MANIPULAÇÃO DE LINGUAGEM PROGRAMADA  TECNOLOGICAMENTE

 

Não sei se já notaram! Quando escrevemos no computador, e fazemos uso das aplicações  de correctores de palavras, ou usamos programas de tradução ou até de aplicações de sinónimos, estamos, por vezes, a ser manipulados.

Na correcção automática do programa de escrita Word verifiquei que, por vezes,  há palavras só com a morfologia brasileira no corrector de vocabulário; também na aplicação  referente a sinónimos se dá o mesmo; por exemplo, esta aplicação apresenta a  palavra corruptores, também, com o significado de conservadores. O mesmo acontece em dicionários.

Também, quando lecionava português, verifiquei em gramáticas a ausência do uso da segunda pessoa do plural “vós” e um encosto ao falar brasileiro.

Este e outros processos de manipulação em via contribui para o empobrecimento da língua portuguesa em relação a outras línguas europeias! Como exemplo muito concreto temos o uso dos pronomes pessoais.

Estas manipulações altamente programadas são automaticamente assumidas por utilizadores que inocentemente adoptam a manipulação sugerida.

Quis aqui só falar de algum aspecto de abusos usados em  tecnologias, que, por si mesmas, nos prestam grandes serviços, simplificando-nos a vida!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

16 comentários em “MANIPULAÇÃO DE LINGUAGEM PROGRAMADA  TECNOLOGICAMENTE”

  1. Notei várias vezes essas diferenças, isto é, escreve-se uma palavra e sai outra. Se é intencional é grave. Procuro sempre corrigir, mas pode acontecer aparecer um erro. Uso sistemàtica-
    mente o Português de Portugal que aprendi.

  2. Olha amigo, eu utilizo os dicionários tradicionais em papel tenho todos da Porta Editora, Aurélio,últimas edições. Consulto gramáticas… Dá muito trabalho, às vezes não tenho pachorra. Sou rigoroso quando edito. Apesar de ser um eterno Fernão Mendes Pinto, cada vez amo mais a nossa Língua.
    Abraço de Paris

  3. Ainda bem! Também tenho um dicionário da Porto Editora e outro da Bertrand mas encontram-se na prateleira! As línguas de que mais gosto são a portuguesa e a alemã e sofro um pouco com o simplicismo que se tem tratado a nossa língua! Grande abraço.

  4. O português falado é mais fiel à tradição da língua mas observo que também no Brasil, a camada mais consumidora de cultura usa muito o português como se usa em Portugal apesar da proletarização do português no Brasil. No fim o uso dado pelo povo é que perdurará.

  5. Os pronomes são nomes dados por outros…logo dentro do esquema de manipulação da informação.

  6. António Cunha Duarte Justo o meu sofrimento aumenta pelo abondono do Português nas nossas comunidades.

  7. Bem visto. Não falamos “brasileirês”, mas os lusófonos não americanos serão cerca de 70 milhões. Ora se existem dicionários e correctores on-line para línguas como o letão, o eslovaco ou o catalão, porque não aplicar a mesma medida para os falantes de português-PT (europeu)?

  8. Não se tratará sempre de manipulação, antes de quem funciona a partir da sua norma linguística. A 2a. Pessoa do Plural ainda pervive no Norte de Portugal com alguma vitalidade e no Centro- Sul começa a rarear, embora se use sempre em certos níveis de língua e tipos de texto. Na língua litúrgica, baseada nas traduções da sagrada escritura, desde a de Almeida, a forma ” vós” goza de boa saúde, até no Brasil, como verifiquei sempre que lá estive ou trabalhei na Universidade. Portanto, nada de falsos alarmes…

  9. Caro Luciano Caetano da Rosa, também isso é uma perspectiva da verdade que se pode verificar! Creio que o problema mais que da fixação numa norma línguística vem de a língua estar a ser manipulada, a partir de cima, por interesses e estratégia de políticas e de comercialização no espaço lusófono! A observação nas diferentes décadas das gramáticas que se têm publicado e a escolha dos professores para os seus cursos e o interesse com que brasileiros mostram em apresentar a expressão brasileira (português do Brasil) como algo muito diferente faz-se até sentir em universidades estrangeiras. A isto deveria estar também atenta a política portuguesa. Vários factores e interesses determinam actualmente a defesa e acentuação do português como língua mais vulgar ou menos erudita. A discussão não deveria ser equacionada em termos políticos de idade média ou modernidade ou de reducionismo primários mas sim apenas na defesa da riqueza da löíngua (e não empobrecimento).
    Quando era delegado da Língua Portuguesa na universidade de Kassel verifiquei a luta de interesses na disputa entre a expressão portuguesa e a brasileira. Naturalmente o maior factor de procura são hoje os interesses e oportunidades económicas que se encontram no respectivo país. Quanto ao emprego do “vós” ou não emprego verifiquei que para os estudantes era mais fácil o uso da ordem dos pronomes pessoais na forma mais erudita usada na linguagem jurídica e eclesial (a tal expressão mais nortenha e que fazia parte da aprendizagem do português). A capacidade de diferenciação é para mim um bem a defender contra a tendência do politicamente correcto português/brasileiro de nivelar as coisas pela via mais simplificada. A tendência política de corresponder às necessidades imediatas de gente simples (veja-se o acordo ortográfico em alguns dos seus aspectos), opta por cortar ramos frondosos da árvore linguística pelo facto de se estar com o sentido na sua madeira ou porque se quer fazer da árvore um arbusto para que qualquer gaiato possa subir a ela sem o mínimo de esforço ou dificuldade. Deixe-se o Português continuar a ser uma grande árvore, uma casa grande onde todas as espécies de pássaros, grandes e pequenos, possam fazer o seu ninho, segundo as suas capacidades e potenciais. Seria disparate cortar as asas às aves grandes para que todas possam viver nos primeiros ramos da árvore. Se a natureza e o desenvolvimento se deixassem reger apenas por princípios de massa ou princípios democráticos torcidos não teria produzido a humanidade, para nos manter na igualdade do estádio das amoebas ou das medusas.

  10. Há aqui várias coisas discutidas em simultâneo o que não conduzirá a resultados claros. Os pronomes sustituem nomes, não manipulam nada a não ser que alguém queira manipular usando a língua e aí qualquer categoria gramatical, incluindo os pronomes, serve para os objectivos do manipulador. A língua portuguesa, como qualquer outra, é falada por pessoas com instrução diversa, umas mais cultas e mais preparadas, outras menos, e daí o uso da língua poder ser muito diferente. Um exemplo concreto, os pronomes que apontam, demonstrativos, ou dêiticos no Brasil / e deíticos no PE ( PE= português europeu para quem não saiba o que significa) funciona na base de três distâncias, espaciais (e outras): este (aqui), esse (aí), aquele (ali) que funcionam com outros pronomes, p.ex., pessoais: eu, tu, ele; possessivos: meu, teu, seu, etc. O alemão tem a oposição dieser/ jener, mas funciona há muito com dieser hier e dieser dort, quer dizer, usa só um demontrativo e não dois como o francês: celui-ci versus celui-là, e, ainda menos, com três como o português europeu: este/ esse/aquele. Poderá alguém,perante este quadro, dizer que o português é mais rico do que o francês ou o alemão? Só mesmo alguém que não tenha nenhuma noção de linguística. No Brasil verifica- se uma certa erosão no uso oral do demonstrativo este, sendo substituído com frequência por esse. Assim, em Portugal ouvir-se-ia alguém dizer: ” Este homem aqui…” enquanto no Brasil podemos ouvir a mesma coisa: “Este homem aqui”, ou também: ” Esse homem aqui…” Em Portugal, como aliás no Brasil, “Esse homem aqui…” poderia ainda remeter, não mais para o espaço, mas sim para uma distância temporal, ora no passado, ora no futuro…” Por exemplo: O CR7 no nosso clube faria maravilhas. Ou: Esse aqui faria maravilhas (perpectiva presente-futuro). Outra perspectiva seria: Se o Marquês de Pombal cá voltasse, esse sim desenvolveria a indústrua portuguesa (perspectiva passado-presente). Na linguagem corrente ouve- se “esse” no Brasil enquanto em Portugal se ouve “este” em contexto idêntico. Porquê esta diferença? Cabe à ciência linguística explicá-la. Pela minha parte defenderia uma tese de natureza fonológica, com uma assimilação regressiva do “t” a um “s”. Isto só para acrescentar que a língua portuguesa não corre perigo nenhum, que está de boa saúde, que sempre foi bem e mal falada, dependendo do conhecimento e da criatividade que cada um tem dela, com ela, etc. O conceito de diassistema com a variação diacrónica ( a língua muda ao longo dos tempos), variação dlatópica ( a língua muda no espaço geográfico), variação diastrática (a língua muda de classe social para classe social), variação diafásica ( a língua muda conforme o código seja o o oral ou o escrito) e até muda de individuo oara indivíduo ( variação idiolectal). Não posso continuar, tenho dificuldade em escrever num teclado minúsculo. Só queria dizer para terminar que toda a gente pode, tem liberdade de mandar bitaites sobre questões de língua, mesmo sem ter conhecimento de causa, tal como muita gente fala de saúde e doenças sem ser médico ou enfermeiro. Maz então cad um deveria ser menos assertivo quando de facto não estiver tão dentro da matéria como talvez pense que está. E isto com dupla vantagem: não engana ninguém e não se engana si próprio. Sem melindre para ninguém em especial e desejando que todos desenvolvam suas capacidades.

  11. Desculpe, Luciano, mas não gosto de entrar na discussão na posição de fora de jogo e menos ainda num jogo que se dá fora do campo. Ou, pelos vistos, não me expressei de maneira a fazer-me entender. Referi-me apenas ao uso dos pronomes pessoais e não dos pronomes demonstrativos. Concretamente, falei da segunda pessoa do plural do padrão da língua querendo, com isso, chamar a atenção para o empobrecimento da língua ao tentar-se evitá-lo! O que o Luciano disse relativamente aos pronomes demonstrativos está correcto e foi bom e ilustrativo para quem anda a aprender o português ou a recordá-lo. Só que, no caso, o que apresentou foi fora do tema e ao qual eu não sonhava sequer referir-me. Acentuei que seria um empobrecimento da língua evitar o emprego do vós.
    O uso do vós, no caso de referido a uma só pessoa, é naturalmente usado no culto religioso (pai nosso que estais no céu…) ou como cerimónia (o que está cada vez mais em desuso); não me referi ao emprego do vós no culto mas simplesmente ao uso da 2ª pessoa do plural na qualidade de plural da 2ª pessoa do singular(tu). O tema era “manipulação da língua! Abraço

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