O FESTIVAL EUROPEU DA CANÇÃO – EXPRESSÃO DA DECADÊNCIA EUROPEIA

Numa altura em que a cultura europeia se encontra numa atmosfera de pôr de sol o Grand Prix aplana o caminho para a vulgaridade, por todo o lado em marcha. Fantástico em efeitos de vista, a bel-prazer! Domina a caça ao efeito e o crer-se mostrar. Quer-se um mundo virtual!…
No meio de tanta luz até as sombras de anões resplandecem e encandeiam. O triunfo do grupo da Finlândia dum Retro-band medíocre é mais um passo na história do concurso europeu.
Com a entrada da Europa do leste para o Festival da Canção, começou por dominar o carácter machista de estímulos primários com a introdução de cantoras alérgicas a tecidos, com seios avantajados e o paliativo rítmico da ginástica desportiva. Agora acrescenta-se o factor choque.
Conteúdos são prescindíveis: subjacente está uma filosofia que quer pessoas sem carácter e a construção dum povo cada vez mais arraia-miúda. (O grave em tudo isto é que no carrossel da política e do poder decadente não há lugar para a classe média, para o realismo; só se quer a sapata e alguns gambozinos com a pretensão de serem eles as estrelas). Tornou-se tudo permutável não se notando mais a cor local, o talento, o característico da canção. É esta a Europa que se quer propagar, uma Europa popular sem aspirações, sem elites, acultural; uma Europa ao nível da arraia-miúda. Elites são toleradas desde que defensoras do banal, dos Boys ou do “pimba”.
Não se trata de ter saudade dos festivais do século XX. O que está em causa é a redução do festival a mero espectáculo visual acompanhado de orgias musicais sem especificidade, a bel-prazer.

António da Cunha Duarte Justo
a.c.justo@t-online.de

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A Hora dos Cangalheiros – Ensino de Português no Estrangeiro

Os Professores da Área Consular de Frankfurt
C/o António da Cunha Duarte Justo
Rhönstr. 56
D – 34134 Kassel, Alemanha
Tel: 0049 561 407783 23.05.2006

Comunicado à Imprensa

Ensino de Português no Estrangeiro – Ante-Projecto do novo Regime Jurídico do EPE – A Hora dos Cangalheiros

Os professores de Português da Área Consular de Francoforte manifestam a sua preocupação com a situação precária e caótica do EPE a partir de 1998 e constatam que o presente Ante-Projecto ainda a vem acentuar. Este pretende configurar o EPE de modo a poder incorporá-lo no Instituto Camões. O Camões não está preparado nem é compatível com um EPE sério e transparente que sirva os alunos reais que há, os interesses dos emigrantes e uma política de língua consciente.

Antes de se proceder à mudança do EPE do ME (GAERI) para o MNE (Camões) deveria proceder-se à reestruturação do Instituto Camões na linha do Instituto Cervantes da Espanha e do Goethe Institut da Alemanha. O MNE com o Instituto Camões está vocacionado para a promoção da língua e da cultura enquanto que o ME com o EPE estava (pelo menos até 1998!) vocacionado para o ensino da língua e cultura portuguesas. Se o MNE com o Instituto Camões está interessado apenas na integração do ensino de português nos currículos estrangeiros onde este passe a constar como 2ª, 3ª língua estrangeira, como curso de opção ou como curso bilingue, os emigrantes e os professores lutam pela integração dos filhos e dos alunos no sistema concreto e não apenas por um discurso de império desaferido que se contenta com a declaração de intenções sejam elas embora as mais nobres, tal como a integração do ensino de português nos currículos estrangeiros.

