O CAVALO TROIANO DE ATENAS E O CAVALO TROIANO DE BRUXELAS

Sexo e Poder a servir a Excitação – Diferença entre Gregos e Germanos

António Justo
Os gregos embrulham o poder com papel couché de sexo enquanto os germanos embrulham o poder com a sarapilheira do trabalho! Isto provoca excitação numa sociedade sem capacidade de interpretação, mas em que o escândalo é negócio.

A Alemanha e a Grécia encontram-se em luta justa mas parcial porque cada uma aposta na sua razão esquecendo que a solução viria de uma recíproca complementação.

Dinheiro, poder e sexo prometem o que não podem dar mas lisonjeiam a liberdade que, à sombra deles, perde a dignidade /virgindade.

A ambição do poder e o desejo sexual movem homens e mulheres dando-lhes uma áurea acrescentada pela prostração das massas. O poder sexy dos Varoufakis, dos Sócrates e até dos Berlusconi torna-se num elixir irresistível que move admiradoras e admiradores pelo facto de unirem o poder ao sexo e deixarem um cheirinho a dinheiro.

O poder corrompe, mas vestido de eros adquire um brilho inocente que atrai a alma e ilude o desejo de liberdade. À sombra dos poderosos, a cimentar o seu desejo de conquista, abunda também a fantasia de Cinderelas que, para subirem a escada do poder, fazem uso da sua força erótica. Ao seu desejo corresponde, por vezes, a necessidade dos poderosos solitários que, na aridez da sua ocupação, procuram, também eles, a suavidade da fêmea que lhes dá brilho e gera autoconfiança.

Sexo e poder dão brilho à tentação e movem as massas, porque garantem a contínua excitação, especialmente, se não vestidos nos fatos engravatados da tradição que dessexualizam o desejo.

O inocente sexo ajuda a vender o produto, ao mover a tentação. Na vida pública e na fachada do poder, a mistura de sexo e autoridade ainda se torna mais atractiva e deslumbrante quando a ela se junta o rastilho da esquerda. O ingrediente esquerdo torna a coisa mais atractiva porque ao sexy acrescenta a ideia da fecundidade que promete dar sustentabilidade ao progresso.

Por estas e por outras, o génio grego sente-se melindrado e o espírito protestante engravatado sente-se agravado; ao alemão frontal habituado a andar por caminhos direitos e bem rasgados custa-lhe a entender a mistura que o pacote grego encobre e porque teima tanto em andar por curvas e atalhos.

Tal disparidade de formatos leva o germano a concluir que o que o grego tem para oferecer é lábia erótica quando o germano só negoceia com produtos. Para o germano o eros não vai para a rua nem faz parte da exortação à guerra, para ele a rua é batalha e o sexo é sigilo que reforça, mas fica em casa.

Por isso a dança de gregos e germanos se torna monótona e repetitiva porque toda ela se dá em torno do cavalo troiano: uns em torno do cavalo de Atenas, outros em torno do cavalo de Bruxelas.
Todo o alarido e discórdia vêm de diferentes performances. O poder torna os instintos educados mas o sexo dá-lhe o brilho que não se quer disciplinado. O nosso mundo é todo assim, feito de políticos e poderosos que atraem mulheres e seguidores; tudo pronto a dar cambalhotas como gatos aos pés dos donos, num bulício à volta do bezerro de ouro. O dinheiro tem em si algo oculto que faz brilhar os olhos mas apaga a mente.

Também é de reconhecer que uma vida sem tentação seria vida chata e abafada em mel a que faltariam as maviosas modulações dos cânticos da cigarra.

Para não ser injusto e à maneira de conclusão, cito o sociólogo Johan der Dennen que constata: ”Também mulheres poderosas têm um apetite sexual acima da média”. Se observarmos Ângela Merkel vemos como é verdadeira e forte a excepção à regra.

O problema na UE não vem do papel couché nem da sarapilheira, o problema vem do que embrulham e o que embrulham é poder a encobrir o poder!
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo e pedagogo
www.antonio-justo.eu

A ENCÍCLICA ECOLÓGICA EM DEFESA DA “NOSSA IRMÃ E MÃE TERRA”

A “nossa Casa comum” sente-se ferida, adverte Francisco I

António Justo

Na sua encíclica verde, o Papa denuncia a destruição do ambiente, a embriaguez do consumismo, a degradação ambiental e cultural, e a submissão da política à economia.

