ANTISSEMITISMO – UM CARCINOMA ALIMENTADO PELO PRECONCEITO E PELA INVEJA

Judeus preocupados com o crescente Antissemitismo na Europa

 

António Justo

O antissemitismo é irmão do racismo; ambos têm de comum o ódio e o desdém pelo outro.

Segundo estudos feitos recentemente, o crescente antissemitismo estará em relação com o aumento dos muçulmanos nas metrópoles da Europa. Antissemitismo, como racismo, é um fenómeno muito complexo com muitas causas e explicações; ele surge, sobretudo em tempos de crise, quando se procura desesperadamente fazer um diagnóstico dela. O mal encontra-se na cabeça e no coração das pessoas; a solução é defrontarem-se os problemas e não as pessoas.

No mundo há 14, 2 milhões de Judeus. Em 1990 o número de judeus na França era de 518.000 e em 2016 era de 467.000. Em 2005 viviam 108.289 judeus na Alemanha e em 2016 viviam 98.594.

Em Portugal fala-se de “30% dos Portugueses descende de Judeus“,  mas o número de portugueses que se confessam praticantes da religião judaica, são cerca de “2.500, havendo certamente os que vivem o seu judaísmo confinado ao lar; a maioria são os sefarditas que são maioritários e os asquenazitas; quanto às correntes a maioria é ortodoxa, havendo uma pequena comunidade progressista em Lisboa, e grupos de oração da corrente conservadora (Masorti) em Sintra e Almada” (como responde Filipe de Freitas Leal, à pergunta que lhe fiz) . No Brasil há cerca de 100.000 judeus.

Judeus a sair da França, da Alemanha e de alguns países europeus devido ao antissemitismo

Muitos judeus temem pela sua segurança e ao sentirem-se ameaçados, optam por tornar-se invisíveis (deixam de trazer a kipá – gorra circular, com o significado de humildade perante Deus) e outros emigram para Israel, o que deixa muita pena nos países onde se encontram porque constituem uma comunidade integrada e que sobressai pelo seu trabalho em benefício de toda a sociedade.

Na Alemanha a revista “Berlin Judeu” passou a ser entregue em envelope neutro, para que os assinantes não sejam identificados e a probabilidade de inimizades não cresça. Depois das demonstrações em Berlim 2014, contra a guerra de Gaza e do atentado de Paris, muitos judeus sentem-se ameaçados. O Conselho Central dos Judeus na Alemanha adverte que: esconder-se não é o melhor caminho, mas que talvez não seja bom trazer a kipá em bairros com elevada percentagem de muçulmanos. Observa-se um crescente antissemitismo nos jovens muçulmanos.

O historiador Michael Wolffsohn menciona os resultados de uma pesquisa de 2016 sobre preconceitos contra judeus onde se verifica que 18% dos alemães e 56% dos muçulmanos, na Alemanha, têm preconceitos contra judeus e na França a quota é de 20% de população geral e 63% dos muçulmanos.

O director do Conselho Central dos Judeus na Alemanha diz no Süddeutsche Zeitung: “O antissemitismo faz parte da educação de algumas famílias muçulmanas. Através de gerações é transmitida às crianças, por todo o lado, a sensação de que os muçulmanos são reprimidos em todo o mundo por culpa dos judeus “. Welt am Sontag, também cita: “Muitas dessas pessoas que vieram para a Alemanha, vêm de países onde o ódio aos judeus e a hostilidade a Israel são razões de Estado”.

As teorias da conspiração de que os judeus governam o mundo é outra forma indirecta de antijudaismo. De facto, cria-se a impressão que se teria de aniquilar Israel para que não haja anti-judaismo.

O jornalista alemão Jakob Augstein concretiza: “Antissemitismo congrega ódio, racismo, teorias da conspiração e esoterismo”.

Reúne-se tudo numa só coisa; o ódio que une, é uma constante histórica intercontinental que se repete. Esconde-se no jogo de um “sim… mas” (p.ex.: o que os extremistas fazem é mau … mas os americanos estão na base!…).  Também há outras argumentações sem lógica, mas que estabilizam a indiferença e o antissemitismo; identificar o Estado de Israel com o judaísmo. O acoplamento das ideias “política do governo” de Israel com os Judeus é inadmissível. Israel serve de pretexto para o antissemitismo ser globalizado. 

 Uma política do olhar desviado tem facilitado o aumento alarmante do antissemitismo e da xenofobia na Europa. O interesse das classes dirigentes em não se defrontarem com os problemas e a tolerância de espaços livres à direita e à esquerda possibilitam viveiros de intolerância e de violência. O tema antissemitismo e xenofobia dividem a sociedade e é instrumentalizado para fins politiqueiros.