Nem o Camões, tal como existe, está preparado para assumir o EPE nem o Ante-Projecto reflecte um conceito interministerial bem ponderado. Para se resolverem problemas não é suficiente, como no passado fazer-se a transferência da tutela duma repartição para outra, a nível de administração. Se de facto fosse séria a intenção de integrarem não só o ensino mas também os alunos portugueses então teriam de, pelo menos, triplicar o envio de professores para o estrangeiro e não com um estatuto deficitário como pretendem para a globalidade docente. Agora os alunos deslocam-se, de 10 até 20 escolas e num raio de 30 kms, a uma escola central onde têm aulas, doutro modo não seria possível quorum para as mesmas.

No Ante-Projecto está subjacente a ideia do Estrangeiro como reserva nacional para professores desempregados que se querem assalariados, como era costume antes do 25 de Abril nos montes alentejanos, mas com a salvaguarda de lugares para os Boys dos partidos e compadrio na burocracia e nalguns lugares privilegiados. Está patente a desresponsabilização pelas pessoas e pelo ensino. A nível de estrutura cria-se um regime de subempreitadas anónimas à imagem da exploração de trabalhadores emigrantes nas obras. Portugal dá a impressão de só querer emigrantes para alguns poderem viver irresponsavelmente deles. Possibilita a vinculação dos professores anualmente mas apenas até três anos, como é prática muitas vezes no Camões a nível de leitores (às vezes até com o estatuto de bolseiros).

É sintomático o facto de o documento dedicar tanto espaço ao pessoal administrativo e estar tão preocupado com o estatuto especial (regalias e abonos) dos seus funcionários administrativos ignorando o ensino e o docente. O ME e o MNE dão-se ao luxo de suportarem um quadro de pessoal bem pago na administração mas não aceita responsabilizar-se por um contingente de professores no activo.

Não integram as comissões de pais na estrutura escolar mas apresentam, como um dos três critérios de avaliação dos professores, as informações de encarregados de educação sobre professores à subtutela (embaixada ou consulado). Será que o espírito do 25 de Abril ainda não chegou aos ministérios nem à administração? Os professores não menosprezam de modo algum o papel importante dos representantes dos pais (Comissões), insistem, no entanto, numa avaliação transparente feita por profissionais competentes. Apesar duma administração tão pesada os docentes e os cursos não têm qualquer apoio por parte da estrutura.

Na definição das funções do Coordenador e dos seus adjuntos tem-se a impressão de que estes não têm nada a ver com os professores.

Poder-se-ia perguntar: Porque não se aplica à administração a mesma filosofia e a prática da rotação que se exige do professorado? Porque são concedidos os postos burocráticos por nomeação e não por concurso?Que credibilidade oferece o Governo, o Estado?

O Ante-Projecto do novo Regime Jurídico e respectivo Decreto-Lei deixa a porta aberta para a institucionalização e legitimação da arbitrariedade administrativa sob uma capa democrática.

Por um lado os professores são obrigados a perder o vínculo, por outro lado empregam-nos por mais três anos num escalão baixo trazendo isto consequências graves para a reforma.

Consideramos prioritária a resolução dos problemas criados aos professores desde 1998 que até aí estavam vinculados a Portugal e a leccionar em áreas de administração alemã. Há professores de português na Alemanha a ganharem 1500 – 200 Euros mensais com um horário semanal de 28 / 30 tempos lectivos. Em Portugal ganhariam mais. Porque se não cumpre a directiva europeia 77/486/EWG que compromete bilateralmente os estados na responsabilidade do ensino? O Ante-projecto só suporta professores assalariados e apenas por três anos consecutivos para não ser obrigado a vinculá-los.

O ano escolar começa em Agosto-Setembro. A publicação tardia do Projecto do novo Regime Jurídico, apresentado à discussão apenas no dia 11 e 12 de Maio só poderá ter como consequência o adiamento do concurso por mais um ano aos professores em exercício.

Pelos Professores

António da Cunha Duarte Justo

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Futebol um Símbolo, uma Força, uma Oportunidade…

Refugiados da vida entram no relvado
O campeonato do Mundo na Alemanha atrairá 3 milhões de visitantes a 64 jogos entre as 32 nações participantes. O resto fica atado aos ecrãs da TV, à Rádio e aos jornais.
Como na religião também no futebol há fiéis, devotos, fanáticos, indiferentes e também os heréticos, os agnósticos, e mesmo os ateus da bola. Não faltam também os comerciantes de artigos devocionais e os padres que se preocupam com a consciência da nação.
Como na igreja, a alma do futebol une as gerações e as camadas sociais; pequenos e grandes sentem-se unidos por uma força misteriosa; aí a alma liberta-se e quando há golos acontece mesmo salvação.
De facto, o futebol como protótipo e simulação da vida mostra-nos como se vive, como se domina e como se vence. As regras são claras e os limites também. Nesta liturgia social dá-se a presencialização autêntica da realidade da arena. No jogo o homem realiza-se, chegando a vivência do acontecimento a transcender a própria realidade: sem consequências práticas satisfaz os mais profundos instintos. A pura esperança de que algo aconteça, de que aconteça o melhor, transporta a comunidade futebolística para uma dimensão dum real sem verdades complicadas. Futebol torna-se simplesmente o ponto de encontro de todas as esperanças, a potência em si. Neste potencial circula também a seiva social do não estar só, a comunhão!
No Estádio, ou no ecrã, longe das peias e dos muros da sociedade, num campo neutro e verde à volta duma bola prenhe, vazia de sentido e de significações complicadoras, reúne-se a comunidade universal que irmanada reza, chora, rejubila e grita, projectando de coração inocente e puro, a acção e o sentido que os jogadores realizam. Neste estádio não há moralismos nem verdades partidárias; reina o sentimento, a afectividade global. Nesta festa da vida só parece haver uma sombra: o árbitro (que os preços dos bilhetes e os ordenados escandalosos são para se considerarem com humor! Os preços altos dos bilhetes até servem para os políticos justificarem o aumento dos impostos: quem, não sendo rico, tem tanto dinheiro para ir à festa também pode dispensar algum para o desgoverno estatal!). Para o adepto, ao declinar do próprio sentido, já não conta a identidade, chega apenas a identificação: mais que uma sublimação, uma espécie de sacerdócio. Este, espantado da vida, refugia-se no relvado verde por 90 minutos e, depois da cerimónia real do estádio, passa ao jogo do dia a dia em que as ruínas duma sociedade cada vez se tornam mais presentes e a ânsia por um novo dia mais óbvia. As nuvens da semana são dissipadas pelo sol do fim-de-semana. Sonho e realidade, dois pólos da mesma ilusão! A desobriga de fim-de-semana nos estádios e televisões pode muito… Ela alivia e liberta a nação do povo e o povo da nação!
O jogo de futebol é um reflexo da nossa vida resumida em 90 minutos. É um jogo verdadeiro em que se joga em nome de regras mas em que estas são continuamente infringidas. Como na vida há bons e maus e o jogo é aberto: não se sabe quem ganha; certamente o melhor! A fé na vitória cimenta e dá consistência. Não faltam a dramaturgia, o sucesso, a derrota, o sofrimento, o gozo, as lágrimas nem tão-pouco as preces e urras além dum Happy End. Na vitória abraçam-se estranhos, na derrota consolam-se também. Lágrimas de sofrimento e de alegria, o subterrâneo da vida aflora. A solidariedade levanta as mãos. É uma celebração que aproxima, que liberta de complexos, de etiquetas e de todos os cabrestos sociais.
