UM DEPUTADO DO PE GANHA MAIS QUE A CHANCELER ALEMÃ

É da natureza da ovelha não remar contra a maré

Por António Justo

Nas instituições cúpula, o valor de uma pessoa e de uma instituição é, muitas vezes, avaliado pelo ordenado e não pela responsabilidade nem pelo que produz! Um deputado da União Europeia tem um vencimento de 14.727 Euros por mês. Ganha mais que a Chanceler alemã. Não há comparação entre o trabalho e a responsabilidade de uma e o do outro.

A fim de esgotar os 14.727 €, muitos deputados da União Europeia inscrevem-se na lista de presenças do parlamento sem estarem presentes, fazem-no  simplesmente e apenas para levantar dinheiro, como se pode ver aqui no link em alemão e em Servo-croata.

A EU quer a confiança dos deputados e quer tornar o constructo União Europeia atractivo para as elites. As elites é que determinam o ritmo da música! Elas estão seguras porque conscientes que são poucos os que remas contra a maré!

O problema é que a Instituição não quer controlar para que cada um, satisfeito, se sirva quanto mais puder. O povo se estivesse nas mesmas condições e tivesse a mesma oportunidade faria o mesmo; mas elites controlam o povo, o que não fazem em relação aos parceiros! As elites vivem muitas vezes do controlo do povo, mas não admitem o controlo delas mesmas e o povo é ovelha mansa!

O mais questionável nesta reportagem foi o facto de terem expulsado os jornalistas, quando faziam um serviço de controlo a que os deputados pretendem fugir e que a instituição não faz e até impede!

Reportagens como esta, de maneira geral, não correm na imprensa pública para não fomentar o populismo de baixo. Quem melhor se serve e aproveita do regime seria tolo se falasse contra ele: esta é a moral que nos governa! Por isso é muito natural temos o populismo de cima a controlar e a falar mal do populismo de baixo!

Esta parece ser a lógica da governação e da União Europeia que tem investido muito mais nas elites e nos fortes do que no povo! A elite (os nossos pastores políticos) servem água e bebem champanhe, mas o povo pensa que isto é a democracia. Contra a força, contra o oportunismo e contra a burrice não há remédio que cure! Honestidade parece ser defeito em política.

Enfim, esta é a condição social humana criada e democraticamente sustentada. Os pastores servem-se da tosquia das ovelhas para passarem melhor o seu inverno e quanto aos lobos, esses, por natureza esfomeados, até descem ao povoado!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

QUANDO AS MULHERES ERAM OBEDIENTES

Do Branqueamento da Atualidade

Por António Justo

Até 1957 tinha validade na Alemanha o parágrafo da obediência que dava aos homens o direito de determinarem sobre a vida comum do matrimónio; isto era regulado pelo código civil entrado em vigor em 1900.

Também, até 1977, as mulheres não podiam trabalhar sem a aprovação do homem.

Até 1958 o homem tinha o direito de rescindir o contrato de trabalho de sua esposa sem o seu consentimento e sem aviso prévio.

Quanto ao direito das mulheres poderem votar, também só tardiamente lhes foi dada igualdade. Antes era a cabeça de casal que tinha o direito a votar.

O sufrágio feminino foi introduzido pela primeira vez na Nova Zelândia em 1893.

Finlândia em 1906; Alemanha em 1918; USA em 1920; Turquia em 1930 (Graças a Ataturk), Brasil em 1932, França em 1944; Portugal 1946; India em 1950; Suiça em 1971.

Nas primeiras eleições gerais foram eleitas para a Assembleia da República na Alemanha 41 mulheres o que correspondia a 9,6% dos 423 deputados.

Em 2017 a percentagem de mulheres no parlamento desceu para 30,9% no Bundestag, isto é para o nível de 1998.

Como se vê levou tempo até que se passasse da sociedade agrícola para a sociedade industrial, onde o trabalho determina o direito.

Apesar de todo o desenvolvimento, a imagem da mulher ainda continua a ser muito definida pela bunda, perna, coxa e seios; isto é, apenas como objecto de desejo.

No meio de tudo isto, verifico que a injustiça, geralmente, caminha à frente da justiça.