Torna-se insuportável a hipocrisia com que se combatem gestos e frases dos Nazis e não se ligue ao ódio cultivado e justificado a partir de uma instituição religiosa que age do centro da sociedade com frases sagradas fomentadoras do racismo e da exclusão e onde se equipara os judeus a “macacos e porcos” (Sura 5:60 no Corão). O problema está no facto de as frases do Corão não estarem sujeitas à análise histórico-crítica, sendo por isso de tomar à letra.

Mal da cultura que, em vez de deixar o amor e a compreensão como herança, deixa o ódio para os vindouros.

O povo judeu é dos mais pequenos do mundo, mas aquele que mais contribuiu e contribui para o desenvolvimento do mundo.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

PARA UM DISCURSO MAIS AFERIDO ENTRE PRODUÇÃO E REIVINDICAÇÃO

Comparação do PIB (produto interno bruto) e PPC (poder de compra per capita) entre alguns países europeus e lusófonos

 

A comparação dos salários mínimos entre países pode ser um estímulo para maior equidade, mas também para maior competição.   Nas comparações e tomadas de conclusões é importante ter-se em conta não só o PIB (1) mas em especial a paridade do poder de compra (PPC) entre os países (2).

A Suiça, com 8,3 milhões de habitantes (dos quais 2 milhões de estrangeiros) e uma área de 41 285 km², consegue ser a 23ª economia do mundo, com um PIB nominal por cabeça de 79.242 US$ e com um poder de compra per capita (PPC) de 59.561 US$. Portugal tem um PIB de 19.832 US$ e um poder de compra de 28.933 US$ (dados relativos a 2016)!

Comparação de países em relação ao produto interno bruto per capita (PIB)

O Luxemburgo tem um PIB   de 103.199 US$, a Suiça 59.561 US$, a Alemanha 41.902 US$, a França 38.128 US$, a Espanha 26.609 S$, Portugal 19.832 US$ , Brasil 8.727 US$, Angola 3.501 US$,  Cabo Verde 3.078 US$,  Timor Leste 2.102 US$, Guiné-Bissau 595 US$, Moçambique 392 US$

Comparação de países em relação ao poder de compra per capita (PPC)

A PPC tem em conta tanto as diferenças de rendimentos como as diferenças no custo de vida. Quanto mais fraco for o Dólar maior é o poder de compra dos países de moeda mais forte.

O Luxemburgo tem um PPC   de 104.003 US$, a Suiça 58.561 US$, a Alemanha 48.111 US$, a França 42.314 US$, a Espanha 36.416 US$, Portugal 28.933 US$, Brasil 15.242 US$, Angola 6.844 US$, Timor Leste 4.187 US$, Cabo Verde 6.662 US$, Guiné-Bissau 1.730 US$, Moçambique 1.215 US$.

 

Quando se fazem comparações entre países, para não cairmos em fantasias aleatórias, temos de considerar o poder de produção de um país, o poder de consumo, a realidade geográfica, política, social e cultural que levam um país a ser mais ou menos equilibrado em relação ao que produz e consome. Para se mais distribuir é preciso produzir mais; isto independentemente da justiça/injustiça real ou sentida em relação à distribuição da riqueza!

 

  • 1. O PIB (produto interno bruto) é a soma dos bens e serviços (quantificado em dinheiro) que (no caso) um país produziu num ano per capita. É o termómetro da economia, da riqueza produzida num país ou região.
  • 2. Na comparação a fazer-se a PPC tem em conta as diferenças de rendimentos e as diferenças no custo de vida dos países (além destes fatores de diferenciação há outros a ter em conta quando se fazem afirmações sobre ordenados e sobre nível de vida).

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

 

MAIS UMA INTROMIÇÃO DO ESTADO EM QUESTÕES DE INTERNET

Combate ao ódio e à informação errónea no Facebook e Twitter

No dia 30.06 o parlamento federal alemão aprovou uma lei para combater a desinformação (informação errónea) e de incitação (pôr veneno) na Internet

Com o argumento de que a Internet não é um espaço sem lei e que o código penal é o limite da liberdade, o ministro alemão da justiça conseguiu ver uma lei aprovada pelo Parlamento Federal, “contra o direito do punho” na Internet.

Empresas de internet, como Facebook e Twitter, estão sujeitos a punições até 50 milhões de euros. A lei é aplicável, depois de passar no Conselho Federal; empresas com um mínimo de dois milhões de usuários estão sujeitas à lei. A lei é apresentada sob a ideia de contradizer o ódio na Internet e de impedir afirmações falsas sobre pessoas e instituições principalmente em tempos de campanhas eleitorais. As empresas de internet (Facebook, etc.) são obrigadas apagar tais postagens no mais curto espaço de tempo.

A lei é contestável e certamente inconstitucional porque não diferencia entre informações tendenciosas falsas, incitação criminosa, sátira e liberdade de expressão. Torna-se difícil evitar o abuso sem infringir a liberdade de expressão

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,