Nesta liga em vez de santos há heróis. Como numa comunidade religiosa também já se nasce portista ou benfiquista. O clube é a paróquia onde se é iniciado. Procissões e romarias estão na ordem do dia. Quando o ambiente o pede também se dão conversões. Expressões de simpatia por um outro clube podem levar à excomunhão. O futebol além dalgumas mazelas também tem as suas virtudes, tais como: persistência, autodisciplina, força de vontade, espírito de grupo, inteligência, solidariedade, etc.
No altar da televisão, o lembrar e reviver com devoção os actos litúrgicos dos jogos e estrelas do passado fazem parte da magia da celebração. No recordar comum de actos heróicos contra os excluídos, os leprosos da hora, irmanam-se povos. Supera-se a dicotomia de gerações e até já de sexos! Diria mesmo, se não fosse a carência do espírito seria a melhor religião porque sintetizaria o sagrado e o profano!
No estádio, acólitos, vestidos à maneira, com bandeiras e amplificadores, não faltando o coro, criam a atmosfera necessária para o acto. Ali, em campo, haverá o julgamento final em que a comunidade dos justos vencerá sobre a dos injustos. À entrada dos oficiantes entoa-se o hino, os hinos que dão transcendência ao acto litúrgico, à celebração do nós, da nação, do clube. Depois da liturgia do ofertório seguem-se as expressões da comunidade, e também os pedidos dos fiéis nos momentos de dor e penitência. Por fim é a hora dos comentadores e dos contabilistas.
Na Alemanha a política e a economia predispuseram 20 milhões de euros para que a imagem alemã brilhe. Se Portugal no “Europeu” queria fazer passar a imagem dum Portugal como jardim à beira mar plantado, a Alemanha pretende estar na ribalta do “Mundial” como o jardim das ideias. Com o futebol o mundo lá fora deve admirar a nação com a sua fatiota domingueira e o povo dentro das muralhas da nação deve esquecer tristezas e despertar para as riquezas nele adormecidas.
Se há muita coisa boa no futebol também há muita coisa a questionar. O significado do futebol, o seu financiamento ou apoio pelo Estado. Se por um lado se investem milhões em estádios com relvados magníficos, por outro alargam-se as relvas onde se lê: proibido pisara relva! Onde estão os lugares para as crianças brincarem ao lado das casas? As crianças são relegadas para o rectângulo do computador.
Em futebol tudo parece ser equacionado sob o molde dum divertimento anestesiador do presente. O que importa é conversa e fazer conversar, não importa o quê. À volta disto vive a política, a economia, os Media, a alma do povo. Enfim, um conversar sobre terceiros em que o eu e o nós são envolvidos e atados num nó cada vez mais cego à volta do Futebol. Este torna-se num Show encenado onde o sócio funciona como cenário, como alimento das câmaras de TV, para criar autenticidade nos estúdios. O jogo de Futebol como tal deixou de ser o centro das atenções para passar a ser compreendido como fenómeno político-social.
(Alguns leitores quererão saber qual a minha filiação futebolística. Sim, também eu sou mortal e portanto adepto dum clube: sou adepto do clube que perde. Melhor, para ser redondo como a bola e universal como o mundo, sou adepto de todos, dos que perdem e dos que ganham, dos masculinos e dos femininos, dos bons e dos maus!)
Como fenómeno universal, o futebol tem uma relevância mundial. Nos clubes há vedetas de todo o mundo. Tem grande potencial inter-cultural a caminho dum universalismo sadio. Só falta encher a bola de conteúdos mais integrais na construção dum mundo menos dialéctico e dualista do “ou… ou” para passarmos para uma consciência integral do “não só… mas também”….

