O Papa Francisco na sua função de bispo de Roma e no contexto da JMJ 2023 assinou, (07/08/2023) em Lisboa, uma carta ao clero da sua diocese alertando contra o “clericalismo” e a tentação de se sentir “superior” aos outros.
Francisco começa por agradecer aos 3.700 padres da diocese de Roma o empenho num serviço que nem sempre é “reconhecido”.
E continua: “Do fundo do coração, sinto vontade de dizer que me preocupa quando voltamos a cair nas formas do clericalismo; quando, talvez sem nos apercebermos, damos às pessoas a impressão de que somos superiores, privilegiados, colocados ‘no topo’ e, portanto, separados do resto do povo santo de Deus”. O Pontífice fala do clericalismo como uma “doença” da Igreja, que pode afetar também “os leigos e os agentes pastorais”.
O espírito sacerdotal é “fazer de nós servos do povo de Deus e não senhores…” Com a busca do ganho pessoal, o cultivo da própria imagem e o aumento do próprio sucesso, perde-se o espírito sacerdotal, o zelo pelo serviço, a apetência de preocupação com o povo. “Quando é assim, deixamo-nos absorver pelo clima de crítica e raiva que reina à nossa volta, em vez de sermos aqueles que, com simplicidade e mansidão evangélica, com bondade e respeito, ajudam os nossos irmãos e irmãs a sair das areias movediças da intolerância”. O antídoto diário será “olhar para Jesus crucificado…”
O Papa deixa outro alerta, sobre a “mundanidade espiritual”, que pode levar os padres a seguir as “modas do mundo”. “Isso acontece quando nos deixamos fascinar pelas seduções do efémero, pela mediocridade e pela rotina, pelas tentações do poder e da influência social. E, ainda, da vanglória e do narcisismo, da intransigência doutrinal e do esteticismo litúrgico”.
Francisco termina a carta em espírito de oração dizendo “Obrigado pelo que fazem e pelo que são”.
A carta revela o teor do discurso do Papa Francisco ao seu clero de Roma de 02 de março de 2017 (1)
António CD Justo
Pegadas do Tempo
Entre tantas louváveis decisões, notável alerta do Papa Francisco acerca do “clericalismo” na religião católica. Vislumbra-se um ponto de viragem. Muito há mudar!!!