O Supremo Tribunal alemão deu razão às queixas de muçulmanos considerando a matança ritual de animais legal, ao contrário do que instâncias inferiores tinham decidido. Esta prática (entre muçulmanos e judeus) prevê que os animais sejam mortos de maneira sangrenta sem qualquer anestesia ou atordoamento.
É legalizado um ritual que não tem compaixão pelos animais.
Conseguem ocupar mais um espaço social na Alemanha em nome da liberdade de religião: segundo a sua prescrição religiosa, a carne não pode conter sangue, para não ser impura. Se é verdade que essa prescrição religiosa se baseia no Corão também é verdade que o Corão não obriga ninguém a comer carne. Pode-se ser vegetariano. Porque vêm exigir esse direito a um país que tinha proibido essa prática quando podiam importar a carne da Turquia? O facto de se quererem afirmar mesmo em questões acidentais só ajuda a fomentar a xenofobia!
Desde há dois mil anos se sabe que não é impuro o que entra pela boca mas o que sai dela!…
Isto não deve significar um levantar o dedo contra os muçulmanos porque a barbaridade da matança de quantidades sem conta de animais se deve mais a nós Ocidentais que exageramos no consumo da carne. Além disso esses povos ainda não passaram pela época do renascimento.
Também ainda me recordo, de quando era pequeno, como os porcos eram mortos e como o sangue jorrava não falando já do esbugalhar do olhar animal e da luta do animal com a morte. Desde então aprendi a venerar a carne que como e a ser mais regrado no seu consumo… Os animais vertebrados sentem a dor como nós.
Nesse tempo não eram conhecidos ainda os novos métodos dos matadouros que poupam já muitos dos sofrimentos aos animais embora estes certamente pressintam a sua morte quando arrastados para os matadoiros.
O Supremo tribunal legaliza a desumanidade dando um passo em direcção à Idade Média e o que é pior ainda fundando a sua decisão em nome da liberdade religiosa. Os juízes enganam-se no fundamento que dão para a permissão. Ou será que querem abandalhar o religioso? Aqui não se trata do cumprimento duma obrigação religiosa mas duma prescrição para a comida. De facto não é exigida a matança do animal de maneira sangrenta. O Corão apenas proíbe o consumo de alimentos impuros (Suras 1, 168 e 5, 4) não obrigando ninguém a comer carne. Para mais a autoridade religiosa da universidade do Cairo considerou o emprego do electro-choque rápido conforme ao Corao, podendo assim, os que se orientam pela norma, renunciar à forma arcaica brutal da matança.
O mesmo se diga de touradas em que o sangue jorra e em que o animal é maltratado e morto de forma cobarde em campo.
Estas e outras tradições de barbaridade com um pouco de fantasia poderiam ser transformadas ou mesmo substituídas por práticas ou ritos mais “humanos”. Se queremos enobrecer o Homem teremos de começar por considerar e respeitar o animal tal como fazia no século XII Francisco de Assis com “o irmão burro”, a irmã vaca, “o irmão sol”…
António Justo