MÁRTIRES DA REVOLUÇÃO FRANCESA CANONIZADAS

 

A 18 de novembro de 2024, o Papa Francisco ordenou que os nomes de 16 freiras carmelitas degoladas pela guilhotina do regime de terror (Robespierre) da revolução francesa, fossem inscritos no catálogo dos santos.

A 2 de novembro de 1789, as propriedades da Igreja foram confiscadas e entregues ao Estado francês com o pretexto de ser resolvida a crise financeira. A 13 de fevereiro de 1790, todas as ordens monásticas e congregações religiosas foram extintas. Também os sindicatos regulares são dissolvidos por decreto. Os votos que os religiosos deram ao ingressarem nos conventos são declarados “nulos” e é proibida a emissão de qualquer novo tipo de voto religioso.

A 14 de setembro de 1792, as Carmelitas do convento de Compiègne foram expulsas sendo acolhidas por algumas famílias. Na clandestinidade continuaram a praticar em comum a sua vida religiosa.

A 17 de julho de 1784, na revolução francesa, as 16 freiras carmelitas descalças de Compiègne foram guilhotinadas.

As 16 freiras carmelitas, foram condenadas à morte e guilhotinadas por resistirem à proibição da vida religiosa e recusarem secularizarem-se, sendo consideradas culpadas de serem “inimigas do povo”. Antes de subirem ao cadafalso rezaram pelos moribundos, e cantaram o Te Deum, seguido do Veni Creator e a renovação dos votos religiosos.

Os juízes da Revolução, não compreendem que as freiras estejam dispostas a renunciar à sua liberdade e submeter-se a uma regra de vida em comunidade onde “renunciam a todos os seus bens”. Este apego à sua fé parece suspeito e, por isso, criminoso. Este é o motivo central da sentença de morte (1).

Um século antes uma irmã carmelita do convento de Compiègne tinha tido um sonho profético segundo o qual a comunidade inteira seria martirizada.

Muitos contemporâneos viram na queda do regime de Robespierre, a resposta positiva à oração e dedicação das Carmelitas de Compiègne.

A Revolução Francesa, com o seu lema “liberdade, igualdade, fraternidade” foi um dos episódios mais vergonhosos da história humana conhecida.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Consultar file:///C:/Users/Antonio/Downloads/DialnetLaCrisisReligiosaDuranteLaRevolucionFrancesa-5248890.pdf

O rei Luís XVI foi decapitado a 21 de janeiro de 1793. A 10 de junho, com a aprovação da lei dos 22 prairais, teve início aquela que é conhecida como a era do Grande Terreur, que durou até à queda de Robespierre, no dia 27 de julho, dez dias depois da execução dos Carmelitas de Compiègne. O heroico sacrifício dos Carmelitas Descalças de Compiègne ajudou a acabar com o Reinado do Terror.

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

2 comentários em “MÁRTIRES DA REVOLUÇÃO FRANCESA CANONIZADAS”

  1. Concordo com o Papa Francisco ! Com essas Bulas ( Decretos) as canonizações passaram a ter um duplo significado : o exemplo, a seguir , para os cristãos e , agora, uma mensagem política para as nações e Estados! O novo método de canonizar constitui, na realidade, uma MUDANÇA SUBSTANCIAL, ao dispensar um processo ridículo, por exemplo da exigência de milagres…Quem ler a história “ das últimas freiras “que ocuparam o magnífico e esplendoroso Convento, ocupado, posteriormente pelos SALESIANOS em Vila Do Conde, ficará esclarecido sobre o processo caricato de uma canonização ( falhada) dos FUNDADORES DO CONVENTO !!!! Para não falar do processo de CANONIZAÇÃO de D. AFONSO HENRIQUES… Ah pois, ouviram falar ?!?!O processo durou séculos e foi sabotado … Para mim o nosso primeiro Rei é um SANTO , como outros !
    FELIZ NATAL E PRÓSPERO e ALEGRE ANO NOVO

  2. Concordo totalmente com o que o J.C.Mart diz! Vai sendo tempo de a Igreja uma vez desalojada dos palácios dos reis assumir uma política indirecta (no símbolo) como fez o Papa ao introduzir no Cânone dos Santos as 16 freiras guilhotinadas na Revolução Francesa. Naturalmente esta “mensagem política para as nações e Estados” como bem apresentas, terá que ser incorporada, no âmbito de vida directa, pelos cristãos que deveriam entrar na política, em partidos (e nas cenas da arte) para se tornarem neles o sal que os torne cada vez mais suportáveis. Os tempos que nos esperam, como cristãos aguardam de nós não só o empenho no âmbito pessoal mas sobretudo o empenho político e social. O palco social-político não pode continuar a ser abandonado pelos cristãos sobretudo a cães de guarda de ideologias.
    Hoje precisar-se-iam congregações especificamente com incidência nas áreas da política e da arte (testemunhos de Cristo) e deste modo se iniciar uma cultura política que pressuponha primeiro a reflexão e depois a reação. É importantíssimo estar-se atento aos sinais dos tempos na consciência de que a estrela de Belém indica o melhor caminho para todos independentemente de crentes ou ateus.
    Um abraço solidário

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