OS BANCOS SÃO OS EXÉRCITOS AVANÇADOS DAS POTÊNCIAS

União Europeia dividida em Europa do Norte e Europa do Sul

Por António Justo
Em termos de mentalidade e de economia a Europa encontra-se dividida em duas: a Europa do Norte e a Europa do Sul como podemos constatar a partir da luta cultural iniciada no século XVI pela reforma protestante e em parte na maneira como o império romano desabou. A norte predomina a mentalidade da cultura protestante (mais capitalista e técnica) e a sul a mentalidade católica (de caracter mais rural e natural); a primeira tem uma perspectiva mais individual (elitista) e a segunda uma perspectiva mais comunitária (popular).

Com a tragédia da segunda guerra mundial os países centrais e nórdicos começam por criar uma união económica integradora das economias. Com a queda do muro de Berlim resultante do colapso do comunismo pensou-se na organização de uma Europa económica e política sem fronteiras (1). Finda assim a época das guerras militares entre países europeus para surgir um outro tipo de guerra: a guerra económica com sanções e servidões entre as nações.

Antes as nações usavam a força dos exércitos para derrubarem principados e nações; actualmente, com uma estratégia adequada à democracia, as potências usam o seu poder financeiro internacional (Bancos) para derrubarem soberanias de economia mais fraca e para humilharem democracias. De facto, os bancos são os novos exércitos avançados das nações.

Por outro lado, os soldados mercenários da guerra foram substituídos pelos trabalhadores migrantes…

A estratégia pós-guerra da França de condicionar a União da Alemanha à criação da Moeda Única (Zona Euro) para, deste modo, a amarrar e criar uma zona de paz duradoura na Europa não parece frutificar. A Alemanha perdeu a guerra político-militar mas ganhou a guerra económico-política; e esta é a guerra do globalismo.

Como se vê da Grécia e de Bruxelas, da disputa entre o norte e o sul da Europa, as hostes avançadas e discretas da economia não arredam pé. Não há uma política económica para as nações. Em vez de uma Europa confiante vive-se numa sociedade europeia de medos. A europa do norte compreende-se como trabalhadora arrecadando para o seu celeiro e sofre do medo de ter de distribuir o que de todos arrecadou com suor e inteligência: A Europa do Sul teme pelo seu estilo de vida: uma existência do bom viver; “não só de pão vive o Homem”; por isso se reage veementemente não querendo ser reduzida a homo faber.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
antoniocunhajusto@gmail.com

(1) Toda a história da Europa tinha sido um enredo de divisões e de guerras militares sangrentas. Com o findar da segunda guerra mundial as potências europeias ansiavam por paz estável e por viver em união numa Europa de economia integrada. Em 1952 a Alemanha Ocidental, a França, a Itália juntaram-se ao Benelux (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo) e criaram a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), a primeira organização supranacional e acabaram por fundar em 1957 a CEE (comunidade económica europeia, a que se juntam em 1973 a Irlanda, o Reino Unido e a Dinamarca, em 1981 a Grécia e em 1986 Portugal e Espanha – http://europa.eu/index_pt.htm). Em 1993 a CEE é substituída em Maastricht pela UE. . e procura para isso organizar alianças económicas que colmatam na intenção da formação de uma união política, surgindo a UE.

A PROVOCAÇÃO ELEVA O EFEITO EMOCIONAL

Ângela Merkel em diálogo com uma pretendente a asilo

António Justo
Há grupos que apostam na missiva emocional como único critério de interpretação e explicação de factos complexos que exigem abordagens complementares para serem tratados com seriedade. Nestas andanças da opinião pública há muitos que recorrem da mal-interpretarão e da provocação, para elevarem o efeito emocional que, por vezes, chega mesmo a embotar a razão.

O governo alemão organizou uma série de Eventos sob o título “Viver bem na Alemanha”. Entre eles conta-se o “diálogo com o cidadão” de Ângela Merkel com 32 alunos em Rostock, onde uma jovem palestiniana chorou e a chanceler se dirigiu a ela e a afagou.

Este encontro de 15.07 foi o 99° evento de diálogo é o segundo com a participação directa da chanceler. Nele a jovem libanesa Reem, a quem, depois de 4 anos de estadia, ainda não foi reconhecido o estatuto de refugiada, falou sobre a sua vontade de querer viver a vida sem preocupação de futuro como vivem outros jovens e referiu-se à sua situação e de outros refugiados ou pretendentes a tal que vivem na insegurança.

A Chanceler disse que o governo prepara uma lei que facilita a situação para pessoas em situação como a dela e que um processo de asilo não deve levar tanto tempo a ser concluído. Referiu que há muitos milhares de pessoas no Líbano e milhares de milhares de pessoas em África que desejam vir para a Alemanha mas a “A Alemanha não pode acolher todos” os que querem vir do Líbano, da África, etc.

Passados momentos a jovem começou a chorar e a chanceler dirigiu-se a ela para a afagar e referiu-se ao projecto de lei em vista que simplificará a duração do processo.

Os jornais em toda a Europa aproveitaram-se do assunto para difamar e mal-interpretar o evento. Os títulos de muitas notícias fomentaram o preconceito contra a Doutora Merkel e contra políticos como se os políticos fossem sempre pessoas sem sentimentos.

A exploração da parte emocional dos temas não serve a objectividade e deforma a opinião porque não contempla a parte factual-racional tornando-se mal-intencionada ao saber que há um determinado público que só tem acesso a notícias emocionais.

A imprensa sensacionalista logo titulou “Merkel Rainha de coração frio” sugerindo que Merkel não deveria só afagar a jovem que chorava mas prometer-lhe a estadia.
Uma Chanceler, pelo facto de o ser, não pode arbitrariamente passar por cima das leis que regulam um estado de direito; se além de a consolar fizesse uma excepção para a família Reem logo o cidadão se levantaria e atacaria a Chanceler porque também ela tem de obedecer às leis.
Foi uma experiência difícil para a jovem e para a Chanceler. Experiências destas podem ajudar a humanizar a feitura das leis. No caso da pretendente a asilo, a quem não foi concedido ainda o direito de asilo e que se encontra na Alemanha com a família há quatro anos, pode vir em seu benefício um projecto de lei que prevê a permissão de estadia na Alemanha (não podendo ser deportados) para pessoas que vivam há mais de 4 anos na Alemanha e mostrem boas condições de integração (conhecimento da língua, etc. como revela a jovem Reem).

Junto o site onde se pode ver toda a conversa entre Ângela Merkel e a jovem: https://www.gut-leben-in-deutschland.de/SharedDocs/Blog/DE/07-Juli/2015-07-15-dialog-kanzlerin.html?nn=1328644
António da Cunha Duarte Justo
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PORTUGAL DEU O PONTAPÉ DE SAÍDA EM FAVOR DA GRÉCIA NA CIMEIRA DO EURO

PM Passos Coelho nos seus melhores Dias

Por António Justo
Numa altura em que o eixo da Europa (França e Alemanha) parecia atolar-se, Portugal foi bem-sucedido ao intervir na cimeira da zona euro com uma proposta que deu oportunidade para a saída do lamaçal em que a Grécia e as instituições da UE se encontram.

Segundo informações da imprensa e as declarações do PM Passos Coelho, Portugal teve um grande papel no desbloqueamento das relações entre a Grécia e os outros 18 países no que respeitava à criação de um fundo das privatizações gregas (50.000 milhões de Euros) como fundo de garantia para os credores. Passos Coelho adiantou que do valor dos 50 mil milhões de euros do Fundo das Privatizações a criar, “25 mil milhões fossem usados para recapitalização dos bancos” e os outros 25 mil milhões fossem empregues, “no abatimento da dívida pública” e no “ financiamento do crescimento”, o que corresponderia, destes 50% do Fundo, 12,5 mil milhões para “baixar o rácio da dívida sobre o PIB e os restantes 12,5 mil milhões para investimento”.

Quanto ao recurso ao fundo de ajuda de emergência (EFSM) para apoio da Grécia não será fácil, também porque nele participam os 28 Estados membros da UE não sendo possível consenso tão rápido dado a Inglaterra e países com nível de vida inferior à Grécia não estarem para já de acordo.

A cimeira política de Bruxelas, mostrou boa vontade mas o busílis da questão vem da economia e das condições exigidas à Grécia. A situação não promete porque o governo grego não tem confiança no Euro grupo nem os países europeus têm confiança na Grécia.

Bruxelas, depois de um parto longo e indesejado, deu à luz uma esperança curta que se manterá mais ou menos estável até passarem as eleições alemãs e francesas em 2017. Então seremos brindados com um novo baralhar de cartas, novamente a ser apresentado pelos interesses financeiros que então justificarão uma nova crise de que bem vivem.

Na realidade quem manda é a economia que se encontra sediada nas grandes potências. Qualquer base de discussão tem de partir da realidade e do compromisso por muito má ou injusta que seja ou pareça ser; nos países nórdicos mais que política discute-se economia, mais que opiniões analisam-se as medidas governamentais e os correspondentes custos e discutem-se factos, também eles não isentos de interesses próprios. Nos países do sul é-se menos exacto mas vive-se mais.

Com etiquetas negativas chega-se a açaimar a opinião

A notícia referida custou a passar na opinião pública portuguesa dado não servir o sistema da lamentação sobre Portugal. Anteriormente, numa certa vertente da opinião pública portuguesa, havia saraivadas de crítica ao governo pelo facto de exigir, da parte da Grécia, capacidade de compromisso.

O que os governos portugueses fazem ou deixam de fazer, sejam eles sociais-democratas ou socialistas, é sistematicamente comentado negativamente pela parte da oposição. Uma focalização unilateral, negativista parece revelar características de perturbação Bordaline. Muitas vezes, Portugal é reduzido ao que se fala dele – a um Portugal dos outros. Isto talvez se deixe explicar por uma tradição de extremo republicanismo de perspectiva partidária e sem pátria, todo ele feito de clubes e adeptos em que o que conta é a cor da camisola. A má consciência fomenta uma cultura da desconfiança e promove um espírito de adepto/admirador que vive da negação do outro e se contenta com a afirmação da própria opinião. Cada qual recolhe para si louros que muitas vezes não passam do maldizer do outro.

A demagogia política é paciente e tem como demarcação fronteiriça a opinião a favor e a opinião contra!
António da Cunha Duarte Justo
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IDEOLOGIA DO GÉNERO OU GENDER – CREDO ESTRATÉGIA E PROGRAMA

Marxismo cultural em Acção – Destruir Pessoas para criar  Indivíduos

Por António Justo
No princípio dominava a natureza; as suas leis eram comuns ao ser humano nos seus primeiros passos do processo de humanização e de socialização; em seguida surgiram os grupos organizados (tribos, povos e nações) que elaboraram uma cultura feita de costumes leis e normas em diálogo aberto com a natureza; a cultura num acto de sublimação da natureza cria a lei/orientação moral à imagem das leis que governam a natureza (tentativa de superar o mero instinto para possibilitar a criação de paisagens culturais: diferentes tribos, nações, etc.). Natureza e cultura reconhecem-se mutuamente numa orientação analógica crescente do simples para o complexo, do elemento para o órgão e deste para o corpo natural e social. No momento histórico de que somos também protagonistas assistimos à inversão das leis do crescimento natural e espiritual; observa-se a tentativa de se estabelecer uma nova matriz social que comporta um retrocesso no sentido do órgão para o elemento (e tudo sob o pretexto da igualdade e de se criarem supraestruturas de caracter global: quer-se um corpo sem órgãos, uma cabeça sem membros, quer-se uma mudança paradigmática na cultura. Nesta já não se observa a organização, definição e crescimento do simples para o complexo mas a destruição da ordem orgânica natural e cultural no sentido da desintegração caótica em nome de uma moral matemática desenraizada ao serviço das leis do mercado em que o lucro é moral e o dinheiro felicidade. Nega-se a tradição como elemento da identidade para se viver do negócio do momento presente.

Há leis biológicas, leis naturais e leis culturais; há duas formas de se chegar ao saber: o saber indutivo adquirido pela experiência (leis biológicas da natureza) e o dedutivo adquirido a partir da ideia; os dois saberes encontram-se numa relação de feminilidade e masculinidade; um sem o outro é irreal e infecundo; a grande mentira da ideologia do género, parte do princípio de que o que se pensa é a realidade, dando-se ao luxo de afirmar o saber teórico (ideologia) contra o saber experimental (biologia). Em nome de uma revolução cultural colocam a intenção de educar o povo acima de qualquer princípio ou dado real.

UE tornou-se no Sistema de Controlo de Valores e Normas dos Países europeus

O que se pretende para a economia já se encontra implementado no controlo da cultura! No dia 9 de junho de 2015, longe da população, o Parlamento Europeu aprovou a sua resolução controversa “Estratégia da UE para a igualdade entre homens e mulheres a partir de 2015”. Esta contém orientações a aplicar pelos parlamentos nacionais. Em nome de uma justiça necessária no trato entre homem e mulher, procura-se desintegrar a feminilidade e a masculinidade comuns à mulher e ao homem para as colocar em luta reivindicativa como se partes complementares fossem opostos. Tudo isto ao serviço não do homem nem da mulher mas do igualitarismo comunista. O Parlamento “solicita à Comissão para assegurar que os Estados-Membros permitam o pleno reconhecimento do género preferido de uma pessoa perante a lei”. Em texto claro: o que vale não é o sexo que se tem biológico (homem ou mulher) mas o que se pensa dele. Partem do pressuposto que o gênero não é definido com base na genética e nos cromossomos, mas que é apenas uma construção social devida à educação e, como tal a ser repelida, no sentido de um indivíduo que deve ser desenroupado do que constitui a sua “persona” (personalidade) e daquilo que os pais lhe transmitiram.

Há papéis da mulher e do homem que são aquisições ou expressões culturais mas o papel de pai e mãe é de ordem natural da criação tal como o ser homem ou mulher. O ser humano não pode ser visto apenas como um produto cultural; da sua essência faz também parte a natureza, o seu caracter sexuado.

Negam os elementos constitutivos de identidade cultural (do género) adquiridos, para poderem legitimar a manipulação em via na confecção de um novo ser humano sob novos parâmetros, e reduzir o elemento cultural à praxis dos animais (animalogia) no sentido de uma revolução da sociologia. Para isso negam o conceito da pessoa humana (identidade relacional realizada no e dentro do relacionamento) para a reduzir a mero indivíduo, a um abstracto totalmente independente de qualquer vínculo ou relação (um ser tabula rasa), como quer e legisla a esquerda (maioria) no Parlamento Europeu. Tudo isto se dá no sentido de gerar um ser sem identidade e como tal facilmente manobrável por quem detém o poder (que se quer também oculto e anónimo). Aqui junta-se a ideologia capitalista que quer um ser apenas indivíduo – cliente do seu mercado – ao marxismo cultural socialista que pretende uma sociedade de pessoas reduzidas a indivíduos iguais – proletários servidores da nomenclatura.

A Ideologia do género nega diferenças características do homem e da mulher negando assim a sociedade, a natureza e a ordem divina da Criação. Antes da queda começa a decadência!

A porta-voz (Beatrix von Storch) do Grupo Europeu ECR considera que “a UE é um enorme sistema de controlo de valores e normas”. Para isso seve-se de orientações para toda a UE em matéria de educação sexual nas escolas, de direitos de adoção para transsexuais, abolição de eleições livres por quotas nos parlamentos, de medidas em favor do aborto e em desfavor da maternidade; esta é, por vezes, tida como impedimento de emancipação e de igualdade para a mulher. O olimpo da Europa e do mundo quer transformar os países em casas onde eles mandam. O referido documento de estratégia serve-se da igualdade para impor ideologia. Nessa igualdade tornam-se anacrónicas toiletes separadas, clubes de futebol só de homens ou de mulheres.

A advogada eliminação das injustiças laborais ou sociais que ainda existem entre homem e mulher dá-se de maneira selectiva e masculina sem comtemplar a masculinidade e feminilidade ou papéis característicos de um género.

Servem-se da ideia da igualdade entre homens e mulheres, da libertação do sexo, da luta contra os indicadores de gênero (masculino / feminino) para concretizar uma ideologia de base marxista e ateia e tudo isto legitimado pela premissa dos direitos da pessoa.

A estratégia de afirmação ideológica é implementada através de agendas políticas, a nível legislativo, universitário e político com objectivo de indoutrinação ao serviço da revolução cultural em via. Dissociar a pessoa humana da natureza e da herança cultural fora de qualquer complementaridade torna-se dogma do momento.

Quer-se um relativismo subjectivista de tal ordem que sujeite a lei natural à lei cultural. A ideologia do Género, ao prescindir dos dados biológicos para fomentação da nova ordem teria como consequência lógica matematizar até os nomes das pessoas e terras. De facto, também neles se expressam vestígios culturais mais ou menos sexuados: assim uma consequência da ideologia do género seria substituir o meu nome demasiado testemunha de socialização e aculturação (António da Cunha Duarte Justo – com vestígios de domínio e de sujeição) num nome livre e emancipado que se expressaria no nome “Um de Dois Três e Quatro”.

Meteram mãos à construção de uma nova sociedade e de uma nova identidade individual sem especificidades e sem referência como se o género não tivesse nada a ver com a diferenciação sexual nem com a biologia reduzível a uma opção individual que torna arbitrária a definição de homem ou mulher tal como a união homossexual ou heterossexual. Chega-lhes a ideia cópia de que a necessidade cria o órgão. O que não recai sob o metro da igualdade é considerado discriminação. Para a ideologia do género tudo se reduz a uma questão de escolha: sobrevaloriza a opinião e a intenção à margem do factor natural. A ideologia do género dá grande relevo à opção homossexual por testemunhar a afirmação dos iguais contra a afirmação do diferente que a natureza pretende mas deve ser contrariada pela estratégia radical do género. As forças da masculinidade e da feminilidade inerentes a toda a natureza, à sociedade e à pessoa humana mereceriam uma outra impostação.

Mudança da matriz linguística sobretudo ao serviço da Mentira

A ideologia do género, a ponta avançada do marxismo cultural, pretende uma mudança de matriz antropológica e criar uma nova consciência social através da manipulação da matriz linguística à imagem da manipulação genética. Através da manipulação da linguagem consegue-se manipular a consciência individual e social. Tudo isto acontece sob o pretexto de libertação da mulher (mais uma vez instrumentalizada) como se fosse possível desintegrar da biologia e da sociedade a masculinidade e feminilidade na qualidade de elementos distintivos e de energias complementares.

Hoje o pensar correcto assume de forma acrítica a ideologia gender na linguagem corrente (exemplo: a senhora “presidenta” em vez de a senhora presidente, como se a palavra presidente não fosse comum aos dois – S.m. e f. – (tal como a doente, o doente, etc). Na sequência da ideologia seria consequente introduzir o neologismo “presidento” também para o masculino)…

Parentalidade contra Paternidade e Maternidade

Em vez da complementaridade/subsidiariedade de sociedade e natureza de mulher e homem querem deles seres abstractos mais desencarnados e como tal mais facilmente reduzíveis à ditadura de ideologias. Manifestam-se contra as funções reais de paternidade e maternidade querendo-as ver reduzidas ao conceito tribal de parentalidade, numa tentativa de voltar ao caos original em que a individualidade se perdia numa massa anónima desorganizada.

A insistência da luta ideológica contra o sistema ético actual, contra a família, contra uma sexualidade integrada (com lugar para a regra e para a excepção), contra o fundamento bíblico do humanismo cristão, mais que uma tentativa de valorização da pessoa tenciona disponibilizar o ser humano para uma nova matriz civilizacional que terá como cúpula metafísica a economização da sociedade (mercado) e a mercantilização do ser humano (proletário ou cliente).

Projectam uma antropologia alternativa servidora de ideologias internacionalistas, globalistas e economicistas. Como consideram a mulher e o homem como produtos ou meros papéis culturais à margem da biologia, pretendem afirmar um género para lá do sexo e da natureza. Consideram como adversas às suas intenções ideológicas as matrizes culturais passadas que se conexavam à maneira de biótopos culturais numa relação entre cultura e natura. Querem o divórcio destas.

Uma ligação da ética e dos comportamentos sociais a uma metafísica do deus dinheiro e lucro com a consequente redução da pessoa (com toda a carga cultural de contextos sociais e geográficos que traz) a um mero indivíduo desprovido de enraizamento simplifica a administração e “comercialização” de produtos e indivíduos. Esta estratégia pensa melhor servir a organização de um governo mundial. Querem espíritos sem corpo e corpos sem espírito numa estratégia do divide et impera. Querem ignorar a masculinidade e a feminilidade da pessoa, os dois princípios que possibilitam a abertura e o desenvolvimento. Afirmam a igualdade contra “uma abertura recíproca à alternidade e à diferença” de caracter bíblico e natural. Arbitrariamente, toda a experiência milenária é lançada a bordo para a sociedade ser submetida a uma ideologia do género que quer subordinar a natureza a uma nova cultura aleatória.

O facto de a mulher ter sido enquadrada num patriarcalismo cultural que a tornou vítima de uma masculinidade social que a relegava à categoria de criança (exemplo, a criança como a mulher eram tratadas pelo nome e os homens pelo nome de família) deveria ocasionar uma consciencialização de reacção inclusiva e não reactiva; doutro modo reagem aplicando o parâmetro masculino de que se dizem vítimas.

A afirmação ideológica aninha-se a nível universitário legislativo e político na sequência das estratégias das instituições da EU e dos EUA e praticamente fomentadas pelas famílias políticas de esquerda.

Directrizes europeias obrigam os países membros à implementação de leis escolares reguladoras do ensino sobre a actividade sexual, a regulamentação da família, o aborto, etc.

Aquilo que a natureza, a cultura humana e a tradição cristã conseguiram tornar compatível e complementar através dos séculos é agora separado à força e em nome de uma ideologia abstracta que pretende formatizar o homem e a sociedade por princípios matemáticos, como se a pessoa fosse só intelecto e prescindisse do corpo e do espírito.

Se partíssemos da realidade natural e cultural do ser sexuado homem e mulher, em que ele e ela reúnem na mesma pessoa e de forma diferente os princípios masculinidade e feminilidade, a discussão e estratégia de se criar mais justiça individual e social entre homens e mulheres seguiria um outro caminho menos masculino e agressivo e tornar-se-ia mais pacífico (feminino) porque inclusivo. (A não ser que se parta do princípio que a luta é a única maneira de se desenvolver!). A consequência desta luta cultural fomentará os vícios dos dois polos.

Não reconhece os princípios complementares da evolução (a selecção e a colaboração) como forças complementares. Não reconhece que toda a natureza e toda a sociedade são construídas a partir da diferença numa tensão de afastamento e aproximação à imagem das ondas do mar; o movimento cria a tensão criadora que mantem “as águas” da vida vivas e possibilita o desenvolvimento de cultura/sociedade e natureza. Toda a natureza aspira pela comunhão do sol do universo e do sol do amor que se incarna em cada pessoa. A sociedade com a correspondente cultura é como a floresta na resposta à geografia e ao clima possibilitadores de biótopos diferenciados. Nem a geografia pode abdicar do clima tal como a natureza humana não pode abdicar da cultura que lhe confere identidade própria, o mesmo se diga em relação ao indivíduo e à cultura envolvente.

Concluindo

A masculinidade e a feminilidade não podem ser reduzidas a um masculino e a um feminino limitado a circunstâncias de papéis e funções de um só polo nem consequentemente a uma sociedade de matriz masculina. O domínio do homem sobre a mulher são deficiências a ultrapassar na base da sua imagem divina. Naturalmente que não há sol sem sombra nem sombra sem sol; somos limitados, resta-nos compreender e embarcar com corpo e alma para admirar e louvar o sol e a sombra no sentido de criar mais justiça e relação equilibrada.

Masculinidade e feminilidade realizam-se e desenvolvem-se nas relações interpessoais numa visão a-perspectiva que reconhecendo a realidade vital da tensão interpolar aspira a sempre novas sínteses (ao encontro dos polos que mantem em si a força do regresso a si para de si retomar nova força para se reencontrar de novo). A ideologia do género encontra-se em contradição com a natureza e com todas as culturas e religiões. Pode porém, na força da reacção contribuir para o desenvolvimento no momento em que foge do outro polo. Mas na luta em via, instigada pelo marxismo cultural, o que está em jogo não é tanto a beneficiação da mulher mas sim a instrumentalização dela para sub-repticiamente se conseguir um ser humano e uma sociedade segundo o paradigma marxista comunista.

As premissas da ideologia do género partem da neutralidade do sexo e não da complementaridade: distingue entre o sexo biológico do indivíduo (homem ou mulher) e o género ou sexo psicológico da pessoa (culturalmente adquirido), uma espécie de carapaça psicológica obtida (uma segunda criação) determinada pelo ambiente. Pretende negar a natureza humana tal como Deus a criou na sua complementaridade de homem e mulher (Gn 1,27), menosprezando a uma realidade onde a feminilidade e a masculinidade são partes constituintes da pessoa humana/natureza. Quer fazer de pessoas distintas mas complementares (homem e mulher) apenas indivíduos iguais de modo a perverter a natureza. Partem da realidade homem e mulher como constructos sociais.

Em geral, nascemos com um sexo biológico definido (homem ou mulher), não é sexualmente neutro; a sociedade acrescenta-lhe características próprias segundo o meio em que se insere. Isto porém não pode anular o sexo biológico em favor do sexo psicológico ou género. Apesar das influências sociais não haverá alternativa ao desenvolvimento da mulher e do homem como seres naturais.
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo e pedagogo
In “Pegadas do Tempo” www.antonio-justo.eu

A RELIGIÃO SURGE COM O HOMEM PORTADOR DO GENE DIVINO!

O Homem ao procurar Deus descobre-se a si mesmo. Quando o Homem Adão se escondia de Deus, Deus perguntava-lhe “Adão onde estás?” Este jogo do mito de Adão e Eva repetimo-lo ontem e hoje e repeti-lo-emos amanhã e depois. Trazemos connosco o gene divino e para nos definirmos procurámo-lo também fora.

O estudo da fenomenologia das religiões torna-se muito útil. O estudo comparativo das religiões, sob o método da exegese que se aplica no estudo da Bíblia, ajuda a descobrir as diferentes filosofias, antropologias e sociologias a que a correspondente divindade dá forma.

A História das religiões é evolutiva e corresponde à História do Homem e da correspondente cultura num processo recíproco de identificação individual e cultural; o mesmo se diga na tentativa de se definir o ser humano e Deus. A teologia está consciente de que o falar sobre Deus é uma tentativa de definir e encontrar a própria ipseidade e que revela mais o ser humano que Deus! Daí a constatação bíblica do “homem criado à imagem e semelhança de Deus” num processo relacional com a consequente proibição de se elaborarem imagens de Deus. A crença ou não crença em Deus e o falar dela mais que a essência de Deus revela a necessidade do crente ou do ateu de se definir em relação ao outro, ou ao totalmente outro. Cada antropologia, cada sociologia precisa de factores de identificação específicos que a formem e expressem.

Hoje, em determinadas sociedades que se encontram em período de decadência assiste-se a uma tendência niilista de desidentificação que leva ao perigo da arbitrariedade e ao equívoco de se confundir o estar com o ser. Não podemos ter linguagem sem gramática embora seja importantíssimo não identificar uma com a outra. Tanto a pessoa como a cultura implicam narrativas, um conteúdo em diferentes textos. O ser humano sem o mistério permaneceria no estado de bicho. O discurso controverso é a sua chance!
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu