Onde as forças da Natureza se juntam à Negligência política
António Justo
O número de mortos no incêndio de Pedrógão Grande aumenta para 62. E 59 pessoas ficaram feridas e 18 estão a ser tratadas em hospitais. O incêndio começou às 14H00 de 17.06 e teve origem num relâmpago de uma trovoada seca (sem chuva). Cerca de 700 bombeiros procuram extinguir o fogo com o apoio de 220 veículos de emergência e dois aviões.
Há outros fogos de menor envergadura em outras regiões do país. Os Média referem que a França, a Espanha e a Rússia disponibilizam aviões de combate ao fogo.
A União Europeia prometeu assistência a Portugal. O governo de Lisboa tem negligenciado a província e sempre que há incêndios fala da necessidade do ordenamento do parque florestal.
As forças da natureza juntam-se à negligência humana. O problema da florestação e a falta da criação de corredores antifogos são cruciais; em muitos casos o Eucalipto é gasolina na floresta.
A política centralista de Portugal concentra a sua atenção em Lisboa discriminando as regiões do interior pela negativa. Tem negligenciado a província e sempre que há incêndios fala da necessidade do ordenamento do parque florestal. Até agora não se tem visto grande coisa nesse sentido. Lisboa tem um estômago demasiado grande para poder deixar algo das entradas dos impostos para investir no regionalismo.
O governo declarou um luto nacional de três dias, de segunda-feira a quarta-feira.
Já no ano passado, os incêndios destruíram mais de 100.000 hectares de terra. É verdade que num país com mais de 3,5 milhões de hectares de floresta se torna muito difícil evitar muitos dos incêndios. Isso, porém, não deve constituir desculpa! Nem tão-pouco se pode ficar por gestos simbólicos de solidariedade. Investimentos orçamentais nacionais em aparelhos militares deveriam ter em conta o apoio aos incêndios!
Um sofrimento vivido, uma revolta engolida, uns minutos de silêncio, umas críticas perdidas e umas anotações explicativas do que acontece, acabam por ser ultimados com o conformismo. A questão são as vítimas e o comodismo que nos leva a habituar a tudo!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo,