SAUDADE

SAUDADE DE SER

Hoje sou ontem, sou o dia de amanhã,

Nos olhos carrego imagens que se vão,

Vivo a dor de um começo sem fim,

Como rio que corre, sem mar na visão.

 

Sou filho de mãe, de pais que são filhos,

A surgir no estar, sem nunca ser,

Uma nuvem perdida nos mares tranquilos,

Retalhos de vida, sem ter o que ter.

 

Que resta do mar, senão o bramir

Do braço na espuma, que não quer partir?

O destino de existir num ser sem cessar,

É dor de saudade, de ser sem chegar.

 

Sombra que busca a luz, sem razão,

No mistério do ser, no engano da visão.

Palmilha do eterno, que sou afinal,

Uma nesga de vida, à procura de alvará?

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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