O Ouro Português

Ao ler-se o título “20 toneladas de OURO Salazarista – Banco de Portugal vende 500 milhões em ouro” , operação realizada nos últimos meses, fica-se com a impressão de que o dinheiro tem cor. Ora, ele não tem cor, nem cheiro, nem nação, nem partido e fora do banco dá mais jeito!
Em tempos em que a fome do mundo (China) por metais é cada vez maior e estes se tornam cada vez mais escassos, felizes os que os podem reter.
Sócrates bem precisa dele para levar à frente algumas das reformas que Portugal bem necessita.
As reservas do banco de Portugal, as reservas da nação são outras.
Não, não são a União Europeia nem tão-pouco multinacionais portuguesas. As verdadeiras reservas do banco de Portugal, são os emigrantes com as suas remessas.
As atenções sérias para a estabilidade e bem da nação em tempos modernos não pode centrar-se numa preocupação exagerada de defesa do ouro no banco mas sim no fomento de capacidade de procriação dos portugueses! Esta e a falta de dinheiro líquido formaram o grande factor de estabilização do movimento emigratório. O excedente de população emigra e torna-se deste modo na grande fonte de crédito de Portugal para o estrangeiro!… Assim se se fizeram e fazem transacções de mercadorias sem preocupação pelo equilíbrio da balança económica a nível de exportações e importações.
Os países mais poderosos compensam o seu relaxamento “cultural” e procriador com a importação de emigrantes e de culturas na consciência de que contribuem assim para o desenvolvimento dos países enviadores de “mão-de-obra” e para um mundo global de multis económicas e de multis culturais!! No caso da concessão de asilo é um mero acto de penitência reparador das armas vendidas às organizações dos povos vítimas!
Concluindo, mãos à obra Portugal de dentro e de fora , toca a fazer filhos!… Portugal é pequenino mas o mundo é o seu celeiro!…
Se é verdade que a cor do suor do emigrante não tem o brilho do ouro também é verdade que embora descolorado não é em vão!

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

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A CORRUPÇÃO CAMUFLADA A CORRUPÇÃO CAMUFLADA

Falta Dinheiro para Investigar a Corrupção e o Crime Económico

Medrosamente, alguma imprensa fala da falta de dinheiro para se investigar a corrupção.
Por razões óbvias é muito natural que o departamento do Ministério Público encarregado de investigar a criminalidade mais grave – corrupção, crime económico e financeiro e crime organizado, não está de maneira nenhuma interessado em proceder a uma investigação séria. A corrupção tem muitos padrinhos e muitos deles têm assento na Administração estatal. Esta vai da concessão de encargos à colocação de pessoal, etc.
Confusão de partidocracia com democracia
É ingénuo querer que o Estado disponibilize dinheiro para tal fim e queira chegar mesmo aos infractores. Estando ele mesmo comprometido, numa sociedade democrática, esse papel só poderá ser assumido por um jornalismo que se assuma como poder ao serviço do povo e da nação, um poder ao lado dos outros poderes. Ora isso não pode acontecer em Portugal porque não há um grupo dos Media suficientemente potente com capacidade e vocação para poder assumir esse papel. Também não há jornalistas individuais com o capital necessário para se poderem dedicar a um jornalismo investigador sério. Se algum jornalista se aventurasse a esse trabalho, seria duplamente castigado porque o que as receitas da publicação do livro não chegaria sequer para pagar os primeiros passos nesse sentido. Por outro lado vive-se uma mentalidade subsidiária em que o suborno e o oportunismo fazem parte da tradição. Estamos num país em que reina o protagonismo, sem uma cultura gratificante para pessoas individuais que se levantem como a consciência da nação. O nosso meio só fomenta uns poucos de grupos de interesses e curte apenas personalidades partidárias. Só estas figuram, só estas são armadas em consciência não da nação mas do grupo de interesses que representam e passa equivocamente a ser vistos como representantes da nação. Não vivemos numa democracia mas sim numa partidocracia. Se o povo não está atento já na nossa geração teremos que constatar que a mal gerada e mal gerida democracia se desgastará e tornando-se então legitimamente contestada. Porque se persiste em andar sempre de revolução em revolução na repetição dos mesmos erros? Porque a motivação do agir é o bem pessoal (egoísmo) e não o bem comum e os fortes sabem que sobrevivem às revoluções. Quem se empenha verdadeiramente pela democracia sabe que o preço a pagar pela democracia é o bem-estar do povo. Quem ignora isto já se encontra a trabalhar em benefício da instauração duma ditadura.

