Guerra política injusta contra a Líbia


O Ocidente perde a Intervenção e quem se ri é a Liga Árabe

António Justo

A EU e a NATO já perderam a preparação estratégica para a ingerência e perderão também a intervenção na Líbia. Quem se mete com árabes apanha!

A Alemanha não tem vontade de guerrear e a França, não respeitando a USA, adiantou-se no ataque à Líbia. A Rússia, a China são contra. Os árabes reservam-se o direito de no fim se sentirem ofendidos pelo exterior. A Liga Árabe diz sim à intervenção mas segue uma táctica de, no fim, poder lavar as mãos perante a população.

Quem são aqui “os bons e os maus?”,- pergunta o jornal alemão DIE ZEIT. Quem são aqui os defensores da democracia? As tribos certamente que não e a população é formada de tribos rivais incapazes de diálogo. Na região só há população falta o povo!…

Parte da comunidade internacional quer que Kadhafi saia do país sabendo, muito embora, que se este o fizesse trairia as tribos que representa. Então continuaria  a guerra civil das tribos do Leste contra as do Oeste.

O Direito dos povos não legitima tomada de partido por um grupo ou por outro. Dum lado e doutro são civis. Aqui não se trata de salvar clientes nem cidadãos trata-se de salvar crentes; mas crentes são todos eles, dum lado e do outro, num território sem nação!…

O almirante Mullen resume a confusão da situação em que se meteram dizendo: “Não sei ao certo, como isto acabará.” Penso que acabará na divisão da Líbia!…

Bombardear não chega porque os seguidores de Kadhafi permanecerão em terra e na terra é que se decide o decorrer da guerra.

Ao Ocidente só resta o papel ridículo de ter de aguentar com os refugiados e de beneficiar os que fazem o negócio com a indústria da guerra. Os políticos europeus já sabem onde ir buscar o dinheiro para a sua tolice: à bolsa do contribuinte.

A guerra é sempre suja, por isso mesmo não pode ser legitimada com motivos nobres!

Os europeus e os americanos têm uma ordem social que corresponde às antípodas da ordem social árabe, apesar disso continuam a agir como se todo o mundo tivesse a mesma mentalidade.

O Ocidente já perdeu a guerra na Somália, no Líbano, no Iraque e no Afeganistão. A próxima a perder será a da Líbia e quem se ri no meio de tudo isto é a Liga Árabe. Ou será desta vez mais um pretexto para que os europeus esqueçam os próprios problemas e paguem mais nas bombas da gasolina?

Será que os cidadãos europeus estão chamados a ter de fornecer e pagar contingentes de soldados e de polícias para manter nações/estados que, sem estarem preparadas para tal, chegaram formalmente a sê-lo por imposição do mundo ocidental? A Europa já paga milhões para a sua presença no Kosovo!

Estudiosos da cultura árabe, sociólogos, antropólogos e teólogos já há muito que deveriam saber que islão e Democracia ocidental continuam a ser incompatíveis. A palavra liberdade e revolução podem ter sentidos contrários em biótopos diferentes!

O problema do Ocidente está em ter um coração que bate à esquerda e uma cabeça que pensa à direita! Para a guerra, além da razão, falta o consenso, a legitimação e o mandato.

António da Cunha Duarte Justo

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Nova Orientação política na Alemanha terá Consequências na Europa


Resultados das Eleições nos Estados Baden-Vurtemberga e Renânia do Palatinado

António Justo

O Tremor de terra no Japão provocou um tremor político na Alemanha: subida abrupta do partido dos Verdes e grande descida do FDP.

A lição da Catástrofe atómica no Japão deu Razão aos Verdes. Estes, ajudados pelos acontecimentos no Japão, colhem muito tendo semeado pouco. SPD (Sociais Democratas), CDU (Cristãos Democratas) e FDP (Liberais) são os perdedores das eleições, realizadas a 27.03.

O FDP, que antes era parceiro nato da CDU e por necessidade do SPD, passará a ceder o lugar de terceira força no país e de alternativa de coligação governativa aos Verdes. Estes reúnem em si valores conservadores e progressistas, defendendo um estado social equilibrado.

No Estado de Baden-Vurtemberga, a CDU (39% dos votos) que há 60 anos governava o Estado sozinha cede o lugar aos Verdes (24,2%) e ao SPD (23,1%) que, apesar de ter perdido votos, coligará com os Verdes. O FDP conseguiu ficar no parlamento com 5,3% dos votos. Os Verdes com o SPD conseguem 71 deputados enquanto CDU e FDP conseguem 67.

