Instituto de Camões com Excesso de Carga?

DISTRITO DE KASSEL NA ALEMANHA SEM AULAS DE PORTUGUÊS

Instituto de Camões com Excesso de Carga?

António Justo

O ano lectivo começou a 9 de Agosto no Estado de Hessen. Os alunos dos Cursos de Português de Kassel, Bad Karlshafen, Bad Arolsen e Hessisch Lichtenau ainda se encontram sem aulas de português.


A ineficiência duma burocracia, longe dos destinatários e com os relógios da diáspora excessivmente acertados pelo centralismo crónico de Lisboa, deve-se também ao desconcerto inicial entre o Instituto Camões (IC), a Coordenação-Geral do Ensino em Berlim e as Associações de Pais e de Encarregados de Educação.


O IC ocupa-se a desoras com o perfil do professor para o Ensino de Português no Estrangeiro (EPE). A data dos testes de admissão para docentes pretendentes ao EPE e a consequente candidatura do docente para o lugar vago tornam impossível o começo regular e ordenado das aulas.


A legislação não é clara e torna o processo moroso. Desde a selecção do pessoal pelo IC para um país, através de testes psico-técnicos, prova de conhecimento da língua, até ao concurso sem horários e à candidatura do docente para as vagas existentes no país concreto desperdiça-se muito tempo. É um processo tardio em que o IC selecciona pessoal e não sabe se as pessoas seleccionadas concorrem às vagas existentes para o ensino. Além do mais pretende ignorar que as férias escolares de verão na Alemanha são apenas 6 semanas e começam cedo.


Na Alemanha, as aulas começam, geralmente, na primeira semana de Agosto (o começo do ano lectivo varia de Estado federado para Estado federado e de ano para ano; os estados federados do sul da Alemanha, Bayern e Baden-Württenberg começam as aulas mais tarde, geralmente no princípio de Setembro).


As coisas não se fazem para serem levadas a bom termo; conta-se, já de início, com muitos hiatos nas redes a nível de horário e de pessoal, e a música repete-se de ano para ano. Conta-se com a atitude dum povo com espírito de vaca!


No caso concreto acontece que, com o acto da colocação do professor para o cargo de professores do EPE, o/a docente fica abandonado a si mesmo. O novo professor, se não houver alguma alma caridosa privada que o apoie, terá de, em curtíssimo espaço de tempo, procurar sozinho domicílio e tudo o que tem a ver com as necessidades vitais primárias e com a responsabilidade profissional.


O Instituto Camões abriu concurso com 18 tempos lectivos para Kassel, embora, na realidade, o professor tenha de se deslocar a Bad Arolsen (a 42 km de Kassel), Bad Karlshafen (a 50 km) e a Hessisch Lichtenau (a 34 km). Apenas cinco dos tempos lectivos serão leccionados em Kassel.


Fora do tempo e sem apoio institucional, o docente tem de contactar as associações de pais sem que estas tenham sido informadas. Este ano, pelos vistos, até terá que se auto-apresentar às escolas alemãs onde será cordialmente recebido, mas deixando a impressão de entrar pela porta do cavalo.


Um mínimo que se esperaria da Embaixada / Instituto Camões seria que informasse as associações de pais e escrevesse uma carta à direcção das escolas alemãs, que hospedam os cursos de português, anunciando a colocação do novo docente e mencionando o nome de quem o irá apresentar. No caso do Coordenador/a não poder ir às escolas alemãs apresentar o docente, deveria delegar uma pessoa competente que o faça.


Desde 1998 a burocracia, tem vindo a despachar um trabalho de que não parece convencida.


Será que o Instituto Camões se encontra com excesso de bagagem ou apenas falta de experiência no sector que assume?


O Instituto Camões passou a assumir o Ensino de Português no Estrangeiro com uma rede de 1.691 professores e 155.000 alunos da educação pré-escolar e do Ensino básico e secundário.


A Coordenação em Berlim tem uma nova Coordenadora desde um de Setembro. Apesar de tudo, o pessoal da Coordenação e das sub-coordenações deveria estar à altura de poder manter o serviço regular sem atropelamentos.


Urge democratizar a Administração.


