dos tempos modernos que dominaram até ao século XIX. Vivem à margem da nova ciência que superou a velha maneira de pensar racionalista e materialista.

O futuro implica, com a base da experiência da época moderna, a reactivação duma visão complementar de todas as disciplinas, procurando evitar todo o dualismo e iniciar uma nova maneira de encarar a realidade na integração da ciência naturais e humanas. Uma nova plataforma dos partidos terá que assentar numa dinâmica polar complementar. O Universalismo só será possível numa visão integral, não dualista.

António Justo

Publicado em Comunidades:

http://web.archive.org/web/20080430103628/http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&mmes=10&anon=2007

António da Cunha Duarte Justo

Nova Cidadania – A Cidadania Proletária

Nova Cidadania – A Cidadania Proletária
2007-09-30

Aulas de Educação Cívica – Aulas da Religião do Estado?
Esta semana, Rui Pereira, ministro da Administração Interna, discursou na Escola Superior de Educação de Leiria, sobre as aulas de Educação Cívica e seu significado para ” a mudança de mentalidades e a construção de um Portugal melhor”. O senhor ministro da Administração atribui ao Estado não só a missão de transmitir valores como também a de mudar mentalidades.

Isto corresponde à visão marxista dum estado proletário. Longe de qualquer visão democrática abre-se aqui caminho para o estado nacional-socialista, para o estado estalinista e para toda a forma de governo fascista. Que mentalidade quer ele e que Portugal? Não seria também oportuno a introdução duma disciplina onde se aprenda a ser feliz?!!! Isto traz água no bico. Até faz lembrar os velhos tempos da ditadura. Ou será isto um sinal de que já chegaram com o seu latim ao fim!

O direito de mudar mentalidades não pode ser reduzido a nenhuma forca social ou estatal; a mudança de mentalidade é resultante da competição de interesses, ideias e práticas no seio da sociedade. A intenção anunciada pelo senhor ministro pressuporia uma coarctação da liberdade de pensamento e de expressão. Um estado democrático que esteja consciente dos princípios em que assenta não está legitimado para impor qualquer ideologia nem tão-pouco os valores da maioria.

Que ideologia irá então ser beneficiada? Será que em Portugal a proveniência dos alunos é homogénea a nível social e de mundi-visões?

Um exemplo do fracasso duma tal ideologia que confia na estratégia dum Estado orientador, temo-lo no resultado do montão de cacos partidos deixados pelos sistemas do socialismo real e semelhantes fascismos.

Mesmo o reconhecimento comum de certos valores implica várias interpretações e aplicações em relação aos mesmos.

Em democracia quem mais ordena é o povo, ou deveria sê-lo, e não a ideologia da nomenclatura que não respeita ética nenhuma e muito menos a dignidade humana. Para ela não há povo, apenas conhecem proletários e massa desprezível. Por onde passam deixam sempre o rabo de fora! Naturalmente que têm direito de defender os seus interesses e credos; o problema é se o povo dorme. No fim teremos Estado e massa sem cidadãos.

Boçais, em nome do proletariado e do futuro de Portugal, lá vão iludindo o povo. Convencidos que para este chega um pouco de futebol, de sexo e de pão tornam-se em redutores da vida na sua acção de vulguizar a privacidade humana. Já não lhes chega a praça pública, apoderam-se da administração para imporem a sua ideologia e disciplina.

Uma democracia começa a sofrer gravemente quando a disciplina do povo permite a indisciplina dos governantes.
O que precisamos é dum Estado que garanta e defenda a prática dos valores fundamentais. Não queremos um estado crente apenas interessado em alguns aspectos meramente ideológicos da revolução liberal, da forma de governo republicana ou do exemplo estalinista.

Tirem as mãos dos professores. Não queremos ministros da administração dos professores mas sim ministros dos cidadãos. A preocupação do Governo deve ser gerir e não assumir a função de patrão. Deve naturalmente intervir mas sobretudo como árbitro.

Uma certa visão marxista superficial, mais visível nas periferias da civilização, quer um estado árbitro e jogador. As claques compra-as com benesses e camisolas atiradas à multidão. Esta mentalidade encontra-se ainda muito impregnada nalgus funcionários do partido socialista. Estes em vez de o servir, servem-se dele.
Portugal merece mais.

António Justo

Publicado em Comunidades:

http://web.archive.org/web/20080430103616/http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&mmes=09&anon=2007

António da Cunha Duarte Justo


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Nova Cidadania – A Cidadania Proletária – – – 2007-11-10
Caríssimo
Professor António Justo,

Antes de mais, aceite as minhas saudações fraternas.

O tema que, hoje, nos propõe para reflexão é oportuno e actualizadíssimo.

O Partido Socialista, em Portugal, está a assumir atitudes de quem se quer, à viva força, se perpetuar no Poder. Quem sabe, influenciado pelo que está a passar, na Venezuela, com Hugo Chavez e a sua Revolução Socialista, tão aplaudida e elogiada pelo Dr. Mário Soares!

O problema educacional, em Portugal, é, quer se queira quer não, a par de outros de natureza social, um problema gravíssimo, sem solução à vista e, muito menos, a existência de agentes com competência e credibilidade para lhe dar a volta por cima…

O Partido Socialista caminha abruptamente para a assunção da sua verdadeira vocação,a vertente totalitária, depois de todo este pseudo “intermezo” de democracia ao longo de mais de 33 anos!

Só não foi mais cedo, porque, ao longo de alguns anos, encontrou pela frente um Partido Comunista Português que lhe conseguiu fazer frente nos momentos mais decisivos, no início da nossa Revolução dos Cravos.

Pois, quer se queira quer não, os últimos anos de Governo José Sócrates serviram para pôr à evidência o seu nervosismo e a sua vocação “nacional-socialista”, que, na sua origem, aí, na Alemanha, com Adolfo Hitler, até se afirmava democrático e praticava a democracia… Depois, foi o que se viu e, hoje, ainda se enxerga…

Por essas e por outras, não é de admirar o discurso do Ministro da Administração Interna, a que muito bem se refere, e de outras personalidades socialistas…

De resto, com a evolução que se está a verificar em Portugal, a qualquer momento a emissão da RTP pode ser interrompida, com o aparecimento de um funcionário político socialista a dizer:

– Senhores espectadores, pedimos desculpa por esta interrupção. A LIBERDADE e a DEMOCRACIA seguem dentro de algum tempo!… Agora, vamos dar início ao novo Programa de Governo ‘Nacional-Socialista’! A baderna instalada na sociedade civil chegou ao fim!

Com um Primeiro-Ministro, como é José Sócrates, a distribuir computadores, pelas escolas, às crianças a preços mais caros do que nomercado; com o Ministro da Administração Interna a dar aulas de “Formação Político-Partidária”; com uma Ministra da Educação a desvalorizar totalmente o ensino e o aprendizado da Língua Portuguesa e a conduzir o ensino e a educação para o “avacalhamento” total; com o Ministro da Saúde a favorecer a IVG – Intervenção Voluntária da Gravidez (vulgo liberalização do aborto)e a despromover o SNS – Seviço Nacional de Saúde a favor da estimulação da iniciativa privada, com alguns paliativos de permeio, de entre outros, urge questionar seriamente:

PARA ONDE VAIS PORTUGAL?

Mas, como se todas estas misérias humanas não bastassem, esta semana, segundo as notícias veiculadas pela Comunicação Social, o Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco Silva, no Chile, onde se encontra a participar a Cimeira Ibero-Americana, veio a público elogiar e aplaudir as virtudes das grandes reformas em Portugal levadas a cabo pelo actual Governo!…

Mas, importa, também, referir o que se passou na Assembleia da República com a aprovação do Orçamento de Estado para 2008.

Onde estão os partidos e os deputados da oposição?

O novo líder parlamentar, Pedro Santana Lopes, andou toda a semana a fazer passar para a Comunicação Social que se iria confrontar o Primeiro-Ministro José Sócrates com algumas questões, fazendo antever que seria um ajuste de contas… Momentos depois, logo no primeiro dia de debates, após o ‘KO – knock out’ infligido por José Sócrates, veio dizer aos jornalistas que o debate lhe tinha corrido mal. E o novo líder do PSD, Luís Filipe Menezes, também não lhe ficou atrás, quando, no dia seguinte, disse que, futuramente, os debates têm que ser acompanhados…

Pelos vistos, o novo lider da bancada social-democrata, Pedro Santana Lopes, não esteve à altura dos seus tão apregoados pergaminhos, e não conseguiu levar a carta a Garcia…

Será que estamos perante “aprendizes da política”?…

Desde quando, um líder parlamentar anuncia e propagandeia publicamente e com antecedência as questões que vai suscitar num debate, mais a mais com o Primeiro-Ministro? Será isto visão de Estado? Ou é a nova forma de conduzir as “coisas” do Estado?…

E, perante esta pequena amostra da “política à portuguesa”, teremos que concluir que faz parte do novo modelo de Cidadania?

No meu conceito, Direito de Cidadania passa por um dever do Estado face a um direito do Cidadão!

Agora, isso sim, assistimos ao relegar dos Direitos de Cidadania para o privilegiar dos chorudos lucros dos Bancos (mais parecendo puros especuladores e obstinados usurários autorizados e apoiados pelo próprio Governo) e não só, em detrimento do exercício da função social do próprio Estado em prole dos Cidadãos e das Famílias portuguesas.

Estamos perante uma, pura e simples, inversão de valores!

Agora, de fuga em fuga para a frente até à “vitória final”, o Partido Socialista oferece-nos este tão deprimente quanto “deslumbrante” espectáculo…

De resto, não é de surpreender, pois é a ascenção da “geração rasca”, como um dia lhe chamou, e muito bem, a Dra. Manuela Ferreira Leite, quando Ministra da Educação!

Portanto, com esta evolução tão “qualitativa”, obviamente, os valores tendencialmente invertem-se ao nível de todos os domínios…

Assim sendo, não lhe chamaria “Cidadania Proletária”, mas, isso sim, “Nova Cidadania – A Cidadania Rasca”!

É que, pessoalmente, tenho um conceito não pejorativo di significado de “proletário”, e, como tal, respeito-o. Eu próprio considero-me um proletário. Pois tenho “prole”, tenho dois filhos, mas que, felizmente, não afinam pelo diapasão do “rasca”.

Caríssimo Professor António Justo, aqui, lhe deixo o que penso sobre o tema que nos propôs para reflexão…

Infelizmente, é a fruta do tempo!…

Melhores dias, se Deus uizer, hão-de vir!

Quando, não sei…

Grande abraço solidário!

___________________

Paulo M. A. Martins
Fortaleza (CE)
Brasil

Paulo M. A. Martins
Nova Cidadania! – – – 2007-10-03
Prezada Rosa Maria Tomás Sá!
Gostei imenso da sua frase: “termos consciência que aquilo que nos aflige não são preocupações isoladas, pois se assim fosse este caminhada não faria qualquer sentido”. É precisamente o que penso ou vivo!
Atenciosamente
António Justo

Não podia estar mais de acordo – – – 2007-10-03
Sem dúvida alguma que tem muita lucidez na sua análise e eu não poderia estar mais de acordo. Coincidência ou não sobre o tema reflectido,esta semana dou comigo a refectir sobre o assunto sem ouvir qualquer noticia ou comentário. Nesta sociedade desprovida de valores a todos os níveis é bom percebermos que há Homens(Mulheres), como o senhor e termos consciência que aquilo que nos aflige não são preocupações isoladas, pois se assim fosse este caminhada não faria qualquer sentido.

Rosa Maria Tomás Sá