A encíclica Laudato Si (Louvado seja) do Papa Francisco, dedicada à ecologia e ao ambiente, põe em primeiro plano a protecção, conservação e recuperação do ambiente natural e ecológico da “nossa irmã e mãe terra”, no seguimento de S. Francisco de Assis, Padroeiro dos ecologistas. Por isso o Papa inicia a encíclica com as palavras de S. Francisco “Louvado seja” no seu “Cântico das Criaturas” que compôs em 1225 (Texto em: https://antonio-justo.eu/?p=3183).

O pontífice constata que o planeta “está a ser destruído” e estabelece uma “relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta”. Dirige-se “a cada pessoa que habita o planeta” e não só aos católicos e às pessoas de boa vontade; descreve a natureza como “a nossa casa comum” apelando para a necessidade de “uma conversão ecológica global”.

Alerta para o facto de a terra parecer transformar-se num “imenso aterro sanitário” que reage com catástrofes de maremotos, furacões, desertificação de algumas regiões e inundação de outras. Apelida o planeta de “terra irmã e mãe” e atesta: “Nunca tratamos a nossa casa comum tão mal e ferido como nos últimos dois séculos… o ritmo do consumo, do desperdício e a mudança do ambiente superou a capacidade do planeta de tal modo que o actual estilo de vida só pode conduzir à catástrofe”.

O domínio absoluto da finança sobre a política

A política não deve submeter-se à economia, e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia. “Qual é o lugar da política? É verdade que, hoje, alguns sectores económicos exercem mais poder do que os próprios Estados. Falta a consciência duma origem comum, duma recíproca pertença e dum futuro partilhado por todos”.

“A subjugação da política à tecnologia e às finanças torna-se visível na falta de sucesso da cimeira mundial…”. “A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo pagar o preço à população, sem a firme decisão de rever e reformar o sistema inteiro, reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e só poderá gerar novas crises depois duma longa, custosa e aparente cura”.

Crescimento à custa dos pobres

O rápido crescimento dos países ricos acontece à custa dos pobres: “sabemos que o comportamento injustificável daqueles que consomem e destroem, cada vez mais, enquanto outros não conseguem sequer viver adequadamente a sua dignidade humana”. Uma “verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”. «Tanto a experiência comum da vida quotidiana como a investigação científica demonstram que os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais recaem sobre as pessoas mais pobres»

Propõe que se diminua o crescimento: “Por isso, chegou a hora de aceitar um certo decréscimo do consumo nalgumas partes do mundo, fornecendo recursos para que se possa crescer de forma saudável noutras partes”.

A liberdade de consumo ilude a falta de uma liberdade mais profunda

Apela para a reflexão da própria liberdade que não se esgota na liberdade de consumir como o sistema faz crer “quando na realidade apenas possui a liberdade a minoria que detém o poder económico e financeiro”. “A velocidade da mudança … contrasta com a lentidão natural da evolução biológica.”

Critica a privatização da água “recurso escasso” que não se deve comercializar porque tal como “o clima é um bem comum, um bem de todos e para todos.”

Também questiona o direito de empresas ricas poderem comprar direitos de poluir a atmosfera afirmando que “a estratégia de compra-venda de «créditos de emissão» pode levar a uma nova forma de especulação”.

“Os mass-media e o mundo digital quando se tornam omnipresentes, não favorecem o desenvolvimento duma capacidade de viver com sabedoria, pensar em profundidade, amar com generosidade.”

Património humano e cultural ameaçado

O globalismo económico liberal, em nome de uma supraestrutura (um governo do mundo, interesses económicos supranacionais, EU, USA, etc), impõe-se de cima para baixo, centralizando tudo: avassala o regionalismo e desrespeitando as identidades culturais e democráticas dos países, organicamente elaboradas ao longo de séculos. “A par do património natural, encontra-se igualmente ameaçado um património histórico, artístico e cultural”. Recorda também que existe uma “ecologia do Homem” como dizia Bento XVI que «também o homem possui uma natureza, que deve respeitar e não pode manipular como lhe apetece“.

O preço do crescimento é pago com a saúde e com o roubo à dignidade dos povos: „O homem não se cria a si mesmo. Ele é espírito e vontade, mas é também natureza”, devendo tornar o seu “estilo de vida conciliável com a defesa integral do ambiente”.

Ecologia e Cristianismo

A crise ecológica apela à “conversão ecológica”. “A espiritualidade cristã propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco”. Cita João Paulo II que diz: «Deus deu a terra a todo o género humano, para que ela sustente todos os seus membros, sem excluir nem privilegiar ninguém». E continua: “Na tradição judaico-cristã dizer «criação» é mais do que dizer natureza, porque tem a ver com um projecto do amor de Deus, onde cada criatura tem um valor e um significado.” “Toda a natureza, além de manifestar Deus, é lugar da sua presença”. «Sentir cada criatura que canta o hino da sua existência é viver jubilosamente no amor de Deus e na esperança» …” “Quando o coração está verdadeiramente aberto a uma comunhão universal, nada e ninguém fica excluído desta fraternidade”…

Em Jesus Cristo encontra-se resumida toda a realidade espiritual e material: ”o destino da criação inteira passa pelo mistério de Cristo, que nela está presente desde a origem…

“O antropocentrismo moderno acabou, paradoxalmente, por colocar a razão técnica acima da realidade, porque este ser humano «já não sente a natureza como norma válida nem como um refúgio vivente.” ” …A finança sufoca a economia real”…

“O trabalho é uma necessidade, faz parte do sentido da vida nesta terra, é caminho de maturação, desenvolvimento humano e realização pessoal… Neste sentido, ajudar os pobres com o dinheiro deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-promover uma economia que favoreça a diversificação produtiva e a criatividade empresarial”.

Inicialmente os monges refugiavam-se do mundo para viverem em meditação e oração; São Bento de Núrsia, imbuído do espírito cristão, promoveu a união da oração, estudo e trabalho manual, dignificando-o na fórmula «Ora et labora ». Francisco I: “Esta introdução do trabalho manual impregnada de sentido espiritual revelou-se revolucionária”.

“A criação encontra a sua maior elevação na Eucaristia. No Pão Eucarístico, «a criação propende para a divinização, para as santas núpcias, para a unificação com o próprio Criador».

A relação entre todas as criaturas verifica-se na Trindade, que é a matriz de toda a realidade. Penso que os teólogos do futuro, os místicos e os cientistas da física quântica encontrarão na fórmula da Trindade a fórmula do mundo e a verdadeira fórmula de toda a realidade.

O papa adianta: “Para os cristãos, acreditar num Deus único que é comunhão trinitária, leva a pensar que toda a realidade contém em si mesma uma marca propriamente trinitária”…: “O Pai é a fonte última de tudo, fundamento amoroso e comunicativo de tudo o que existe. O Filho, que O reflecte e por Quem tudo foi criado, uniu-Se a esta terra, quando foi formado no seio de Maria. O Espírito, vínculo infinito de amor, está intimamente presente no coração do universo, animando e suscitando novos caminhos. O mundo foi criado pelas três Pessoas como um único princípio divino, mas cada uma delas realiza esta obra comum segundo a própria identidade pessoal. Por isso, «quando, admirados, contemplamos o universo na sua grandeza e beleza, devemos louvar a inteira Trindade».

A encíclica do Papa foi recebida com grande entusiasmo na Alemanha enquanto nos USA se levantaram vozes críticas, certamente os que beneficiam com as injustiças do regime económico. O Papa, porém, tem de falar deste tema e criticar o sistema, (embora isto não agrade a muitos) porque o problema ecológico atinge as pessoas e as regiões mais vulneráveis e consequentemente a fome e a emigração em massas.

António da Cunha Duarte Justo
Teólogo
www.antonio-justo.eu

O PAPA VERDE – FRANCISCO I

A ENCÍCLICA “LOUVADO SEJA „ HOJE PUBLICADA PELO PAPA FRANCISCO É DEDICADA À ECOLOGIA E AO AMBIENTE

Em memoração da Encíclica “Louvado seja” de Francisco I coloco aqui a Constituição da Ecologia que São Francisco, Padroeiro dos ecologistas, compôs em 1225
O “Cântico das Criaturas” e o “Cântico do irmão Sol” são do mais alto sentir cristão, poético e místico. O papa, com esta a encíclica, poderá tornar-se o “Papa Verde”!