António da Cunha Duarte Justo

Conselheiro consultivo do Vice-Consulado de Frankfurt

O SOL DA BOLA BRILHA SOBRE A PÁTRIA


Campo de Futebol – O Altar da Nação

António Justo

O futebol expressa o sentimento das nações; todos içam a bandeira e em cada cidadão rejubila a nação inteira. Nesta altura até a esquerda é patriota. Em nome da Selecção, enquanto a corrida para o título dura, acabam-se as discórdias entre os clubes e as sobrancerias de classes e posições. No reino do futebol, a nação une-se por um momento e até a política consegue passar ainda mais desapercebida. A nação deita-se a pensar em futebol e levanta-se a sonhar futebol.


No canto chão da rua encontra-se o chão da nação. Com o campeonato a mente popular estimula-se dando lugar à perdida memória colectiva da nação. Não fosse Portugal futebol e o Brasil Carnaval e futebol, por onde andaria a consciência de povo e a fama da nação!


Porquê tanto interesse, tanto entusiasmo, tanta admiração, em torno do futebol?


O Homem não é de pau e precisa de festa, precisa de ritos e liturgias, precisa de pontos altos que o eleve da banalidade do quotidiano. A liturgia profana da política é muito circunscrita e reservada só para alguns.


No futebol, o campo torna-se no altar da nação! Aí, a vítima é imolada à imagem dos ritos religiosos dominicais. Cada adepto levanta a sua prece ao seu ídolo, de forma ordenada e recolhida nas bancadas.


No Olimpo das nações, os seus deuses continuam a comportar-se à maneira dos deuses gregos. A nação vitoriosa (Paraguai…) até chega a dedicar um dia sabático para que o fervor do acto seja depois prolongado em acto de memória e como acção de graças aos deuses do poder. A divindade da nação sacrificada (Nigéria…) e ofendida troveja, do alto do seu Olimpo, castigos e actos de reparação para os seus sacerdotes…


Com o futebol, na orgia dos sentimentos, ganham todos: os contentes e os descontentes. Ele integra sentimentos e normaliza as tensões; permite também picar sem fazer doer.


Os jornalistas, satisfeitos, especulam em torno de jogadores e adeptos. Quando a equipa da nação perde chegam até a ir ao arsenal da História procurar motivos para aliviar o desconsolo da derrota.


Uma sociedade ainda não desquitada procura pessoas com quem possa sofrer em conjunto e com quem estar orgulhosa.


No canto da rua apenas uma desafinação: árbitros com atitudes desconformes, mancham o azul do céu. Esperanças desiludidas, as vítimas da canelada e da “febre-amarela” que por vezes chega mesmo ao rubro e das equipas castigadas com apitos arbitrários ou com golos oportunistas dos habituais espertos que jogam bem mas fora de jogo. Afinal também esta liturgia festiva mostra as suas limitações apontando para as carências do dia a dia banal. Enfim, vive-se de gozos precários mas sempre à procura da felicidade.


Também os políticos, com a sua táctica, procuram a proximidade do futebol e dos futebolistas num passe de jogo de alegria selecta baralhada na alegria popular espontânea. A política serve-se, louvando, instigando, comentando. Chama-lhe um figo em campanha da promoção. Neste momento todo o mundo é solidário, oprimidos e opressores cantam a mesma canção. O banho ocasional dos políticos nos sentimentos positivos do povo só traz vantagens além da certeza de serem citados nas notícias e mostrados no telejornal.

O espectáculo torna o governo mais amado e o jugo esquecido. Desvia do dia a dia.


As elites das rasteiras têm mão no jogo e o jogo na mão! Em campo não há crise, todo o mundo joga e ganha. A guerra doce serve a globalização; contribui para a identidade da nação, alivia do saber que faz doer e serve a bolsa da promoção.


Para os críticos resta a demarcação de S. Mateus que dizia: “nem só de pão vive o Homem…”


De resto, a nação cumpriu a sua função: de trabalho e de distracção se faz a ração.


