UMA MUÇULMANA EXEMPLAR – SEYRAN ATES

A Fundadora da primeira Mesquita inovadora: “Mesquita Averróis-Goethe”

 

António Justo

Seyran Ates, nasceu em Istanbul (1963); aos seis anos emigrou para a Alemanha; frequentou os estudos de direito em Berlim, especializando-se em direito penal e em direito de família. Já, durante os estudos, apoiava mulheres vítimas de violência caseira.

Como advogada defende vítimas de “crimes da honra”, mulheres casadas à força ou maltratadas pela família. Em 1984 um marido matou uma sua cliente no seu consultório; Ates ficou gravemente ferida e teve uma experiência de quase-morte. Apesar disso, Seyran Ates continuou a empenhar-se na defesa de mulheres oprimidas, conseguindo trazer para a opinião pública alemã um aspecto escuro de muitas mulheres que sofrem em silêncio devido à pressão patriarcalista.

Em 2006 abandonou a sua carreira de advogada, por algum tempo, devido a ameaças.

Depois de ter publicado o livro “O Islão precisa de uma revolução sexual” recebe contínuas ameaças de morte e e-mails transbordantes de ódio e ideias de abuso sexual, o que a levou novamente a abandonar a carreira de advogada em 2009.

A ativista de direitos humanos “vive em constante perigo de vida” porque se dedica à defesa da liberdade de outros. A muçulmana encontra-se sob proteção policial, dia e noite, com vários polícias.

 

Na luta por um rosto feminino para o Islão

 

A 16 de Junho de 2017, Seyran Ateş abriu a “Mesquita Ibn Ruschd-Goethe” em Berlin (um projecto de ligação da cultura árabe à cultura ocidental, daí o nome “Mesquita Averróis-Goethe”). É a primeira mesquita progressista na Alemanha; está aberta às correntes islâmicas sunita, xiita, alevita e sufi. O uso do nicab e do xador são proibidos por serem expressão de submissão ao homem e símbolo de um islão anacrónico (1).

Seyran Ates, quer uma mesquita onde o Corão não seja interpretado à letra e, assim, tornar possível uma interpretação moderna que  possibilitae uma educação para a liberdade, para a responsabilidade individual e para a paz universal.

As mesquitas na Alemanha não perdoam a Seyran Ates, ser a cofundadora da mesquita liberal Ibn-Rushd-Goethe-Mesquita onde rezam mulheres e homens uns ao lado dos outros e onde às vezes uma imã orienta a oração ritual.

Na imprensa da Turquia, Ates é apostrofada de “traidora da pátria e de terrorista”. “A repartição turca para os Assuntos Religiosos (Diyanet) incita a plebe mafiosa turca na Alemanha” (HNA) e  acusa Ates de querer modificar e reconstruir a religião.

Ates chama a atenção para a hipocrisia que, muitas vezes, se apresenta com duas caras:” Eles sorriem para ti e mentem-te na cara”.  É contra o uso do lenço islâmico (Hijab), contra os casamentos forçados e contra os crimes de honra. Também, devido à sua experiência amarga, desabafa: “Onde a Religião só serve a demarcação/separação, revela-se contra a democracia”.

A atitude de Seyran Ates torna-se numa ousadia promissora para o Islão (e para a paz na Europa) na medida em que lhe possibilita, por um lado,  a saída do gueto, o abandono do acorrentamento aos costumes da Arábia do século VII e, por outro, a abertura à pessoa, à feminidade,  à História e a outras culturas. No seu projecto, “Mesquita Averróis-Goethe, é apoiada por muçulmanos liberais de todo o mundo (2).

Entre outros louvores foi-lhe atribuída a condecoração Cruz Federal de Mérito, pelo Estado alemão.

 

Conclusão

 

A “Mesquita Averróis-Goethe é uma iniciativa válida e digna de imitação para tornar o islão compatível com a Europa e com outras culturas. O Islão só será reformado pela acção das mulheres. Nelas há que apostar para que não continuem a fomentar um estilo de cultura arcaica aliciante de instintos de homens árabes e doutras culturas! Só elas poderão trazer ao Islão um rosto feminino e recuperar a feminilidade que ele reprime e assim dar-lhe um rosto mais equilibrado e mais humano!

Também no surgir da Europa houve tempos em que a autoridade do grupo ou da instituição atafegava a personalidade individual e em especial a mulher (hoje isso acontece de maneira mais subtil e suave). Embora o ocidente tenha defendido sempre a dignidade de toda a pessoa humana, independentemente de ela ser mulher ou homem, os costumes e tradições reprimiam a mulher em relação ao homem. É importante que mulheres de cultura árabe, em contacto com a cultura ocidental, ganhem força e sejam motivadas a provocarem um desenvolvimento antropológico do islão de maneira a criar mais justiça, solidariedade e igualdade de trato entre homens e mulheres de modo a possibilitar, a cada qual, redefinir a sua ipseidade para agir a partir de uma liberdade responsável e humana porque individualizada.

Encontramo-nos todos no mesmo barco e se o islão não se muda toda a humanidade será retardada e se a sociedade ocidental não se mudar também, a personalização do indivíduo passará a ser abusada no sentido de o desumanizar, transformando-o novamente em mero objecto ou instrumento da instituição e da ideologia ad hoc. Cabe ao Cristianismo e à sociedade ocidental, que deram origem aos direitos humanos, à democracia e à tolerância do Homem como tal, tornar-se consciente do processo em via num momento em que as constelações de poder mundial se redefinem. Cada povo, cada cultura tem o seu valor específico a integrar na construção de sociedade mais justa e pacífica. Por isso todos devemos estar gratos quando uma mulher como a muçulmana Ates procura fazer com que o islão reconheça a feminidade como um vector do desenvolvimento, tal como o vector da masculinidade que se tem afirmado desequilibradamente! Não só a sociedade religiosa, mas também as sociedades seculares são responsáveis pelo que acontece: na Europa tem-se afirmado o islão do lenço e as estruturas governamentais colaboram com instituições muçulmanas duvidosas  interessadas apenas no poder e na hegemonia das mesquitas turcas na Alemanha (na colocação de professores de religião islâmica em escolas do Estado os Ministérios da Educação da Alemanha colaboram com a federação das mesquitas turcas (Ditib) que é apoiante de Erdogan e não apoia iniciativas que fomentem a integração ou impliquem renovação do islão; de maneira geral, apoiam o islão do lenço, e não dão  apoio aos defensores de um “protestantismo muçulmano”.

De facto, o ser humano, antes de ser membro de uma sociedade religiosa, étnica, política ou cultural, é Homem e como tal traz em si a ferocidade selvagem mais ou menos escondida, tal como a gene divina. O problema é que todos cheiramos a Homem e não queremos reconhecer a maldade latente que em nós trazemos e depois procuramos justificá-la ou desculpá-la para passar o assunto ad acta! A discussão é importante e mais importante é ainda o testemunho que Ates mostra.

 © António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

  • (1) Há dias , no fim de uma aula, um simpático muçulmano trintanão, dirigiu-se a uma colega professora de alemão, dos seus 50 anos, e disse-lhe: porque é que pinta os lábios e se veste assim, se já é casada? Na sua mentalidade genuína até tinha lógica a sua pergunta! Porque precisa uma mulher casada de se arranjar de maneira atractiva se já tem um homem a quem pertence?! Porque traja assim, se isso é uma manifestação de liberdade e como tal uma provocação aos homens que, por natureza, andam à caça e mais à solta?!
  • (2) As mentalidades relativas a matrizes religioso-culturais formadoras de identidade (individual e cultural) não se mudam em poucas gerações. Durante a Idade Média a sociedade e cada indivíduo (de uma maneira geral) vivia, em grande parte, de maneira inconsciente no ventre da comunidade pois a individualidade ainda se encontrava em gestação. Houve, naturalmente, muitas excepções que tinham a ver com a posição e papel social de elites, que possibilitaram uma burguisação da consciência da pessoa. A Idade Média no renascimento (processo de emancipação) deu à luz o indivíduo como personalidade com autoridade própria (autonomia que só a sociedade industrializada concretizou a nível político com a democratização). Como se vê a pessoa “autónoma” é parida no século XV-XVI e demorou cinco séculos a produzir a pessoa autónoma de extremismos egoístas que hoje exagera em relação à comunidade tal como antes a comunidade (instituição) exagerava em relação ao indivíduo. O Islão ainda se mantem hoje nos princípios da sua Idade Média, quanto ao seu ser antropológico. O contacto íntimo dos muçulmanos imigrados com a Europa leva as pessoas mais sensíveis a descobrir-se como pessoas: a iniciar um processo que não poderá ser de renascimento porque a filosofia muçulmana não possui nela o factores que provocariam um renascimento, mas a capacidade de se abrir a outras mundivisões sociológicas e antropológicas; foi isto o que aconteceu a Ates. Ela estaria com alguns poucos no princípio do “protestantismo” muçulmano – a época propícia para produzir hereges e protestantes! Por isso, a nossa missão é dupla: apoiar as pessoas ousadas que, ao descobrirem-se como pessoas, descobrem os direitos humanos e apresentar uma análise crítica à doutrina muçulmana. Esta teima em oprimir a mulher e em afirmar-se e definir-se pelo contra em relação a outras culturas. Esta matriz fundamental, que parte do princípio que só uma sociedade do homo religiosus é legítima, terá de ser reestruturada num modelo de mundivisão que permita uma nova concepção de Homem e de sociedade, o que pressuporá uma opção pela inclusão e o distanciamento de uma mundivisão baseada nas estruturas mentais e sociais “árabes” do século VII. É triste ver como uma sociedade ocidental se comporta em relação ao Islão dos imigrantes: hipocritamente fecha os olhos e não quer saber porque saber (e não só levianamente opinar) tornar-nos-ia mais responsáveis e levar-nos-ia a ajudar mais as mulheres a libertarem-se da sua situação de escravizadas e de transmissoras dos padrões patriarcalistas islâmicos;  também não deixaríamos os imigrantes muçulmanos abandonados a si mesmos e tomaríamos medidas para que a colonização interna entre os muçulmanos, que se processa no ocidente, não ficasse entregue a mesquitas e grupos radicais apoiados pela Arábia Saudita, Qatar ou um islão de lenço turco. Infelizmente a esclarecida Europa continua interessada em cobrir a ignorância porque dela vive melhor a “boa” gente.

O equívoco do imperialismo democrático

 TRUMP INTERROMPEU O APOIO AOS REBELDES NA SÍRIA

Por António Justo

Finalmente uma medida razoável a nível internacional.

 

Com a iniciativa de Trump, os USA declararam fracassado o seu apoio aos rebeldes na Síria iniciado por Obama.

 

Com esta decisão Trump acabou com “os enormes pagamentos perigosos e o desperdício com os rebeldes” sírios que lutam contra Assad.

 

A política do Ocidente, contra o regime Baschar al-Assad da Síria, enquadra-se na continuação da política irresponsável e falhada contra o antigo regime de Saddam Hussein no Iraque.

A política do Ocidente, contra o regime Baschar al-Assad da Síria, enquadra-se na continuação da política irresponsável e falhada contra o antigo regime de Saddam Hussein no Iraque

Serão ditaduras militares os melhores parceiros de diálogo no mundo árabe?

A Europa terá de apoiar Assad por razões egoístas (impedir refugiados) já que o não fez por razões humanas e interculturais.

De uma maneira geral, os políticos ocidentais não têm a mínima ideia de como funciona antropológica e sociologicamente a mentalidade árabe (religião) e em grande parte a mentalidade africana, para poderem tirar conclusões políticas produtivas. Por isso caem na ilusão de poderem transportar para África uma imagem de Homem e de sociedade que levou muitas centenas de anos a formar-se na Europa.

Impediram a colonização interna numa sociedade que em si é estranha à ideia de nação na concepção europeia. Como podemos esperar, de uma maneira geral, de muçulmanos tradicionais a ideia de da dignidade humana pessoal, quando na sua civilização não é ainda possível a contraposição da dignidade e autoridade individual à dignidade e autoridade institucional!

 

As sociedades muçulmanas, devido ao seu substrato fascistoide ainda terá de andar muito até poder dar à luz uma filosofia de autonomia do indivíduo. Esta foi possível no Ocidente devido ao cristianismo que considera a pessoa humana com caracter divino (a dignidade da pessoa é anterior à dignidade institucional) …

Os sistemas de cultua árabe, para já, só poderão ser estáveis com governos autoritários.  Temos a experiência que os regimes militares (por exemplo, Turquia e Egipto) com os seus intercâmbios a nível internacional e ao criarem uma própria camada social económica forte se tornam num factor de maior pluralidade e um pouco mais independentes do controlo da religião e deste modo possibilitam uma maior aproximação da civilização árabe à europeia.   Outras forças estão demasiadamente dependentes de facções religiosas que devido ao radicalismo entre si e ao fascismo islâmico, criam instabilidade social e política, não permitindo abertura compatível com a ocidental.

O fortalecimento económico e a estabilidade económica deveriam ser a prioridade de acção do ocidente. Assad que de início queria, pouco a pouco, estabelecer uma democracia na Síria e era contra o terrorismo islâmico viu-se obrigado a apoiar o IS do Iraque com medo de ele apoiar insurreições na própria sociedade. O Ocidente em nome da sua ideologia democrática não apoiou Assad e cometeu o mesmo erro que tinha feito ao apoiar os rebeldes da primavera árabe, concorrendo para a radicalização de todo o norte de África. Ingenuamente acreditava que a palavra liberdade significava o mesmo para um árabe como para um europeu.

O óptimo é inimigo do bom! Se queremos democracia nos regimes árabes e africanos devemos dar tempo ao tempo e não subsidiar guerras civis mas implementando a sua economia.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo

A EU (UNIÃO EUROPEIA) APOIA A ENTRADA DA TURQUIA NA EU COM 4,45 MIL MILHÕES DE EUROS

Atendendo ao fascismo crescente na Turquia, o Parlamento Europeu exigiu o stopp das conversações preparativas para a entrada da Turquia na EU. Apesar disso a EU tem um orçamento de 4,45 mil milhões de euros para a Turquia; esta quantia é concedida até 2020 para a Turquia se ir preparando para entrar na EU; desta verba já foram usados 167,3 milhões de euros, como refere o HNA de 25.07.

Dois terços do dinheiro estão previstos para projectos de fomento da competitividade, conversão do fornecimento de energia, e para o sector de transportes.

O stopp da corrente dos dinheiros só seria possível com uma decisão conjunta dos ministros dos estrangeiros da EU, dado estas verbas não estarem condicionadas à preservação da democracia nem ao respeito por princípios constitucionais.

O único verdadeiro instrumento de pressão que a EU tem na mão para levar o governo de Ancara  a abrandar o seu fomento do fundamentalismo religioso  e a desmontagem do Estado moderno iniciado pelo seu fundador Mustafa Kemal Atatürk seria seria a cessação da união aduaneira com a Turquia. O único meio de pressão é o económico, este é porém uma espada de dois bicos, atendendo à dependência do desenvolvimento social da economia.

Em 2016 a Turquia exportou para a Alemanha mercadoria no valor de 15,4 mil milhões de euros e a Alemanha exportou para a Turquia 21,9 mil milhões de euros.

Paralelamanete aos dinheiros disponibilizados pela EU para a integração da Turquia na Europa, a EU disponibilizou três mil milhões de Euros para o estrangulamento da corrente de refugiados da Turquia para a Europa.

De momento o regime de Erdogan persegue os jornalistas considerando “ajudante do terrorismo” quem for crítico ao seu regime. Processou 13 jornalistas do jornal da oposição “Cumhuriyet”. A grande maioria dos jornais foram levados à linha do goerno.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

CASAMENTO GAY SOB O VISOR DA CIÊNCIA E DA IDEOLOGIA

Biólogo aponta para o possível Problema de Padrastos

António Justo

Casamento para todos já não é casamento, é casamento para ninguém! A gota só o é enquanto não se transforma em nuvem ou enquanto não cai no mar!… No momento em que tudo é um, só a autorrestrição imposta a si mesmo pode reconhecer o outro.

Um contributo para a discussão

 

Na Alemanha o Parlamento aprovou o “casamento para todos” independentemente de os pares serem heterossexuais ou homossexuais. Em reacção ao facto, o Prof. Dr. Ulrich Kutschera  da universidade de Kassel, tematizou três aspectos: “O contexto do novo casamento universal com a Ideologia do Género, a base biológica do ser humano e a pedofilia”.

Kutschera receia, no sim do Parlamento ao “casamento para todos “, pedofilia subvencionada pelo Estado e grave abuso infantil no futuro”.

Segundo ele, no casamento gay fortalece-se “o problema dos padrastos”, que constituiria um risco acrescido para as crianças: um padrasto que vive em casa com uma filha adoptiva, sem ligações genéticas, poderá ter uma maior possibilidade de abuso, embora haja muitos padrastos bons.

Para o biólogo, casamentos gay com filhos adoptivos não possuem a herança genética de imunização contra o incesto. Em casamentos heterossexuais, pai e mãe são em 50% parentes genéticos de seus filhos, e a consanguinidade produz um efeito inibidor do incesto.