Cântico das Criaturas
“Louvado seja Deus na natureza,
Mãe gloriosa e bela da Beleza,
E com todas as suas criaturas;
Pelo irmão Sol, o mais bondoso
E glorioso irmão pelas alturas,
O verdadeiro, o belo, que ilumina
Criando a pura glória – a luz do dia!
Louvado seja pelas irmãs Estrelas,
Pela irmã Lua que derrama o luar,
Belas, claras irmãs silenciosas
E luminosas, suspensas no ar.
Louvado seja pela irmã Nuvem que há de
Dar-nos a fina chuva que consola;
Pelo Céu azul e pela Tempestade;
Pelo irmão Vento, que rebrama e rola.
Louvado seja pela preciosa,
Bondosa água, irmã útil e bela,
Que brota humilde. é casta e se oferece
A todo o que apetece o gosto dela.
Louvado seja pela maravilha
Que rebrilha no Lume, o irmão ardente,
Tão forte, que amanhece a noite escura,
E tão amável, que alumia a gente.
Louvado seja pelos seus amores,
Pela irmão madre Terra e seus primores,
Que nos ampara e oferta seus produtos, árvores, frutos, ervas, pão e flores.
Louvado seja pelos que passaram
Os tormentos do mundo dolorosos,
E, contentes, sorrindo, perdoaram;
Pela alegria dos que trabalham,
Pela morte serena dos bondosos.
Louvado seja Deus na mãe querida,
A natureza que fez bela e forte:
Louvado seja pela irmã Vida
Louvado seja pela irmã Morte. Amém.”

Cântico do irmão Sol
(Quase cego, Francisco de Assis, deixou para a humanidade este canto de amor ao Pai de toda a Criação.)
“Altíssimo, omnipotente e bom Deus, Teus são o louvor, a glória, a honra e toda bênção.
Só a Ti, Altíssimo, são devidos, e homem algum é digno de te mencionar.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas.
Especialmente o irmão Sol, que clareia o dia e com sua luz nos ilumina.
Ele é belo e radiante, com grande esplendor de Ti, Altíssimo é a imagem.
Louvado sejas meu senhor,
pela irmã Lua e as Estrelas, que no céu formastes claras, preciosas e belas.
Louvado sejas meu senhor, pelo irmão Vento, pelo ar ou neblina, ou sereno e de todo tempo pelo qual as Tuas criaturas dais sustento.
Louvado sejas meu senhor,
pela irmã Água, que é muito útil e humilde e preciosa e casta.
Louvado sejas meu senhor,
pelo irmão Fogo, pelo qual iluminas a noite, e ele é belo e jucundo e rigoroso e forte.
Louvado sejas meu senhor,
pela nossa irmã a mãe Terra, que nos sustenta e nos governa, e produz frutos diversos, e coloridas flores e ervas.
Louvado sejas meu senhor,
pelos que perdoam por teu amor e suportam enfermidades e tribulações.
Bem aventurados os que sustentam a paz, que por Ti, Altíssimo serão coroados.
Louvado sejas meu senhor,
pela nossa irmã a morte corporal, da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar conforme à Tua Santíssima vontade, porque a segunda morte não lhes fará mal.
Louvai e bendizei a meu Senhor,
e daí lhes graças e servi-o com grande humildade. Amém.“
Francisco de Assis, Padroeiro dos ecologistas

CASAMENTO CIVIL DE HOMOSSEXUAIS – PRÉMIO, INSTITUIÇÃO OU PRETEXTO?

A Manipulação da Cultura acompanha a Manipulação da Natureza

Por António Justo
Em questões de casamento de homossexuais o estado não deveria intervir no sentido da liberação da união matrimonial para comunhões de casais do mesmo sexo. No casamento ou parcerias amorosas, depara-se com duas questões que se deveriam encarar sem ressentimentos nem complexos.

A nível de princípios e de prática, deve o desigual ser tratado igual? Até que ponto deve o estado intrometer-se na vida privada? Deve a regra ser igualada à excepção? Não se conduz a democracia ad absurdum quando os seus delegados, pretendem mudar mentalidades através de legislações sobrepondo o direito da minoria ao direito da maioria (igualizar as parcerias homossexuais à instituição família heterossexual)?

Porque se tem de casar e não chegam parcerias registadas no registo civil? Naturalmente para aquisição de direitos inerentes ao casamento. Famílias monoparentais (uma mulher ou um homem com filhos – classe de Impostos I) ficam em situação pior tendo de pagar mais impostos do que homossexuais casados.

Segundo o consenso dos povos, as uniões homossexuais não são iguais ao matrimónio. Entre outras diferenças o casamento não é só comunidade de vida, ele foi criado no sentido da fundação de uma família e de filhos (CIC 1061,1) e corresponde a uma visão de Homem como homem e mulher.

Torna-se questionável a intervenção do Estado porque a união de duas pessoas é coisa privada, independentemente do amor que o Estado não tem direito de recompensar ou penalizar. O matrimónio, pelo contrário é o núcleo do Estado pelo que este tem o dever constitucional de defender e fomentar. Por isso os Estados colocam nas suas constituições a família e o matrimónio sob protecção especial. A lei fundamental alemã artigo 6 parágrafo 1, tal como as constituições da maior parte das nações, define casamento como “comunidade de vida de homem e mulher” e fala da função da família.

A nova ideologia pretende redefinir o casamento, abandonar o conceito de família trocando-o por “Comunidade de Vida”. O ponto maior da discórdia vem da exigência de igualar o casamento tradicional (família) às uniões homossexuais com o correspondente direito de adoptar filhos. A adopção de crianças por pares homossexuais favorece uma orientação unilateral a que falta o pai ou a mãe; impede-se uma educação com características (feminilidade e masculinidade) complementares próprias que seriam importantíssimas para o crescimento equilibrado da criança. Devido a esta constatação, na Alemanha já há a preocupação de, nos jardins infantis, a assistência às crianças seja feita por educadores do género feminino e masculino.

Toda a pessoa está chamada a amar mas nem toda a forma de amor ou caridade tem que chegar à instituição do matrimónio. Uma comunidade de amor está chamada à abertura e proliferação, à fertilidade como é tradição em todos os povos e como nos ensina a gramática da natureza. Na exigência de “casamento para todos”, como direito natural, não se consideram a fertilidade e correspondente capacidade de futuro da sociedade, além de confundir direito natural com direito cultural. Também dois familiares ou irmãos que se amam não têm direito a casar-se embora através do casamento pudessem assegurar vantagens amorosas e económicas.

Francisco I no avião em que ia para o Rio de Janeiro em Julho de 2013 disse a um jornalista: ”se um gay, procura o Senhor e tem boa vontade – quem sou eu para o condenar? Estas pessoas não devem ser empurradas para a borda, elas têm de ser integrados na sociedade.” Conservadores escandalizaram-se com esta afirmação porque pensam que com ela o Papa apoia o lóbi dos homossexuais. O papa age, como é natural de um pastor, no meio da sua comunidade no exercício das suas actividades pastorais em perspectivas complementares.

No catolicismo, o matrimónio é um sacramento que se realiza entre os nubentes (homem e mulher) e não só um prémio ou bênção. Deus criou o Homem à Sua semelhança como homem e mulher (1.Mo 1,27-28) dando-lhes a missão de crescerem e de se multiplicarem na tolerância e cordialidade e ao mesmo tempo crescerem espiritualmente.

Na discussão também é pertinente distinguir entre os actos do Estado e os actos da Igreja. Igreja e Estado dizem sim para o cuidado mútuo e a responsabilidade, cada um à sua maneira. Embora o Estado tenha de dar resposta a todas as necessidades dos cidadãos não deve perder de vista a lógica da sua essência democrática nem as diferentes prioridades a ter em consideração num corpo orgânico ao igualar uma estrutura básica da sociedade a uma necessidade individual que colide com a constituição orgânica de organismos desenvolvidos. (Para mim a nível individual seria igual o casamento de hétero- ou homossexuais; o mesmo já não acontece quando penso a nível social; por isso o Estado tem de distinguir entre direito individual e direito orgânico institucional!).

O cristianismo, com toda a compreensão e respeito pelas uniões homossexuais, não se deve ver forçado a renunciar aos próprios princípios e valores. A fonte de inspiração cristã é a Bíblia (e a natureza) e orienta-se também por uma estrutura básica do Homem (Mat. 19,5, constituído de masculinidade e feminilidade) não podendo ser interpretada arbitrariamente; muito embora a supremacia do amor seja a norma de orientação, esta não pode porém cancelar a ordem da criação (a nível estrutural/institucional) que cada ser humano não deve desprezar, embora respeitando diferentes orientações. Ver o amor como único fundamento da união homossexual, segundo o lema de Santo Agostinho “ama e faz o que quiseres” dá resposta a necessidades próprias mas que não precisa de neutralizar o matrimónio heterossexual. A diferença é a maior constante da natura e da cultura. Igualar a comunidade de vida de homossexuais à constituição de família através do casamento torna-se inconsequente dado fazer de coisas diferentes e com fins diferentes coisas iguais.

A pastoral permite a adaptação porque cada pessoa é de, maneira igual, imagem de Deus independentemente das suas inclinações. Também é verdade que “Deus é amor” (1. Jo, etc.) mas o facto não permite a afirmação recíproca “o amor é Deus” que seria teologicamente falsa. Em questões de família e de instituições os critérios orgânicos e de sustentabilidade, fiabilidade, confiança e compromisso assumem um caracter essencial. O amor não é razão suficiente para justificar a arbitrariedade institucional. O direito à orientação homossexual e ao próprio sentido não é lógico se exige que se aplique a ele o tipo de vinculação heterossexual da família. A instrumentalização da lei para mudar mentalidades torna-se num abuso institucional.

A Igreja, para manter a sua missão de serviço à humanidade e a credibilidade e continuidade, terá que suportar uma certa tensão entre doutrina e pastoral; mas por outro lado não pode seguir a bajulação da moda ou do tempo.

Na disputa presente, que é mais séria que qualquer outra anterior, está em jogo a criação de uma moral totalmente nova sem compromisso (uma nova matriz social) tendente a fomentar a criação de um novo Homem e de uma cultura (nova maneira de estar social), de orientação matemática, criada artificialmente e implementada por cúpulas político-económicas cimeiras que, à imagem da manipulação da natureza, (experimentação biológica da manipulação da gene humana) quer impor a manipulação da cultura e daquilo que constitui os fundamentos da identidade das culturas. Os manipuladores da cultura já cantam vitória ao verificar que no povo, com o tempo, se pode observar uma certa inversão de mentalidades, como vai acontecendo na igualação de comunidades de vida homossexuais a heterossexuais e mais tarde na eutanásia e na eugenia.

A defesa da família é uma questão de natureza, de religião e de Estado independentemente da crença. Ao ligar-se a constituição de família à procriação também se deve ter em conta que quem se casa catolicamente também não tem obrigação de ter filhos e os que não podem ter filhos ou se casam em idade de os não ter, não perdem a legitimidade do casamento, chega-lhes a boa intenção. Como na natureza não há regra sem excepção. Um outro aspecto a ter também em consideração é que uma coisa é o casamento civil e outra é o casamento religioso. Posso imaginar, a nível cristão, a bênção de um par homossexual mas não o sacramento.

A Igreja tem o direito de se sentir ligada à tarefa bíblica e o Estado à vontade dos cidadãos. Um e outro não devem ignorar o quórum de que são feitos nem ideais que reconhecem a regra e a excepção. O direito de minorias ou da excepção não pode ignorar também os direitos das maiorias ou da regra. A vida e o progresso pressupõem um contínuo processo de colaboração e adaptação, só assim se pode garantir o princípio evolutivo da colaboração dos mais fracos para subsistirem contra a lei da força dos mais fortes que arrasariam o resto da natureza.

A igreja tem por seu caracter constitucional ficar-se pela simplicidade da verdade: o sacramento do matrimónio consta de uma união de uma mulher e de um homem para sempre. O sacramento tem vigor até à morte, por isso para o celebrar será precisa grande maturidade e a vontade da metanoia individual e comum. A doutrina da fé é orientação e não deve agir contra a praxis da fé; o casamento é ao mesmo tempo sacramento e comunidade de vida. A indissolubilidade do matrimónio não deve tornar-se numa teoria abstracta sem relação com a praxis (não é apenas um ideal humano). Optar pela vida é o característico da vida cristã que não vê na entropia uma via a seguir reconhecendo, pelo contrário, que a vida é uma subida que implica luta no reconhecimento da própria sombra e luz.

Não se deve demonizar nem glorificar a homossexualidade. Por vezes há muita agressão no discurso sobre o assunto porque por trás de um homossexual ou de uma lésbica se escondem muitos anos de sofrimento e de opressão indirecta, ou porque o tema da homossexualidade e do género é usado como estratégia para a mudança paradigmática da sociedade e valores e ainda porque os lóbis da EU e dos USA ditam através de leis a aplicar nos parlamentos, os novos comportamentos a criar numa sociedade do futuro.

