Bênção de Uniões Homossexuais


Dar os parabéns, desejar felicidades e abençoar é a coisa mais natural do mundo entre pessoas de bem.

A Igreja, na tradição de Abraão, Isaac, Jacob e de Jesus tem como missão transmitir a bênção recebida indiscriminadamente. Ela já o faz nas mais diferentes ocasiões, na bênção de pessoas, coisas e animais.

Há momentos especiais da vida em que a bênção também tem um sentido especial. A Igreja e os seus representantes devem estar sempre perto das pessoas, tanto em momentos de entusiasmo como em momentos de crise. Assim se um par de homens homossexuais ou de mulheres lésbicas solicitarem a bênção da Igreja para a sua união é natural que esta lha não deva negar.

O mesmo se diga em crises de casamento, como no divórcio ou para o caso de pessoas que tenham abortado. Um ritual apropriado ajuda no processo de libertação e de salvação.

Naturalmente que um ritual de bênção duma união lésbica / homossexual não tem o mesmo carácter que o sacramento do matrimónio. O dia de São Valentim, dia dos amantes, poderia proporcionar uma oportunidade para a organização de para-liturgias específicas para todos os amantes.

Uma ligação de amor autêntica é uma prenda de Deus. Importante é que o homossexual, tal como o heterossexual sigam o chamamento divino e assumam a própria missão a realizar na vida. A vontade da criação é multifacetada. Quem abençoa é Deus.

A Igreja Católica tem uma vocação universal. Embora se encontre encardinada nas diferentes culturas, ela transcende-as. A sua preocupação é, na fidelidade a Deus, dar resposta adequada às necessidades humanas no tempo e no espaço.

António Justo

NACIONALISMO – UMA ARMA PARA IMPOR INTERESSES CAMUFLADOS


Numa época em que o globalismo é acto de fé para a economia, por todo o lado rumoreja o ventre nacionalista. O nacionalismo não é doutrina passada. Hoje ele continua muito presente. As tendências nacionalistas, tal como os outros nacionalismos europeus, têm o seu fundamento na ideia do Estado Nacional.

As tendências nacionalistas chegam até à revolução francesa que deu lugar à nação francesa moderna. Por toda a Europa se desenvolveu a concepção do Estado Nacional baseado na ideia de unidade de povo, de estado e de território.

O nacionalismo nasceu com a ideia da homogeneidade nacional da autodeterminação e da pureza étnica. Nos séculos XIX e XX alcançou o apogeu e as últimas convulsões nos Balcãs, com a problemática do Kosovo são apenas uma consequência atrasada.

Norbert Elias afirma em “Die Welt” (22.11.2007) que o nacionalismo é “o sistema de fé mais poderoso dos séculos XIX e XX”. De facto, esta fé secularista deu origem às maiores tragédias de toda a história. Centenas de milhões de pessoas foram vítimas directas desta perversidade humana.

Antes era a ideia da raça e da nação o motor da política e da economia que obrigava ao desalojamento de povos inteiros. Hoje é a economia sôfrega já não de pessoas mas de “forças de trabalho”, que dão continuidade aos problemas em curso. Cada época tem a sua ideologia legitimadora das mesmas forças continuamente presentes na história dos povos e das culturas.

A economia e o poder não olham a meios para se legitimarem. São as estruturas organizadas que determinam a acção social e a sua legitimação. O povo paga sempre, em cada época, a factura. Os seus representantes sucedem-se na administração da miséria ou da exploração.

Os políticos europeus enganam-se a si mesmos para poderem justificar o desalojamento e desenraizamento das pessoas ao serviço duma indústria e duma economia esfomeada. Numa Europa cansada e já não disposta à procriação afirma-se, sem mais, um sistema económico que instrumentaliza a pessoa e prefere manter a pobreza dos estados periféricos do mundo obrigando seu povo a emigrar, em vez de construírem as fábricas nesses países e contribuírem assim para o seu desenvolvimento económico e assim evitarem a necessidade do povo se ver obrigado a emigrar, na fuga ao mal-estar. Segue-se a lei do menor esforço económico e esta tem como preço a pessoa humana. A factura a pagar pelo sofrimento de hoje será, mais tarde, muito cara e dolorosa.

Os políticos falam de multicultura e de tolerância dentro das próprias muralhas para assim desviarem as atenções do povo dos problemas étnico-civilizacionais que se acumulam nos arrabaldes das grandes cidades.

Por outro lado, dão razão ao nacionalismo e à intolerância surgidos nos Balcãs, devido à maior proliferação albana na Sérvia e ao racismo de uns e de outros. Aqui não se defende a convivência de sérvios e albanos, a tolerância entre maiorias e minorias, como se pretende fé dentro da União Europeia, mas dá-se razão ao nacionalismo e ao racismo apoiando-se a separação na Sérvia. Naturalmente que os problemas recentes surgidos na Bélgica e mesmo os problemas de sociedades aparentemente estáveis como a Venezuela corroboram as ideologias nacionalistas turcas, albanas, etc.

As etnias são usadas como fronteiras, como linhas de separação. Infelizmente a lei do mais forte, da economia e não da razão, é a que a história continua a fazer valer como trunfo na história moderna e contemporânea. Falta a consciência do valor e da dignidade do cidadão e da pessoa.

O nacionalismo é contra a civilização; é uma arma para levar à frente interesses anónimos à custa do povo vítima.

Naturalmente que o nacionalismo tem como resultado positivo da sua chacina o alcance duma certa homogeneidade artificial. A velha Europa é o resultado dessas lutas em nome da religião, da nação, da economia, e do povo que tudo legitima. Outros povos encontram-se envolvidos em pleno processo de emancipação. Esta porém não é determinada pela própria força ou fraqueza mas pelos interesses económicos e internacionais aliados aos interesses de elites locais oportunas!

A melhor estratégia estaria numa autodeterminação interna dos povos através dum federalismo com muita autonomia mas subordinado a super-organizações responsáveis. Isso poderá realizar-se quando a dignidade humana individual de cada indivíduo constituírem um valor em si e não apenas um valor funcional.

António Justo

NACIONALISMO – UMA ARMA PARA IMPOR INTERESSES CAMUFLADOS

Numa época em que o globalismo é acto de fé para a economia, por todo o lado rumoreja o ventre nacionalista. O nacionalismo não é doutrina passada. Hoje ele continua muito presente. As tendências nacionalistas, tal como os outros nacionalismos europeus, têm o seu fundamento na ideia do Estado Nacional.

As tendências nacionalistas chegam até à revolução francesa que deu lugar à nação francesa moderna. Por toda a Europa se desenvolve a concepção do Estado Nacional baseado na ideia de unidade de povo, de estado e de território.

O nacionalismo nasceu com a ideia da homogeneidade nacional da autodeterminação e da pureza étnica. Nos séculos XIX e XX alcançou o apogeu e as últimas convulsões nos Balcãs, com a problemática do Kosovo são uma consequência atrasada.

Norbert Elias afirma em “Die Welt” (22.11.2007) que o nacionalismo é “o sistema de fé mais poderoso dos séculos XIX e XX”. De facto, esta fé secularista deu origem às maiores tragédias de toda a história. Centenas de milhões de pessoas foram vítimas directas desta perversidade humana.

Antes era a ideia da raça e da nação o motor da política e da economia que obrigava ao desalojamento de povos inteiros. Hoje é a economia sôfrega já não de pessoas mas de “forças de trabalho”, que dão continuidade aos problemas em curso. Cada época tem a sua ideologia legitimadora das mesmas forças continuamente presentes na história dos povos e das culturas.

A economia e o poder não olham a meios para se legitimarem. São as estruturas organizadas que determinam a acção social e a sua legitimação. O povo paga sempre, em cada época, a factura. Os seus representantes sucedem-se na administração da miséria ou da exploração.

Os políticos europeus enganam-se a si mesmos para poderem justificar o desalojamento e desenraizamento das pessoas ao serviço duma indústria e duma economia esfomeada. Numa Europa cansada e já não disposta à procriação afirma-se, sem mais, um sistema económico que instrumentaliza a pessoa e prefere manter a pobreza dos estados periféricos do mundo obrigando seu povo a emigrar, em vez de construírem as fábricas nesses países e contribuírem assim para o seu desenvolvimento económico evitarem a necessidade de se verem obrigados a emigrar, na fuga ao mal-estar. Segue-se a lei do menor esforço económico e esta tem como preço a pessoa humana. A factura a pagar pelo sofrimento de hoje será, mais tarde, muito cara e dolorosa.

Os políticos falam de multicultura e de tolerância dentro das próprias muralhas para assim desviarem as atenções do povo para os problemas étnico-civilizacionais que se acumulam nos arrabaldes das grandes cidades.

Por outro lado, dão razão ao nacionalismo e à intolerância surgidos nos Balcãs, devido à maior proliferação albana na Sérvia e ao racismo de uns e de outros. Aqui não se defende a convivências de sérvios e albanos, a tolerância entre maiorias e minorias, como se faz crer na União Europeia, mas dá-se razão ao nacionalismo e ao racismo apoiando-se a separação. Naturalmente que os problemas recentes surgidos na Bélgica e mesmo os problemas de sociedades aparentemente estáveis como a Venezuela corroboram as ideologias nacionalistas turcas, albanas, etc.

As etnias são usadas como fronteiras, como linhas de separação. Infelizmente a lei do mais forte, da economia e não da razão são as que a história continua a fazer valer como trunfo na história moderna e contemporânea. Falta a consciência do valor e da dignidade do cidadão e da pessoa.

O nacionalismo é contra a civilização; é uma arma para levar à frente interesses anónimos à custa do povo vítima.

Naturalmente que o nacionalismo tem como resultado positivo da sua chacina o alcance duma certa homogeneidade artificial. A velha Europa é o resultado dessas lutas em nome da religião, da nação, da economia, e do povo que tudo legitima. Outros povos encontram-se envolvidos em pleno processo de emancipação. Esta porém não é determinada pela própria força ou fraqueza mas pelos interesses económicos e internacionais aliados aos interesses de elites locais oportunas!

A melhor estratégia estaria numa autodeterminação interna dos povos através dum federalismo com muita autonomia mas subordinado a super-organizações responsáveis. Isso poderá realizar-se quando a dignidade humana individual de cada indivíduo constituírem um valor em si e não apenas um valor funcional.

António da Cunha Duarte Justo.

Advento

Advento é o tempo constituído pelas quatro semanas antes do nascimento de Jesus. Faz parte dos tempos coesos, como é o caso do tempo da Quaresma. São tempos da preparação, da intimidade, do voltar a si, da purificação e do acordar, em que se evitam as folias públicas. O advento, que inicia o ano litúrgico, é o tempo da noite que precede o surgir da luz.

Advento é o tempo da tensão entre o já chegado e o ainda não realizado. Deus entrou com Jesus na História e, deste modo, numa comunidade de destino connosco. Assim como Jesus rebentou com as fronteiras de cima para baixo, também nós estamos chamados a superar os limites da nossa realidade, de baixo para cima e em todos os sentidos. Para isso temos que descobrir e notar primeiramente a humanidade em nós e aquilo onde somos só número, papel, missão, figurantes ou objectos para se poder tornar possível uma transformação. “Vencer a desertificação da vida através da conversão”, como diz o Pe. Delf no seu livro “Im Angesicht des Todes”.

Deus está sempre a vir e a acontecer, ele torna-se realidade no encontro com Jesus. Jesus torna-se verdadeiro no encontro com o Homem, e nós tornar-nos-emos homens completos, vivos e livres, no encontro com Cristo. Então reconhecer-se-ão as cadeias do medo, do ego, das ideologias; os limites e a culpa do homem são reconhecidas e superadas. Assim como Deus, através da incarnação se tornou impotente, também o homem tem de perder o brilho exterior do poder, para entrar numa nova plenitude da vida e assim poder despertar para uma nova consciência. A consciência do “tudo em todos”.

O Advento é, como o tempo da gravidez, um tempo fechado e completo, onde a vida já palpita. O dar à luz pressupõe um poder de síntese, a união do simples para criar o novo, o complexo. A vida e o mundo trazem em si os vestígios do infinito. Deus encarnou-se em toda a natureza, não só no homem.