A razão da apresentação destes dados vem do facto de verificar que hoje se usam, muitas vezes no debate público, os males passados como argumento de justificação dos males presentes. Vejo muita gente interessada em falar mal da História de Portugal devido à colonização e em desdizer de Portugal apresentando só os dados negativos do antigo regime, como se isso, além de ser mau, fosse uma coisa só nossa e sem o contexto da época. Esta é uma estratégia da esquerda para pôr os conservadores em situação de fora de jogo!

Outros, porque não acham relevantes os defeitos dos adversários do presente, gastam o tempo a lavar a roupa suja do passado alheio, na esperança de que algo da sujidade antiga, suje o rosto do adversário atual! Este espírito social de lavadouro público já lembra uma praga social no âmbito da argumentação. E isto num tempo em que teríamos tanta roupa suja atual para lavar! Seria fraco o nosso presente se para o glorificar precisássemos de difamar o passado ou só falar dos seus erros.

Do Engano de se aldravar com a Moeda do Preconceito

As injustiças que condenamos no passado servem, muitas vezes, de condimento para adoçar as injustiças do presente, quando os erros do passado são o estrume onde nascem o trigo e o joio de hoje.

Embora vivamos hoje num mundo diferente, não é legítimo armarmo-nos em carapaus de corrida modernistas, e abusar de um espírito crítico de análise com duas medidas. Hoje condenamos, com veemência, os maus hábitos de ontem, mas achamos política e economicamente o mal que fazemos hoje, de menos relevância.

Também Pilatos passou a rasteira à multidão ilibando-se de responsabilidades lavando as mãos sujas com pretextos de inocência.

O passado instrumentalizado e não reconhecido, nos seus aspectos positivos e negativos, cria o desgaste civilizacional em que nos encontramos! É verdade que o passado não se vende, mas é abusado para um presente que se quer sem raízes nem fundamentos; por isso é mais considerado como adjectivo do que como substantivo, olhando-se só para os males dele e assim nos distrairmos dos males do presente.

Hoje somos, geralmente, obedientes ao pensamento politicamente correcto, com a agravante que, muitas vezes, o somos sem consciência disso.

© António da Cunha Duarte Justo

Pedagogo

In “Pegadas do tempo”

DOM QUIXOTE É A ELITE E SANCHO PANÇA É O POVO

Do Dom Quixote e do Sancho Pança que se é

Por António Justo

Dom Quixote (é o símbolo de idealistas, de progressistas, de sonhadores, da cidade e da elite cavaleira que quer dominar o mundo) é o patrão de Sancho Pança (símbolo do concreto, da seriedade, da tradição, dos conservadores, da realidade, do povo, amante da aldeia e da família). O poder dos Dom Quixotes não deixa os Sancho Panças fazer valer os valores que lhes corresponderia, embora o destino e interdependência sejam comuns.

O grande escritor Miguel de Cervantes com o livro Don Quixote de la Mancha criou uma parábola do que se passa também no nosso tempo e que supera o tempo histórico (ele é genial e tornou-se em fonte inspiradora de literaturas internacionais).

Num caminho de aventura entre realismo e idealismo, Sancho Pança segue Dom Quixote na esperança que este lhe dê o reinado de uma ilha que lhe prometera. Esta é a ilusão que mantém o povo arrebatado e enganado por ideologias, mas sem as quais também não poderia viver.

A vida é injusta e quem disser o contrário passa a ser também parte dos idealistas.

Facto é que Sancho Pança e Dom Quixote cavalgam juntos através dos tempos e são inseparáveis, diria, são complementares!

Aquilo que os Dons Quixotes de hoje deveriam reconhecer é que a nossa vida é e será o romance e que a virtude e vida que cultivam é colhida nos alfobres da injustiça!

Vive-se numa sociedade individualista dos Dom Quixotes, equivocados, ao pensar-se que se consegue gerir a vida sozinhos. A União Europeia, na sua acção política com as nações, não tem respeitado as duas personagens que são protótipos inseparáveis, e que pertencem mesmo ao género do Mito: a expressão da realidade social e individual na sua essência. Também progressistas lutam contra conservadores como se fosse possível uma vida social sem uns e outros, além de uns e outros cultivarem a ilusão de que é possível uma sociedade feita só de Dons Quixotes.

O povo aguenta com o perigo e com os riscos dos sonhos das elites, mas que estas não sofrem. A ideologia torna-se muitas vezes um impedimento da vida pacata e bem vivida, mas abana-a da sua pasmaceira. O povo não gosta das intrigas do poder e hoje de maneira especial não se sente bem com os Dom Quixotes que lhe querem roubar o sossego da terra e da família.

A nostalgia que amarra o Sancho povo ao Dom Quixote vem de um certo ideal professado e ingénuo pelo Dom Quixote bem servido!

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

https://antonio-justo.eu/?p=3547

 

FESTA DE SÃO SILVESTRE / ANO NOVO

Em Portugal a Festa encontra-se em casa

A festa do Ano Novo (da passagem 31 de Dezembro) é nomeada de festa de S. Silvstre, o nome do Papa Silvestre I, que morreu em Roma no no dia 31 de Dezembro do ano 335.

Esse dia é, pela primeira vez, menciondo, no calendário eclesiástico, em 813, como onomástico de São Silvestre,  o padroeiro dos animais domésticos e de um feliz ano novo.

Os romanos começaram a celebrar a festa, pela primeira vez no ano  153 a.C., data em que o início do ano foi adiado de 1º de março para 1º de janeiro.

Para individualistas que não gostem de festas de calendário, tiveram a oportunidade de celebrar o início do novo ano astronómico que este ano, no hemisfério norte, começou no dia 21.02.2018 às 22h23 (hora portuguesa).

Na Alemanha na véspera do ano novo (Silvester) celebra-se a passagem com foguetes e fogos de artifício por toda a parte. Torna-se num espectáculo em que, à meia noite,  as pessoas vão para a rua, com os vizinhos, lançar os foguetes e com um copo de espumante brindam e trocam augúrios de Boas Festas.

É uma festa celebrada em todo o mundo e a que andam ligadas as mais diversas superstições e costumes. Em Berlim juntam-se na Porta de Brandenburgo mais de um milhão de pessoas a celebrar a passagem com um copo de sekt (vinho alemão semelhante ao champanhe) ou de champanhe! Na Alemanha oscomerciantes de sekt vendem só para essa noite 20% do consumo do ano.

Em Portugal, por exemplo no Porto, as pessoas celebram a passagem com um bom jantar em casa ou num restaurante e antes da meia-noite saem para a rua para assistir ao show dos fogos de artifício.

Por todo o país se festeja a magia da passagem e se admira, além do espectáculo pirotécnico, também os enfeites das luzes da época natalícia. Nesta altura Portugal torna-se num magnete de estrangeiros no Porto, na Madeira (mais de 500.000), em Lisboa, na Nazaré etc.  Muitas outras terras também se aproveitam da ocasião para festejar também com estrangeiros.

Em Portugal o mundo encontra um povo que gosta da festa!

Um ano 2019 feliz e à medida dos vossos desejos.

António da Cunha Duarte Justo

In “Pegadas do Tempo”

 

 

POR QUE NÃO EXISTE EXTREMA-DIREITA EM PORTUGAL?

O Extremismo político português só é constatável em pequenos Grupos que o importam e na Rectórica

Por António Justo

A virtude está no meio! O extremismo depende da distância do centro e também este é variável, se se parte da ideologia dominante numa mundivisão político-social. Numa época em que a crença dominante é a do pensar politicamente correcto, torna-se difícil determinar o que é centro. O extremismo político tem a ver com a rejeição de um Estado constitucional democrático. A extrema esquerda vê no capitalismo e no patriotismo o mal do sistema e trabalha para instalar um novo regime e a extrema direita caracteriza-se, principalmente, por um nacionalismo xenofóbico.

A sociedade portuguesa não corre o perigo de produzir extremismos políticos: os que tem tido são oportunamente importados. É uma sociedade acomodada que se expressa politicamente mais pela boa fé, pela mediania e pelo seu caracter de intermediário (conciliador). Os multiplicadores de ideias e ideologias chegam sempre um pouco atrasados a Portugal; geralmente através de “burgueses” insatisfeitos que se aproveitam das fraquezas do sistema político.

Na incapacidade de se criar um pensamento conservador e um pensamento progressista de matriz própria, importam-se ideologias destemperadas, sem espaço para as temperar ao nosso modo e menos ainda para produzirmos as nossas. Por isso passamos a andar politicamente, como nação, atrás da História, o que, por vezes, também nos poupa as asperezas de alguns erros…

Razões da moderação à direita na sociedade portuguesa

Um país com 20% de pobres e com um milhão de reformados com reformas inferiores a 250€ mensais não é tão homogéneo como parece. Apesar disso mantem-se um país socialmente pacífico, moderado, acolhedor, trabalhador e ordeiro.

O Artigo Artigo 46.º 4 da Constituição (1976) proíbe organizações que representem valores fascistas ou racistas. Na cultura política portuguesa a compreensão democrática é anti-ultra-direitista. Na opinião de comentadores internacionais, a Constituição portuguesa, de coloração socialista, não aplica a mesma medida para as forças comunistas ou anárquicas.

O uso do método d’Hondt nas eleições desde 1975 impede também ele o aparecimento de partidos pequenos e favorece os partidos maioritários (populares). O embargamento da ideologia à direita tem ajudado a impedir a formação de um polo radical com expressão institucional política (ao contrário do que acontece à esquerda) e deste modo impossibilitando a confrontação de extremismos, por ausência de um extremismo militante de direita. Por outro lado, a influência maçónica opera como factor de sustentabilidade a uma facção republicana influente de timbre socialista. Daí uma certa distorção da sociedade portuguesa quanto à percepção do que é esquerda e do que é direita, em comparação com a sociedade da Europa central e norte (p.ex. atitude do PS partido português e SPD partido irmão alemão!).

O Golpe de 25 de Novembro (Ramalho Eanes, Melo Antunes, Jaime Neves, etc.) interrompeu em Portugal a acção dos protagonistas do terrorismo internacional, que tinha entregado as colónias aos grupos de guerrilha comunista. Esta correcção da revolução recusou todo o extremismo, sobretudo o da direita.

A partir do Golpe, deu-se também a uma socialdemocratização de todos os partidos com excepção de alguns partidos da esquerda (Marxista-Leninista, Trotskista e maoista).

O problema ganhou mais relevância com a Geringonça porque antes o extremismo de esquerda não participava no poder, mas, com o governo de António Costa, o Poder assumiu uma certa radicalização, dado o partido socialista, para formar Governo, ter de conceder muito espaço ao partido Bloco de Esquerda (Marxista-Leninista e Trotskista) que propaga agendas internacionais da marxização da cultura ocidental).

Uma mentalidade portuguesa universalista, respeitadora do indivíduo e da sua expressão pessoal e um espírito católico ainda presente na sociedade portuguesa, têm possibilitado um comportamento moderado e tolerante também entre os partidos.

Quanto mais liberdade no sistema político mais potencialidade se nota para o aparecimento de posições mais individualizadas e também extremas; em Portugal a liberdade encontra-se mais na mão das corporações e o descontentamento social é mais fácil de ser instrumentalizado contra os patrões do que contra a classe política que se iliba de responsabilidades criando uma cultura política do culpabilizar o partido adversário e assim desviar as atenções do cidadão de políticas factuais concisas (principalmente a esquerda comporta-se em tempo útil de governação como se estivesse em permanente campanha eleitoral; a direita é mais cómoda e indolente neste sentido, contando com um certo apoio de muitas pessoas não politizadas).

Um outro factor da moderação social portuguesa deve-se também à circunstância de o regime político tratar bem as suas elites, que uma vez insatisfeitas provocariam instabilidade política. (Portugal tem 220 generais  dos quais 114 na reserva; tem tantos generais de quatro estrelas como a Alemanha (quatro). A moderação do povo é acompanhada por uma certa cumplicidade de um corporativismo encostado ao Estado e sem vocação para a população. Desde que os grandes ou pretendentes a sê-lo se encontrem satisfeitos, o povo acomoda-se sempre porque não tem a quem se encostar (como hipérbole observamos no reino animal este fenómeno em relação às hienas, à sua presa e aos outros animais que esperam até que elas se saciem).

Uma outra razão do nosso espírito temperado vem do facto de Portugal ainda não ter tido uma experiência com o islamismo como têm as nações ricas da Europa (na Suécia a viragem é radical). A fragilidade do sistema social português e a pobreza tem colocado Portugal fora da rota da imigração muçulmana.

Por outro lado, o radicalismo da extrema direita verifica-se mais em Estados com experiência das ditaduras socialistas (Veja-se o caso do radicalismo alemão que vem sobretudo da antiga DDR: país do real socialismo e outros países do antigo domínio soviético).

O extremismo político português, vem de fora e é contrário ao génio português que pouco tem de protestante sendo universalista e amante da festa. Recorde-se o radicalismo importado pelo Marquês de Pombal, as invasões francesas, os extremismos pré-república, a acção das forças escondidas por trás da carbonária,  o cobarde assassínio do rei e os inícios da república que conduziram à ditadura militar (1926) e, na consequência, os 40 anos do regime autoritário de Salazar que se caracterizava por ocupar o espectro nacionalista e combater os movimentos moderados de esquerda e de extrema esquerda; de não esquecer  o comunismo soviético, marxista-leninista e maoista, que esteve na base da revolução do 25 de Abril e que deixou uma opinião pública com conexão à esquerda na sequência de um ideário maçónico socialista.

O desequilíbrio, gerado por uma esquerda destemperada dominante, cria na sociedade um sentimento de insegurança que desestabiliza a ala conservadora da sociedade, fomentando-se assim pequenos grupos à esquerda e à direita que criam a sensação do caos social.

Se observarmos a vida dos líderes das nossas esquerdas, que se arrogam a defesa dos desbeneficiados do sistema, elas continuam com a mentalidade burguesa que combatem ad extra, só que disfarçada numa vida burguesa ad intra, encostada ao Estado. Também este tem sido um factor de resfriamento de extremismos latentes.

O drama português vem do facto de ser um povo demasiado propenso a influências; no regime de Salazar adaptou-se à maneira de ser do Estado Novo e, no que toca à atualidade, interiorizou de tal modo a propaganda do regime de abril que não nota as partes do seu cérebro branqueadas por ele, passando a viver de forma adaptada ao pensar do novo regime, tal como vivia antes em relação ao velho; o que é mas grave na mentalidade actual é o facto moralista de pensar que a sociedade portuguesa pós 25 de Abril  é melhor e de mentalidade qualitativamente diferente da do antigo regime. Esta mentalidade leva o povo a viver no equívoco de que a liberdade e a justiça são propriedade da esquerda. Assim se vai embalando uma sociedade em valores e contravalores entre “esquerda” e “direita” sem exigências em termos de eficiências governativas. Vive-se a nível físico social superficial uma paz dos cemitérios com governos que se alternam, mas que, em vez de manterem um equilíbrio com uma certa neutralidade governativa para poderem beneficiar o Estado, o minam devido a uma contínua intervenção pública de caracter jacobino.

Portugal o que tem a menos à direita tem a mais à esquerda; o bem-estar de uma sociedade revela-se mais eficiente quando a relação entre conservadores e progressista é normal e equilibrada. Na discussão política e nos meios de comunicação social chega a ter-se a impressão que há donos da democracia e que a esquerda se tornou, por graça do 25 de Abril (da Geração 68, a nível internacional), no pontífice da interpretação da opinião, determinando substancialmente a opinião pública.

O Extremismo político português é constatável em grupos que o importam, na rectórica e nalguma legislação ou regulamentações de caracter ideológico. A inexistência de um CDS e de um PSD fortes, ou melhor, a sua desestabilização significará a desestabilização do PS e uma consequente radicalização da sociedade.

Uma democracia eficiente tem de manter os extremos à direita e à esquerda de maneira a não ultrapassar os 10-15%, doutro modo dá lugar ao caos. Em Portugal, devido à mentalidade do povo, à situação corporativista e ao paternalismo autoritário das forças do Estado, não há perigo de se chegará a ter extremismos violentos como é comum ver-se fora de Portugal. O extremismo é, também ele, comutado num zelo nobilitado de defesa de uma República propriedade imaterial de alguns que de boa vontade a confundem com o bem-comum!

© António da Cunha Duarte Justo

Pedagogo (Português e História) e ex-membro activo do PS, SPD e CDU.

In “Pegadas do Tempo”