Mês: Junho 2021
CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA A SERVIR DE BUFO DE EMBAIXADAS ESTRANGEIRAS
Um escândalo que em Portugal não passará de um episódio ou intriga
A Câmara Municipal de Lisboa (CML) está metida num conluio grave com a Embaixada de Moscovo ao transmitir-lhe oficialmente dados sobre ativistas russos promotores de uma manifestação contra o regime de Moscovo. E isto acontece, apesar de se saber o que está a acontecer ao opositor de Putin, Alexej Nawalny!
Imagine-se a rebaldaria política! Uma Câmara Municipal arroga-se direitos diplomáticos passando por cima de tudo e de todos!
A CML já tinha procedido do mesmo modo ao fornecer dados à Embaixada de Israel sobre manifestantes palestinenses contra Israel. Também partilhou dados com a China (sobre o Grupo de Apoio ao Tibete) e com a Venezuela (sobre a concentração “em solidariedade com o povo da Venezuela”).
Fernando Medina, o presidente, encontrar-se-ia em maus lençóis, mas como é costume em Portugal, de um crime escandaloso que bradaria aos céus, torna-se na opinião pública, num mero episódio. Qualificar a gravidade do assunto como “novela” é desculpar os responsáveis por algo inacreditável num estado tornado informante ou bufo!
Não basta fazer perguntas? Estas, na quinta lusitana, não passam, geralmente, de tiros para o ar e, quando há respostas, são, muitas vezes, para tentar distrair jornalistas!
O que aconteceu entre a embaixada russa e a Camara de Lisboa é indigno de um Estado livre e democrata. E pensar que na opinião pública se considere isso como natural torna-se ainda mais grave porque se pressupõe uma atitude de colaboração entre sistemas e contrária ao cidadão.
Por estas e por outras vamo-nos certificando que vivemos num Estado de desresponsabilização e de irresponsabilidades.
Acordemos para que Portugal deixe de ser sempre um país das “corporações”, condenado a ter de viver de mão estendida para o Estrangeiro, através de jeitos, da emigração e dos recursos que outrora vieram das índias, do Brasil, de África e que agora vêm da União Europeia!
Não seria também este um assunto para o provedor da Justiça?
Não haverá em Portugal associações/iniciativas de cidadania com capacidade para colocar tanto abuso e tanta corrupção em tribunal?
António CD Justo
Pegadas do Tempo
BILIONÁRIOS DOS USA SUBORNAM AS LEIS E POLíTICOS PORTUGUESES TAMBÉM
Bilionários a pagar 3,4% de impostos em média
Bilionários nos EUA pagam, por vezes, taxas de impostos mais baixas do que os trabalhadores. Este é o resultado da investigação da plataforma de investigação “ProPublica”.
Entre outras coisas, “ProPublica” compilou o imposto de renda federal dos 25 americanos mais ricos para os anos de 2014 a 2018 e chegou à conclusão que a taxa de imposto pago por eles era, de facto, apenas de 3,4% em média.
Pelo contrário, o agregado familiar americano médio paga uma média de 14%.
O presidente dos EUA reagiu a esta investigação de forma que, no futuro, a taxa máxima de imposto deverá aumentar de 37 para 39,6% (HNA 10.06.2021).
Como se constata os riquíssimos arranjam possibilidades de diminuírem os impostos a pagar.
Vê-se que o Estado é incapaz de estabelecer medidas de solidariedade social apropriadas.
Os mais fortes arranjam sempre meios para escapar das leis.
Em Portugal a Comissão de Transparência admite que deputados possam desempenhar cargos em diversas entidades desde que não recebam qualquer remuneração. “Mas nova lei de 2019 diz o contrário”…. Agora, a interpretação de um artigo da lei do Estatuto Remuneratório dos Titulares de Cargos Políticos está dependente da leitura que se faça de uma vírgula: Público 12 de Junho de 2021.
António CD Justo
Pegadas do Tempo
ISRAEL PROÍBE O COMÉRCIO DE PELES
Há uma teoria de que o coronavírus vem da indústria das peles
António CD Justo
Pegadas do Tempo
DIA DE PORTUGAL – Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas
Reaprender a ser português
De celebração em celebração vamos empacotando os símbolos vivos da nação, na banalidade da rotina factual comemorativa, como se tratasse de sardinhas embrulhadas em folhas de jornal. Festa de desobriga com golfadas de incenso para o corpo de uma nação quase sempre moribunda.
A 10 de Junho de 1580 morre Luís de Camões, o Homem que cantou o alvorecer e expandir de Portugal. Camões conseguiu, na sua incomparável epopeia “Os Lusíadas”, imortalizar o espírito português. “Os Lusíadas” tornaram-se o livro da identidade portuguesa. Identidade esta, com o tempo desbotada pelo sol desgastante da ideologia e pelas ondas enleantes das revoluções. Camões é o símbolo de um Portugal caminhante que tem de descobrir mundo para se ir realizando através da história.
Os descendentes dos Homens-bons afirmam que, à morte de Camões, Portugal também morreu. Seguramente, uma afirmação certa no que respeita à classe política dos governantes de Portugal. Esta já não entende Camões nem entende a alma portuguesa, hoje residindo no borralho das cinzas do povo. Um governo “fraco torna fraca a forte gente…” escrevia aquele visionário que ao morrer terá dito “Morro com a Pátria”! Este vaticínio
Não, Portugal não morreu. Só morrerá quando deixar de possuir aquilo que o criou, ergueu e tornou específico: a fé e a coragem. A grandeza de Portugal foi construída à sombra do cristianismo. O povo assumiu a missão cristã tornando-a sua. Pátria e fé eram uma coisa só, era então Portugal. O povo sabia conjugar o “heroico” com o “imortal”. Assim, os portugueses descobrem o mundo como missionários da pátria. Com o andar dos tempos perdeu-se o povo e com ele a pátria também. Agora, dela pouco mais resta do que massas à deriva e um Estado de abutres que voam sobre elas.
A obra à nossa frente não será menos arrojada e grandiosa do que a dos descobrimentos. Já não chega uma restauração, é necessária uma nova descoberta. Hoje, os Homens Bons” terão de se lançar à missão de, primeiro, descobrir o povo e a pátria, na redescoberta do cristianismo e da energia lusitana que nos deram rosto! Isto se não pretendermos continuar a ser um país a viver, geralmente, de mão estendida e na dependência das maresias de fora!
Para ressurgir terá de descobrir “mares nunca antes navegados”. Terá de ultrapassar a “Taprobana” do materialismo institucional estatal e religioso. Terá de, como os nossos “egrégios avós”, possuir a coragem de se lançar no fluxo da vida, arriscar e ousar “pecar corajosamente” para abandonar as certezas dos “Velhos do Restelo” que, agarrados às velhas ideologias materialistas, fizeram o 25 de Abril, embrulhando, com elas, um povo inteiro. Filhos da escrava, da russa Agar, da gálica Libertas, continuam a enxovalhar, inconscientes, a grei.
Portugal, desembrulhado, voltará a descobrir-se povo e então redescobrirá a missão que o levará à vitória sobre o nevoeiro estranho que embacia o cérebro das nossas elites e tolhe a vida moura do país.
Então, alijará as formas mecanicistas do seu pensar para poder proporcionar o salto quântico da nova física, a nova consciência. Uma nova mundivisão, surgida já não de revoluções de interesses oportunos e subjugadores, mas dum impulso genuíno de verdade, dum desejo de liberdade criadora e universal.
Não teremos a ajuda dum infante D. Henrique que concatenou então saber e engenho e energia universal. Seremos ajudados por um processo paulatino desformatizador das formas do medo, do ganho, da avidez e do poder. O sofrimento e o desespero duma natureza cada vez mais atrofiada despertar-nos-á para uma nova criatividade, um novo pensar. Então sonho e realidade serão as formas do mesmo pensar. Então seremos tão livres que não saberemos onde a liberdade começa nem acaba. Então navegaremos à tona do mar como se esta fosse o seu fundo! Descobriremos no céu do horizonte novos mundos com caminhos diferentes. Nesse mundo da nova consciência a dignidade já não é apenas humana, passa a ser natural!
No novo mar português, o Povo já não descobre; ele pode criar porque a nova cultura já não é poder nem ter, mas sim relação.
Até lá vamos rasgando a cobertura das ideologias do céu português. Das aberturas surgirão novas auroras e do céu baixarão as cores do arco-íris. Então todas as relações e ligações serão libertadoras e benditas porque, entre uns e outros, deixará de haver muros, para nos delimitar chegarão apenas as cores do arco-íris.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo,
Publicado a 10.06.2009, in Moçambique para todos: https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/