A probabilidade de inclinação para pedofilia segundo investigações citadas pelo cientista é 10 vezes maior em casos de padrastos e de madrastas (estudo de Regnerus M 2012); refere também que resultados de investigações mostram que filhos sem pais biológicos sofrem mais de depressões e se tornam mais frequentemente criminosos e dependentes da assistência social.

Argumenta biologicamente contra o direito de adopção de crianças por Gays “dizendo que “crianças são moldadas inteiramente pela voz da mãe biológica durante o desenvolvimento pré-natal”. Considera “inaceitável uma troca voluntária desta importante pessoa de referência por pessoas estranhas.” Defende que na biologia, desde 1735, “Sexo” corresponde à reprodução bisssexual (fertilização) enquanto para a ideologia Gender, sexo, desde 1876, significa o desenvolvimento de animais sexualmente maduros”; insurge-se contra a erotização infantil precoce (que a ideologia do Género implementa nos programas de todas as escolas), uma vez que a pessoa só é capaz de actos sexuais depois da puberdade.

A visão do investigador contempla a ideia que homens e mulheres nascidos homossexuais não devem ser discriminados. Efectivamente, o problema vem do facto de o casamento Gay implicar o direito a adopção e de o matrimónio implicar heterossexualidade e a possibilidade de procriação.

 

Indagação ministerial: autoridade institucional contra autoridade individual

 

O Ministro da Ciência do Hesse (Boris Rhein) insurgiu-se contra Kutscera que defende a teoria de que o “casamento para todos” aumenta o perigo de abuso de crianças”. Boris Rhein diz que estas declarações do Professor são “tão absurdas” que a reitoria da Universidade deve examinar as declarações e verificar “se o professor feriu os seus deveres de funcionário, pelo facto de ter falado prejurativa e depreciativamente contra os gays”.

A universidade retorquiu ao ministro com o argumento da liberdade académica e da liberdade de opinião do professor.

O ministro solicitou então à Universidade que examinasse se através das convicções do professor com as suas declarações terá prejudicado o local da ciência da universidade e do Hesse.

A universidade respondeu não poder fazê-lo porque questões legais pessoais são estritamente confidenciais e que a universidade está consciente dos direitos e deveres dos seus funcionários.

A reitoria da universidade distancia-se de Kutschera e parte do parecer que a maioria pensa diferente, mas que o princípio da liberdade da ciência e de opinião não podem ser postos em questão pela Universidade. Nas respostas a universidade mostra-se consciente de que a ciência está dependente da atribuição de fundos económicos do Estado, mas também da criatividade e de um mínimo de independência dos seus professores….

A Universidade de Kassel mostrou coragem ao não aceitar, no caso, subjugar-se ao sistema, ao neutralizar as intenções do Ministro no seu intuito de perseguir um cientista que parece não se submeter ao pensamento politicamente oportuno (o mesmo espírito que levou à inquisição na Idade Média manifesta-se hoje na tentativa de funcionar o saber no sentido dos interesses da instituição contra o indivíduo).

Na tradição do Renascimento, a liberdade de opinião também deve cobrir opiniões que não correspondam ao pensar do politicamente correcto ou das massas. Em casos como este, a ideologia do género, e os partidos não estão interessados em discussões científicas; importa-lhes uma sociedade alheia e alheada, sem discussão objectiva, onde mais facilmente se consegue capital para os respectivos sequazes; deste modo destrói-se, quer a nível de maiorias quer a nível de minorias, o princípio nobre distinguidor da cultura ocidental de todas as outras: a relação de tensão entre autoridade institucional e autoridade individual.

O princípio do uso de sanções contra apóstatas ou renegados através da instituição continua hoje presente nas nossas instituições democráticas com a vantagem de que, no nosso tempo, a própria impreceptível inquisição é melhor que a do outro e que a do passado. Instituições do Estado que subvencionam, com dinheiros públicos, a ideologia gender nas universidades também têm de suportar a opinião de cientistas que chegam a outras conclusões mesmo que estas não sejam oportunas a interesses estabelecidos. A sociedade é muito diferenciada, com diferentes necessidades e gostos, não podendo, por isso, ser alimentada por uma só caçarola.

As posições críticas do biólogo Kutschera em relação ao casamento gay com direito a adopção, incomodaram muita gente. Uma entrevista sua na “kath.net” em que de forma pregnante designa pares homossexuais como “estéreis duos de sexo sem potencial reprodutivo” afirmando, ao mesmo tempo, não querer “ofender ninguém”, mas apenas trazer para a discussão uma “perspectiva da ciência biológica”. Segundo o resultado do seu trabalho científico as “crianças precisam dos seus pais biológicos para se desenvolverem de forma optimizada” (HNA 20.7.17) e “em primeiro lugar deve estar o bem-estar do protegido. O egoísmo dos pais não deve dominar”.

O grau da tolerância de opiniões diferentes ainda é muito baixo: em vez de se reagir a argumentos com argumentos reage-se emocionalmente contra pessoas, sem se discutir os prós e os contras dos seus actos. Por vezes confunde-se o tom da voz com o que se diz.

No exercício de uma cidadania cada vez mais emotiva e apostrófica, em vez de meros cães de guarda de ideologias contra pessoas ou contra grupos, precisamos mais de pessoas e grupos com um discurso público de argumento contra argumento ou de argumentação inclusiva, como era tradição desde há muitos séculos com o método do discurso da controvérsia que incluía o advogado do diabo. Neste sentido na praça pública seria necessária a incrementação de simpósios entre cientistas de posições contrárias alargados ao público em geral.

 

Conclusão

 

São naturalmente legítimas as aspirações de pares homossexuais querem ver aceites na sociedade e nas leis as suas uniões afectivas e sexuais. Questionável é a sua exigência ao direito a terem filhos adoptivos. Tal como uma política ocidental contra a família tradicional e de fomento do aborto leva à necessidade de maior imigração de povos biologicamente mais férteis para os menos férteis, também as leis de adopção poderá vir a criar problemas de identidade a filhos adoptivos em casais homossexuais. Daí a necessidade de uma disputa séria sem desprezar ninguém; doutro modo conduzem-se as leis vigentes ad absurdum.