A defesa da ideologia homossexual, que faz parte da ideologia do género, encontra-se em contradição com todas as culturas, religiões e com a natureza. A homossexualidade deve ser compreendida como excepção à rega sem ser marginalizada e sem o acompanhamento da paulada moralista que muitas vezes a discriminou e em muitos lugares continua a descriminar considerando homossexuais, como se se tratasse de leprosos. Cada época tem um ideário correspondente com abusos num ou noutro sentido mas que a sociedade vai corrigindo com o tempo.
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo
www.antonio-justo.eu

NOTÍCIAS PARA LEITORES COM PRESSA – ESCRAVIZAÇÃO DE MULHERES POR UM MAÇO DE CIGARROS – Parabéns à Turquia etc.

Por António Justo

ESCRAVIZAÇÃO DE MULHERES POR UM MAÇO DE CIGARROS

Segundo informações da enviada da ONU, Sainab Bangura, os jiahdistas do “Estado Islâmico” vendem mulheres e meninas” pelo preço de um maço de cigarros”. A escravização de mulheres em massa é um factor decisivo para o recrutamento de combatentes estrangeiros.

PARABÉNS À TURQUIA

Os resultados das votações na Turquia depois de terem sido contados quase todos os votos revelam a perda da maioria absoluta do presidente islamita Erdogan (AKP) que esperava atingir 330 deputados e conseguiu apenas 41%/259 deputados, (para atingir a maioria absoluta seriam necessárias 276 assentos) revelam. Em segundo lugar ficou a esquerda CHP com 25,2″%/131 deputados; a ultra-direita MHP atingiu 16,9%/84 deputados; a HDP pró-curda alcançou cerca de 13% (79 deputados).
O sistema eleitoral turco não permite grande variedade de partidos no ciclo parlamentar, pois para um partido ter assento no Parlamento tem de superar os 10% dos votantes. A oposição conseguiu 291 deputados.
Erdogan queria mudar a Constituição para consolidar os seus poderes presidenciais à maneira de “sultão”. Para tal precisaria de 330 deputados. 56,6 milhões de turcos estavam chamados a votar. A participação nas eleições foi de 85,4%. Da Alemanha houve 480.000 turcos que votaram.
Tudo isto revela que o povo turco é distinto e mais democrata do que queriam fazer dele. Felizmente a Turquia está mais moderna que a maioria dos seus chefes.

PRISÕES NO ESTADO DO HESSE NA ALEMANHA

O Estado do Hesse tem 21 114,9 Kms quadrados e 6 045.000 habitantes. De momento encontram-se detidos um total de 4.500 prisioneiros. Destes 8% são mulheres.
Ultimamente tem-se assistido a uma diminuição de prisioneiros. Em Kassel há uma prisão com três prisioneiras e 18 funcionário do Estado que se revezam em três turnos. Um escândalo por tanto desperdício por falta de quórum.
Segundo o Ministério do Interior, a causa da diminuição deve-se à mudança demográfica que cada vez produz mais idosos e pessoas idosas não cometem tantas infracções à lei. Uma outra causa apresentada para a calmaria nas prisões é a boa situação económica do país!

G7 COM RESULTADOS PROMETEDORES

A G7 mostra a o cunho de Merkel que se empenha por palavras e obras na defesa da energia limpa. Na cimeira foi decidido durante o séc. XXI organizar a economia de tal modo que deixe de usar se energias fósseis. Até 2050 a redução do carvão e do petróleo deve ser de 40 a 70%. Propõem-se que o aquecimento da Terra não supere os dois graus em relação ao período anterior à industrialização. Até 2030 propõem-se tirar 500 milhões de pessoas da fome e da subnutrição. Greenpeace louvou os resultados da Cimeira.

REFUGIADOS: CARTA DE CONDUÇÃO POSSÍVEL SEM DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO

Um candidato a asilo na Alemanha, proveniente do Afeganistão (2009), não tinha cartão do cidadão nem outros documentos que o identificassem mas queria tirar a carta de condução na Alemanha mas as autoridades distritais de Main-Kinziga negaram-lhe o direito pelo facto de não possuir nenhuns documentos afegãos que o identifiquem ou refiram o lugar e data de nascimento; o Tribunal Administrativo considera a exigência dos documentos como não necessária porque o Registo Federal Central para Refugiados e a carta de Condução tornam possível a pessoa identificável. Assim o afegão recebeu luz verde para tirar a carta de condução.

António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu