Celebração da “Victória” bloquista pela Aprovação da Lei da Adopção por Pares homossexuais
Por António Justo
Em Portugal passou a ser permitida a adopção e co-adopção (10.02.2016) por pares homossexuais. Para celebrar a festa da “vitória”, o Bloco de Esquerda, publicou um cartaz com a imagem do “Sagrado Coração de Jesus” com os dizeres “Jesus também tinha 2 Pais”. A esquerda radical, instrumentaliza assim a decisão parlamentar para uma campanha de “afronta aos crentes”.
Celebram uma vitória de quem contra quem? Será a vitória do direito dos pares gays e lésbicos contra os direitos das crianças? Ou será que a República portuguesa sente problemas de má consciência, vivendo bem do medo e da afronta como estabilizadores de um poder que se estabiliza através de uma tática de permanente guerra civil camuflada e que se alimenta mais das armas da emoção do que das da argumentação?
A ferocidade cultivada, que se constata por parte da esquerda radical numa tentativa de estabelecer uma imagem pública de catolicismo como inimigo comum, revela um estado doentio de sociedade e de civilização. Porquê tanto zelo, seja da parte de quem for? Será frustração, será recalcamento, será ressentimento ou o mero efeito de uma primariedade infantil embalada no jacobinismo que veio nas fardas dos soldados das invasões francesas?
Os bloquistas prestaram um mau serviço a si próprios porque desmascaram aqui como noutras ocasiões o seu espírito trotskista e anticristão que os domina; meteram no saco ateu os Gays e as lésbicas negando-lhes a capacidade de espírito religioso ou de fé); revelaram total ignorância teológica partindo do princípio de que o Deus dos cristãos é masculino; além da incongruência de reclamarem para si uma paternidade divina, esqueceram-se que Jesus tinha uma educação heterossexual (bipolar) da mãe Maria e do pai adoptivo José; a sua pretensão de, com o exemplo apresentado, quererem estigmatizar os católicos que se declaram contra a educação unipolar que em nome de um direito se afirma à custa da discriminação da criança justifica em nome de ideologias contrárias até à ciência que define a origem de doenças patológicas adquiridas através de genética, contágio e hábitos sociais. A Igreja católica é atacada por se declarar defensora dos sem voz e indefesos e naturalmente também por incomodar aqueles que quereriam fazer o que bem lhes apetece e não suportam qualquer resistência e que em nome de um direito cultural ideológico, com benefício emocional e económico próprio, pretendem que a criança não tenha o direito a ter uma educação de referência masculina e feminina, com diferenciação bipolar pai-mãe, para a reduzirem a uma experiência unipolar de pai-pai ou mãe-mãe. O Zelo cega-os e prejudica-os porque 1°- o problema de adopção gay será uma questão passageira (ciências da educação e psicológica já prevê défices psicológicos para tais casos de perfilhamentos com enormes despesas de tratamentos psicológicos – o futuro terá a última palavra; na Alemanha, já há vários anos para dar cobro aos défices psicológicos e educativos de crianças que crescem predominantemente em casa das mães, procura-se nas creches e infantários empregar-se mais homens para compensarem possíveis défices) e 2°- muitas pessoas que votam no BE passarão a votar no PS porque não reconhecem no BE mais que um grupo de ideologistas armados em feiticeiros que brincam não só com o dinheiro do povo mas também com as suas crenças! Um partido que queira manter a sua sustentabilidade não pode basear a sua doutrina só na ideologia e no abuso, no abuso de normas e de ideais.
Incongruência de uma esquerda filha (pródiga) do Cristianismo
Por vezes observa-se uma certa incongruência e ignorância numa esquerda radical que embora seja filha do cristianismo – o portador e gerador dos valores e direitos humanos da civilização ocidental – vive numa contínua fase adolescente, numa atitude de revolta de filho contra os pais. Falta-lhes uma certa maturidade para compreender possíveis mazelas. O respeito pelas sensibilidades das pessoas é tão importante como os arrazoamentos sejam eles mais ou menos brilhantes.
Na discussão pública logo se formam hostes com as tradicionais valas como se a liberdade e a verdade se pudesse limitar a um só campo e cada disputante não tivesse direito a uma opinião própria sem ser denegrido ou negado. Na controvérsia chega a notar-se até ódio. Esquece-se que o ódio é pai e filho, ao mesmo tempo! A intolerância, tal como a estupidez humana, é infinita, não pára nos crentes nem nos não crentes, no saber e no não saber! Também não justifica a estupidez do falar com a do estar calado seria argumento para inocentes! O ser humano faz-se falando!
A minha liberdade começa onde a dos outros tem a possibilidade de se mostrar de cara levantada. É atitude atrevida querer defender os valores da própria liberdade à custa dos valores da liberdade dos outros; tentar identificar a liberdade com uma mera opinião é reducionismo e inferioridade moral!
Enfim, o que Portugal mais precisa é da fraternidade universal cristã (que inclui o amor ao próximo e não só aos do clã), sem os talibãs da política nem da religião.
