O assassinato de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, em 31/7, como resposta ao ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, é um ultraje ao Irão por se dar na caverna do leão. Yahya Sinwar considerado arquiteto do ataque do Hamas em outubro, foi anunciado como novo líder político do grupo.
O homicídio em terra alheia traz à lembrança o assassinato de Osama bin Laden pelos EUA, segundo o princípio do Médio Oriente: “olho por olho, dente por dente”.
Isto acontece numa região de fúria guerreira desdentada com complexos de inferioridade, onde se pode contar com reações exageradas.
O ataque conseguido faz lembrar uma vitória de Pirro, basicamente uma guerra dos derrotados (semelhante à guerra geopolítica entre os EUA e a Rússia).
A Palestina histórica era Gaza, Israel e Cisjordânia; a Palestina actual reivindica soberania sobre os territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e designa Jerusalém Oriental como sua capital.
O vocábulo Hamas mencionado 60 vezes no Antigo Testamento significa violência, agressão, dano, crueldade ou injustiça.
O território palestino conta com uma das maiores concentrações populacionais do mundo (4,5 milhões de habitantes). Segundo uma estimativa viviam 50.000 cristãos nos territórios palestinos. Quando em 2007 o Hamas assumiu o controle total de Gaza (2,2 milhões de habitantes), muitos cristãos afastaram-se. Em 2009 viviam 3.000 cristãos na Faixa de Gaza.
Os Ordinários Católicos na Terra Santa expressaram a ideia de um único país chamado Israel-Palestina: “Acreditamos que a igualdade, sejam quais forem as soluções políticas adotadas, é uma condição fundamental para uma paz justa e duradoura. Nós vivemos juntos nesta terra no passado, por que não deveríamos viver juntos também no futuro? Esta é a nossa visão para Jerusalém e toda a terra, chamada Israel e Palestina, entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo” (1).
Numa cultura de guerra (e não de paz), emprega-se a força sem olhar a perdas como meio de defesa e de afirmação.
A região e seus povos encontram-se em contínuo desafio; o seu destino é deixado aos interesses geopolíticos e às velhas e novas potências emergentes na região. O contexto não dá aso a esperança.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
(1) “Os cristãos palestinos resistiram a todos os tipos de ocupação junto com seus irmãos e irmãs das diferentes crenças. Eles resistiram à opressão dos otomanos ao lado de judeus e muçulmanos. Eles também lutaram contra o Mandato Britânico da Palestina.” https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/154131/cristaos_palestinos_defesa_daher_PORTUGUES.pdf