Todo o contributo para o saber corre naturalmente o risco de ser usado e abusado no sentido de fortalecer as trincheiras dos monopólios da opinião que tendem a generalizar os factos no sentido de se glorificarem ou de prejudicarem minorias. A discussão constitui também ela uma afronta a pessoas que querem viver despreocupadamente na zona confortável da fachada da sociedade, e, como diz um ditado alemão, para quem basta “paz, alegria e panquecas”.

A Europa mostra também aqui o busílis em que vive: um modelo que surgiu da luta da autoridade do indivíduo (renascimento) contra a autoridade da instituição; isto aconteceu no Ocidente devido à legitimação divina do ser humano como imagem de Deus e como tal imbuído de personalidade com autoridade perante as autoridades institucionais; portanto, já não súbdito, mas sujeito.

Com a morte de Deus morre o sujeito em nós e com ele morre a personalidade, dando lugar à chegada dos deuses de um domínio de poderes anónimos a viver de ideologias ad hoc que apregoam a força do destino hoje com o nome de força da conjuntura. Neste sentido tanto a instituição como o indivíduo nas suas legítimas reivindicações não devem esquecer o velho princípio de que só se ganha dignidade na medida em que se dá dignidade aos outros.

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

DA HIPOCRISIA POLÍTICA À INCULPABILIDADE MUÇULMANA

A emboscada do terror e a armadilha da compreensão

 

António Justo

Alegadamente o islão/islamismo é uma religião pacífica e tolerante. Porém, os factos revelam-na diferente porque acontecem em conformidade com o Corão, com a lei islâmica da sharia e com o Hádice (os ditos e feitos de Maomé). 

Dizer que o terrorismo não tem nada a ver com o Islão é como, no dizer do autor e publicista Henryk M. Broder, “afirmar que o álcool não tem nada a ver com o alcoolismo”.

Mais que combater os terroristas seria lógico dosear o álcool. O álcool, em pequenas doses pode servir de terapia e até tornar a vida mais leve.

O muçulmano liberal Hamed Abdel Samad é por um “islão light”. Em termos portugueses isto corresponderia à frase de D. António Alves Martins, bispo de Viseu (1862) que dizia “a religião deve ser como o sal na comida: nem muito nem pouco, só o preciso”. Esta frase tornou-se parte da sabedoria popular portuguesa.

A diferenciação entre Islão e islamismo é uma criação oportunista do politicamente correcto ocidental. No mundo árabe não há tal distinção.

 

Imigração ao serviço da islamização

 

Lou Marinoff, professor de filosofia em Nova Iorque, adverte: “Os muçulmanos vieram para conquistar, em câmara lenta.”   A migração tem-se revelado numa tática de “invasão muçulmana” que se organiza em guetos cerrados em torno de mesquitas, como se vê por toda a Europa e como aconteceu nos territórios que hoje são Albânia e Kosovo; semelhante fenómeno não se encontra nas culturas imigradas de outras culturas. A Arábia Saudita e Qatar fomentam, com muitos milhões de euros, a construção de mesquitas nos países de tradição cristã e proíbem a construção de igrejas nos seus países; na Arábia Saudita a Bíblia é proibida: só na Alemanha quer construir 200 mesquitas, onde já existem 2.803, mas dinheiro para refugiados nos seus países não disponibilizam porque contrariaria o seu zelo de missionação da Europa. O facto de os Estados muçulmanos fomentarem a sua religião especialmente na Europa e os países seculares do Ocidente serem críticos ou até adversos ao cristianismo que lhes conferiu identidade própria, gera um grande desequilíbrio social e uma questionação radical da própria cultura em favor da estranha. Com a presença muçulmana em massa começou a surgir na sociedade ocidental a consciência do fenómeno religioso como problema, embora antes já houvesse várias religiões; confirma-se a análise sociológica de que quando a populaç1bo muçulmana atinge os 5% numa sociedade acolhedora, esta começa a ter problemas sociais que aumentam com a dilatação percentual.

A cultura árabe (Islão) é uma cultura masculina e de monocultura latifundiária

 

Na Alemanha vivem 7,8 milhões de estrangeiros e destes 4,7 milhões são muçulmanos. É um facto que os estrangeiros de outras religiões não dão nas vistas pela negativa, enquanto os muçulmanos sobressaem, muitas vezes, pela violência e pelas reivindicações. Enquanto os outros imigrantes olham para o país de acolhimento com esperança e como lugar oportuno para realização de seus desejos, os muçulmanos de véu na cabeça, veem a sociedade acolhedora, geralmente, com desprezo. H. M. Broder diz que este é um fenómeno novo na história da imigração. Isto pode-se comparar à depravada atitude dos colonizadores de outrora que entravam nos países do terceiro mundo com uma atitude de superioridade em relação ao povo-cultura-religião, e na imigração muçulmana verifica-se hoje precisamente essa atitude de superioridade em relação ao povo acolhedor. Quem se sente superior não se integra porque não se quer adaptar a algo que considera inferior.

Com a imigração muçulmana, ao contrário da de outras culturas, deu-se uma mudança radical na atmosfera social nos países de imigração, por aquela se afirmar na contraposição à acolhedora. Embora não formem uma grande percentagem na sociedade acolhedora, eles têm, na expressão social, um poder superior a qualquer outro grupo social (“Hurra, wir kapitulieren! Von der Lust am Einknicken”, Broder).

Comunidade de cultura árabe conseguem impor-se e ter mais respeito na sociedade porque são mais autoritários e duros; a sociedade comporta-se muitas vezes como as crianças; estas, geralmente quando têm pais duros, manifestam mais respeito por eles. O medo tem muito poder!

Atendendo ao caracter hegemónico e altivo do islão vigente, uma Europa aberta que sobressaía pela diversidade vê-se ameaçada pela polarização, por muito desejável que seja a pluralidade; o problema vem do facto de o islão se entender propriamente como uma monocultura latifundiária; os imigrantes muçulmanos são recebidos como pessoas, mas depois organizam-se e são percebidos como grupo na sobranceria; isso causa desorientação na sociedade maioritária habituada apenas às pequenas diferenças entre clube de futebol e de partido que tocam mais as questões de gosto do que as identidade. A Europa, que antes não se colocava o problema da sua identidade vê-se agora confrontada com ele devido ao confronto das culturas em via.

Na sua mentalidade, como religião masculina de força viril, os frequentadores das mesquitas entendem como fraqueza virtudes que sejam de caracter mais feminino (abertura, não-violência, diálogo, liberalismo, integração, compromisso, tolerância) e como tal fraqueza feminina a desprezar.

Imigração muçulmana nos interesses da esquerda radical?

 

Naturalmente não são todos assim, isto é mais próprio do islão do lenço na cabeça (Hijab), o islão da maioria e das estruturas e estratégia institucional. A agravar a questão está o facto de os mais reaccionários, em torno de mesquitas, serem os que se encontram organizados e como tal são os parceiros aceites como interlocutores da Política, da Administração e de instituições de formação pública e privada nos Estado para onde emigram.

O que torna a questão mais complicada é o facto de a imigração islâmica servir especialmente os interesses da esquerda radical europeia, interessada no caos social através da desestabilização do substracto cultural ocidental: dividir para imperar; sob o disfarce de internacionalismo é depreciado tudo o que tem a ver com identidade, consciência nacional ou consciência europeia; em contrapartida, a consciência árabe é manifesta e tornou-se indiscutível  para políticos do  mainstream e oportuna no sentido da desestabilização do sistema cristão e social democrata, objectivo que os extremos do socialismo e do capitalismo têm para que não lhes seja oferecida resistência à realização dos seus intentos; sob o manto da tolerância alheia esconde-se muita vezes o fanatismo contra as raízes da própria cultura, a ignorância e o interesse pelo dinheiro. Terroristas são, muitas vezes metidos no rol de Idealistas e como tal não são objecto de atenção séria; no máximo são analisados sob a perspectiva psicológica (não próprios para prisões, mas para instituições de assistência psicológica).

 

Criar acordos bilaterais de reciprocidade

 

A Europa para ser coerente com o comportamento islâmico teria de dar primazia ao asilo de cristãos, de etnias perseguidas e a subgrupos muçulmanos (Alevitas, Bahai, etc. ) que são vítimas do islão sunita e xiita e aceitar outros mas na medida em que não se criem conflitos permanentes; a Europa deveria exigir dos países muçulmanos reciprocidade na construção de igrejas e mesquitas; em todos os países muçulmanos, os cristãos, e grupos não islâmicos, se não são perseguidos são pelo menos discriminados.

A criação de acordos de reciprocidade a nível cultural e religioso entre os países muçulmanos e os países ocidentais provocaria maior tolerância nas populações muçulmanas; fariam também a experiência que o direito e os deveres são recíprocos, dado se moverem na sociedade acolhedora não apenas como indivíduos, mas como grupo homogéneo.

Geralmente, os muçulmanos do lenço na cabeça (Hijab), sentem-se superiores e à vontade nos países ocidentais, pois reconhecem nos Estados laicos ressentimentos contra as igrejas cristãs, e como para o muçulmano a identidade se define pela religião não confiam no Estado laico e vêm no cristianismo um sinal de decadência e fraqueza pelo seu compromisso com a modernidade e com o Estado laico; não entendem o princípio cristão de “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Não pretendem compreender a concepção cristã do homem nem o mundo secular ocidental (Estado secular) que, embora em tensão com o cristianismo, dá força legal aos valores cristãos (direitos humanos: de filhos de Deus e ao mesmo tempo pecadores) conferindo-lhes uma força exterior social e concreta na pólis de cidadãos, isto é, democratizando direitos e valores (dando consistência legal aos direitos humanos e à solidariedade com o próximo através do estado social, numa solidariedade aberta ao próximo (não entendido só sob o aspecto religioso ou cultural).

 

Multiculturalismo fomentador do gueto e impedidor do interculturalismo

 

Sob o disfarce do multiculturalismo, a esquerda radical e muita gente do mainstream apoiam o islão de véu na cabeça (Hijab), colocando os seus valores/direitos culturais acima dos valores individuais vigentes na Europa. Como se verifica por decisões de tribunais europeus, assassinos com cultura árabe, têm tido uma pena judicial muito mais leve do que cidadãos ocidentais que pratiquem o mesmo delito (o direito cultural é usado contra os direitos humanos que a nossa sociedade confessa.  Deste modo a sociedade ocidental fomenta a conversão de homens ao islão porque este favorece os homens que veem os seus instintos melhor salvaguardados pelo estatuto cultural islâmico. Neste caso interesses institucionais confundem-se com interesses culturais muçulmanos.

O multiculturalismo torna-se num tapete onde o gueto passa e a ideologia de esquerda é legitimada tornando-se até numa oportunidade e pretexto para muitos muçulmanos poderem obstar às culturas dos países acolhedores em nome da defesa do internacionalismo e da luta contra o capitalismo.

Em vez de se fomentar o interculturalismo, visitas entre familiares de muçulmanos e ocidentais, afirma-se uma atitude estática contra a interacção de culturas evitando-se uma integração respeitosa.

 

Cumplicidade das comunidades muçulmanas com o terrorismo

 

A cumplicidade das comunidades muçulmanas com a violência islâmica é manifesta, sobretudo, na sua atitude em relação aos atentados. A conivência islâmica é confirmada pelo facto dos assassínos serem frequentadores de mesquitas, fundamentarem os seus actos no Corão e o povo islâmico não os denunciar e não se organizar em manifestações de muçulmanos dirigidas por muçulmanos em protesto contra os actos de terror. Demonstrações verdadeiramente muçulmanas só houve contra as caricaturas de Maomé. Devido à pressão pública austríaca, (14.06) houve uma apresentação pública de 300 imames da Áustria que se declararam contra os atentados islâmicos em todo o mundo. De resto, exercícios na arte, de falar muito, sem dizer nada ou de desviar a bola para canto. Na Alemanha houve uma tentativa de mobilizar as massas muçulmanas contra os atentados, mas a federação das mesquitas turcas DITIB (sob influência de Erdogan) negou-se a participar na manifestação: “isso poderia legitimar a afirmação de que o islão tem a ver com o terrorismo islâmico”. Enquanto continuarem a negar a relação entre islão e terrorismo é como dizer que a droga não tem nada a ver com o drogado.

 

Surgem perguntas inquietantes sem resposta

 

Porque não há manifestações muçulmanas, a distanciar-se do terrorismo e de grupos terroristas Al-Qaida, etc., nas cidades dos atentados (Paris, Berlim, Londres, Manchester, etc.) onde vivem milhões de muçulmanos?  Porque se organizam os muçulmanos apenas para defenderem os seus direitos culturais? Porque se organizam conferências sobre tolerância para os povos acolhedores e não se organizam para os muçulmanos? Naquelas comparecem os representantes muçulmanos que aproveitam para mostrar as partes boas do islão aos não islâmicos, mas por outro lado acham natural proteger o público muçulmano de pódiums do género, não permitindo esclarecimento dentro das suas comunidades porque isso constituiria um perigo para a consistência dos guetos islâmicos que se querem ver protegidos de informação plural; sabem que, a formação e a informação dos fiéis seriam o maior perigo para o islão e um atentado contra o culto da superioridade. (Esta constatação fi-la também quando trabalhava activamente na política de estrangeiros no Estado do Hesse (Alemanha) e isto levou-me então a estudar o Islão; à medida que conhecia a sua filosofia e política fui refreando o meu empenho em sua defesa perante a sociedade alemã! Também no convívio com a sua chicaria verifiquei amargamente que Deus não é igual a Deus, religião não é igual a religião e que verdade não é igual a verdade!).

É também visível a cumplicidade da opinião pública e política que não quer saber do Corão e das fontes islâmicas que constituem o fundamento do terrorismo e da opressão da mulher, assumindo assim a mesma atitude de organizações muçulmanas: a prática da Taqīya (enganar em favor do islão) ou comportando-se como os três macacos que tapam os ouvidos, a boca e cobrem os olhos.

Porque é que as mesquitas não acabam com o conto de fadas de um paraíso cheio de donzelas para os homens-bomba que se suicidam pelo islão?

Porque se aceitam – sem exigir notas e comentários – as frases e símbolos contra a humanidade no Corão, na sharia (preceitos) e no Hádice (ditos e feitos de Maomé), enquanto nazis e cidadãos extremistas são condenados por frases menos graves? Porque é que os políticos não lêem o Corão e o Hádice para compreenderem a filosofia social e política islâmica? Só o nosso conhecimento exacto os poderá ajudar a mudar-se; doutro modo ajudamos as forças mais reacionárias a adiar o desenvolvimento civilizacional e histórico. O Islão só se mudará com a ajuda de fora e das próprias mulheres.

Qual a razão porque os refugiados islâmicos não procuram asilo também nos seus países sunitas e xiitas (Irão, Arábia Saudita, Qatar, que são tão ricos!) e preferem vir para países de cultura cristã e trazer a religião e os problemas dela com eles? Porque se agregam sob a orientação de mesquitas de islão do véu na cabeça (Hijab) e não criam mesquitas reformadoras do islão e porque combatem muçulmanos progressistas que muitas vezes têm de viver sob proteção policial para não serem atacados por outros muçulmanos?

Porque não se atrevem a dizer a verdade como faz o imã Mohamad Tawhidi (uma voz no deserto!) que, relativamente ao terrorismo islâmico, diz: “Isto acontece por causa dos livros que temos, por causa das normas islâmicas. Eles levam os jovens muçulmanos a crer: ‘se você for lá fora e matar os infiéis, então essa é a maneira como você vai chegar ao paraíso ‘”.  E continua. “tudo propagado pela espada; nós tínhamos muitas guerras; e quando vem alguém e diz: ‘os escritos islâmicos não têm nada a ver com isso…’ eu sou da opinião, isto é, contra os factos, isso não é verdade”.

Depois de cada atentado aparecem os políticos a anediar a questão dizendo que os assassinos já eram objecto de observação policial, organizam-se então algumas rusgas policiais e coloca-se o facto ad acta não se preocupando mais com o fascismo, a violência e a xenofobia que brota do Corão e se bebe nas mesquitas e na educação familiar nos guetos.

Então um ou outro imã ou funcionário muçulmano aparece a dizer que o islão é pacífico e a lamentar a acção de algum desvairado que para o caso não é propriamente muçulmano.

Não haverá resultados eficientes no combate ao terrorismo islâmico enquanto o politicamente correto estiver acima da verdade e não for reconhecida a íntima união entre islão e islamismo terrorista. Esta perspectiva não permite resultados eficientes.

 

Autopunição alemã favorece o antijudaismo

 

Devido à má consciência dos 6 milhões de judeus mortos pelo regime nazi, na Alemanha observa-se uma tendência para a autopunição; também este sentir levou Merkel, em acto de desagravo, aliado a valores cristãos, a escancarar as portas da nação aos refugiados e a obrigar os países da EU a abri-las também. Consequentemente, o antijudaismo aumenta hoje na Alemanha devido à crescente população muçulmana, como referem estatísticas.  O grutesco da situação vem do facto de a Alemanha, em desagravo pelo holocausto feito aos judeus, aumentar o antijudaismo na Alemanha com os muçulmanos.

Muitos alemães, no seu sentimento de culpa socialmente cultivado, refugiam-se, também eles, na economia como donzela virgem; a cultura, essa é posta à disposição.

Quem mais exilados produz são os regimes muçulmanos e como é natural os países de tradição cristã devem dar acolhimento ao próximo que pede asilo; porém o ponto da discórdia origina-se pelo facto de, com o próximo, vir um colectivo e deste modo o que se faz em nome da humanidade da pessoa provoca conflito entre a cultura colhedora e a nova cultura que se organiza (esperavam-se pessoas abertas e vieram muçulmanos fechados). A entrada de imigrantes revelar-se-ia num grande enriquecimento nacional se não fossem os problemas que a instituição do islão e seus funcionários traz consigo e com as suas exigências muito específicas e determinantes. Contrariamente ao que a história nos tem ensinado será de esperar que os muçulmanos no seio da sociedade se tornem parte dela.

 

A armadilha da compreensão e da autoincriminação

 

Como explicar na sociedade ocidental tanta empatia com os delinquentes extremistas e tão pouca solidariedade e empatia com as vítimas do terrorismo e com os cristãos perseguidos nos Estados muçulmanos e com o sofrimento humano? Na Alemanha há questionários problemáticos a requerentes de asilo que se dizem cristãos ou convertidos ao cristianismo, havendo protocolos de casos em que os funcionários do Estado argumentavam que se o iraniano requerente a asilo se convertesse ao islão, então não seria perseguido nos seus países. A Igreja evangélica protestou contra tal proceder que induz iranianos, ou requerentes a exilio de países anticristãos, a converterem-se ao Islão para não terem de se exilar.

A ratoeira da compreensão e da autoincriminação fomentam o caos, cria medos e sentimentos de culpa e desresponsabiliza os refugiados perante a comunidade acolhedora, fomentando assim um clima envenenado nesta, o que também não favorece os refugiados. Atendendo aos problemas que uma sociedade alemã, francesa e inglesa tem com muçulmanos exige-se uma compreensão crítica e não ingénua nem tendenciosa. “Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mt.10,16).

A guerra durará até ao momento em que se renuncie à interpretação literal do Corão e à sua exigência de superioridade hegemónica; a formação consequente e grande empenho em prol do fomento do papel da mulher muçulmana para a modernização do Islão, seria uma estratégia digna do Ocidente e ao mesmo tempo uma oportunidade para reflectir sobre a masculinidade do próprio sistema.  

Parte da sociedade sente-se traída pela classe dominante. O cidadão vota valores, mas a classe política converte-os em interesses; as ditaduras caíram para servirem uma outra economia; a democracia é esmiolada e legitima indirectamente o terrorismo para servir uma economia turbocapitalista aliada ao marxismo.

A diversidade é enriquecedora enquanto os muçulmanos não se tornarem maioria em relação aos outros, porque então procuram fazer virar a roda da história e transformar a diversidade étnica e religiosa em monocultura; até lá os outros estrangeiros passam a viver na sombra muçulmana devido aos problemas que dominam a praça pública.

Lou Marinoff, adverte: “Sejamos francos: o mundo muçulmano é um desastre economicamente, porque ainda não separou o estado da mesquita.”…

 

Terrorismo é também tática de amedrontamento

 

O terrorismo muçulmano consegue impor o medo na Europa e ao mesmo tempo motivar os políticos a elaborar leis contra a liberdade individual dos seus cidadãos. Para combater o terror não precisaríamos de uma vigilância generalizada de todos os cidadãos, como conservadores exigem. Não precisaríamos também de uma atitude pseudotolerante de ideologias que indirectamente apoiam o status quo através da compreensão que manifestam pelos terroristas, explicando/desculpando os actos dos assassinos como se estes fossem meras vítimas da pobreza e do imperialismo americano (reduzem geralmente a questão à perspectiva do imperialismo e do colonialismo, como se os outros fossem todos uns coitadinhos!). Acabam por verem o terrorismo sob a perspectiva islâmica quando o deveria ver sob o ponto de vista da paz e dos direitos humanos. Um certo sobranceirismo acomoda-se aceitando a questão como irresolvível e ao mesmo tempo vendo nos outros só vítimas e como tal sem obrigação de respeitarem a cultura que os acolhe. Nem tanto ao mar nem tanto à terra!

Para Marinoff, o terrorismo, “é apenas uma tática”. “Para que fiquemos amedrontados e tentemos acalmá-los, dando-lhes ainda mais poder. É um desastre”!

No encontro de cuturas tem-se a ver com pessoas e com instituições e estas servem-se daquelas para defenderem interesses institucionais de poder contra outras pessoas. Urge a desinstitucionalização das pessoas (+ personalização-humanização) e uma democratização de estruturas e instituições, de modo a  estas darem prioridade ao serviço da pessoa humana (membros) sem abusar da humanidade pessoal. Não é humanamente ético servir-se das pessoas para fortalecer o poderio exterior de um grupo perante outro, quando os sujeitos-objecto desses grupos são o comum das pessoas. Neste sentido deixaria de haver grego nem troiano a combter. À medida que a humanidade se fomente no homem mais secundário pode ztrornar-se o poder institucional.

A sociedade e seus multiplicadores não se podem contentar à mera necessidade de descrever, explicar ou ordenar acontecimentos numa estratégia de um mal legitimar o outro. A violência, venha de onde vier, é sempre um atentado contra a democracia e contra a ética civilizada que urge defender, com base na dignidade humana de quem acolhe e de quem é acolhido. O maior garante da paz seria a justiça, mas em nome dela se fazem guerras, tal como em nome da pessoa se afirmam os interesses das instituições à custa da personalidade individual. Apesar da violência ser um factor que obriga a História, o Islão só subsistirá se servir a pessoa.

© António da Cunha Duarte Justo

Ex-presidente do Conselho de Estrangeiros em Kassel

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