Na Renânia do Palatinado a CDU conseguiu melhorar a posição para 35,2% (41 deputados), os Verdes subiram subitamente para 15,4% (18 deputados) e o SPD perdeu a maioria absoluta descendo para 35% (42 deputados). Agora fará coligação com Os Verdes. Estes, que ficaram em segundo lugar depois da CDU, formarão o governo com um SPD enfraquecido. Este teve o pior resultado nos dois estados desde há dezenas de anos.

Depois da derrota no Baden-Vurtemberga, em que a função do Presidente do Estado passa da CDU para os Verdes, Merkel quer corrigir o seu curso na política atómica. Ela que há pouco tinha, com o FDP, prolongado o prazo para extinção de algumas centrais atómicas vê-se obrigada a rever a posição. De resto tem fomentado uma política externa pacífica, tem preservado o Estado social e apoiado a salvação do Euro. O governo federal, desde 2010, não tem maioria no Conselho Federal, perdendo nele agora mais um Estado. Isto significa que determinadas leis federais terão de ser aprovadas pelo dito Conselho; na prática muitas dessas leis para serem aprovadas pelo CF terão de passar e ser frisadas pela Comissão Mediadora.

A chanceler tem administrado bastante bem a nação sobretudo com a sua táctica política que chega a chatear tanto amigo como inimigo. Consegue assim reunir na sua maneira de governar uma espécie de coligação de todos os partidos, submetendo muitas das suas decisões à Comissão de Mediação (constituída por partidos do governo e da oposição) que frisa as decisões a um nível consensual, suportável para governantes e oposição. Assim a Alemanha consegue inteligentemente progredir sem convulsões internas.

Como consequência das eleições do Baden-Vurtemberga quer uma saída rápida da energia atómica. Com esta atitude a Chanceler abre perspectivas para uma próxima coligação com os Verdes em Berlim, dado os liberais (FDP) se encontrarem em queda e representarem os interesses do grande capital e este se encontrar em descrédito desde a crise financeira ocidental.

A política ecológica e das energias limpas terão novo impulso. As acções de empresas do sector subiram logo a seguir às eleições.

António da Cunha Duarte Justo

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Constituição alemã proíbe o Estado de fazer Dívidas a partir de 2020

PLEBISCITO LIMITA A DÍVIDA PÚBLICA

Constituição alemã proíbe o Estado de fazer Dívidas a partir de 2020

António Justo

Na Constituição da República Federal da Alemanha foi inscrito um parágrafo que proíbe o Estado de fazer novas dívidas a partir de 2020. A responsabilidade para com as gerações futuras exige uma limitação consequente das dívidas públicas. Estas impedem as gerações futuras de fazerem os investimentos então necessários.

No Domingo, 27.03.2011, o Estado confederado do Hesse levou a efeito um referendo para o povo se pronunciar se deveria ser incluído, na Constituição deste Estado, um parágrafo travão da dívida pública.

70% dos votantes votaram “sim” e 30% “não”. CDU, SPD, FDP e Verdes tinham feito propaganda a favor da cláusula na Constituição; só o partido “Die Linke”(A Esquerda) fazia propaganda contra prevendo que tal medida disciplinar legislativa virá a ter más consequências para o Estado social.

Hesse foi o primeiro Estado da RFA a realizar um plebiscito sobre a proibição de endividamento. O presidente do Estado do Hesse, Volker Bouffier (CDU), considera esta decisão como uma das mais importantes do ano.

Este referendo obriga o Estado do Hesse ao cumprimento do travão das dívidas mesmo que, hipoteticamente, o Tribunal Constitucional da RFA anulasse o parágrafo introduzido na Constituição da RFA, refere o jornal HNA de 28.03.2011.

A partir de 2020, o Orçamento de Estado não pode assumir novos créditos. Excepções só serão possíveis em caso de catástrofes da natureza ou duma crise financeira grave.

Segundo a União dos Contribuintes, Hesse, com uma população pouco superior a seis milhões de habitantes, atingirá os 40 mil milhões de Euros de dívidas, no Verão. Devido aos juros, a dívida aumenta 71 euros por cada segundo que passa.