António da Cunha Duarte Justo

antniocunhajusto@googlemail.com

REGIONALISMO AMEAÇADO POR GOVERNO E OPOSIÇÃO


Portagens desviam o Trânsito para as Estradas Nacionais


António Justo

O Governo PS de Lisboa cedeu ao PSD determinando a introdução de portagens nas SCUT de todo o país. Com esta medida desvia-se grande parte do trânsito das auto-estradas para as vias secundárias. Em nome duma justiça saloia vem-se sobrecarregar a poluição das populações e agravar a qualidade de vida dos seus centros. Esta determinação vem tornar mais inviável o turismo e o veraneio fora de Lisboa e do Algarve.


O Governo PS começou por querer discriminar as regiões do Norte e agora ao alargar as portagens a todo o Portugal compromete também o PSD que “só” estaria de acordo se a medida abarcasse todo o país. Um imbróglio partidário para vender ao povo, como lógica, uma medida irracional e atrevida. Tal legislação só se justificaria se houvesse estradas rápidas alternativas (variantes) a passar fora das populações. Todo o Norte e Centro deveria já ter como alternativa uma variante contínua dado a antiga EN1 e outras passarem por dentro das populações. A Assembleia da República anda longe de Portugal e dos Portugueses desta maneira finta o povo, habituado a um discurso abstracto longe das realidades, a politiquices que não levam a lado nenhum.


Este é mais um golpe dos meninos bonitos da Capital e do capital contra as regiões. A zona mais atingida é a do Norte pelo facto das estradas alternativas às auto-estradas passarem pelo centro de zonas de grande concentração populacional. A sobrecarga que vai resultar do desvio do trânsito para as estradas nacionais terá, necessariamente, de chamar as populações às barricadas! A falta de investimento fora do grande centro Lisboa e os apoios da EU destinados às regiões desviados para Lisboa ou queimados em acções de fogos de vista, estão na base do endividamento da mão pública e privada. Estão à vista as consequências duma economia centralista megalómana, sem pés nem cabeça, levada a cabo por um executivo autista, que actua a olho, sem medida nem ponderação.


O povo desabafa resignado: “no Norte trabalha-se e em Lisboa gasta-se”! O povo todo trabalha atabalhoadamente e o Governo e seus comparsas gozam, num misto democrático de vaidade, má consciência, inveja e raiva.


Paira no ar português a convicção de que os “coveiros do nosso desenvolvimento, continuam a cavar mais a nossa recuperação económica, apostados em levar a ‘res-publica’ ao abismo”.


O povo protesta e como a revolta popular seria uma reacção adequada à discriminação, o bispo do Porto, viu-se obrigado a apelar à política para actuar no sentido da paz popular. Apelos não contam para uma política consciente de que os cães ladram enquanto a caravana passa. A democracia só pode ser salva a partir da pessoa e da movimentação das bases.


É estranho que o povo se tenha sentido na necessidade de ir a Lisboa “sensibilizar” os “seus”deputados para não apoiarem a introdução de chipes electrónicos para cobrança das portagens. O chumbo dos chipes pela oposição e excepções de portagens prometidas para residentes e empresas são actos insuficientes. Por outro lado, os deputados “provincianos” apanhados sós em Lisboa só se solidarizam com o partido; este é que concede mordomias e perspectivas e futuro.


As auto-estradas já são sustentadas com os impostos de gasolina pagos pelos contribuintes. Em todo o caso, antes de qualquer plano de introdução de portagens seria necessária a construção de vias rápidas (variantes) alternativas que circundem as populações. Já se torna agora insuportável a agressão da poluição sonora e do ar que as populações têm de suportar. Se estas ainda não têm sentido de qualidade de vida deveriam tê-la os que planeiam as redes de estradas e auto-estradas… Uma política falaciosa e autoritária continua a ser suportada por um povo rebanho que justifica um actuar político, estranho a sociedades com civismo desenvolvido. Em Portugal “cada ovelha vive com a sua parelha” e assim se justifica que alguns fiquem sempre com a parte do leão.


Na Alemanha não há portagens. O dinheiro que o Estado recebe do imposto da gasolina chega para construir e reparar as estradas e auto-estradas. Portagens só se introduziram, há pouco, para carros pesados pelo facto da Alemanha ser um país de passagem para o trânsito internacional. A grande afluência de camiões de transportes internacionais que estragam bastante o piso das auto-estradas e podendo eles meter gasolina fora do país não podia continuar a ser subsidiada apenas pelo contribuinte alemão, advogam eles.


