O contributo do MNE com a disponibilização dum portal on-line para os jornais regionais vem acompanhado do corte do porte-pago para os mesmos, que eram enviados para associações de emigrantes com o apoio do ministério.
Quer dar-se a impressdao de que a medida do portal on-line seria uma compensação alternativa ao envio gratuito dos jornais. Não é! O acesso de emigrantes à lista de telefones on-line é a pagar.
O subsídio agora eliminado era uma medida acertada. Naturalmente que não favorecia o partidarismo mas os interesses da terra donde provêm os emigrantes para onde se enviam as economias.(De esperar que o que se poupa nos portes não seja depois esbanjado em jornais partidários do seio da emigração!).
Esta é mais uma medida de poupança e de desconsideração pelos emigrantes. Além de se manifestar como depredadora da rica iniciativa regional e individual, dá uma machadada numa fonte de informação isenta e muito querida dos portugueses que continuam muito ligados à terra natal e às pessoas que nela actuam.
Tomam-se medidas sem se conhecer a realidade migrante e sem se ter a mínima consideração por ela. Querem uma migração apenas vaca leiteira, uma emigração de apoio (com remessas de 6,7 milhões de Euros por dia) ao subdesenvolvimento camuflado dum país, cada vez mais velho e do qual os cidadãos mais novos se vêem obrigados a fugir por falta de meios e duma elite irresponsável.
Os emigrantes que continuam a emigrar constituem uma clientela que geralmente não faz parte da camada social consumidora de cultura. Ela é carente e vítima. É de lamentar que os incentivos mais afectivos e efectivos na promoção da cultura sejam regateados e para mais por um país que tem vivido em grande parte da emigração que continua a desconsiderar e de que se envergonha.
Pelo que oiço em muitas reuniões com associações, é geral o descontentamento com os programas da RTPI e com os seus noticiários intermináveis e já por isso inadmissíveis para quem tem mais que fazer.
Que os políticos estejam mais virados para a vertente económica dos emigrantes que singraram no estrangeiro é compreensível mas não justifica nem desculpa a medida. Os políticos têm que aceitar que Portugal continua a ser um país de emigração. Ou será que as migalhas que disponibiliza aos imigrantes as tiram dos emigrantes?
É sarcástica a atitude quando o governo sugere aos jornais regionais para que apelem ao contributo das empresas residentes no estrangeiro no sentido de apoiarem a manutenção dos jornais regionais como “vínculo linguístico e da cultura portuguesa” e ele mesmo os deixa à chuva, desresponsabilizando-se.
O governo em vez de reduzir cada vez mais as verbas produtivas da emigração deveria começar por poupar e racionalizar a administração no estrangeiro. Esta porém engorda cada vez mais porque tem bons padrinhos, mesmo a nível de representantes da emigração para a Europa que se encostam a ela. A administração parece viver para si. E os políticos parecem viver de e para ela.