Os últimos 264 soldados alemães abandonaram o Afeganistão
Até 11 de setembro próximo os USA e seus aliados terão retirado todas as tropas do Afeganistão, 20 anos depois do teatro de operações iniciado contra a Al-Qaeda, no Hindu Kush, depois do atentado contra as Torres Gémeas, em Nova Iorque, em 11 setembro de 2001. A operação militar foi iniciada com o intento de impedir que o terrorismo islâmico fosse exportado para outros países. Entretanto o terrorismo islâmico encontra-se ainda com mais força em África. O Mali é já semelhante ao Afeganistão.
A missão alemã no Afeganistão terminou a 30 de junho. Os últimos 264 membros da Bundeswehr regressaram e o governo tenciona fazer uma festa de recepção oficial mais tarde. Em maio, ainda havia 1.100 soldados alemães no Afeganistão. A Alemanha tem 59 mortos para lamentar. No total, estiveram 160.000 soldados alemães no espaço dos 20 anos de serviço no Afeganistão. A operação custou à Alemanha mais de 12 mil milhões de euros.
O governo federal também concede 2.400 vistos a trabalhadores humanitários afegãos e membros de família que eram colaboradores da Bundeswehr e agora ficariam em risco de vida perante os Talibãs. As mulheres afegãs em vão clamarão por justiça contra a opressão, agora sem obstáculos.
Os soldados alemães regressaram à Alemanha, quase pela calada da noite pois (juntamente com os aliados) perderam a guerra contra os radicais islâmicos (os belicosos acusarão o Ocidente de desertor e os talibãs proclamar-se-ão vencedores!). “Ai dos vencidos” ensina a História!
Encerra-se assim, mais um erro-fracasso histórico do Ocidente. Depois do fracasso no Irão com a queda do Xá em 1979 e a consequente proclamação da república islâmica teocrática do aiatolá Ruhollah Khomeini, depois do fracasso no Iraque, na Líbia e na Síria é chegada a hora do fracasso do Ocidente no Afeganistão! Quem se mete com o Islão apanha e não bufa! Os “Golias” perderão contra “David” que se sente mandatado de Alah e do seu povo. A guerrilha ideológica e bélica são a estratégia que lhe dá sucesso!
Este erro-desastre passará à história como passaram os referidos sem que se apurem responsabilidades nem se tirem lições para o futuro. Facto é que o islamismo ganha em todas as frentes em relação ao Ocidente: de não menosprezar também a emigração muçulmana para a Europa! O poder considera-se autossuficiente, sem existir alguém que lhe peça contas. A história é a única testemunha de muita fraqueza e arrogância político-militar apoiada pela desinformação. Do povo não se fale nem se peça responsabilidade, a ele compete dizer okay, gosto, ou, quando muito, ignorar!
O Povo afegão encontra-se agora praticamente nas mãos dos Talibãs que se aproveitarão da situação para intensificar a sua Missão de Conquista em África (Mali, etc.) Desde maio, os talibãs reconquistaram 90 dos 400 distritos do Afeganistão, noticiam os jornais alemães. Agora já controlam metade do país.
Quanto a Portugal, a retirada dos 162 soldados portugueses destacados no último contingente nacional, deu-se em maio. Durante os 20 anos de presença portuguesa no Afeganistão, no total estiveram cerca de 4500 militares nesse espaço de tempo, em diferentes contingentes nacionais. Portugal teve dois mortos a lamentar.
A presença militar portuguesa no teatro de operações do Afeganistão representou “um desafio complexo, mobilizador de grande esforço militar, mas também financeiro, político e diplomático…” Naturalmente, como em tudo há também aspectos positivos a mencionar com a presença dos soldados da Nato. Para tal leia-se a nota (1) do site.
António CD Justo
Pegadas do Tempo
- (1) Relatório português: https://core.ac.uk/download/pdf/62695231.pdf