Advento é o tempo do encontro, da experiência de Deus. O encontro acende-se no coração, de modo que já não estamos sós, passando a ter em nós a experiência da plenitude da vida. “Já não sou eu que vivo”, o Mundo vive em mim.

Embora nos encontremos a caminho já nos é dado “agora” conhecer, experimentar e realizar a meta que Jesus nos viveu antecipadamente e continua a viver em nós nele. O mistério do ano litúrgico apresenta-nos a aparência do eterno retorno do ciclo exterior fechado. No encontro o ser humano supera as exterioridades deste ciclo de modo a já viver em Deus a plenitude da história e, no corpo místico, o Reino de Deus.

António da Cunha Duarte Justo

Morte e Tradição


Novembro é o mês especialmente dedicado à comemoração dos defuntos. A Igreja católica dedica o dia 1 de Novembro à recordação de todos os santos e o 2 de Novembro à lembrança de todos os defuntos. A Igreja evangélica recorda os mortos no último Domingo de Novembro.

Morte é o outro lado da vida. Entre mortos e vivos houve sempre uma relação testemunhada nos cemitérios da vida e da história. Estes testemunham o significado da morte e dos mortos.

Nos cemitérios de hoje está muito presente a preocupação pragmática: trato, simples, económico e higiénico.

Cada vez se torna mais comum o enterro anónimo. Na Alemanha também se fazem enterros nas florestas. A cinza é colocada junto a uma árvore. Assim se desobrigam os sobreviventes da visita. Nota-se também aqui a tendência para se fazerem liturgias de defuntos, também nas florestas, nas comemorações específicas do ano litúrgico.

O falecimento cada vez se torna mais uma coisa privada, desaparecendo cada vez mais da consciência pública. Os hospitais e as casas de terceira idade cada vez se transformam cada vez mais em guetos.

Antigamente era normal o sobrinho assistir, em casa, à morte do avô. A morte e a transitoriedade da vida estavam mais presentes e faziam parte da vida. Em regiões protestantes havia até o costume de no crisma se oferecer ao crismando uma camisa para usar como moribundo.

Com o iluminismo e a industrialização do século XIX vai-se esvaindo a preocupação da salvação da alma ficando apenas o medo perante a morte.

Já 10.000 a.C. era costume enterrar os mortos com suplementos entre os quais alimentos.

Antigamente, era hábito, depois de lavado e vestido o morto, este ser assistido em casa pela família, procedendo-se ao enterro no dia seguinte, partindo-se em procissão da casa do moribundo para a Igreja e daí, depois da liturgia de defuntos, o falecido era acompanhado até ao cemitério para as últimas despedidas.

Hoje em dia o defunto é levado para a capela mortuária, geralmente no cemitério. Devido às técnicas de conservação e à prática da cremação em muitos casos, o funeral é marcado para uma data conveniente. Na capela mortuária realiza-se a despedida litúrgica em que geralmente se faz uma resenha da biografia do defunto. O defunto é acompanhado depois até à campa, onde os acompanhantes lançam um punhado de terra, ou umas flores sobre a urna.

Entre judeus crentes é uso os familiares rasgarem uma peça de vestuário em sinal do luto. Segue-se a lavagem ritual sendo depois o defunto vestido com uma veste branca comprida e a cabeça coberta com uma cobertura branca. O caixão é igual para todos. O funeral realiza-se no mesmo dia da morte ou no dia seguinte. Os visitantes lançam pedrinhas sobre a campa em sinal da recordação.

Também os muçulmanos enterram, geralmente o morto no mesmo dia da sua morte. O morto, geralmente não é colocado num caixão mas sim envolvido em panos especiais para o efeito, sendo colocado na campa com a cabeça na direcção de Meca

Para os Hindus não há rituais fixos para todos. Normalmente, o cadáver é lavado e untado com bálsamo. Depois de vestido é queimado. A cerimónia dura até dois dias espalhando-se a cinza no rio ou enterrando-se.

António da Cunha Duarte Justo