A própria vizinha Espanha tem auto-estradas privadas com portagens e auto-estradas do estado sem portagens. A União Europeia concedeu grandes verbas para a construção de auto-estradas em Portugal para beneficiar as regiões, como foi o caso da A 28, e agora vem o governo, com uma simples leizita contrariar a política de promoção regional da EU e acentuar as dissimetrias regionais. E isto para arrebanhar contribuições para poder continuar a governar levianamente à custa do suor de alguns, sem uma política séria que envolve também os ricos na tarefa de impedir a falência do Estado português. Como em Portugal o abuso é lei aceite, já se prevê a sobrecarga das populações que ficam na trajectória da EN13 e da antiga EN1. E estas que aceitem o jugo, à maneira árabe, sem tugir nem mugirem. Não imaginam a qualidade de vida perdida, a desvalorização das casas à beira de estradas que passarão a ter de suportar um peso enorme devido ao trânsito que passará a ter de evitar as auto-estradas.


Já é tempo de dizer “chega de politiquices”

Assembleias das juntas de freguesias, assembleias paroquiais, e iniciativas ad hoc, unidas, poderiam dar expressão à insatisfação popular e organizar a desobediência civil com iniciativas da base em defesa do povo e das regiões. Podiam-se formar iniciativas de impacto cívico que motivem o povo para acções concretas, para iniciativas políticas e jurídicas a nível nacional e da EU, para bloqueios de estradas, chamada à responsabilidade dos deputados regionais, para a necessidade de organização da divisão do estado português em três regiões, com certa autonomia de impostos, ensino, etc. Doutro modo os explorados continuarão na posição de ovelhas ranhosas de que os lobos de Lisboa se riem!


A Nação não tem cor nem tem donos. Ela é um jardim colorido onde todas as cores se esvaem no ânimo dum povo arco-íris.


É inaceitável que os elefantes da política pateiam o jardim para o tornarem monocromo, ao jeito dum espírito partidário antinacional e contra o povo. Portugal encontra-se cada vez mais desfocado da realidade, e mais fossilizado no brilho da cor de ideologias alheias ao país e ao povo.


È triste a discussão a que se assiste em Portugal em torno das portagens. Uma discussão estéril, típica de portugueses: muito floreada e intelectual, de encosto a uma ou outra ideologia, de alguns para alguns, sempre à margem da realidade, da coisa em si, e à margem do povo, do meio geográfico e da nação. Onde não há povo não há nação e então surge o Estado autoritário com parasitas e abutres sobranceiros sempre com os olhos nas fundeadas da nação.


A incompetência política e económica graça entre agonia e accionismo. A política despreza a realidade cultural e geográfica das diferentes regiões portuguesas. Onde falta a competência diminui a autoridade aumenta o autoritarismo (já pior que no tempo de Salazar) e cresce a subserviência do povo. A pobreza material e espiritual aumentam de maneira assustadora.


Os do areópago querem o mundo só para eles, ou quando muito a servi-los. Não permitem que o Homem honesto sonhe com um mundo mais equilibrado e mais justo. Contra o atrevimento e a irracionalidade política que já não respeita democracia, povo nem nação, terão que se levantar as mulheres e os homens honestos de todos os partidos e da religião, juntarem-se a nível de freguesias e de paróquias, em acções conjuntas e começar com a remodelação de mentalidades e estruturas encrostadas que nos conduzem à ruína e à desonra. A salvação não vem das montanhas mas dos vales. Os cedros são um impedimento até para as ervas que asfixiam à sua sombra. Já Horácio admoestava para a realidade de que quando as montanhas dão à luz só nasce um ratinho ridículo.


Quem se lamenta ou é fraco ou aguenta… Há que redescobrir o lema de S. Paulo: “Não sou conduzido, conduzo” (Non ducor, duco)



António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com



REGIONALISMO AMEAÇADO PELO GOVERNO


Portagens desviadas para Lisboa


António Justo

A partir de 1 de Julho, o Governo de Lisboa pretende introduzir o pagamento de portagens nas SCUT do Grande Porto, Costa da Prata, e Norte Litoral.