Com a proibição por lei de fazer dívidas, os partidos reconhecem a sua incapacidade política de fazerem o que deveriam fazer, isto é, governar com um orçamento equilibrado como faz a boa dona de casa. Com esta limitação constitucional, os partidos passam a ter um argumento válido para pouparem e não se preocuparem apenas com medidas tendentes a facilitarem a sua reeleição depois de cada legislatura! Esta é uma medida tendente a disciplinar a política partidária!

A situação financeira de grande parte dos países, a nível europeu e mundial, é tão grave que gerações futuras teriam de trabalhar quase só para pagarem os juros e as dívidas públicas dos seus Estados.

Esta situação terá, como consequência certa, a falência de Estados e uma reforma da moeda. Num tempo em que parte da consciência humana já não vê na guerra a solução para os problemas, terá que surgir, em vez dela uma desvalorização total da moeda para que os Estados possam começar de novo.

A Alemanha dá assim o exemplo ao mundo no sentido de se autodisciplinar e de assumir responsabilidade concreta.

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com


Diagnóstico de pré-implantação – PID


Bebés Proveta

António da Cunha Duarte Justo

Na diagnose de pré-implantação (PID), os embriões gerados em proveta, são submetidos a análise de possíveis defeitos ou doenças, antes de serem implantados no seio materno. O Parlamento alemão votará em Junho nova legislação sobre Diagnóstico de pré-implantação (PID). A proibição da PID foi anulada pelo Tribunal Federal Alemão, porque a “lei de protecção ao embrião” no útero é omissa no que se refere à PID. Por isso tem de ser criada uma lei que regule a PID. O assunto não é fácil de resolver atendendo à sensibilidade social e constitucional alemã.

Ângela Merkel (Chanceler), com o seu não à PID, fortaleceu o debate na Alemanha sobre a protecção da vida ainda não nascida. A Chanceler quer que, na votação parlamentar, seja suspensa a disciplina das fracções (abuso partidário em relação aos seus deputados que os obriga a votar segundo a disposição do partido) para poderem votar segundo a própria consciência.

Tanto nas fileiras do Governo como nos partidos da Oposição se encontram muitas vozes contra a PID, com excepção do partido FDP. As frontes, pró e contra a selecção de embriões, encontram-se quase em termos de igualdade e atravessam todos os partidos do parlamento.

O parlamento alemão irá discutir, no dia 17 de Março, o tema do teste genético em embriões. A decisão parlamentar está prevista para Junho. O projecto-lei em discussão prevê três posições: pela proibição da PID sem excepções, por uma proibição com poucas excepções e por uma permissão limitada.

O Conselho de Ética (1) alemão não é unânime na recomendação a fazer sobre o tema. Propriamente, metade é a favor duma permissão limitada da PID e a outra metade é contra a PID.

Sob o aspecto ético não se decide aqui entre bem e mal mas sobre duas posições más. Neste caso entra-se em direito casuístico.

Na discussão teológica encontram-se representadas as diferentes posições. A posição liberal defende que Deus ao dar a liberdade ao Homem lhe concedeu automaticamente o direito à decisão. Penso porém que, as possibilidades humanas e o seu desenvolvimento tecnológico se encontram incomparavelmente mais desenvolvido do que a consciência humana. A vida humana passa a ser determinada por alguma das suas características indesejadas. O ser humano declara-se em senhor da vida e desqualifica os aleijados. Por outro lado pares com doenças hereditárias ver-se-iam obrigados a renunciar a ter filhos.

De facto, os testes com embriões estão ao serviço da “selecção”. É decidido sobre valor ou não valor da vida. Não responde à questão dos critérios de valores para decidir sobre o viver ou não viver dum embrião.

Dos embriões à disposição (PID), deixam-se morrer os que apresentem defeitos genéticos implantando no seio da mulher o embrião escolhido. Na Bélgica já é permitida, assim, a escolha de sexo. A medicina da reprodução espera, com a liberalização da lei, fazer grande negócio. A concorrência comercial é também um argumento da discussão na Alemanha. Além disso, quer-se a garantia de que uma criança nasça sem doenças nem incapacidades.

A oposição da Igreja católica é óbvia atendendo que a vida precise de alguém que a defenda e não passe a depender dos interesses dum partido que surja. Nenhuma pessoa deve predeterminar sobre o que é digno ou indigno de viver. Tal como o Papa, a Constituição alemã tomam partido pela vida. A lei procura estabelecer compromissos entre o ideal e a realidade. Coisa semelhante acontece, por vezes entre o que o Papa defende e o que a pastoral na prática concreta faz. Uma questão para especialistas em casuística!

A Constituição alemã integrou nela os valores cristãos proibindo assim a utilização do ser humano como meio ou objecto para um determinado fim. A dignidade humana ganha assim protecção não só religiosa mas também constitucional. O Homem não tem o direito de dispor da vida humana. Na fecundação (união do óvulo com o esperma) cria-se algo de novo que contem o princípio e o fim em si.

António da Cunha Duarte Justo

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(1) O Conselho de Ética é um grémio de peritos formado por 26 membros para aconselharem o Governo e o Parlamento em questões de vida e de morte. Trata-se de cientistas especialistas em assuntos das ciências naturais, medicina, teologia, filosofia, ética, sociedade, economia e direito. Ele colabora com outros grémios e promove a discussão social (dapd).

O Presidente da República lê os levíticos à Nação


Um Portugal cívico sem Lugar para o Portugal da Excepção

António da Cunha Duarte Justo

Desiludido de políticos e politiquices, tecidas nos meandros dum sistema republicano estrangeirado, Cavaco Silva, no dia da sua tomadade posse como presidente, dirige-se ao povo dizendo: “É necessário um sobressalto cívico que faça despertar os portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte”. Portugal terá de se libertar dos grupos do amiguismo secreto e dum partidarismo autoritário boçal de interesses anónimos. Isto tem fomentado a partidocracia contra a democracia.

A Assembleia Nacional tornou-se cada vez mais numa instituição dos partidos à margem da nação. A administração estatal portuguesa, saneada aquando do 25 de Abril, encontra-se, também ela, infiltrada por membros, especialmente, dos partidos da esquerda.

As revoluções feitas até agora em Portugal fracassaram, porque foram feitas por mercenários eivados de ideologias sem uma incardinação no povo nem na nação. Revoluções arquitectadas por meninos-bem que elaboravam a governação do povo com ideias plagiadas primeiramente na França e na Inglaterra e depois na União Soviética, e viverem do encosto às províncias ultramarinas ou à União Europeia.

O Presidente declara com honestidade e franqueza que já não tem para onde se virar, não tendo outro recurso que não seja apelar ao povo. Este terá de fazer a revolução, revolucionando-se de forma a o seu civismo não tolerar mais o parasitismo em torno do Estado. Este atafega Portugal. Terá de deixar de ser lacaio de políticos para assumir a consciência de cidadão.

Enquanto a República não for saneada dos mercenários não terá solução

Este discurso poderia ser aproveitado por intelectuais, políticos sérios e empresários para reverem a nação e a restaurarem a partir de dentro. Com quem se não pode contar é com a maioria dos seus políticos instalados e seus boys. Estes farão a contra-revolução, a menos que as camadas jovens dos partidos se levantem para, do seu canto, servirem a nação.

Cavaco Silva concretiza a sua experiência política: “Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático “. Por isso mesmo torna-se óbvio reciclar a política e os políticos portugueses habituados a fazer um discurso populista abusador dos portugueses.

Uma república que nasceu a viver do sonho foi atraiçoada pelos revolucionários (os beneméritos da revolução e seus boys) e enquanto o povo sonhava, aqueles apoderaram-se do Estado deixando a miséria na rua.

O amiguismo vive bem dum Portugal de excepção, dum Portugal da cunha e do exibicionismo.

Há muita gente que em gesto típico desabafa: “é tempo de ir para a rua”. Mas, para a rua de quem!…

Hoje até aqueles que gostavam de matar desejos ao dar a sua volta, pelas montras, começam a sentir o medo, o medo duma rua cada vez mais sombria e perigosa.

Com a palestra de Cavaco Silva os partidos atirarão alguns tiros para o ar e tudo continuará, à maneira árabe, cada vez mais na mesma. O povo, habituado a andar atrás da política Pai Natal, limitar-se-á a resmungar. Não exige nem faz. Deixa a corrupção dos mercenários continuar!

Portugal não tem solução enquanto os parasitas encostados à república forem suportados. O socialismo português dá continuidade ao espírito mafioso aprendido nas lojas e no proselitismo napoleónico que dividiu Portugal, fazendo dele um país oportuno para oportunistas sérios.

Se queremos chegar às raízes do mal das nossas elites, as universidades terão de fazer um estudo acerca do parasitismo partidário na República portuguesa e os seus pré-anúncios do séc. XIX.

Doutro modo, apesar da admoestação de Cavaco Silva, Portugal continuará “uma república de bananas governada por sacanas”.

António da Cunha Duarte Justo

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