REPENSANDO A EUROPA SOBERANA EM DÍVIDAS SOBERANAS

O velho Modelo acabou – Países lusófonos como Chance

A situação europeia

A EU que temos é de há anos atrás e como tal já não existe. Temos a zona euro com uma economia que nos divide; temos a Ucrânia, os refugiados e a boa vizinhança com a Rússia perturbada; temos o Reino Unido fora, Ronald Trump a exigir o empenho dos europeus na NATO e a querer mudança de sentido na economia; temos também os países do Norte que com a saída do RU sentem o eixo de influência a deslocar-se para o sul; temos parte do povo, desiludida de uma EU de sobremaneira interessada nos magnates da economia, da administração e da ideologia, a revoltar-se contra a classe política e temos também um bom grupo de pessoas de estomago bem recheado em funções de partido ou do Estado interessado em manter o status quo que lhe confere regalias.

A situação portuguesa

Portugal encontra-se tradicionalmente numa fase de esgotamento prolongado. É um país irrelevante a nível de economia na EU. Embora tenha boas infraestruturas de autoestradas e internet é um país sem eficiência económica, e de mãos atadas por depender das políticas da EU feitas para macrosistemas sem que Portugal possa utilizar a moeda nem a banca como regularizadores da economia interna. Uma política europeia feita para “latifundiários” económicos nunca poderá servir um país como Portugal todo ele feito de minifúndios. Embora com um clima que dá saúde e conter um povo flexível aberto a tudo não consegue tornar-se competitivo. A transacção do Banif para o Santander custou 3,3 mil milhões de euros ao Estado português. Éste foi mais um passo da Europa em direcção à Espanha contra Lisboa.

A desregulação migratória desfavorece ainda mais Portugal, que se encontra numa zona mundialmente rica, a precisar de imigração de alta qualificação, mas a quem Portugal contraditoriamente cede especialistas, servindo os Estados mais ricos do seu bloco económico. O país não se preocupa em criar lugares de empregos para a massa cinzenta que produz e emigra para engrandecer e rejuvenescer povos mais ricos. Um país que não guia a economia é desviado para ela.

Primeiro o estômago e depois a festa

Os países da margem ausentaram-se do processo europeu que é fundamentalmente económico e estratégico. Contentaram-se com as ajudas de fundos perdidos, os empréstimos da miséria e com lugares bem pagos, para os boys das corporações, na administração e na política europeia. Estes com os seus lacaios são os que mais protestam, contra os perdedores da EU que os contestam; são por isso, apelidados de populistas como se uma democracia não fosse formada por grupos de interesses rivais e só fosse constituída por donos e balbuciadores de améns.

A política da mentira comprova-se

O Estado português perdeu a batuta da orquestra nacional, deixando-se levar pela da macroeconomia fomentada pela UE; esta, como funciona só fomenta os latifundiários. A classe política continua uma política da mentira em relação aos portugueses e de hipocrisia em relação à EU. Temos partidos e um parlamento que vão ocupando o tempo da opinião pública e o Estado com medidas de assuntos partidários e ideológicos; para desviarem o povo da realidade negra, armam cenas e gestos dirigidos à conversa fiada e à emoção, quando o que Portugal precisa é alimento para o estômago e para a razão.

Na EU não é suficiente um projecto para contentar a todos. Também não é de contentar sermos uma União Europeia de estados com populações muito desiguais, e com igualdade apenas a nível de aparelhos de Estados e de altos funcionários; de facto importante seria ter populações menos desiguais e com uma igualdade em que as desigualdades dos funcionários do Estado estejam em proporção com a igualdade do povo.

A EU precisaria de uma redefinição de estratégia geopolítica que englobe a Rússia como sua parte integrante.

Também Portugal precisaria, além de uma mudança de mentalidade política uma redefinição de estratégia geopolítica, mas cujo centro de gravidade deveria ser os países lusófonos; de resto temos como vizinhos a Espanha e o Atlântico.

Seria catastrófico para Portugal continuar a seguir a ideologia funcional instalada no Estado com a República e continuar a meter a cabeça debaixo do tapete para não ter de enfrentar os desafios que acontecem ao seu redor. A lusofonia será a melhor resposta à globalização num Portugal a funcionar como ponte de continentes e culturas.

Imigrantes do Brasil e dos PALOPs poderiam compensar a sangria da emigração nacional. Empresas interlusófonas poderiam formar-se de maneira a poderem aguentar a concorrência de potências fortes

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do espírito no Tempo

A TURQUIA CONSEGUE MAGISTRALMENTE MOBILIZAR O NACIONALISMO TURCO E NÃO TURCO

Ministros da propaganda da omnipotência presidencial na Turquia – os novos “mártires”?

António Justo

 

Os Factos

Dia 11.03 o governo holandês não permitiu a aterragem do avião do MNE turco, Cavusoglu, que vinha fazer propaganda no consulado de Roterdão; no mesmo dia a ministra da família Syan Kaya entra na Holanda vinda da Alemanha de carro e é circundada de polícias e solicitada a sair do país. (A Holanda sob pressão política com eleições legislativas na quarta-feira quer dar um sinal de quem é senhor na própria casa, o que leva o governo a agir precipitadamente).

No dia 12, Cavusoglu, num comício de propaganda na cidade francesa de Metz, disse que a Holanda tinha de ser responsabilizada.   Recep Tayyip Erdogan reage também fazendo acusações de nazismo e fascismo contra os Países Baixos (como já tinha feito contra a Alemanha) e pede sanções contra a Holanda.

Em política, na luta dos grupos de interesses quem ganha tem razão

Na falta de argumentos para a defesa da mudança da Constituição turca, o actual presidente Recep Tayyip Erdogan, puxa todos os registos nacionalistas para conseguir alargar os seus poderes presidenciais no espírito do império otomano. Erdogan quer apagar da Constituição turca o espírito moderno ocidental introduzido na Turquia por Kemal Atatürk, seu fundador.

Na luta entre os grupos de interesses, no palco da arena política, o governo turco consegue o que quer: mobilizar os nacionalistas e fascistas turcos dentro e fora do país e consegue simultaneamente a desorientação nos andares superiores da EU, que tem sido muito benigna em relação à tentativa do partido de Erdogan para estabelecer um sistema presidencial omnipotente na Turquia. A Europa cala-se porque precisa da Turquia e precisa do povo. Precisa da Turquia por interesses das elites económicas, mas estes concorrem com os interesses do povo.

Erdogan conseguiu a atenção que queria e, para quem não está informado da omnipotência que Erdogan pretende com o referendo, fica com a sensação de que a Turquia é vítima. Gente bem-avisada opina que seria melhor deixar a Turquia fazer a sua propaganda entre eles, como fez no passado. Então deveria ser facilitada  também a propaganda da oposição. Por outro lado, a actual propaganda para o projecto em vista contradiz os valores constitucionais dos países da EU e os propagandistas viajam à custa do Estado turco (excepto a oposição!)

A Holanda, ao tomar uma decisão governamental soberana, serviu, porém, os interesses do governo turco empenhado numa discussão meramente emocional e demagógica sobre o referendo. O regime de Erdogan, conseguiu já maior coesão interna levando a própria oposição a defendê-lo  ao criticar a Holanda. Erdogan conseguirá também ter um pretexto para mudar o seu embaixador na Holanda e colocar lá um diplomata ainda mais empenhado no seu partido.  A Alemanha, também intitulada de nazismo por Erdogan, fecha os olhos e não toma decisões a nível de governo em relação à propaganda turca na Alemanha e deixa aos municípios a questão de impedimento ou não da propaganda turca na Alemanha com os ministros turcos.

O que os governos deveriam aprender da lição é o problema que os tucos trazem com o seu estatuto de dupla nacionalidade. De facto, o regime político e jurídico alemão e de outros países da EU encontram-se diametralmente opostos ao fascismo pretendido pelo sistema presidencial turco. Os imigrantes que votam por ele são infiéis aos valores defendidos pelas Constituições dos países onde vivem. É ambivalente a atitude de quem exige e usufrui dos valores democráticos dos países onde vive e quer para o seu país a institucionalização de valores antidemocráticos.

Vivemos num mundo maluco! O governo turco que pretende a omnipotência do chefe de Estado para o seu regime ataca de fascistas os governos de grandes democracias como a Alemanha e a Holanda.

Boa tarde Europa, boa noite Turquia! O amanhecer de uma e outra só pode ser enevoado e turbulento.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no  Tempo

TAXA DE POBREZA CRESCEU NA ALEMANHA

 

Discrepância: 12,6 milhões de pobres e grandes excedentes na economia

                                 Estados mais propícios para imigração

António Justo

O actual relatório da Sociedade de Paridade sobre a pobreza na Alemanha, refere que um em cada seis cidadãos é considerado com rendimento pobre. É considerado pobre quem tem menos de 60% do rendimento médio (incluindo apoios, como Abono de Família).

É considerado pobre um agregado familiar Individual (Single) que ganhe 942€ por mês. Uma família monoparental com uma criança é considerada pobre com um rendimento de 1.225€ mensais. É considerada pobre também a família com dois filhos que não alcance o rendimento de 1978€ mensais.