Na controvérsia desnecessária iniciada pela provocação do BE revela-se um estado latente de ressentimento na sociedade portuguesa que germina como um cancro que continuamente produz novas metástases, fomentadoras de um espírito cobarde ao saber que pode atacar sempre os símbolos e a sensibilidade dos cristãos, sem consequências.
Resumindo: Em questões de política e de poder o problema de um lado é febre e do outro é fome!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo www.antonio-justo.eu
Gostei muito de ler este teu artigo. É muito importante neste momento desmascarar quem apresenta desenhos
tão perversos. Apresentaste muito bons argumentos, saliento o de que atualmente na Alemanha, que começou
mais cedo com a aceitação de dois ou duas perfilharem crianças, já estar a tratar desses meninos que ficaram
doentes com tal educação.
Aqui também houve protestos, pelo que a candidata bloquista a Presidente da República já veio dizer que o cartaz
foi um erro.
Maria Manuela
Eu sou insuspeita de pertencer à esquerda radical de Portugal, mas acho que foi um momento de se gratular com a adopção e co-adopção (10.02.2016) por pares homossexuais.
Será que a hipocrisia do “Putin” e das doutrinas radicais contra grupos, mulheres e contra crianÇas deve continuar a existir no nosso país?
E tu que já foste padre ou quase, queres negar junto com os hipócritas a adopção de Cristo por S. José?. Não é também isto que festejam os cristãos em cada Natal !!! Ou achas que os Muçulmanos ou mesmo Judeus de entao aceitariam uma mulher (Maria) sozinha e grávida. O seu destino seria o apedrejamento até à morte.
Muitas vezes subescrevo as tuas opinioes e pontos de vista. Hoje fizeste-me lembrar o “Cardeal Cerejeira e Salazar”. Onde está aqui um ressentimento cultural ou mesmo religioso?
Espero que mudes este texto, é um vociferar de incongruências.
Teremos que levar todos os “bloquistas e comunistas” às fogueiras da tua e do PSD novamente instituída “Inquisição” ?!
Ah! e nunca te esqueças que os maiores escândalos de homosexualidade reprimida saíram, e quantos estarão ainda no segredo dos deuses (?), das religioes que tao acerrimamente aqui defendes. Não se misturem as águas e nao se faca de um assunto político bem resolvido um conflito religioso também no nosso país. Já os há que chegue!
Muito obrigado pela tomada de posição.
No meu texto não se tratava de defender uma crença ou mito religioso nem tão-pouco uma crença política. Tratava-se de mostrar e procurar fazer entender o porquê da estupidez de um tal cartaz e de levar a compreender o ressentimento que motivou tal publicação pois no caso trata-se de mostrar o abuso de se comemorar uma vitória instrumentalizando para tal a religião. Foi sacanice porque uma tal imagem ainda se poderia compreender em tempos de propaganda antes da votação. Aqui tratou-se objectivamente de provocar. Facto é não provoquei, apenas reagi como homem que pensa e é independente não pertencendo a nenhum partido; constatando apenas que que faz da cultura o seu cavalo de batalha é a esquerda radical. Pessoas com bom senso como o PS não aprovariam nem defenderiam tal aberração que só veio prejudicar os moderados da esquerda! Caro colega, para mim merecem-me o respeito todas as posições sejam elas de esquerda ou direita mais ou menos radicais; isto não me impede de usar a minha capacidade de análise e uma argumentação que precisa sempre de aferimentos, tomando posição, principalmente em relação a este acto descarado e estúpido do Bloco de Esquerda. Toda a pessoa de esquerda nó mínimo só pode abanar a cabeça em relação a tanta estupidez num cartaz que se quer argumentativo.
Referi o ressentimento presente na História de Portugal que para tal constatação basta dar um pouco de atenção ao estudo da História de Portugal, principalmente a partir do Marquês de Pombal e das invasões francesas e no imbróglio que se expressou nas lutas liberais e na República e se manteve no espírito jacobino latente na política esquerdista e na discussão pública portuguesa. Creio que não é inocente o facto dos nossos programas oficiais de História calarem propriamente um período tão importante e tão presente no colectivo da nação e da qual ela sofre muito, como o que referi. Uma organização que em vez de considerar o “adversário” como complementar já perdeu toda a razão. Ultimamente tenho apelado mais para a compreensão da religião cristã porque é aquela em quem todos batem para poderem ter satisfação nos credos políticos que professam.
Quanto aos pares homossexuais ou lésbicos acho que ninguém tem o direito de os menosprezar ou negar os seus ideais. Quanto a mim só não estou de acordo que assumam automaticamente o direito de adoptarem filhos. De resto deveria ter havido uma discussão pública sobre esse assunto com declarações explícitas para quem participa no governo. Douto modo não passa tudo de um oportunismo num jogo do gato e do rato entre partidos e povo. O facto de o Bloco de Esquerda ter vindo misturar as águas da política com as da religião não é culpa de quem lhe responda independentemente de crença religiosa ou partidária.