O Espírito Santo (“pneuma”, ‘ruach’) é o folgo divino da vida que trespassa toda a criação e dá ao ser humano o poder de viver e de comungar da vida divina num ritmo de inspiração e expiração. “Então o SENHOR modelou o ser humano do pó da terra, feito argila, e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se um ser vivente” (Gen2:7).
Para quem não está familiarizado com a linguagem religiosa e mítica deve ter-se em atenção que ela faz uso sobretudo de imagens e analogias dado estas serem mais abrangentes do que conceitos meramente racionais; tentar reduzi-la a conceitos lógicos corresponde ao seu empobrecimento ou mesmo à incompreensão.
O pneuma é derramado no coração (Gal.4.6.) e então o que antes estava escondido no coração passa a ser revelado. O coração é a sede dos pensamentos mais íntimos e a sede do entendimento e do poder do amor (Lucas 2.19, Mt 15.18). Nele surge a linguagem sem palavras na vivência do intocável que depois se expressa em palavras, que se tornam numa espécie de testemunho.
A vida consciente é sempre arrojada, quer no que fazemos quer no que deixamos de fazer. Por isso estamos chamados a seguir a razão da mente e ao mesmo tempo sintonizar a voz interior; a mente também tem seus limites em uma realidade complexa e o espírito santo é uma ajuda certa nela (muitas vezes expressa-se de forma discreta através da intuição). O recurso ao Espírito Santo ajuda a não formar ideias falsas e a pensar não apenas sob uma percepção perspectivista ou relativista do viver. Para sermos integrais precisamos de usar a mente intuitiva, a mente racional e o coração espiritual. Por vezes sentimos a discrepância entre a voz interior e a compreensão, mas isso não é motivo para ficarmos presos na perplexidade pois no nosso peregrinar estamos chamados a integrarmo-nos no processo de luta por uma única verdade, à imagem da planta que para se desenvolver estende os braços para o Sol.
Pentecostes é o „Aniversário da Igreja”, é celebrado no 50º dia após a Páscoa (Pentecostes vem da palavra grega “Pentekoste “e significa “o quinquagésimo”). Simboliza o dia do derramamento do Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus. Os discípulos estavam reunidos em Jerusalém naquele dia (João 20:22; Atos 2:1-21, 3:8; 4:31), quando de repente um forte vento soprou e eles foram tocados por línguas de fogo (calor amoroso e luz que os leva a falar numa linguagem clarividente que todos podem entender), o Espírito encorajador que os motiva a pregar o evangelho e levar os ensinamentos de Jesus ao mundo. Pentecostes é também uma ocasião para refletir sobre a importância da fé e da obra do Espírito Santo no caminho espiritual de cada um.
O Pentecostes representa a conclusão solene do tempo pascal e completa o mistério da ressurreição de Jesus, dando o dom do Espírito Santo àqueles que creem. Na quinta-feira, dez dias antes do Pentecostes os cristãos celebram a Ascensão de Jesus onde os cristãos expressam o retorno de Jesus Cristo como o Filho de Deus ao seu Pai no Céu. Os caminhos da direção do Espírito Santo podem ser muito diferentes. Mas existem maneiras pelas quais nos podemos orientar: podemos experimentar orientação espiritual em silêncio e oração diante de Deus e participando nos rituais e sacramentos da Igreja.
Com este evento dá-se a celebração da clareza e do conhecimento. Quem é moldado pelo espírito divino encontra o seu fio condutor, a linha interior que tudo conecta na sua vida. O apelo cristão é orientarmos as nossas decisões (nossa vida e agir) no seguimento da pessoa Jesus Cristo e entrar em relação com Ele. Pelo espírito santo integramo-nos na comunidade viva da Santíssima Trindade, de que ele é a terceira Pessoa.
As manifestações e vias do Espírito Santo podem ser variadas de pessoa para pessoa e de cultura para cultura. Cada cultura ou religião tem algo específico a anunciar para enriquecer a humanidade. O contributo cristão é indispensável para o desenvolvimento humano e para a evolução da humanidade.
António CD Justo
Teólogo
Belas palavras teológicas alusivas ao Pentecostes renovação do batismo, altura em q o cirio pascal desce à pia batismal.
A fé é um dogma, não se discute, ou se aceita ou não se aceita. Parabéns pela sábia descrição.