Contra o Encerramento do Posto Consular de Frankfurt – A Decisão em cima dos Joelhos
A notícia do encerramento do Vice-Consulado de Frankfurt tem provocado ondas altas na comunidade. Parece estar a dar-se um atentado à razão e a demonstrar-se a falta duma estratégia financeira de Portugal, ao abandonar Frankfurt, o centro financeiro europeu. No passado os Postos consulares não tinham em grande conta a vertente económica. Querer acabar com Frankfurt em nome da nova política é contraditório.
Apresento a carta aberta da Dra. Dina André aos Media como uma voz que desejaríamos não fosse mais uma voz no deserto.
“Carta aberta ao Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas
Com conhecimento a suas excelências: Presidente da República, Primeiro-ministro, Ministro das Finanças, Ministro da Economia e do Emprego, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas , Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Europeus
Dina Maria Batista Correia André
Friedensstr. 71 F
63071 Offenbach am Main
Tel.: 0049 69 888992,
E-mail: dina.andre@gmx.net 9 de Dezembro de 2011
Excelência,
é com “temperança, perseverança, confiança e vontade de conseguir” que uma cidadã portuguesa, residente em Offenbach am Main (estado de Hesse), está empenhada em demover o Sr. Ministro, da sua decisão de encerrar o vice-consulado de Frankfurt. Considero que é um erro colossal encerrar a representação de Portugal, numa cidade que é considerada o pólo económico da Alemanha, sendo esta a dinamizadora da economia europeia.
É com “temperança” que me atrevo a fazer-lhe as seguintes perguntas:
– Sr. Ministro, Dr. Paulo Portas, considera que Frankfurt não é uma cidade estratégica para a promoção da internacionalização das empresas portuguesas e para a captação de capitais estrangeiros para Portugal?
– Quais foram os critérios utilizados para tomar a decisão de encerramento?
É com “perseverança” que gostaria de elucidar o Sr. Ministro que Frankfurt é a cidade da Alemanha com o maior número de representações consulares (cinquenta Consulados Gerais, quarenta e cinco Consulados Honorários, seis Consulados e um
Vice-Consulado).
É com “confiança” que lhe posso assegurar que este número de representações consulares na cidade de Frankfurt não é por acaso.
Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas, como estratega político, arguto e inteligente, ao decidir encerrar o Vice-Consulado de Frankfurt, só pode ter como objetivo estratégico futuro, a reabertura de uma representação diplomática portuguesa nesta cidade, ou seja, um Consulado Geral. Só nesta perspetiva se compreende o seu novo modelo de diplomacia económica, que segundo as suas próprias palavras irá “responder com a maior eficácia a este desafio absolutamente essencial” para Portugal.
É com “confiança” que me atrevo a insistir na defesa de uma representação consular em Frankfurt para que esse desafio seja bem sucedido, em prol de Portugal e da diáspora portuguesa.
Excelência, é com “vontade de conseguir” que a decisão do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas, seja reconsiderada, reavaliada e bem reflectida. Estamos cansados de reformas irrefletidas, “em cima do joelho”, com muito “show” e que não servem para nada.
Estamos saturados de reformas sem “visão estratégica”, feitas em nome da poupança mas que em nada a honram.
Sr. Ministro, Dr. Paulo Portas, seja o modelo, o exemplo e cumpra realmente o que prometeu aos Portugueses, quando estava na oposição: sirva Portugal, dignificando a diplomacia portuguesa na Europa e no Mundo, respeitando a diáspora, a cultura e a língua portuguesas.
Estou certa de que, assim, os Portugueses responderão, com “temperança, perseverança, confiança e vontade de conseguir” ao apelo de S. Exa. o Sr. Presidente da República, recentemente feito nos EUA.
Com os meus melhores e respeitosos cumprimentos,
Dina Maria Batista Correia André “
Pelos ventos que correm do MNE tem-se a impressão que Frankfurt fechará mesmo. Frankfurt morre com dignidade para, em breve, poder ressuscitar.
António da Cunha Duarte Justo
Porta-voz do Conselho Consultivo do Vice-consulado de Frankfurt
antoniocunhajusto@googlemail.com
os portugueses ajudaram com o seu trabalho a levantar a Alemanha, no pós guerra, agora é a vez de Portugal ajudar os seus compatriotas a continuar nessa missão de construção e de edificação da Alemanha, senão se os filhos forem considerados enteados, passam a alemães, isso não será bom, as raízes e a cultura portuguesa desaparecem, mesmo se somos considerado agora europeus, com euro
Dr. Justo,
Estou demasiado por fora dos nos. e contas de resultados do Vice-Consulado para poder comentar os dados do Sr. Secretário de Estado postados no facebook.
No entanto, na minha modesta opinião, julgo que se poderia argumentar um pouco na linha do que escreveu Paulo Rangel no artigo de opinião do Público de 29.11. http://jornal.publico.pt/?d=29-11-2011.
Por exemplo:
• Não será demasiado míope reivindicar o apoio dos países economicamente estáveis da UE, como a Alemanha, voltando-lhes nitidamente as costas? Países que procuram activamente até captar o investimento de empresas portuguesas na Alemanha (Diário Económico 8.12.2011: http://economico.sapo.pt/noticias/alemanha-desafia-empresas-portuguesas-a-investir-em-frankfurt_133154.html).
• Voltar costas a Frankfurt e aos portugueses,
que são, em primeiro lugar, cidadãos de pleno direito, que como tal, participaram na eleição deste governo,
que são certamente fonte de remessas regulares, de investimentos no país (imóveis, turismo, etc) e não apenas fonte de receitas consulares (!), será, por certo, irreversível:
Quem pertence à 2ª ou 3ª geração de portugueses*, prescindirá simplesmente de procurar apoio consular e tratará de naturalizar-se alemão. Certamente que, assim espezinhado, o orgulho de ser português, de participar activamente nas eleições, continuando a nutrir o contacto e o interesse pelo país, não poderá sobreviver. Já somos cidadãos de 3ª, nem direito a jornais portugueses temos nas bancas alemãs, para não falar do direito a programas televisivos gratuitos difundidos pelas operadoras alemãs e a livros portugueses nas Bibliotecas Municipais Alemãs. Se nos cortam o cordão umbilical de um acesso razoável à protecção consular e nos encerram ainda o ensino de Língua e Cultura Portuguesas para os nossos filhos, não é preciso grande perspicácia para prever o que acontecerá com os que ainda se sentem portugueses.
Não sei se terei contribuido com alguma utilidade para uma possível argumentação, no entanto, foi o que me ocorreu.
Desejo-lhe um bom fim-de-semana.
Cumprimentos cordiais
Anabela
*(não tenho dados, mas presumo que a primeira geração estará a regredir/será entretanto minoritária?)