OS NOVOS INQUISIDORES TAMBÉM NÃO GOSTAM DO PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS

Extremismo Intolerância e Preconceito como Expressão de alguns Dançarinos do Poder

Por António Justo

Na onda dos violadores da cultura e da história até já um avançado do PS defende a demolição do Padrão dos descobrimentos (1)!

Uma vaga activista, de mentalidade intolerante, na falta de criatividade para melhor construir a sociedade portuguesa, optam por combate-la e assim instalarem um outro padrão de referência; quer-se fazer tabula rasa da nossa consciência histórica.

A nossa esquerda sente-se à-vontade com o seu radicalismo por saber-se protegida pela parte ideológica da Constituição.

Em vez de uma luta comum contra injustiça, opressão e desumanidade usam-se as descobertas e o colonialismo como cavalo de batalha já desde os tempos da Guerra Fria, anteriores ao 25 de Abril; já então atraiçoavam os interesses de Portugal para melhor servirem o imperialismo da União Soviética. Pelos vistos, os imperialismos, de um lado e do outro, tornam-se nos grandes legitimadores de toda a desonrosa luta.

Seguindo a lógica de certos ativistas, porque não destruir a Ponte Salazar e muitas obras e monumentos de dominadores do território português? Porque não apagar a nossa língua?

A história para não ser falsificada terá de ser vista à luz da cor local, à luz da mentalidade e das circunstâncias do tempo em que se deram os factos. Cada época e cada tempo tem a sua consciência, os seus óculos próprios de verem e fazerem história.

Por vezes vai-se tendo a impressão que os crentes do Zeitgeist se servem exageradamente de interpretações das falhas do passado para com elas negligenciarem os próprios fiascos e engomarem as falhas do presente! Este recalcamento é, porém, hereditário porque, nesta ordem de ideias, que teriam os nossos vindouros para não falarem mal do nosso presente, seu passado!

A perspectiva ou ângulo de visão é um princípio individualizador necessário, mas que peca se atraiçoar a visão do todo que é o círculo (380 graus).

Nasci num país resultado de colonizações e de filhos colonizados em que muitos procuravam e procuram distinguir-se pela empresa de “colonizarem” outros, seja económica, seja ideologicamente; o deputado Ascenso Simões revela-se aqui como perpetrador ideológico!

Às atrocidades de ontem já encontramos um termo para as descrever: colonialismo e racismo; as desumanidades de hoje ignorámo-las para gerações posteriores julgarem.

Por vezes, o estudo da História serve para continuar a tradição da violência porque é instrumentalizado através de diferentes lógicas de abordagem e usada exclusivamente para servir esta ou aquela clientela ou para se adquirirem créditos partidários. Informação ao serviço do xeque-mate!

A História poderia ser mestra da vida mas abusa-se dela para falar  mal dos  outros e como remédio para as próprias feridas. Esquecemo-nos que as diferenças gritantes entre grupos e povos e o nosso bem-estar social de hoje se dá à custa dos que passam mal, tal como acontecia no passado entre senhores e servidores. Uma coisa não justifica a outra mas exigiria auto-reflexao e mudança.

A realidade é a-perspectiva mas nós continuaríamos no mesmo erro se a reduzíssemos a um só ângulo de visão. A esquerda usa a sua perspectiva esquerda para se definir contra a direita e a direita faz a sua interpretação dos factos da história tal como os colonizados a fazem sob a perspectiva oposta aos dos colonizadores. Para mal dos nossos pecados persistimos em conceber desenvolvimento baseado apenas numa relação de submissos e de submissores!  Da definição e da demarcação é que vivem os contraentes do poder! Imagine-se que se reconciliavam uns com os outros. Que seria do poder e da ‘violência’? O fim da História?!

Nem tanto ao mar nem tanto à terra!

Os fortes ventos das ideologias ajudam a atear novos fogos e estes multiplicam-se. Do rio da intolerância se alimentam os adversários, alheios à inclusão!

Precisamos de crítica política e crítica partidária, mas não de arruaceiros nem de adversários. Estes destroem a confiança em uma sociedade democrática.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

  • (1) O deputado Ascenso Simões: https://www.noticiasaominuto.com/politica/1694646/padrao-dos-descobrimentos-destruido-daria-para-os-apanhados
  • Ficheiro:Lisboa - Padrão dos Descobrimentos (1).jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre
  • PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS
    Lado Poente (1ª foto)
    1 Infante D. Pedro, Duque de Coimbra (filho do rei João I de Portugal);
    2 Dona Filipa de Lencastre (Rainha, Mãe dos Infantes, mulher de D. João I);
    3 Fernão Mendes Pinto (escritor e aventureiro do Oriente);
    4 Frei Gonçalo de Carvalho (Dominicano);
    5 Frei Henrique de Coimbra (Franciscano);
    6 Luis Vaz de Camões (poeta épico, o maior de Portugal);
    7 Nuno Gonçalves (pintor);
    8 Gomes Eanes de Zurara (cronista);
    9 Pêro da Covilhã (viageiro);
    10 Jácome de Maiorca (cosmógrafo);
    11 Pêro Escobar (navegador/piloto);
    12 Pedro Nunes (matemático);
    13 Pêro de Alenquer (navegador/piloto);
    14 Gil Eanes (navegador);
    15 João Gonçalves Zarco (navegador);
    16 Infante D. Fernando, (o Infante Santo, filho do rei João I de Portugal).
    Lado Nascente (2ª foto)
    1 D. Afonso V de Portugal (Rei);
    2 Vasco da Gama (navegador/descobridor do Caminho Marítimo para a Índia);
    3 Afonso Baldaia (navegador);
    4 Pedro Álvares Cabral (navegador/descobridor do Brasil);
    5 Fernão de Magalhães (Navegador/Viagem de Circum-navegação);
    6 Nicolau Coelho (navegador);
    7 Gaspar Corte-Real (navegador/Península Labrador);
    8 Martim Afonso de Sousa (navegador);
    9 João de Barros (Cronista/Historiador);
    10 Estêvão da Gama (capitão);
    11 Bartolomeu Dias (navegador/descobridor do Cabo da Boa Esperança);
    12 Diogo Cão (navegador);
    13 António de Abreu (navegador);
    14 Afonso de Albuquerque (Vice-rei da Índia/governador);
    15 São Francisco Xavier (missionário/evangelizador);
    16 Cristóvão da Gama (capitão)A respeito da ideia peregrina

PROMISCUIDADE ENTRE EMPRESAS GLOBAIS E O ESTADO

Uma pequena notícia com conteúdo problemático

Os jornais alemães informaram que, de acordo com uma opinião de peritos, a exibição preferencial dada pelo Google a um portal federal alemão de saúde, pode ser problemática para a liberdade de imprensa.

O serviço científico do Bundestag chegou à conclusão de que uma cooperação do Estado com o Google poderia significar uma violação “contra a exigência da distância do Estado”.

De facto, todos nós estamos cada vez mais dependentes dos motores de pesquisa na Internet e deparamos, muitas vezes com informações que não procurávamos.

A promiscuidade entre Estado e empresas globais afirma-se como um grande risco, sabendo nós que somos informação resultado de informações!

Que os grandes se unam na defesa dos seus interesses é compreensível, mas que isso aconteça à custa dos consumidores dependentes, é uma violação significativa contraprincípios de ética elementar! Sim, porque só a solidariedade dos dependentes terá a possibilidade de se afirmar (organizar) contra o princípio de imposição violenta dos mais fortes, num processo, sempre à posteriori,  de reacção tardia.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

UM AGRADECIMENTO AOS ALEMÃES E UMA PROPOSTA

 

Depois das missões de ajuda em Itália, França e República Checa, a Bundeswehr iniciou missão de solidariedade com Portugal a 03.02.2021. A equipa de socorro veio para ficar três semanas em Lisboa.

Uma equipa de 26 soldados médicos e paramédicos da Bundeswehr foram recebidos em Lisboa pelo Ministro da Defesa, pela Ministra da Saúde e pelo embaixador alemão em Portugal e irão trabalhar no prestigioso hospital privado da Luz. Nele serão recebidas pessoas da urgência do SNS.

Como referem fontes alemãs, além do pessoal médico chegaram a bordo do avião da Força Aérea alemã numerosos dispositivos médicos e produtos médicos, incluindo 40 respiradores móveis e dez fixos, e os consumíveis necessários, além de  150 dispositivos de infusão e 150 camas hospitalares (https://www.dw.com/de/bundeswehr-startet-corona-hilfe-f%C3%BCr-portugal/a-56441208).

De facto, em Portugal “os hospitais estão a transbordar e as capacidades dos cuidados intensivos estão no limite das suas possibilidades e para além delas”. Daí a necessidade de ajuda.

Os alemães são eficientes na ajuda que, de momento, prestam a Portugal!

Li num cartaz: ” “CAROS ALEMÃES; QUERO AGRADECER O ENVIO DOS MÉDICOS POIS ESTAMOS MESMO A PRECISAR. DEPOIS DISSO, ACHAM QUE DÁ PARA MANDAR A MERKEL?

Quanto à recomendação expressa no cartaz, talvez ela merecesse ser mais que uma ideia peregrina!

Em tempos de imigração, porque não contratar estrangeiros também para altos postos nacionais?

Pressinto um borborinho de admiração de Norte a Sul e de insatisfação em Lisboa!

Imagine-se que, no caso ideal, muitos dos portugueses deixariam de emigrar para a Suiça e para a Alemanha!!!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

TRIAGEM

Triagem é uma palavra difícil que esconde desumanidades que actualmente acontecem em Hospitais. Há pessoas obrigadas a morrer por não serem consideradas casos prioritários.
Estamos a chegar a uma medicina de catástrofes. Pacientes que pretendem ser atendidos num hospital têm que passar por uma triagem, isto é, por alguém que faz a seleção e, em última instância delibera sobre o caso classificando-o como passível de atendimento mais ou menos prioritário.
Que fazer para não chegarmos a casos discriminatórios?!
Do exército alemão já se encontra pessoal da medicina (No Hospital da Luz) para tentar descongestionar as urgências portuguesas.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo

JÁ VAI SENDO TEMPO DE MUDAR-SE PARA MUDAR PORTUGAL

Politicamente a Corrupção não existe porque não se fala dela

O problema mais grave é o facto de todos estarmos comprometidos com os parlamentares que elegemos e com os Governos que temos tido. Falta um compromisso de Povo e de Estado. Na controvérsia política o sistema consegue desviar a atenção dos portugueses para canto e grande parte do cidadão é levado a olhar só para os males do vizinho: uma boa maneira de fugir com o rabo à seringa!

Os responsáveis do atual sistema, em que a corrupção se tornou aceite, movem as forças da nação para o ceguinho que tem apenas um deputado no parlamento como se esse fosse o problema de Portugal!

Não se quer reconhecer que o rei vai nu!

O sistema corporativista português de grupos de interesse e de grandes famílias de amiguinhos chegou a um ponto em que não é possível servir-se Portugal nem os portugueses; trata-se sobretudo de administrar a miséria e servir clientelas ideológicas e grupos económicos que criem chances para as mesmas clientelas. Os interesses do povo não contam.

Ao contrário do que se deu na Alemanha onde depois da guerra as classes sociais se tornaram razoavelmente permeáveis, em Portugal continuou-se na velha tradição da sociedade medieval: os grupos de interesse, as famílias fortes permanecem cerrados em si mesmos, não abrindo entrada para uma nova geração de pessoas competentes.

Mais que apelarmos a votos seria óbvio que se apelasse a uma mudança de consciência e de atitude política. Se isso acontecesse, os sedentos do poder logo se orientariam por essa nova consciência.

Os que seriam capazes de mudar o sistema estatal não estão interessados nisso porque desta forma se aproveitam mais dele. A classe política em Portugal geriu mal e o país deveria chamá-la à responsabilidade e levá-la a cumprir a sua pena para que o país não continue a ser penalizado! Mas tudo é adiado numa Justiça cega para os grandes.

A classe política perdeu grande parte do crédito porque abusou do poder que o povo lhe deu para se servir a si própria.

O Problema não é Ventura, um partido com um deputado, mas o medo dele que não deixa ouvir aquilo em que ele terá razão. Este medo é parte do problema porque impede autorreflexão e dá, indirectamente, razão aos que administraram mal o país, numa de “continue-se assim”!

Porque haver tanto medo de uma extrema direita irrelevante e elevada a notícia pelos que se deveriam penitenciar?! O povo português é moderado! O povo pode, ocasionalmente, votar não por convicção, mas por estratégia para que deste modo se erga no Parlamento não só as vozes dos que nos conduziram à situação em que nos encontramos.

Em política não haverá um bom caminho; há muitos caminhos possíveis e estes são sempre determinados por quem tem mais poder!

Penso que a pandemia, por mais complexa que ela seja, é mais um bom pretexto para que o medo nos continue a disciplinar e a dominar e deste modo a ajudar a manter o status quo!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo