Do “Porquê” ao “Para quê” e do “Porquê” do “Porque” e do “Porquê”
António Justo
Conta-se que, certo dia, perguntaram a um sacerdote jesuíta: – Senhor padre. É verdade que um jesuíta responde sempre a uma pergunta com outra pergunta? – E porque não? – Responde o jesuita.
(Depois de 500 anos foi eleito um Pontífice vindo de uma ordem religiosa: o jesuíta Jorge Mario Bergoglio agora Papa Francisco. Como jesuíta não repousa nas respostas, responde a uma pergunta com outra pergunta: um papa, um jesuíta como sinal e programa para a construção da sociedade humana?
O porquê da anedota dirige-se ao intelecto não só com uma preocupação de procurar fundamento (porquê) para a questão, mas também de entender a sua finalidade (para quê) e o meio (com quê).
Uma questionação-resposta, do estilo porquê-porque, correria o perigo de limitar a visão ao intelecto ou a um contexto limitado e limitador. E um “porque” final fecharia a porta de uma realidade que é, por essência, sempre aberta por mais respostas que se encontrem para ela.
Quem se dá satisfeito com a simples resposta (isto é, com o porque) confirma um certo tradicionalismo, afirma apenas o status quo estranho à filosofia cristã… O método ignaciano de questionar a pergunta transcende a visão individualista/situacionista que procura a consolação imediata numa resposta que satisfaça (de um porque… e ponto final); a questionação da pergunta pode parecer controversa mas orienta o desejo para horizontes mais abertos sem calcar as potencialidades individuais e circunstanciais. A pergunta ajuda a ultrapassar o buraco de uma primeira ignorância que a resposta preencheria; ela possibilita a criação de um espaço de silêncio, uma abertura na inteligência (etapa reflexiva) de modo a o silêncio iluminar uma nova resposta depois de um olhar direccionado para outros sentidos ou perspectivas.
A questionação da pergunta possibilita sempre uma abertura ao reconhecimento dos múltiplos sinais da vida numa existência complexa, mais abrangente e que abre a perspectiva para algo que transcenda a situação concreta/circunstância (para o obrar de “Deus” no mistério da vida). A pergunta à pergunta implica também uma purificação do pensamento e tem como consequência a descentralização do ego, dirigindo a ideia também para o outro, para o essencial; o momento do vazio/reflectivo pode possibilitar o salto do ego e do mero circunstancial para o outro, onde, no profundo da ipseidade, a Realidade se reúne e acontece a ponto da pessoa consciente poder falar a partir do interior da Realidade, toda ela feita de complementaridades. Ou, traduzindo em discurso cristão: onde o próprio responde dizendo, já não com o ego de Saulus mas com o eu profundo de Paulo que exclamava: “já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”; a este nível expressa-se a consciência do Cristo cósmico de que fala o jesuíta Teilhard de Chardin. Ao consciencializarmo-nos da realidade como a natureza humana de Cristo (resumo do Céu e da Terra) possibilita-se a cristificação individual e do universo num processo da incarnação e ressurreição como todo integrado já não numa dialética do eu-tu mas numa relação trinitária do nós.
Também o papa Francisco só pode ser entendido nesta perspectiva orto-práxica. Não há perguntas tolas, o que pode haver são respostas desvairadas. Bento XVI e Francisco I são dois momentos diferentes do mesmo discurso. Tudo é questionável, só Deus não se questiona porque a sua pergunta/resposta se encontra na natureza e na História e estas encontram-se resumidas no protótipo da realidade toda que é Jesus Cristo (matéria e espírito). Deus é mais que passado presente e futuro; por isso seria unilateral fixar-se só no pensar do passado ou no modo de pensar do presente, poderia dizer um jesuíta. Futuro implica questionar toda a resposta, consciente de que ela faz parte do corpo físico.
O Globalismo do Pensamento jesuíta expressa-se na Utopia do 5° Império – Pombal com a Maçonaria organiza uma Guerra de Morte contra os Jesuítas
A qualidade da pedagogia jesuítica foi marcante nos países da lusofonia. No livro “Gangorra ou História triste” pode constatar-se bem o método jesuítico de educação num episódio descrito por um jesuíta (1) num parágrafo que trata das relações entre espanhóis e índios: Um jesuíta que assistia a um índio maltratado mortalmente pelos espanhóis perguntou ao índio: -“Você prefere ser salvo e ir para o céu, ou recusa a salvação para ir ao inferno?” A essa questão de resposta aparentemente óbvia… o moribundo vermelho responde com outra pergunta: -“existem espanhóis no céu?”. –“Sim, certamente” – responde o jesuíta. –“Para o Inferno”, responde o Índio. O índio colocado numa perspectiva de céu e de inferno não encontrava razões para convicções e deste modo o jesuíta com o seu método coloquial aproveitava para condenar, indirectamente, a governação espanhola. A pergunta abre a possibilidade de alargar o leque de perspectivas e de entrar em relação alargada.
Os Jesuitas nos seus colégios da América do Sul e da Ásia seguiam no ensino superior o modelo de ensino da Universidade de Coimbra e de Évora preferindo o modus parisiensis ao modus italicus: o ensino era gratuito, no secundário estudava-se Gramática, Humanidades e retórica e no Ensino Superior: Artes, Ciências, Dialética, Filosofia e Teologia (2)
Os jesuítas despertavam a desconfiança dos governantes devido à influência política e educativa que tinham e, por, nas colónias, se colocarem ao lado dos indígenas (criticando os colonos). Com o seu relativismo na argumentação, questionador do argumento de autoridade, também frustravam o espírito absolutista dos poderosos da europa; por outro lado tinham demasiado poder causando sombra ao poder laico que se procurava afirmar e institucionalizar contra a influência do poder religioso.
O enciclopedismo e o iluminismo eram de tendências anticatólicas e anti-jesuítas atendendo também a que estes eram os críticos mais sistemáticos do protestantismo. A Reforma religiosa e as guerras de religião levam os Jesuítas a centrarem-se no essencial. Surgidos do espírito da Reforma da Igreja Católica, apostavam na educação para fomentar uma consciência humana não limitada ao religioso nem à ideologia, (Interessante que já o Padre Manuel da Nóbrega queria, no Brasil, incluir escolas para meninas no ensino, mas a Coroa não estava à altura de permitir tal exigência); entendiam-se como pioneiros da utopia na realização da civilização cristã. Tinham um ensino orientado para elites e para cargos do poder. Praticavam a inclusão de culturas, de camadas sociais e de disciplinas… como processo de aprendizagem competitiva tinham exames e debates públicos (3).
Pombal acusava a atuação dos jesuítas com os indígenas do Brasil; segundo ele, os homens brancos eram apresentados aos índios como maus, como mais interessados no ouro do que qualquer coisa e, mais grave, prontos para atrocidades” (4).
A maçonaria, na sua qualidade de iluminismo esotérico, e de organização secreta que considera o próprio preconceito acima de outros preconceitos institucionais, estrutura-se infiltrando-se nas estruturas do Estado e Universidades, procurando controlar as elites, para, deste modo, direccionar os destinos das nações. A maçonaria ganha expressão concreta no déspota iluminado, o Marquês de Pombal. Este aliado à sua família e correligionários difama os jesuítas, persegue-os, nacionaliza os seus bens e expulsa-os do império lusitano, declarando-os como “ímpios e sediciosos”; conseguiu que a inquisição os perseguisse e expulsou-os de Portugal; no ano da sua expulsão (1759) a ordem jesuíta tinha 1698 membros em Portugal. “Em meados do século XVIII os colégios da Companhia de Jesus tinham, no reino, cerca de vinte mil alunos, numa população estimada em três milhões de habitantes… No Brasil, a primeira universidade criada é o Colégio dos Jesuítas da Bahia em 1550. Esta formou o ilustre António Vieira (ideia do 5° império).
A luta maçónica contra a Companhia de Jesus é tão fundamentalista e cruel que só pode ser compreendida na rivalidade dos maçons que queriam conquistar as elites para si seguindo assim uma estratégia elitista de ocupação dos centros de elite a nível de instituições e de ocupação de lugares estratégicos da política. O que a maçonaria e o anticlericalismo pretendiam era aniquilar os jesuítas e o poder da Igreja Católica para os substituírem na influência; o que em parte conseguiram através de um republicanismo jacobino ainda hoje a actuar nas caves da República portuguesa e nos centros de deliberação da UE. A batalha decisiva de Pombal e correligionários era minar o mito de um Portugal ponta de lança da Europa cristã e instituir nas estruturas do estado e nas subestruturas dos partidos uma rede de irmãos da mesma ideologia que atravessa as instituições…
Também o ilustre jesuíta Teilhard de Chardin se refere ao conflito entre secularismo e religião, ente materialismo e espiritualismo: “Aparentemente, a Terra Moderna nasceu de um movimento anti-religioso. O Homem bastando-se a si mesmo. A Razão substituindo-se à Crença. Nossa geração e as duas precedentes quase só ouviram falar de conflito entre Fé e Ciência. A tal ponto que pôde parecer, a certa altura, que esta era decididamente chamada a tomar o lugar daquela. Ora, à medida que a tensão se prolonga, é visivelmente sob uma forma muito diferente de equilíbrio – não eliminação, nem dualidade, mas síntese – que parece haver de se resolver o conflito (5).”
Na pergunta à pergunta relativiza-se a primeira e com a sequência pretende chegar-se à percepção do mistério e ao ser do Homem como processo aberto e à procura numa tentativa de solucionar problemas mediante perguntas e respostas. A Ratio Studiorum dos Jesuitas (1599) incluía a Contenda (debate) que levava à concentração no essencial (6).
Longe dos centros europeus do poder, na américa do sul e no Oriente, a pedagogia e o sistema de argumentação Jesuíta revelaram-se muito profícuos.
No Sermão da Sexagésima, o jesuíta António Vieira expôs o método do discurso: 1. Definir a matéria. 2. Reparti-la. 3. Confirmá-la com a Escritura. 4. Confirmá-la com a razão. 5. Amplificá-la, dando exemplos e respondendo às objeções, aos “argumentos contrários”. 6. Tirar uma conclusão e persuadir, exortar.
A Controvérsia como Método de Descoberta da Verdade
A Controvérsia ou “disputatio”, usada nas universidades medievais, era um método didáctico de disputa ou debate para persuadir e encontrar a verdade (apresentada a tese segue-se a argumentação – a favor ou contra – seguindo-se depois a avaliação em que a divergência será resolvida); era uma aprendizagem baseada na análise das fundamentações e premissas (de caracter dedutivo); a aprendizagem dá-se através da contraposição de conteúdos e de posições opostas (defensores e oponentes); modernamente não se procura a verdade mas sim a firmeza/coerência de um sistema de argumentação em relação a uma determinada tese (método indutivo).
A disputa ou debate controverso era usada para esclarecer questões contenciosas… No cristianismo esta tradição já se encontra documentada no judaísmo na discussão entre Jesus e os Doutores da Lei (Lucas 2:42-51) e nos primórdios da cristandade (Atos 15:2); expressa-se também nas disputas inter-religiosas e entre as diferentes ordens religiosas e nas apologias contra os hereges (7).
Martinho Lutero também fez uso desse costume académico na discussão das teses teológicas e filosóficas, verdadeiros duelos dialéticos orais entre peritos de religiões ou posições diferentes …. Aquando da Dieta de Ratisbona (1541) na disputa entre teólogos católicos e protestantes acordou-se que o único juiz é Jesus Cristo, pelo que “não admitiriam nenhum outro juiz da controvérsia senão Jesus Cristo”. Os Jesuitas deram grande relevo à pedagogia da controvérsia nos tempos modernos.
Também o terceiro dos imperadores mogóis da Índia (1542-1605) iniciou na Índia uma série de debates entre muçulmanos, hindus, jainistas, zoroastristas e jesuítas para discutir a charia.
A controvérsia era uma forma escolástica dura, mas justa de discutir e descobrir verdades em teologia e ciências entre teólogos católicos, judeus e outros: vencia quem tinha os melhores argumentos. Lutero teve várias disputas públicas sobre diferentes dogmas e teses. Os jesuítas revelaram-se os seus mais consequentes adversários.
Controvérsia no diálogo inter-religioso era muito importante na disputa pela verdade; na Idade Média Hispânica, Ramon Llull (1232-1316) testemunha a importância da procura da verdade no texto apologético “Disputatio Raimundi Lulli et Homer Sarraceni”, onde vem narrada a experiência de
Llull num cárcere tunisino, onde este chega a dizer aos sábios muçulmanos que se eles tivessem argumentos suficientes ele se converteria ao Islão.
O discurso casuístico empregado pelos jesuítas nos tratados de moral é questionado por Blaise Pascal nas suas cartas Provinciais (1656-57). Na Carta V, Pascal testemunha a prática discursiva dos tratados morais dos jesuítas criticando-a porque dava espaço ao relativismo e a um certo sufismo que questiona o argumento de autoridade e dá relevo a opiniões prováveis ou opostas. Pascal em Pensées revela-se contra o minimalismo jesuíta que questiona a autoridade moral dos padres antigos que, na perspectiva de argumentação jesuítica, se encontravam mais próximos dos apóstolos mas, por outro lado, mais distanciados da realidade moderna. Pascal insiste acusando os jesuítas de terem propositadamente uma moral dúbia, ora rigorista, ora laxista, com o objectivo de agradarem a todos, e assim governarem todas as consciências. Refere ainda os abusos das doutrinas probabilistas que proporcionam a justificação de todas as infrações. A experiência só pode proporcionar contingências e probabilidades. Segundo os historiadores Giacomo Martina e Ricardo García Villoslada, as Provinciais além de denunciarem muita moral laxista e permissiva de então, iniciam o rótulo negro do jesuitismo e estão na base de grande parte do anticlericalismo dos sécs. XVIII e XIX.
De facto, os maçons, defensores do despotismo iluminado, entraram numa luta ideológica cerrada contra os Jesuítas. O terremoto de Lisboa é acompanhado por um outro grande terremoto, o sismo ideológico, de que o estado e sociedade portuguesa jamais se refizeram: assistimos a um tradicionalismo ancestral autoritário e um modernismo estrangeirado dogmático que se combatem em vez de se complementarem e integrarem; de um lado a ideologia iluminista que arrogantemente se apodera dos órgãos do poder e do outro uma tradição religiosa escura e vítima ou que se considera como tal.
