BALADA DO PRESÉPIO

BALADA DE BELÉM

 

“Batem leve, levemente”,

Pra em Belém, se unir a gente.

Será paz que ali floresce?

Será vida que amanhece?

 

No presépio, tão singelo,

Entre palha e céu tão belo,

Nasce um canto, doce e puro,

Unindo o mundo no futuro.

 

Vêm de perto, vêm de longe

Zagais, sábios e animais

De mãos dadas, a noite ao dia,

Tecem a paz, em doce harmonia.

 

Lá no berço, tão modesto,

Faz-se o todo em gesto honesto.

O divino e o humano unidos,

Céu e Terra sintonizados.

 

Mas, de perto, a guerra grita,

Na maldade que anda aflita!…

Será o sonho uma ilusão?

Ou a paz virá na canção?

 

Batem leve, tão levemente,

Que o amor nos renove a mente.

No presépio, o mundo é lar,

Onde a vida aprende a amar.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

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BOAS FESTAS DE NATAL E ANO NOVO

Nesta comemoração de um sonho que permanece a apontar para a Realidade, não se deixando dissolver na frívola magia de um sentimento qualquer, venho dar as Boas Festas a amigos e visitantes.
O ano está quase a passar e tem sido de muitas preocupações. Tantas crises, guerras e catástrofes no mundo, tantas carências dentro e fora dos nossos corações!
E também nas nossas vidas privadas, muitos de nós estávamos sobrecarregados por doenças, lutos e outras preocupações. No entanto, sempre prevalece em nós aquela chama outrora incendiada no presépio de Belém e depois sempre lembrada por cada um de nós em atuais experiências e eventos bonitos de que gostamos.
Por isso, o que me move hoje é sobretudo a esperança de que 2025 nos traga menos preocupações, mais paz, alegria e beleza.
Que 2025 traga a realização de muitos e diversos sonhos.
Saúdo-vos a todos com um abraço caloroso com os melhores votos extensivos a familiares e amigos.
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MÁRTIRES DA REVOLUÇÃO FRANCESA CANONIZADAS

 

A 18 de novembro de 2024, o Papa Francisco ordenou que os nomes de 16 freiras carmelitas degoladas pela guilhotina do regime de terror (Robespierre) da revolução francesa, fossem inscritos no catálogo dos santos.

A 2 de novembro de 1789, as propriedades da Igreja foram confiscadas e entregues ao Estado francês com o pretexto de ser resolvida a crise financeira. A 13 de fevereiro de 1790, todas as ordens monásticas e congregações religiosas foram extintas. Também os sindicatos regulares são dissolvidos por decreto. Os votos que os religiosos deram ao ingressarem nos conventos são declarados “nulos” e é proibida a emissão de qualquer novo tipo de voto religioso.

A 14 de setembro de 1792, as Carmelitas do convento de Compiègne foram expulsas sendo acolhidas por algumas famílias. Na clandestinidade continuaram a praticar em comum a sua vida religiosa.

A 17 de julho de 1784, na revolução francesa, as 16 freiras carmelitas descalças de Compiègne foram guilhotinadas.

As 16 freiras carmelitas, foram condenadas à morte e guilhotinadas por resistirem à proibição da vida religiosa e recusarem secularizarem-se, sendo consideradas culpadas de serem “inimigas do povo”. Antes de subirem ao cadafalso rezaram pelos moribundos, e cantaram o Te Deum, seguido do Veni Creator e a renovação dos votos religiosos.

Os juízes da Revolução, não compreendem que as freiras estejam dispostas a renunciar à sua liberdade e submeter-se a uma regra de vida em comunidade onde “renunciam a todos os seus bens”. Este apego à sua fé parece suspeito e, por isso, criminoso. Este é o motivo central da sentença de morte (1).

Um século antes uma irmã carmelita do convento de Compiègne tinha tido um sonho profético segundo o qual a comunidade inteira seria martirizada.

Muitos contemporâneos viram na queda do regime de Robespierre, a resposta positiva à oração e dedicação das Carmelitas de Compiègne.

A Revolução Francesa, com o seu lema “liberdade, igualdade, fraternidade” foi um dos episódios mais vergonhosos da história humana conhecida.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Consultar file:///C:/Users/Antonio/Downloads/DialnetLaCrisisReligiosaDuranteLaRevolucionFrancesa-5248890.pdf

O rei Luís XVI foi decapitado a 21 de janeiro de 1793. A 10 de junho, com a aprovação da lei dos 22 prairais, teve início aquela que é conhecida como a era do Grande Terreur, que durou até à queda de Robespierre, no dia 27 de julho, dez dias depois da execução dos Carmelitas de Compiègne. O heroico sacrifício dos Carmelitas Descalças de Compiègne ajudou a acabar com o Reinado do Terror.

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MIRAGENS DO PODER JIHADISTA

No deserto imenso, a alma se inflama,

Sob o véu do Islão, ergue-se a trama.

Política e fé, num só coração,

Unem tribos dispersas numa nação.

 

Do solo árido, a miragem brotou,

Espelho de sonhos, que a areia sulcou

E a luta do Corão em ventos sem fim,

Modela espíritos, duros assim.

 

A fé que invade, força e visão,

Confunde a aridez com a ilusão.

Mas no encontro do sagrado e do poder,

Surge um sistema que consegue vencer.

 

Na democracia forjada na crença,

“Deus” só une, enquanto compensa.

Longe do conforto das democracias,

Aqui, a unidade é que desafia.

 

E no contraste, o devoto se verga,

Com feminilidade que o espírito rega

Enquanto líderes, com força viril,

Guiam miragens de um povo febril.

 

Assim é o Islão, deserto e clarão,

Miragem concreta, força e paixão.

Um mundo que ecoa a sua razão,

Num espelho eterno, de fé e nação.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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PRESÉPIO: O BERÇO DE HUMANIDADE E SÍMBOLO UNIVERSAL DE PAZ

 

Belém o ponto de encontro de Oriente e Ocidente

O Natal, simbolizado pelo presépio de Belém, revela-se como ponto que rasga fronteiras, como o ponto de encontro entre o Oriente e o Ocidente, um espaço onde cada pessoa é convidada a iniciar uma caminhada conjunta rumo a uma cultura de paz. Na narrativa do presépio, as contradições humanas encontram-se integradas, revelando a união entre matéria e espírito, entre o divino e o humano e a necessidade de Ocidente e Oriente se encontrarem num espírito inclusivo. A mensagem do natal é um apelo de humanidade num mundo escandaloso que teima em trilhar os caminhos da desumanidade.

Sonhei que Jesus escolheu nascer num lugar que não fosse um lugar qualquer nem de qualquer um. Ele desejava criar presença, não ausência, nas relações humanas e entre as culturas. Num presépio simples, que acolhe humanos e animais, Jesus manifesta a vontade do Pai de habitar nos corações, não no vazio ou num lugar distante. O presépio localiza Deus e o universo em cada canto da Terra, no coração de cada pessoa, tornando-se símbolo de que a vida não é um mero processo vazio, mas uma narrativa com sentido, conduzida por um princípio e um fim e cuja meta é “Jerusalém”.

O Natal inaugura uma história inclusiva, que acolhe todas as narrativas e as coloca em relação, sem exclusões. O nascimento de Jesus em Belém, uma cidade rica em simbolismo para os judeus, e um sinal também para toda a humanidade, transforma o presépio numa casa universal. Neste espaço, cada pessoa pode encontrar a sua essência única (a própria ipseidade!), unindo-se aos outros sob um laço comum de pertença. É como se todos passássemos a ouvir o nosso próprio canto na voz dos passarinhos ou víssemos as cores das flores como parte de nós, debaixo do mesmo arco-íris com espírito de sintonia.

No presépio, Jesus faz parte do mundo sem ser idêntico a ele. Ele traz consigo uma liberdade que transcende o material, oferecendo uma casa comum onde o divino e o humano coexistem. (Também nós, fazendo parte do mundo estamos chamados, como Jesus a transcendê-lo sem necessidade de o negar). Neste lugar, o infinito toca o finito e o limitado revela o ilimitado. O presépio torna-se, assim, o cenário onde todas as coisas se reúnem: é símbolo, fórmula e programa de vida, onde o caminho, o sentido e a meta se encontram.

As aparentes contradições da vida onde nos perdemos no nosso dia-a-dia – o divino e o humano, a matéria e o espírito – são reconciliadas no presépio. Ele torna-se um momento puro de desenvolvimento, um espaço de transcendência em que a razão e a fé convivem em harmonia. No presépio, Deus manifesta-se em Jesus Cristo, mas esconde-se no mundo para dar aos seres humanos a possibilidade de se definirem. Nesse processo de individuação, os humanos, ao tentarem afirmar-se nos seus pequenos pedaços de terra, caem no equívoco de buscar a sua verdade (Deus ou não Deus) no bocado de terra de si mesmos, esquecendo-se de que a Verdade transcende o mundo.

O presépio simboliza esse novo mundo, onde o divino se revela no humano e a criação se plasma em harmonia. Jesus, o protótipo da humanidade e da criação, une o divino e o humano numa síntese perfeita. O presépio é o berço da humanidade, onde a diversidade e as contradições convivem em liberdade e paz.

A presença dos reis magos – representantes de diferentes regiões e mundividências – reforça essa visão universal do presépio. Na sua jornada até Belém, revela-se o encontro de dois mundos: o Oriente e o Ocidente. O pensamento do Extremo Oriente, desprovido de entidades sobrenaturais, encara a vida como uma mera caminhada, onde o ser não é fixado, mas fluido. O Budismo Zen, por exemplo, vê a ausência do eu como um espelho que reflete, mas não fixa nada. Para o Oriente, a existência é movimento contínuo, sem origem nem fim.

O Ocidente, pelo contrário, busca transcender a imanência cíclica da vida, procurando dar-lhe um sentido linear, com princípio e fim, considerando o mundo também sua casa. No gesto dos reis magos, emerge um espaço de diálogo entre essas duas visões: a vida como caminhada e a vida com uma meta (com princípio e fim). Ao reconhecerem o presépio, os reis magos abrem a possibilidade de que a fluidez da visão oriental se integre na busca ocidental por sentido e transcendência. Eles encontram ali, de maneira antecipada, a realidade e o sentido do mundo, compreendendo que a cultura é o campo onde o espírito lavra para unir as diferenças num solo comum. Reconhecem-se irmãos, aceitando-se como são, para juntos trilharem um caminho comum.

Este encontro, alicerçado no respeito mútuo, permite que ambas as visões, com suas diferenças, confluam para uma caminhada conjunta em direção à paz. No presépio, a história linear do Ocidente e a fluidez cíclica do Oriente encontram um ponto de convergência, simbolizando a criação de um novo espaço onde a diversidade não é rejeitada, mas integrada.

Neste contexto de Natal e de Presépio, o mundo criado torna-se o verdadeiro templo de Deus e do humano, um espaço sagrado onde tudo o que foi criado encontra o seu lugar e o seu sentido. O presépio, símbolo do Natal, revela-se como a morada onde matéria e espírito, razão e fé, se reconciliam numa cultura de paz e pertença.

Natal encontra-se por realizar enquanto a maldade humana continuar a afirmar-se, do homem contra o homem,  através de uma cultura da guerra afirmada contra a cultura da paz que permanece ainda reservada ao foro privado-individual.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

O novo Presépio: https://antonio-justo.eu/?p=8874

Boas festas de Natal: https://antonio-justo.eu/?p=6303

O dia dos reis magos: https://copaaec.blogs.sapo.pt/o-dia-dos-reis-magos-pos-em-accao-268599

Natal é Família: https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/natal-nao-e-so-uma-festa-crista-1317501

Natal é Oferta: https://antonio-justo.eu/?p=5751

Natal incomoda muita gente: https://antonio-justo.eu/?p=6911

Natal, compreensão cósmica: https://triplov.com/letras/Antonio-Justo/2012/natal.htm

Natal: https://triplov.com/letras/Antonio-Justo/2009/natal.htm

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