António da Cunha Duarte Justo
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MODELO DE ENSINO FALHADO NUM PAÍS À DISPOSIÇÃO

As Escolas Espelho da Nação
O Ensino está cronicamente doente em Portugal. Este doente crónico reflecte o estado das elites que temos, por ele preparadas! Um ciclo vicioso!
Uma política pedante incapaz de trabalho sério a nível de concepção, de remodelação, de programação, de estratégias e de empenho limita-se a estar presente na praça, de maneira desqualificada. Como é já tradição, o Ministério da Educação vai regularmente distraindo o povo apenas com ruídos polémicos provenientes do “tronco”. O último, no novo projecto do estatuto da carreira docente, é do seguinte teor: “Cada encarregado de educação individualmente vai fazer uma avaliação do trabalho dos professores que dão aulas aos seus filhos…”. A apreciação dos pais será depois tida em conta, na subida de escalão dos docentes. O novo estatuto deve entrar em vigor a partir do dia 1 de Janeiro de 2007. Políticos de quarta classe, na impossibilidade de conceberem e agirem, delegam nos pais a própria fraqueza, de que todos somos vítimas. Procede-se à desqualificação da formação dos professores pela qual o estado é responsável.
Em teoria, esta legislação seria óbvia e viável se o povo se encontrasse já num estado de desenvolvimento superior ao dos nossos próprios governantes.
A ingenuidade, o oportunismo e a fraqueza política, manifestas no presente projecto, só podem conduzir a situações caóticas: aos alunos é atribuído um papel de testemunhas absolutas, in causa propria, nos pretensos falhanços dos professores. Um malentendido e uma agressão dum aluno contra o professor chega para movimentar pais, a não ser que se dê, também a estes, o direito – dever de irem assistir às aulas…
Torna-se evidente uma contradição absoluta no nosso sistema democrático partidário: políticos, representantes duma democracia representativa cada vez mais alérgica ao povo, querem, irresponsavelmente, impor elementos de democracia directa aos outros… Ou será que quererão sorrateiramente fortalecer o poder de intervenção das suas estruturas partidárias a nível local? Ou querem apenas impor “justiça popular” aos outros quando para eles se reservam “a de Castela”. Talvez apenas o jogo do rato e do gato!

Continua a ser noite em Portugal!…
Uma certa ideologia socialista errada procurou, por todo o lado, desmiolar o ensino e desautorizar o professorado para criar sistematicamente a rebaldaria e para à sombra das ruínas melhor poder esconder a sua incompetência e implementar uma imagem de “sociedade à la carte”. Para isso apoderaram-se do ensino e da administração. Em pleno dia, à sombra dos ministérios, as cigarras continuam a viver e a cantar à custa das formigas. Apesar da sua longa sesta, a nação dá-se ao luxo de não acordar!
Os anónimos do poder, sem conceitos nem responsabilidade pelo bem comum deitam tudo abaixo destruindo uma sociedade organicamente estruturada, que se encontra doente devido a intervenções ininterruptas meramente ideológicas e ocasionais. A sua oportunidade é a rua e a sua mais valia está na cópia de ideias peregrinas já ultrapassadas mas para eles imunes por terem sido lidas algures no estrangeiro. Assim destroem uma nação e abusam dum povo a quem quebraram a espinha dorsal depois de tantas épocas de preponderância e de irresponsabilidade. Em vez de meterem mãos à obra duma restauração, ainda por fazer, e que para ser séria terá de começar por eles, atiram areia para os olhos do povo que querem sem alma, à sua imagem e semelhança. Em tempos de crise chega destruir sistematicamente a autoridade, neste caso a dos professores.
A melhor prova de que a nossa escola precisa duma reforma profunda é o facto de produzir responsáveis assim. Estes delegam o saber e a responsabilidade na rua mas o poder querem-no só para eles.
Esta medida desautoriza as comissões de pais já existentes bem como as organizações de alunos nos diferentes grémios escolares. Porque não reformam todo o sistema e não fortificam estes grémios em vez de esconderem a incompetência por detrás de novos remendos?
Querem apenas um sistema de automatismos que prescinda da pessoa. Querem uma formação para o anonimato e para a docilidade para com um estado partidário dum povo reduzido a votante ocasional. Para isso bane-se da escola o esforço, a autoridade, a responsabilidade. Pretende-se fazer da escola um “sistema social”, um estado de graça. Também os professores para não serem incomodados deverão distribuir mediocridade, oferecer boas notas na defesa da sua nota!…
O ensino público cada vez está mais deteriorado apesar do excesso duma formação – indoutrinação contínua sub-reptícia de professores através da intervenção ministerial – partidária com formadores à maneira em equipas de disposição administrativa ou partidária também no sentido de aproveitar verbas – desperdício da União Europeia. Haja formação e avaliação de professores mas com regras bem definidas e transparentes, com objectividade e com rigor.

Ontem “em nome da nação” hoje “em nome da democracia”! Um equívoco?…
A escola e a política mudam-se ao sabor dos tempos e das vontades! Hoje, o povo porém, embora com mais tempo a aquecer os bancos da escola, e um pouco de mais sopa e pão, está cada vez mais na mesma!… Nos outros tempos a escola do Estado Novo era mais científica, mais exigente. Era naturalmente mais selectiva e mais repressiva, preocupava-se sobretudo com os resultados, com “os melhores”. O seu carácter científico e selectivo criava espíritos mais livres e independentes, mas em serviço!… Hoje a escola é mais social, nivela o ensino pelas bases, sem tanta exigência cria mais adaptados. A submissão deu lugar a subordinação. As elites que antigamente governavam o povo partiam dum povo dócil sem grandes exigências: eram prisioneiras de si mesmas. A concorrência dava-se sobretudo a nível científico, no meio académico, nas camadas média e privilegiada. As melhores cabeças da camada operária tinham apenas a oportunidade de subir através da Igreja. À frente do estado e da sociedade estavam consequentemente “os melhores” da respectiva classe.
A democracia partidária inverteu os termos a nível de estratégias. Mas manteve os princípios semelhantes a nível de cúpulas: servir-se do Estado! Agora é a hora da construção dum estado partidário, pior ainda dum povo partidário! O que antes estava reservado a poucos passa agora, pelo menos teoricamente, a estar à disposição de todas as classes sócio-económicas. Um erro na mudança do sistema foi prescindir-se da qualidade. Massificou-se o ensino, socializando-o pelo princípio do menor esforço das bases. Se antigamente o acesso aos bons lugares era efectuado através da burguesia instalada, hoje é efectuada através dos partidos e correligionários instalados na administração e em lugares reservados. Se no tempo de Salazar os privilegiados eram chamados a ocupar postos “em nome do bem da nação”, hoje são nomeados politicamente “em nome da democracia”. Se antigamente a disciplina escolar dava à burguesia capacidade de acesso às cúpulas, o serviço militar era a escola da nação para o povo simples… hoje a liberdade de opinião confere a alguns o acesso às cúpulas e a propaganda partidária possibilita o acesso àa uma verdade para o povo. Se antigamente a escola era caracterizada pela disciplina e pela selecção conduzindo ao conformismo, e à satisfação dum lugar ao sol, hoje a escola é mais libertina e social levando mais ao oportunismo, à frustração, ao desrespeito, à revolta e também a um lugar ao sol. Será que só as moscas é que mudam?!

Ontem os afilhados hoje os filiados!
Com o 25 de Abril entrou-se no experimentalismo, no provisório duma sociedade cobaia sempre na procura de novas teorias e oportunismos. A verdade não existe nem acontece, conquista-se!…
A escola sem meios, deve sarar as doenças que a sociedade laxista e a política irresponsável criam: tudo menos escola na escola.
Os professores devem ser tudo: pais, criados, psicólogos, assistentes sociais, tudo menos professores! Sim porque a sociedade está doente! A escola como panaceia para as doenças da sociedade continua a fixar fatalmente o pobre à pobreza e a impedir a criação duma nova consciência.
Parece que se quer um Estado cada vez mais partido, mas auto-suficiente que pretende um povo súbdito conformista e adaptado à verdade ideológica e ao seu oportuno aparelho administrativo; um estado patrão que faz do povo quintal cobaia, dos pais progenitores e da família rival. Se os de antes queriam o Estado Novo, os de hoje pretendem o Novo Estado! Ontem os afilhados hoje os filiados!
A classe dos professores embora socialmente relevante quer-se desprezada e molusca à disposição política.
Para que competências quer o sistema de educação que se eduque? Não parece estar interessado em preparar para a vida e para a autonomia nem que os alunos aprendam a saber pensar e fazer. Também os representantes da nossa democracia parecem estar só interessados em formar ovelhas e não pastores. Quanto aos desamparados querem-se remediados mas pobres de espírito!
Quando surge o 25 de Abril para todos? Para que o futuro do Povo português não continue a ser adiado de geração em geração, é preciso uma nova consciência e uma nova ideia de homem e de sociedade!

António da Cunha Duarte Justo

António da Cunha Duarte Justo
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„Me cago en Dios“

Uma prática na estratégia materialista e racionalista

A peça que se exibe no teatro da Comuna em Lisboa com o título “me cago en Dios”,da autoria do espanhol Íñigo Ramírez de Haro, é mais um dos gritos dum socialismo barato em que aposta muita gente “inocente”! Na Espanha a obra, representada no teatro Alfil foi retirada antes do tempo por falta de público. O escândalo sozinho não chega para tornar uma obra, obra de arte ou para garantir a afluência de público.
O autor da peça argumenta que a sua “intenção não era ofender mas sim mostrar uma experiência autobiográfica” na esperança que o governo de Zapatero converta a religião católica em “um grupo privado”.
Os acólitos do materialismo e do racionalismo da rede lobiista da União Europeia logo se apressaram a implementar aquela obra em Portugal, país bastante fácil para tais iniciativas. São patrocinadores desta peça: o Ministério da Cultura, o Centro Cultural de Belém, o Instituto das Artes, Embaixada de Espanha, Câmara Municipal de Lisboa, a Fábrica Valadares e o Teatro da Comuna. O apoio de instituições estatais, com dinheiros públicos, é a melhor prova que os “camaradas” e os “irmãos” têm para mostrarem aos seus correligionários na União Europeia a sua inserção e eficiência nas instituições portuguesas além do seu dever cumprido. A União Europeia tornou-se a melhor ribalta para as suas campanhas. As campanhas contra uma sociedade de tradição judaico-cristão em favor dum materialismo rasteiro e dum racionalismo contraditório.
Por todo o lado e de modo especial nos areais político-administrativos se organizam as lobies que em acções coordenadas fomentam iniciativas e campanhas conotadas. Tal como o sistema desumano fascista de Hitler também eles, sob a capa de defesa da classe operária, e do “social-socialismo” procuram apagar Deus da história para o substituir pela adoração do seu próprio poder, da sua auto-suficiência, da ideologia. Querem um povo nu e sem espinha dorsal… anónimo, desprecavido e aberto a qualquer asneira ou carapetao.
Sob a máscara ideológica do niilismo e o escudo da própria fé ideológica, ridicularizam a fé dos outros em nome da própria ideologia. Procuram desacreditar tudo o que cheire a religião cristã para melhor imporem a sua ordem das coisas aos outros. Fomentam uma cultura da terra queimada. São contra a cultura civil tradicional e apostam na deseducação e na ocupação das instâncias da sociedade civil para, a partir daí, ferirem sentimentos e oferecerem a provocação.
Em nome da sua verdade combatem uma verdade de que são filhos. Combatem os próprios erros nos erros da mãe que querem pecadora para acusarem…
Querem a todo o custo impor uma sociedade laica totalitária, à imagem do Islão que por sua vez impõe uma sociedade religiosa totalitária. Azedos, alérgicos ao pluralismo das sociedades de cunho cristão, difamam e organizam campanhas de desinformação sobre a Igreja Católica. Desconhecem a doutrina social da igreja que defende o respeito pela liberdade ideológica. Naturalmente que também a Igreja Católica não está ilibada de erros. Dela, porém, só conhecem os erros e o passado menos cristão querendo-a refém e tornando o seu presente cativo do passado.
O autor espanhol da peça e seus correligionários, querem legitimar a sua fé niilista, escarnecendo da fé dos outros. Tudo em nome duma razão absolutista que se fica pela alternativa dualista presunçosa que só conhece tese e antítese. O seu programa é substituir a fé por uma ideologia.
Portugal ao sabor dos ventos de Espanha
Incapazes de interferirem positivamente na política e na sociedade limitam-se a aquecer as mãos dum intelecto frio no rescaldo da agressão religiosa.
É sintomático o facto dos instalados nas várias instituições estatais logo correrem a apoiar os maus ventos de Espanha no sentido de também eles se manterem solidários com o socialismo-racionalista europeu e na estratégia de desqualificarem e banalizarem o cristianismo. (É o tal velho problema da velha nobreza portuguesa que apoiou Castela contra os interesses do povo português e da nação!). Com os dinheiros do povo, o governo patrocina a própria fé banal e de seus correligionários. Procura-se incrementar em Portugal uma sociedade pretensamente abananada e desorientada em vez de se preocuparem com o bem comum e, à margem, com o fomento dum socialismo humano e cristão à portuguesa. Democratas de poleiro, estes leaders da confusão, sem alternativas, vivem da insinuação obscura e da destruição de valores. Da sua falhada “reforma agrária”passaram a uma reforma ideológica eunuca que dá apenas para irem vivendo, pelos vistos, uma vida de encobertos azedos e de má consciência. Sabem que destroem sem terem nada para dar: resta-lhes talvez a esperança, de receberem pelo serviço prestado um posto nalguma instituição internacional!…

A nossa esquerda vive da importação do ferro-velho das ideias europeias
Esta gente sem originalidade vive dos ecos do grito anárquico duma mentalidade já ultrapassada dos anos 60 / 70 e duma ideologia materialista do século XIX já refutada pela nova física e pela biologia do século XX (teorias da relatividade e dos quanta). Um certo Portugal parece querer andar sempre a correr atrás do comboio e ao sabor dos ventos de Espanha: não pensa nem age, apenas reage. Na falta de originalidade vive da imitação barata, da profanação e da importação do ferro-velho das ideias europeias, basta-lhe o pensamento politicamente correcto!… Iluminados à sombra do céu nevoeirento de D. Sebastião continuam prisioneiros das miopias que combatem. Em vez de se empenharem na construção duma sociedade que tenha lugar para eles e para os outros, preferem permanecer os herdeiros dos carrascos da inquisição medieval.

As novas aves de rapina vivem da morte de Deus
Matam Deus na pessoa para poderem fazer da pessoa amorfos à sua imagem e semelhança relativizando-lhe a sua dignidade. Um filho de Deus é com Deus um absoluto, não podendo ceder à instrumentalização seja ela em nome da religião ou em nome do secularismo. Em nome da religião e do secularismo há um rol imenso de vítimas inocentes.
Mas o seu a seu dono! Com a religião judaico-cristã o Homem (todo o homem e toda a mulher) é de natureza divina e portanto intocável!
Os exploradores do ser humano começam por lhe tirar Deus ou por O instrumentalizar. Tanto as instituições estatais como as religiosas o têm profanado ao longo da história. Ao Cristianismo porém se deve a consciência divina do ser humano e da pessoa em particular. Trata-se de defender esta consciência de ser. Deus é povo e não precisa de acólitos. Não precisa de fanáticos que o afirmem nem de fanáticos que o neguem.
Na catársis da dúvida e na procura se diviniza o ser humano e a natureza! Porém as novas aves de rapina vivem da morte de Deus e das sombras dos cemitérios mantendo-se embora nos adros das igrejas. Os novos senhores são mais perigosos que os antigos. Aqueles escravizavam o corpo do povo. Os novos querem também a sua alma!…

António da Cunha Duarte Justo

António da Cunha Duarte Justo

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