Nietzsche expressa claramente o espírito crítico do tempo em relação à Igreja católica quando diz: “O que é que combatemos no cristianismo? Que ele queira quebrar os fortes, que queira desencorajá-los da sua coragem, explorando as suas más horas e cansaço, querendo transformar a sua orgulhosa segurança em desassossego e remorsos de consciência […] até que os fortes sucumbem sob os excessos de autodesprezo e do auto-mau trato…” (8).
O Advogado do Diabo
Na universidade de Coimbra e depois na de Évora seguia-se a pedagogia da controvérsia que se expressava na defesa pública da tese e noutros rituais académicos, nos tribunais de praxe e na figura do “advogado do Diabo”.
A figura Advogado do Diabo (arte de convencer e persuadir através de argumentação controversa para ter em conta os argumentos contrários) implica uma didáctica académica e uma estratégia retórica numa disputa em que o advogado eclesiástico assumia a posição de oponente (uma posição que não precisa de crer), nomeadamente num processo de canonização defendida pelo advocatus Angeli); deste modo, com o advocatus diaboli, o processo de canonização ganhava maior objectividade factual e consistência. É um método sério para o encontro da verdade e que obstava a convicções preconcebidas (reunião de razão e fé na disputa pela verdade).
O método da controvérsia e do advogado do diabo fortalece a própria argumentação alargando as suas perspectivas, na mesma pessoa falam vários espíritos. Nele processa-se então uma análise crítica das próprias ideias e convicções. Ao preparar um discurso sob diferentes perspectivas este método alarga e aprofunda a própria consciência e reflexão além de formar competências nas formas de argumentar num discurso. A existência de uma teologia no cristianismo (coisa que não acontece no Islão por este se esgotar na jurisprudência) deve-se à preocupação cristã de unir a fé à razão.
PEDAGOGIA IGNACIANA
Como vimos, os jesuítas sempre tiveram grande influência na formação das elites…. O método pedagógico ignaciano implica uma pedagogia da excelência para a fé e para a justiça: serve-se da controvérsia como método de portas abertas para uma realidade a-perspectiva e com diferentes acessos a ela, segundo as “portas” que se utilizam para entrar nela. Os alicerces da sua pedagogia são a reflexão, a experiência e a acção.
A Pedagogia ignaciana centra-se na formação integral da pessoa, coração, inteligência e vontade; integra a reflexão (clarificar a motivação interna do que sou e do que me move e respectivas implicações), a acção (de carácter holístico como prática do amor) e a experiência (conhecer sentindo as coisas por dentro) e as três em contínua interacção. A componente reflexão torna-se essencial pois apela ao significado pessoal e humano da aprendizagem/experiência; implica uma atitude de ser “pessoa para os outros ” dando importância ao contexto e à participação no desenvolvimento colectivo (9).
Tal filosofia envolve uma formação integral orientada para os talentos pessoais com valores comportamentais positivos morais e intelectuais, pressupostos para o crescimento pessoal de maturação humana para melhor servir o outro.
A Ratio Studiorum da Companhia de Jesus fundamenta o conhecimento pessoal e espiritual da pessoa pretendendo uma excelência educativa que tem Jesus Cristo como fim e modelo de vida humana, uma vida partilhada e aberta à liberdade na diferença e diferenciação.
De facto, a essência da vida cristã é relação, como se pode depreender da fórmula ou princípio de toda a realidade resumida no mistério da Trindade. O gene divino em nós torna-nos inquietos na procura do reencontro, na antecipação do futuro. Só me compreendo e realizo na relação com outro, a minha definição e a minha identidade é incompleta sem ele. A própria célula que pareceria solitária não o é porque se encontra numa relação transcendente de tecidos e órgãos…. A verdade encarna, ganha forma dinâmica numa determinada realidade que se expressa como processo.
Também na Alemanha as universidades jesuítas eram centros dos Media destacando-se pela inclusão de várias formas de comunicação, logo desde o início e incluíam as procissões, teatro, canto, segundo o princípio docere et movere (10). Ainda hoje os jesuítas têm grande prestígio e encontram presença relevante nos meios científicos e políticos da Alemanha. O seu ensino é muito exigente: Trata-se de ensinar e mover! Na Alemanha no discurso cultural e público, apesar das lutas da reforma e contra-reforma, não se encontra hoje o espírito jacobino e radical que tem tolhido o génio português, desde que se encostou a um espírito demasiado dialético do iluminismo-liberalismo francês.
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo e pedagogo
In Pegadas do Tempo www.antonio-justo.eu