IGUALITARISMO OU IGUALDADE RASTEIRA: UMA ILUSÃO QUE PARECE JUSTA, MAS NÃO É

Imagine-se que o mundo (a sociedade) é como um campo com muitas plantas diferentes: umas altas, outras rasteiras, algumas com frutos, outras com flores e outras até com espinhos. Cada planta tem sua maneira de ser própria, mas o igualitarismo (igualdade!) é como um jardineiro que quer podar todas as plantas para ficarem todas do mesmo tamanho. Parece justo à primeira vista, mas será que é mesmo? Não será no sentido de que a palavra de ordem igualdade é, por vezes, usada indiferenciadamente para tornar os desiguais iguais na amálgama de massas sociais!

Essa ideia do “todos iguais” muitas vezes é usada por quem quer juntar as culturas, as religiões, as populações e os indivíduos no mesmo saco, para os reduzir a uma argamassa e assim melhor os poder controlar e dominar. É como se dissolvêssemos cada gota d’água num grande oceano, onde ninguém mais consegue destacar-se nem manter a sua própria forma. A gota deixa de ser gota, torna-se apenas parte do mar (no mar da sociedade!). E aí, quem tem força para nadar contra a corrente é que comanda. (As doutrinas asiáticas estão hoje, entre nós, muito em voga por expressarem o “espírito do tempo” ao serviço do caudal do politicamente correcto!).

Quando olhamos para o céu, vemos as nuvens e sentimos que há algo de maior lá em cima, algo que nos inspira e nos faz querer ser mais do que simples animais. Mas hoje, parece que querem tirar-nos essa vista, essa perspectiva de consciência, dizendo que pensar diferente ou ter sonhos altos já não tem mais lugar numa sociedade de terráqueos. Querem que sejamos como bichos sem coluna vertebral; querem que os humanos não se consigam erguer e não ousem sair fora da sebe para assim melhor os poderem montar.

O povo humano quer viver em paz, mas há sempre aqueles que vivem da guerra, dos conflitos e das divisões. Claro, todos nós devemos ter o mesmo valor como pessoas – nossos direitos e nossa dignidade são iguais, não fôssemos nós todos irmãos não por adopção mas por filiação divina. Apesar do muito patuá actual, não dá para fingir que todos tenham as mesmas condições de vida ou as mesmas oportunidades. Cada um carrega com a sua história, com seus desafios, suas capacidades porque é feito dele mesmo e das suas circunstâncias.

A verdade é que as condições em que vivemos são muito diferentes. Tratar toda a gente como se fosse igual acaba ajudando só alguns grupos, deixando outros para trás. Não é justo pedir que a árvore frutífera e o cacto deem a mesma sombra – cada um tem seu papel e suas limitações. E o melhor será procurar viver não só do sol que brilha para todos, mas também ver que as sombras dos outros se tornem até em momentos de fortalecimento para o nosso desenvolvimento.

O igualitarismo, que promete bem-estar para todos engana as pessoas. Ele desvia a nossa atenção do que realmente importa: melhorar as condições de vida e respeitar as diferenças de cada um. Não somos todos iguais, mas podemos ser todos valorizados pelo que somos. Somos todos pessoas com raízes em diferente terra, mas o que nos faz erguer a todos é o olhar no sentido do Sol.

(O igualitarismo do bem-estar é uma ideologia enganadora que desvia os incautos da realidade que os oprime). A natureza tal como a sociedade é diversa pelo que a questão socialmente a resolver no sentido da igualdade jurídica será evitar que as desigualdades sejam devidas a meras circunstâncias.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

PS: O texto surgiu-me ao reflectir sobre a magia de que se vestem certas palavras usadas na política para atraírem pessoas que olham para o azul do firmamento, mas sem terem os pés assentes em terra confundindo a diferença das pessoas com a igualdade perante a lei. O filósofo Aristóteles defendia, “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade”.

 

 

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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