O governo, sem mão na economia, inicia com as novas medidas mais um ataque da capital contra o Norte, discriminando esta região em relação às outras. Esta região, já discriminada a nível de investimentos e pelo desvio de apoios da EU para Lisboa, sente, cada vez mais na carne, as consequências duma economia centralista, insustentável, sem pés nem cabeça, levada a cabo por um executivo autista, que actua a olho, sem medida nem ponderação. No Norte trabalha-se e em “Lisboa” gasta-se!


O povo protesta e como a revolta popular seria uma reacção adequada à descriminação, o bispo do Porto, vê-se obrigado a apelar à política para actuar no sentido da paz popular. Apelos não contam para uma política consciente de que os cães ladram mas a sua caravana sempre passa. A democracia só pode ser salva a partir da movimentação das bases.


É estranho que o povo se sinta na necessidade de ir a Lisboa “sensibilizar” os deputados para não apoiarem a introdução de chipes electrónicos para cobrança das portagens. Os deputados “provincianos” uma vez chegados a Lisboa só se solidarizam com o partido; este é que concede mordomias.


As auto-estradas já são sustentadas com os impostos de gasolina pagos pelos contribuintes. Em todo o caso, antes de qualquer plano de introdução de portagens seria necessária a construção de vias rápidas (variantes) alternativas que circundem as populações. Já é agora insuportável o peso da poluição sonora e do ar que as populações têm de suportar. Se estas ainda não têm sentido de qualidade de vida deveriam tê-la os que planeiam as redes de estradas e auto-estradas. Uma política falaciosa e autoritária continua a ser suportada por um povo rebanho que justifica um actuar político, estranho a sociedades com civismo desenvolvido. Em Portugal “cada ovelha vive com a sua parelha” e assim se justifica que alguns fiquem sempre com a parte do leão.


Na Alemanha não há portagens. O dinheiro que o Estado recebe do imposto da gasolina chega para construir e reparar as estradas e auto-estradas. Portagens só se introduziram, há pouco, para carros pesados pelo facto da Alemanha ser um país de passagem para o trânsito internacional. A grande afluência de camiões de transportes internacionais que estragam bastante o piso das auto-estradas e podendo eles meter gasolina fora do país não podia continuar a ser subsidiada apenas pelo contribuinte alemão, advogam eles.


A própria vizinha Espanha tem auto-estradas privadas com portagens e auto-estradas do estado sem portagens. A União Europeia concedeu grandes verbas para a construção de auto-estradas em Portugal para beneficiar as regiões, como foi o caso da A 28, e agora vem o governo, com uma simples leizita contrariar a política de promoção regional da EU e acentuar as dissimetrias regionais. E isto para arrebanhar contribuições para poder continuar a governar levianamente à custa do suor de alguns, sem uma política séria que envolve também os ricos na tarefa de impedir a falência do Estado português. Como em Portugal o abuso é lei aceite, já se prevê a sobrecarga das populações que ficam na trajectória da EN13 e da antiga EN1. E estas que aceitem o jugo, à maneira árabe, sem tugir nem mugirem. Não imaginam a qualidade de vida perdida, a desvalorização das casas à beira de estradas que passarão a ter de suportar um peso enorme devido ao trânsito que passará a ter de evitar as auto-estradas.


Já é tempo de dizer “chega”

Assembleias das juntas de freguesias e assembleias paroquiais, unidas, poderiam dar expressão à insatisfação popular e organizar a desobediência civil com iniciativas da base em defesa do povo e das regiões. Podiam-se formar iniciativas de impacto cívico que motivem o povo para acções concretas, para iniciativas políticas e jurídicas a nível nacional e da EU, bloqueios de estradas e auto-estradas, chamada à responsabilidade dos deputados regionais, iniciativas de organização da divisão do estado português em três regiões, com certa autonomia de impostos, ensino, etc. Doutro modo os explorados continuarão na posição de ovelhas ranhosas de que os lobos de Lisboa se riem!


A Nação não tem cor nem tem donos. Ela é um jardim colorido onde todas as cores se esvaem no ânimo dum povo arco-íris.


É inaceitável que os elefantes da política pateiam o jardim para o tornarem monocromo, ao jeito dum espírito partidário antinacional e contra o povo. Portugal encontra-se cada vez mais desfocado da realidade, e mais fossilizado no brilho da cor de ideologias alheias ao país e ao povo.


È triste a discussão a que se assiste em Portugal em torno das portagens. Uma discussão estéril, típica de portugueses: muito floreada e intelectual, de encosto a uma ou outra ideologia, de alguns para alguns, sempre à margem da realidade, da coisa em si, e à margem do povo, do meio geográfico e da nação. Onde não há povo não há nação e então surge o Estado autoritário com parasitas e abutres sobranceiros sempre com os olhos nalguma coisa que se mexa


A incompetência política e económica graça entre agonia e accionismo. A política despreza a realidade cultural e geográfica das diferentes regiões portuguesas. Onde falta a competência diminui a autoridade aumenta o autoritarismo (já pior que no tempo de Salazar) e cresce a subserviência do povo. A pobreza material e espiritual aumentam de maneira assustadora.


Os do areópago querem o mundo só para eles, ou quando muito a servi-los. Não permitem que o Homem honesto sonhe com um mundo mais equilibrado e mais justo. Contra o atrevimento e a irracionalidade política que já não respeita democracia, povo nem nação, terão que se levantar as mulheres e os homens honestos de todos os partidos e da religião, juntarem-se a nível de freguesias e de paróquias, em acções conjuntas e começar com a remodelação de mentalidades e estruturas encrostadas que nos conduzem à ruína e à desonra. A salvação não vem das montanhas mas dos vales. Os cedros são um impedimento até para as ervas que asfixiam à sua sombra. Já Horácio admoestava para a realidade de que quando as montanhas dão à luz só nasce um ratinho ridículo.


Quem se lamenta ou é fraco ou aguenta… Há que redescobrir o lema de S. Paulo: “Não sou conduzido, conduzo” (Non ducor, duco)



António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

A PRAGA DA DÍVIDA PÚBLICA AMEAÇA OS ESTADOS


Uma Comparação entre a Alemanha e Portugal

António Justo

Situação na Alemanha


A dívida do estado Alemão é de 1.716.987 milhões de euros. Devido aos juros, a dívida aumenta 4.481 € por segundo. A cada um dos cidadãos alemães corresponde uma dívida de 21.003 €. E isto num estado com uma economia forte!…


O Estado não tem reserva. A poupança do Estado não chega sequer para amortizar os juros.

Na Alemanha, até hoje só o chanceler Konrad Adenauer (1949-57) conseguiu uma reserva de poupança de 4.000 milhões €.


O endividamento da Alemanha ainda merece um certo desconto. O preço da União da Alemanha com as transferências anuais de milhares de milhões de euros da Alemanha ocidental para a Alemanha socialista (antiga DDR) é horrendo. Além disso, segundo as estatísticas, um terço do que os alemães produzem, num ano, são gastos com o estado social (assistência à saúde, desemprego, etc.).


Na Alemanha o governo seguia a regra de que as novas dívidas a fazer de ano para ano não podiam ultrapassar os investimentos que o Estado faz. Tem orientado o endividamento ao crescimento do PIB. Entretanto o Tribunal Constitucional alemão exigiu um travão para o endividamento. Como consequência do travão das dívidas imposto pela Constituição, os Governos terão de cumprir o determinado a partir de 2011, isto é, com o tempo, terão de se safar sem recorrer a créditos. A Alemanha federal terá de reduzir até 2016, as dívidas novas, a um máximo de 0,35% do PIB.


A seguir-se a lógica da prática governativa, até agora, isto significarás que, a longo prazo, os governos aumentarão os impostos para contrabalançarem o travão das dívidas. Em vez disso seria necessário um Estado mais magro e políticos menos gulosos!


Por outro lado a situação mundial é mesmo má: a dívida externa total no mundo é de 98% do PIB mundial. Isto imprime, no comportamento dos países, uma dinâmica de endividamento e de inflação crescente.


Situação em Portugal


A dívida pública do Estado português cresce assustadoramente passando de 125,9 mil milhões € em 2009 para 142,9 mil milhões € em 2010 (isto é, para 85,4% do produto interno bruto).