Na sequência desta base de determinação do nível da pobreza, em 2015 havia 12,6 milhões de pobres na Alemanha, isto é 15,7% da população. Em Berlim 22,4% eram pobres; em Bremen 24,8%; em Bremerhaven, em três pessoas, uma é pobre. Abaixo da média encontram-se especialmente a Baviera com 11,6% e Baden Vurtemberga com 11,8%. (Atenção emigração!). O relatório da Sociedade Paritária permite uma visão pormenorizada dos dados sobre a pobreza.

Os grupos de risco de pobreza são os desempregados com 59% de pobres; família monoparental com 43,8%; estrangeiros com 33,7% e pessoas com baixa qualificação 31,5%. Reformados situam-se na média com 15,9%.

Observa-se uma certa irracionalidade no desenvolvimento: por um lado a pobreza aumenta e por outro lado o orçamento federal e a economia alemã registam grandes excedentes.

Torna-se doloroso verificar que no sistema político dos países mais avançados se constate o aumento do número de gente que não pode participar na sociedade. A pobreza traz consigo a exclusão social.

Em relação aos dados há também a considerar que a pobreza do norte não é igual à do sul!

A taxa de pobreza em Portugal é mais complexa e mais difícil de avaliar, também porque a pobreza não é enfeite, o que não motiva a fazer dela tema. Observa-se uma certa preponderância nos diferemtes relatórios que, ano a ano, se publicam com muitas comparações, geralmente tendentes a anediar a situação da pobreza sob o ponto de vista de mera estatística mais ou menos comparada e acomodada.

Em Portugal as desigualdades sociais são mais crassas e a taxa de desemprego é de 10,7%, na Alemanha é de 6,3 %. A dignidade humana passa pelos direitos humanos! O direito ao trabalho é um deles,  ele condiciona  substancialmente a dignidade.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no Tempo

IMIGRAÇÃO NOS EUA – A SOLICITAÇÃO DE UMA LEI DE IMIGRAÇÃO NA ALEMANHA

Nos EUA vivem 32,5 milhões de estrangeiros e 11,1 milhões de ilegais, (destes, 5,8 milhões são mexicanos, 1,7 milhões da américa central, 650 mil da américa do sul e doutras nações 2,5 milhões) como se verifica do Pew Research Center, US US Grenzschutz, AEP. Clinton começou a construir um muro de 1.000 Km em 1994. Muros dificultam mas não impedem.

A imigração ilegal nos EUA é desde há anos considerada um crime, não só uma infracção administrativa. Muros há também na Hungria, Marrocos e entre a Turquia e a Grécia.

Torna-se sínica a ideia de fechar as portas aos mexicanos e querer enviar muitos dos mexicanos ilegais para o México, precisamente nos EUA cuja parte do território era mexicana antes da formação dos EUA. A longo prazo os mexicanos tornam-se americanos não criando problema de identidade para os EUA. Mais difícil é a questão dos imigrados muçulmanos que concebem a sua vida a partir do gueto e se definem em oposição à sociedade acolhedora. Passadas centenas de anos exigem independência (constituição de estado muçulmano) como aconteceu na antiga Jugoslávia e noutras partes do globo.

Atacar ou defender a imigração torna-se uma questão confusa dado não se fazerem diferenciações nem definições de objectivos a atingir e meios de os conseguir quer para “hóspedes” quer para a sociedade acolhedora. Tudo se move apenas sob o jorro da economia.

Na Alemanha há a exigência de se criara uma nova lei de estrangeiros que facilite a entrada a imigrantes formados e que venham fortalecer a classe média culta. Ter-se-ia uma lei de estrangeiros que diria quem é bem-vindo e quem não. Melhor seria combater as causas do movimento dos refugiados e criar-se uma ordem mundial mais justa. Doutro modo a sociedade continua a jogar com as classes desprotegidas a nível interno e externo (imigrantes a recalcar os desprotegidos da sociedade acolhedora). Temos assim um progresso elaborado a partir da exploração dos grupos precários numa dinâmica de luta entre eles que possibilita a subida de alguns deles.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no Tempo

ALEMANHA A ACORDAR PARA O PERIGO DO FASCISMO TURCO

Importação de conflitos políticos religiosos e sociais

António Justo

No dia 16 de Abril 58,2 milhões de turcos vão deliberar por referendo a favor ou contra a constitucionalização de uma ditadura presidencial na Turquia. 2,9 milhões de eleitores encontram-se no estrangeiro; na Alemanha vivem 1,4 milhões.

O presidente turco Erdogan e seus ministros pretendem continuar a fazer sessões de propaganda a favor da introdução de um sistema presidencial. Como os turcos da diáspora são muito nacionalistas e nas últimas eleições o partido de Erdogan conseguiu na Alemanha um apoio superior a 60%, Erdogan espera destes que votem pelo seu programa de marginalizar instituições democráticas e obter para o presidente poderes que pertenceriam ao parlamento.

Ministros turcos viram impedidos os seus intuitos de fazerem propaganda pela ditadura ao ser-lhes proibidos os comícios de Gaggenau, Colónia e Frechen. O presidente da cidade de Gaggenau não permitiu o evento nas instalações, onde o ministro turco da justiça (Bozdat) ia fazer propaganda pela reforma antidemocrática; o autarca argumentou com a falta de lugares de estacionamento e de segurança para os visitantes que tadicionalmente assumem em grande número nos seus eventos políticos.

O regime de Erdogan persegue a liberdade de imprensa e de opinião e o seu ministro da Justiça tem a lata de declarar a proibição do seu comício de propaganda como “maneira de agir fascista”.

O tom entre a Turquia e a Alemanha é áspero e a agressividade dos representantes do governo turco tornou-se insuportável. Os inimigos da liberdade e da liberdade de expressão na Turquia usam-se e abusam da liberdade de expressão na Alemanha. O governo alemão deveria ter mais consideração pelos inocentes perseguidos na Turquia. A EU torna-se cúmplice ao fechar os olhos ao que tem acontecido e acontece na Turquia. Na EU e seus membros governa o medo em geral e o medo de governos  imprevisíveis. A Turquia permite-se ser arrogante não só por natureza mas como  estratégia (ad intra) porque sabe que dela depende em grande  parte a entrada de mais refugiados na EU e isso é o que mais assusta os polítcos da EU especialmente em ano de eleições importantes.

A sociedade alemã admira-se de tanta arrogância e atrevimento da parte turca que quer servir-se e abusar da liberdade de expressão na Alemanha para defender posições fascistas e ditatoriais em comícios organizados nos guetos turcos; por outro lado a sociedade pensante admira-se pelo facto do Governo Federal se manter bastante mudo em relação ao agir escandalosamente antidemocrático do Governo de Erdogan e à maneira arrogante como se manifestam os representantes do governo turco na Alemanha.

O partido “União de Democratas Turco-Europeus” (UETD) é considerado o escudeiro do AKP de Erdogan, tal como muitas das mesquitas turcas na Alemanha.

Importação de conflitos políticos religiosos e sociais

Na Alemanha, a Turquia e muitos turcos exigem, além de tolerância para a sua intolerância, também o direito a propagarem a intolerância.

Na Alemanha em 1961 havia 6.800 cidadãos de nacionalidade turca. Actualmente os

Turcos na alemanha são cerca de 3,5 milhões; na França são cerca de 1 milhão.

Na Alemanha avalia-se o número de curdos turcos em 800.000 e com os curdos do Iraque, Irão, Síria, Arménia e Líbano chegarão a 1,7 milhões. Nos últimos dois anos terá havido cerca de 150.000 curdos que pediram asilo na Alemanha. Curdos na Turquia não podem usar o seu nome curdo.

Curdos e turcos encontram-se em conflito na Turquia e importam o conflito para a Alemanha, especialmente através de governo turco que se comporta em casa alheia como se estivesses em sua casa.

Conflito Alemanha-Turquia de mãos atadas

A 20.03.2015 é celebrado o acordo da EU com a Turquia sobre refugiados, recebendo a Turquia milhares de milhões de Euros para travar o fluxo de refugiados para a Europa, como refere o HNA. Deste modo a EU torna-se dependente da Turquia. A 31.03 o satírico Jan Böhmermann faz uma poesia contra Erdogan; este mete o satírico em tribunal na Alemanha mas perde a questão. No dia 2.06 o Parlamento alemão decide uma resolução condenando e qualificando de “genocídio”  as barbaridades dos turcos contra os arménios há 100 anos. A 22.06, a Turquia proibiu a visita de parlamentares alemães à Base Aérea de Incirlik e, como reacção, a ministra das Forças Armadas Alemãs visita demonstrativamente os soldados alemães estacionados na Turquia. A 15.07 dá-se o golpe de estado falhado; o presidente Erdogan declara o estado de emergência e organiza um golpe às instituições de Estado aprisionando muitas dezenas de milhares de funcionários do Estado. A 2.09 a chanceler alemã declarou a resolução do Parlamento alemão sobre a Arménia como legalmente não vinculativa. A 15.02.2016 as instalações do Instituto religioso Turco-Islâmica (DITIB) são investigadas pelas autoridades alemãs (Imãs espionaram apoiantes de Fethullah Gülen e mandaram informações para o governo em Ankara. Na onda de atemorização e aprisionamentos de jornalistas, a 17.02 o correspondente turco-alemão Yuecel,  do jornal Die Welt é capturado em Istambul com o argumento de fazer  propaganda pelos curdos na resistência, sendo apelidado por Erdogan como um “agente alemão”.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no Tempo