Progressistas e Conservadores num Beco sem Saída

Vias contra o descrédito dos partidos e a desertificação do país

Os socialistas têm razão ao quererem imprimir um processo de mudança rápido à sociedade portuguesa. Perdem-na quando o tentam fazer de maneira radical contra a cultura e contra a pessoa na sua tentativa de construirem um colectivo ideal à custa do essencial da pessoa humana.

Vivemos numa época de transformações tão rápidas que o grande problema social se torna na possibilidade de poder acompanhar tal movimento. A política e a escola ainda não dão resposta a este facto. Também este se tornou num factor inconsciente do descontentamento social.

Tais como as nações, também os grupos sociais se encontram em diferentes estádios, andando a diferentes velocidades. Enquanto que alguns andam a pé outros começam a descobrir o carro não sonhando sequer no avião. A maioria ainda anda a cavalo!

O problema está nas condições, rapidez e na capacidade de enfrentar a mudança para a poder acompanhar. Há muita dificuldade na capacidade e na vontade de querer mudar sem o perigo de perder a própria identidade. À disparidade sócio-económica entre nações modernamente desenvolvidas e subdesenvolvidas e entre as classes sociais dentro das nações junta-se a falta de preparação para se poder acompanhar o ritmo de desenvolvimento científico e tecnológico em causa.

Na aldeia global o género humano descobre-se como parte da natureza. Sente inconscientemente a sua interdependência ecológica e social, a sua dependência das fontes energéticas e de muitas outras incógnitas. Reconhece-se num processo por um lado de continuidade de ligação à natureza e por outro de descontinuidade (Adão e Eva) o que acentua a sua discrepância. Como ser situado e aberto experimenta-se como consciência de ser de responsabilidade limitada. O horizonte da natureza é o ser humano. Consequentemente a responsabilidade humana deixou de ser apenas individual para se alargar ao universo. Tudo isto implica a necessidade de grande capacidade de fazer conexões e de valorizar uma avalanche de informações normalmente à volta do acidental. Confunde-se a visão polar do mundo com a realidade. Os conservadores querem um mundo mais valorizador da pessoa e os socialistas querem um mundo mais regulado pelo estado. Se uns desconfiam do Estado os outros desconfiam da pessoa.

A política tornou-se complexa sem ser transparente. Surge a insegurança e o medo com a consequente necessidade de respostas simples.

A racionalização do extremismo mais para a direita ou mais para a esquerda depende do acentuar da justiça (bem comum) mais a nível individual ou mais a nível social.

Aqui se cai na armadilha dialéctica. É o que acontece em Portugal no revezar-se dos partidos no governo desde o início da monarquia constitucional. A acentuação da pessoa ou da sociedade (colectivo) correspondem a diferentes ordens sociais e estas, por sua vez encontram-se representadas nos partidos que se revezam no governo da nação. Não há lugar para a reflexão nem a pátria dispõe de instituições que fomentem a acção ponderada. Passa-se a imitar o estrangeiro ou os partidos obram automaticamente numa cadeia de reacções ininterruptas. Daí a explicação para a intervenção de movimentos violentos nos momentos da história em que a justiça social chega a ser extremamente desprezada. Então é o tempo do movimento contra o status quo. Assim se vai andando de injustiça social em injustiça social, de revolução ou revolta em revolução ou revolta. O que acontece nas mudanças revolucionárias acontece muito atenuadamente, de maneira metafórica, nas mudanças de governo.

Seria óbvio um esforço dos dois partidos contrários por encontrar um compromisso justo e equilibrado entre as duas perspectivas de visão humana e social. Isto pressuporia a superação duma mentalidade meramente polar para uma integradora dos dois pólos, que de facto constituem parte essencial duma só realidade. Isto significaria trabalhar no sentido da paz social e individual na união de interesses estruturais e individuais. Teria de haver uma aposta no desenvolvimento individual e estrutural já não na concorrência mas na convergência. Um esforço neste sentido prepararia o caminho para uma maior aceitação de progressistas e conservadores por parte da população. Este reconheceria, em termos de igualdade a necessidade dos dois pólos deixando de se alienar em soluções de mera oposição.
Para isso seria importante mudar de atitude e acordar o povo para que se dê conta da necessidade das várias forças.

A tendência que se nota na sociedade para querer solucionar o mal social com personalidades fortes, um novo Salazar, diminuiria rapidamente. As forças políticas terão de abandonar a táctica do deixar correr e passar a agir mais perto do povo se não quiserem deixar a situação tornar-se extrema e ver a sua reputação cada vez mais reduzida, contribuindo para ofomento daqueles que questionam o bem emocrático…

O que está em jogo é a justiça social e a defesa da cultura num equilíbrio entre recordação e sonho, entre passado e futuro. A nossa sociedade ainda não tem prática suficiente da realização de valores sociais liberais para que os políticos se possam permitir o que se têm permitido. A continuação dum tal agir é irresponsável.

O sistema partidário comete um grande erro ao não fomentar associações e organizações capazes de formular e expressar diferenciadamente os diferentes interesses do povo. Geralmente as poucas instituições existentes são subsidiárias dos partidos políticos fornecendo-lhes os seus representantes em troca de votos dos seus representados e duma influência moderadora no seu meio. Isto leva a um ciclo vicioso em que os partidos se tornam cada vez mais corruptos e desleais à própria mundivisão que foi substituída por uma clientela que muitas vezes embora em postos altos não têm ideia do que representam. A democracia torna-se assim numa sociedade repressiva aberta ao contrário das ditaduras repressivas fechadas.

Uma democracia deveria estar capacitada para preparar o povo de maneira a este se encontrar na situação de poder controlar e equilibrar o movimento pendular entre o interesse individual e social. O povo seria então o garante do processo dinâmico social entre o que se atingiu e o a atingir.

Cada cidadão tem o direito de colocar a sua prioridade na defesa do valor individual ou social ou mesmo mudando conforme o desenvolvimento o solicitar. Uma tal sociedade consegue um estado viável de paz não se contentando com um pseudo-viver entre a paz dos cemitérios e a paz escatológica do paraíso. Naturalmente que se exigíssemos a tranquilidade ao mar este apodrecia, o mesmo se dá com o ser humano e com a sociedade.

Cada confissão partidária tem a obrigação de declarar inequivocamente as suas prioridades numa filosofia coesa e não esconder-se na confusão semântica das ideias e slogans de campanha. Os dois objectivos são essenciais num processo balança entre indivíduo e sociedade, entre capitalismo e socialismo, entre a defesa da pessoa e a da estrutura. Os dois pólos são positivos e negativos. Num e noutro tem de se deixar crescer o joio com o trigo. A estrutura é o pecado original da humanidade mas imprescindível à vida humana. Daí o pêndulo da moral não poder ser assenhoreado só por um pólo partidário. Espera-se da política a realização dos dois objectivos Homem e Sociedade numa inter-relação e serviço mútuo em que seja possível autonomia e identidade sem a abdicação no colectivismo. Nesse sentido é importante a descentralização e a autodeterminação. Uma política contra o interior e de fomento do seu despovoamento no sentido de fomentar o anonimato das grandes cidades, mais aberto a ideologias de ocasião, tem sido oportunista e injusta. É irresponsável a desertificação das regiões interiores em franco processo. O mesmo se tem dado a nivel da cultura.

A desrtificação da cultura, da nação e da pessoa humana tem sido fomentada especialmente por uma esquerda demasiadamente atenta ao poder e distraída de si mesma e do povo.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo
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Papa Bento XVI

Hoje 16 de Abril, dia dia em que o Papa faz oitenta anos foi publicado o seu livro “Jesus de Nazaré” com uma tiragem de 250.000 exemplares. O Pontífice quer mostrar, na sua nova obra, que os evangelhos descrevem Jesus de maneira inequívoca como filho de Deus.

Na continuação do agir do papa predecessor, Bento XVI acentua a fé. Procura dar orientação em tempos de grande mudança como mostra na sua encíclica “Deus é amor.” Ele mantém-se fiel ao seu conservadorismo não correspondendo ainda a muitas esperanças postas nele.

Apesar disso os juízos e preconceitos têm diminuído de intensidade. Ele afirma-se como um pai consequente.

Na Alemanha já se nota maior interesse pelo cristianismo ocupando este, na consciência de muitos, o lugar duma religião de vanguarda. Conseguiu chamar a atenção para o núcleo da Boa Nova cristã: o amor e a fé. Ele que queria passar os últimos anos da sua vida como cientista escrevendo livros em sossego permanece um homem da doutrina, na continuidade do seu livro publicado em 1968 com o título “introdução ao cristianismo”, uma obra modelo.

A igreja precisa urgentemente de reformas interiores. Estas têm de partir duma base mais confiante e menos rotineira, recado que o Papa deixou na sua primeira encíclica. Seria uma infidelidade ao Cristianismo continuar a crer que bastaria o recurso a reestruturações paroquiais para precaver a falta de padres. O espírito de “Deus é amor” contradiz aquela atitude em voga.

Da reacção emotiva do mundo árabe à sua lição científica de Ratisbona o Papa aprendeu que o seu cargo mais que científico é político. Soube manter-se firme sem desculpas, apesar da praxis hesitante dos que se orientam apenas pelo politicamente correcto, encorajando os cientistas a não abdicarem perante o medo. Ele tem sido um exemplo de coragem e empenho também para a política.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

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Tatuagem do Corpo: uma arte ou mutilação?

Na procura da própria identidade

Tatuar e pintar o próprio corpo corresponde a uma necessidade e a uma tradição ancestral. A tatuagem era então usada como ornamento e em certos casos como penitência ou para alcançar graça perante os deuses.

Entre marinheiros e piratas era sinal de coragem e de revolta. Entre grupos rock era sinal de força e virilidade.

Piercing surgiu na América entre homossexuais e simultaneamente entre Punks como forma de protesto contra a sociedade convencional.

Hoje tornou-se num culto entre os jovens, um ritual de transformação. Expressa o desejo de se querer tornar mais atractivo ou de se considerar o corpo como uma obra de arte. Corresponde a uma ânsia de se definir e demarcar e de contestar os preconceitos sociais. A juventude pretende captar a atenção pela negativa e pela positiva.

Para Irene Antoni-Komar, no seu livro Haut und Ornament “A pele já não é aceite como fronteira entre o eu interior e o mundo exterior…O corpo, ou seja, a pele torna-se numa superfície para a projecção de experiências limite do próprio corpo e da cultura.”

Numa época em que socialmente o auto-controlo e a disciplina não são cultivados, muitos demonstram essa necessidade na disciplinação do próprio corpo e na necessidade de se distanciarem. Provam assim que o seu espírito de abnegação é um facto contra uma sociedade acusadora por vezes fixada em clichés. Na sua forma de protesto contra uma sociedade que não sabe o que quer e que segue apenas o espírito do tempo provam capacidade para a mudança e persistência em aguentar a dor. Com a sua coragem querem mostrar auto-consciência e auto-estima reagindo contra uma sociedade desmotivadora. Mostram grande energia inovadora que não é convertida em termos sociais.

O problema está na medida. Entre outros sintomas encontra-se também o sado-masoquismo de premeio, chegando mesmo ao extremo de amputações. Auto-ferimentos e exageros provêm, por vezes, de depressões, podendo estas conduzir ao isolamento social. Formas extremas podem apontar para uma infância abusada que se expressa agora no desejo de querer superar ou esconder velhas feridas.

Uma vez que a sociedade já aceita esta forma de contestação a tendência para a tatuagem ou piercing diminuirão.

No futuro, os espertos prevêem a tendência para implantações subcutâneas. Na Alemanha foi já proibida a menores tais operações.

Para alguns põe-se o problema de emprego. Uma estigmatização levá-los-ia a refugiar-se numa subcultura contestadora.

A juventude mostra um grande potencial de energia. Será que a nossa sociedade não o merece?

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

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Democracias ao Serviço do Fascismo?

Onde estão os protestos contra as execussões turcas?

Ontem numa editora cristã na Turquia foram executados três cristãos. Depois de amarrados de pés e mãos a cadeiras e torturados foi-lhes cortada a garganta.

A perseguição a minorias, aos cristãos, tem sistema. Há um século atrás ainda havia na Turquia 25% de cristãos. Hoje os muçulmanos são 99%. Este é um processo e um fenómeno comum aos países muçulmanos. Em todos os países conquistados deixa de haver vestígios humanos vivos das culturas invadidas ou dominadas através da proliferação.

O ano passado houve um assalto a dois padres, o fuzilamento de um outro e o assassinato do jornalista arménio em que se encontravam envolvidos polícias e políticos ultra-nacionalistas apesar da polícia de Istambul ter sido informada previamente. Responsáveis da editora cristã já se queixam há anos que as autoridades locais e os políticos incitam a população contra eles. Sintomático é o facto da execução dos três cristãos ter acontecido depois da televisão turca ter anunciado na quarta-feira anterior que a editora “Zirve” tinha distribuído bíblias.

A verdade é que a nação turca vive desde há 85 anos na mentira afirmando-se como estado laico em que as minorias cristãs e judaicas deveriam ser respeitadas. Este princípio só se encontra no papel. A identidade nacional é condicionada ao Islão. Só um turco muçulmano é um verdadeiro turco. As minorias têm que o sentir no dia a dia. Até no seu bilhete de identidade são identificáveis através dos dois últimos números. A República Turca vive bem da mentira. Confronte-se o debate sobre a sua entrada na União Europeia.

Onde estão os protestos contra as execussões turcas? Quem se tem manifestado dentro e fora da turquia? Os intelectuais e politicos só parecem estar sensibilizados e dispostos a fazer reagir e a fazer declarações quando se trata da defesa dos interesses islâmicos. Pensar faz doer e o medo pode muito!… Que os muçulmanos se calem, é já costume, mas que os povos ocidentais se comprometam, não é bom testemunho para a democracia.

A Turquia apresenta-se ao exterior como uma república laica e internamente é contra tudo o que não seja islâmico. As autoridades turcas costumam lavar as mãos sangrentas com o argumento de que são casos individuais. O Islão considera legítimos os meios empregues na expansão e defesa da sua fé. O emprego da mentira é legítimo desde que empregue na defesa do Islão. A qualidade moral duma acção depende da religião da pessoa a quem se dirige. A religião divide o mundo em duas zonas: a terra da paz (onde dominam) e a terra da guerra, o resto.

A consciência de possuírem a única religião verdadeira leva-os a exigir, de cabeça levantada nas nações não islâmicas onde vivam, os direitos vantajosos e de se fecharem em guetos até poderem impor a sua mentalidade. Os extremistas sabem-se protegidos por uma população que os não denuncia. A cumplicidade é assim legitimada democraticamente. Por outro lado nos países de imigração muçulmana a política não encontra parceiros de conversação vinculativa porque não há uma representação única dos muçulmanos. A falta de estruturas representativas leva os políticos ocidentais a fomentar conselhos do Islão que apenas têm uma função de polimento de imagem perante a opinião pública. O diálogo só conhece um sentido único: a direcção do Islão.

Na Europa a ideologia fascista muçulmana encontra-se na ofensiva. Os governos ocidentais só estão interessados em convenções económicas bilaterais marimbando-se com o trato das minorias nos países islâmicos.
Ingenuamente as autoridades religiosas cristãs preocupam-se com a realização de orações multireligiosas que ao fim e ao cabo só atingem os cristãos envolvendo algum representante de mesquita que protege assim o povo do contágio.
Se a Europa não quiser caminhar na direcção duma Cossovização a longo prazo terá de levar os muçulmanos a estruturar-se de maneira representativa e a não permitir nele o fascismo que combate no meio da própria cultura. Doutro modo, a longo prazo, a política democrática serve o fascismo das duas partes. Isto revela uma grande fraqueza do sistema democrático: o Islão é mais coerente e mais forte, pelo menos enquanto conseguir privar a generalidade do povo dos bens económicos e da ciência.

Se há sol e chuva deve haver sol e chuva para todos! Acima das instituições deve estar a pessoa humana independentemente da sua fé… O resto corre o risco de ser fascismo camuflado!

António Justo

António da Cunha Duarte Justo
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Estado paternalista – Escolas Proletárias

A violência nas escolas atingiu o limite
A campanha do Ministério da Educação está a dar resultados: Nas escolas portuguesas são agredidos mais de um professor por dia, alguns a ponto de terem de ir para o hospital. A ministra diz que são casos “pontuais”. O problema é dos professores que persistem em continuar a dar más notas.

Os resultados do estudo comparativo de alunos de vários países (PISA) a nível internacional são péssimos para Portugal. A ineficiência e o abandono escolar denunciam o sistema.

O governo, num activismo precipitado, determina medidas ineficientes e descarrega a consciência na cata de vítimas que expliquem a miséria. Culpabiliza os professores responsabilizando-os pelo insucesso escolar, por darem más notas. Numa tentativa desesperada passou a castigar os docentes que derem demasiadas notas baixas à turma dos alunos.

Foi-me referido um caso típico orientador para colegas docentes em Portugal: uma professora de inglês, depois de realizadas as provas de avaliamento, verificou que mais de um terço dos alunos tinham reprovado. A consequência seria uma má nota na avaliação da professora atendendo aos maus resultados dos alunos. A professora de inglês, para não ser castigada pelos maus resultados dos alunos resolveu fazer nova prova correspondente ao nível dos mais fracos. Assim correspondeu aos interesses do ME, passando a estar todos satisfeitos e ela a ter uma boa nota no seu processo de avaliação. Isto é que é ser socialista!

Desautorização sistemática do professorado e dos mais velhos
A Ministra da Educação afirma: “queremos escolas novas” e “melhorar a qualificação dos professores”. O problema é de mentalidade e de filosofia política sendo os professores uma pequena pedra sistematicamente desautorizada no grande xadrez do ensino. Progressistas e conservadores deixaram-se levar pelos ventos marxistas que queriam um povo proletário de aplaudidores cantando e rindo.

Entretanto a Europa arreda caminho desses ideais seguindo uma política de reparação dos erros feitos. Portugal teima em viver a mentalidade ideológica dos anos 60 em processo de ser corrigida na Europa do Norte. Aquela, também na escola, atribuía a culpa aos mais velhos e o fracasso ao passado. O ponto crítico, o erro colocava-se nos outros, como queria fazer ver até a psicologia em moda. Procedia-se à desautorização sistemática do professorado na suposição de que bastaria uma formação proletária numa liberdade contrária à autoridade e à disciplina. Para o sistema chegariam alguns disciplinados e privilegiados para governar! Como o pensar é elitista abaixo com o pensar. No povo ele só estorvaria, portanto, o cidadão quer-se Zé-povinho.

Uma ideologia que desrespeita os mais idosos e a autoridade legítima despreza a experiência.
A sociedade moderna tecnológica exige grande precisão e disciplina dos seus técnicos. A política propaga outra mentalidade. A barraca é cada vez maior. Verifica-se que não chega alargar os conteúdos da primária antiga para nove anos…

A política e a sociedade querem abdicar da responsabilidade e lavar as mãos nos professores e nos pais. Os pais não estão preparados para assumir a responsabilidade que a sociedade lhes roubou. Os professores não podem assumir a responsabilidade que a política lhes furtou. A culpa morreu solteira! O problema é que a irresponsabilidade conduz ao autoritarismo

Portugal parece teimar em continuar na mentira da vida. A vida não perdoa, ela é luta, é conflituosa. Os alunos têm que aprender e saber; não chega o comprido sol das férias grandes para fazer esquecer os fracassos e as negligências… Muitas das pessoas que hoje estão bem na vida, sendo embora de origem humilde poderão testemunhar com Bill Gates, o dono da maior fortuna pessoal do mundo e da Microsoft:”A tua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Nalgumas escolas … tens quantas chances precisares até acertares. Isto não se passa com absolutamente nada na vida real. Se pisares o risco, estás despedido, rua!”

O problema não está nas notas nem no aprovar ou reprovar os alunos mas sobretudo na falta de disciplina e de respeito reinante nas escolas que não permitem um ambiente sadio de trabalho. O Estado apresenta-se como um patrão benévolo que só quer filhos pródigos. Este estado ideológico não toma a vida a sério, simplificando-a e fomentando uma ideia falsa de educação baseada no pensamento de que o sucesso e a auto-estima se adquirem de graça. Não chega mandar os alunos ir aos figos ou às uvas do vizinho ou dar-lhes a ideia de que algum tio da maçonaria ou do partido no momento oportuno lhes alisará a vida oferecendo-lhes um diploma ou um cargo; temos que ensiná-los a cavar o próprio campo. O sucesso não se atinge sem trabalho. Não chega a satisfação do céu dos cargos inerentes a um mundo que se pretende proletário!

Não chega dar aos pais, aos cidadãos o direito de protestar e de votar. A factura a pagar por um Estado que se recusa a encarar a realidade será saldada pelo povo e por uma democracia cada vez mais fragilizada por um estilo de vida alienado.

A filosofia da política educativa tem que mudar. A sociedade não pode continuar a viver de mezinhas e das esmolas da União Europeia e dos emigrantes. É fundamental o fomento do respeito pelos valores humanos num mundo frio que olha para as pessoas como se olha para números ou para euros.

Seria um atentado ao povo continuar a apresentar-lhes a miragem da democracia e direitos humanos alheios ao respeito e à solidariedade.

A obra à nossa frente é de tal ordem que exige de todo o cidadão sem excepção grande empenho e responsabilidade. Doutro modo a política institucionalizada e a democracia sofrerão estragos irreparáveis.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo
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