O endividamento privado da economia portuguesa atingiu 115% do PIB em 2009. As pessoas e empresas privadas endividam-se perante os bancos nacionais e os bancos nacionais endividam-se perante os bancos estrangeiros. As nações dos bancos credores, como no caso da Alemanha, vêem-se obrigadas a apoiar as nações à beira da falência para que estas possam amortizar as dívidas dos seus bancos e assim impedir que a insolvência destes atinjam os seus. Quando as dívidas privadas e do Estado se efectuam na circulação interna do país, a situada não é muito má; o problema surge no momento em que as dívidas são contraídas no estrangeiro. Neste caso vale a lógica da economia privada. Por isso, a comparação entre países com dívidas carece de objectividade linear e conduz ao erro. As dívidas do Estado reprimem os investimentos privados. Segundo se pode verificar no diagrama do NY Times ( http://www.nytimes.com/interactive/2010/05/02/weekinreview/02marsh.html ) os empréstimos/dividas são maioritariamente intra-europeus. O mal está para os países que têm de recorrer a crédito internacional. Para a EU (União Europeia) o problema não é grande porque o proveito fica nela (nos países credores).


No que respeita ao PIB per capita com poder de compra, como refere o DN, numa escala dos países, a média europeia situa-se no índice 100; o Luxemburgo atinge o índice 268, a Alemanha 116, a Grécia 95, Portugal 78 e em situação pior que Portugal temos apenas os 8 países europeus do antigo bloco socialista.


Privadamente os portugueses encontram-se super-endividados tal como o Estado. Os portugueses têm investido em produtos consumistas e o Estado tem seguido uma política aleatória de investimentos em projectos de prestígio não produtivos. As políticas em curso são insuficientes e contra-produtivas porque sobrecarregam o consumidor e as pequenas e médias empresas. Portugal permanece incorrigível e os governos são irresponsáveis e não têm competência para governar um país que apesar da sua posição marginal tem grandes potencialidades que continuarão a ser desaproveitadas.


Na Europa, os impostos directos e indirectos são de tal ordem elevados que, feitas bem as contas, 75% do que uma pessoa ganha fica para o Estado.


De ano para ano os Governos recorrem a empréstimos servindo-se deles para descontar parte dos juros dos créditos anteriores. A montanha das dívidas cresce continuamente sem haver amortização mesmo nos anos das vacas gordas. Combate-se a crise das dívidas com novas dívidas. Já ninguém conta com a possibilidade de as pagar. Um princípio financeiro diz que as dívidas de hoje são os impostos de amanhã. O Estado financia-se através de impostos e de dívidas. O endividamento adia a carga para o futuro devido aos juros e amortizações a saldar.


Em cada orçamento de família as despesas não devem superar as entradas. Os governos contam com a falência fazendo valer uma política partidária apenas interessada em adiar a catástrofe! Para dançarinos do poder o stress da dívida conduz a irracionalidades mas não a insónias.


Uma dona de casa que se comportasse no governo da casa como os governos se comportam com o orçamento do Estado, já há muito estaria sujeita ao escárnio dos vizinhos, não teria fiadores e encontrar-se-ia em apuros com a justiça. Os políticos exploram o estado como se este fosse rico; permitem-se mordomias, carros de serviço de luxo, funções acessórias em conselhos ficais de bancos, de empresas, contribuindo assim para a corrupção das instituições.


Não se preocupam com o futuro dos outros, com o futuro da civilização. A bancarrota e a guerra são as soluções conhecidas do passado. As elites não se preocupam porque sabem que as falências e a guerra são pagas pelos trabalhadores e pelos soldados rasos. Os que provocam as insolvências safam-se a tempo!


O Estado e os seus políticos são esbanjadores vivendo em conivência com os poderosos. Apesar do momento crucial em que nos encontramos dão-se, descaradamente, ao luxo de aumentar os seus ordenados! Poupam naqueles que não se podem defender. Com o tempo não restará ao povo outra opção senão sair para a rua em defesa da justiça e da democracia. Infelizmente a lei da vida parece dar razão aos que fazem uso da violência e da exploração.


O preço da falência dos bancos foi a credibilidade da política, o preço da crise dos estados será a democracia.


António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajustp@googlemail.com