Princípios éticos só complicam numa democracia chã.
A corrupção na economia, na política e na justiça cada vez se torna mais num cancro maligno.
Em Portugal como em toda Europa e em especial no Leste estabelece-se cada vez mais o domínio duma oligarquia anárquica, sem lei.
A corrupção cria uma espiral cada vez mais alargada porque traz consigo o encobrir da situação atendendo à subsequente chantagem. Mesmo o incauto que se deixe apanhar ocasionalmente pelo suborno então torna-se cúmplice para sempre tendo de manter no segredo as injustiças em que também ele está envolvido.
Este é um problema estrutural da sociedade e das instituições estendendo-se a todos os sectores da sociedade. Está em acção uma rede de diferentes interesses grupais ou individuais que não têm em conta o bem comum. Princípios éticos só complicam numa democracia chã. O que conta é o interesse pessoal (e quando muito partidário) que é colocado em primeiro lugar e à frente do interesse comum. O mais grave é que grande parte das elites estão comprometidas e a sociedade se encontra indiferente ao problema. Para termos a ideia do modo como a consciência social está emudecida ( e para não limitarmos a doença só a Portugal) lembre-se o exemplo dum Chanceler alemão (Gerard Schröder, homem da esquerda e representante dos ideais da geração de 68)) que na qualidade de 1° Ministro negocia com a Rússia tratados de fornecimento de gás à Alemanha e mal deixa de ser Chanceler passa da política para Co-administrador da empresa criada. Quanto a Portugal também não faltam exemplos. Pior ainda é quando os exemplos vêm duma esquerda que subiu em nome do povo fazendo carreira na política e depois se tornam muitops dos seus expoentes nos beneficiados dela conseguindo o estatuo social dos capitalistas que antes combatiam (A tal esquerda de caviar, etc.). Não falo já dos conservadores até porque o preconceito geral já os põe nesse rol.
O suborno e a corrupção tornaram-se questões menores numa democracia cada vez mais deficitária que se degrada cada vez mais em auto-serviço. Encontramo-nos a caminho da plutocracia.
Há muitos factores que explicam a razão porque se não reage contra a corrupção. Entre outras a está a concorrência internacional, a concorrência entre partidos e a luta por alcançar a posição mais forte, custe o que custar. Tudo isto leva a corrupção a tornar-se parte da cultura do negócio. Costuma-se dizer que “o segredo é a alma do negócio”! Para quem sabe ler também nas entrelinhas do texto (intra-texto) compreende que isso quer dizer: a corrupção, o suborno é a alma do negócio… Suborno e chantagem simplificam a entrega de incumbências. Aqui os pequenos, e as pequenas empresas não têm pedalada para lá chegarem. As pequenas empresas não têm a mínima oportunidade na concorrência e de iludir os concursos e a concorrência. Tudo acontece legalmente e os aparelhos de estado que também vivem disso calam e consentem, senão vejam a ordem dos advogados e outras… o povo quer-se longe!
Para evitar tudo isto seria necessário um controlo directo pelos cidadãos. Só assim se poderia evitar que nas democracias se faça de modo alargado o que nas ditaduras é reservado a poucos…

António da Cunha Duarte Justo

António da Cunha Duarte Justo

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BENTO XVI – O HOMEM CORAJOSO DA EUROPA

“O sangue não agrada a Deus”

A lição universitária pronunciada na universidade de Ratisbona (Regensburg) sob o tema “relação entre razão e fé” ficará na história e iniciará um período de maior coragem e transparência no diálogo intercultural.
O mundo precisa urgentemente duma resposta à questão: qual é a posição do Islão em relação à paz? O Papa está interessado num diálogo sério que aposte na conciliação de razão e religião, na complementaridade de ciências humanas e de ciências naturais. Também não chega que a Europa se limite a viver duma indústria de opiniões que abusa da liberdade de opinião. Por isso coloca a sua argumentação a um nível histórico-teológico na tentativa duma discussão clarificadora das diferenças e do que é comum às religiões e às culturas. Ele pretende com isto provocar um repúdio geral duma motivação religiosa da violência por parte de todos os dignitários de todas as religiões. Para isso necessita-se dum instrumento válido comum a todos, a razão, o logos.
O mundo e a Europa cada vez se tornam mais reféns dum terrorismo que se legitima religiosamente. Por outro lado os representantes religiosos não tomam posição contra a violência. À sombra desta vive muita gente poderosa sem escrúpulos sem se preocuparem com destinos individuais e de povos nem com o desenvolvimento histórico. Para a construção duma sociedade do futuro não é suficiente apostar só na lei natural e na estratégia do silêncio sobre a guerra santa e a violência. Através da história, a violência tem sido encarada como meio legítimo para se afirmar e dominar! Dos bons não reza a história…
O mundo islâmico radical sente-se provocado por um modernismo demasiado grego que o contradiz na essência e o paralisa. Assim, na sua acção prefere continuar a estratégia de expansão para o exterior através da aquisição de direitos e de sabotagem e de bloqueio interior. Segundo ele o modernismo seguido nos países de cultura cristã tornou-se no exemplo de como uma cultura se autodestrói. Preferem o homem açaimado à cultura fechada passando ao repúdio incondicional do individualismo diletante da cultura aberta ocidental e do seu materialismo. Aqui enfrentam-se dois parâmetros imperfeitos e auto-suficientes sem perspectivas de encontro. Por outro lado o mundo ocidental encontra-se em crise, sem saber o que quer nem para onde vai. O problema demográfico europeu leva-nos à situação do império romano entre o século III e V.
Em momentos de crise o Papado revelou-se como defensor da Europa no seu todo. Se antigamente eram as rivalidades senhoriais e de nações que punham em perigo a Europa hoje são as rivalidades ideológicas fechadas nelas mesmas, os egoismos e a consequente crise de identidade. A Europa, inconsciente e esbanjadora dos seus recursos culturais vive já dos rendimentos e não tem energia nem autoridade para dar resposta às questões e aos problemas colocados pela sociedade islâmica com uma grande espiritualidade e vitalidade.
A reacção do mundo ocidental ao mundo muçulmano tem-se situado entre perplexidade, ignorância e descrédito. Este expande no meio daquele e impõe-lhe os seus costumes. Em contrapartida na Turquia e no mundo islâmico as outras culturas são totalmente discriminadas segundo a divisa: em casa assimilamos e no estrangeiro construímos gettos. Sabem o que querem e não se deixam comprar, na consciência de que o futuro está do seu lado. Vivem com Deus na consciência de que quem O respeita se respeita a si próprio porque Este no idiário cultural é o próprio reflexo, o alter-ego de pessoas e culturas… No Ocidente a indiferença e o egoísmo pôs tudo à disposição em troca do Mamon; estamos de volta aos tempos bárbaros… Se o Ocidente tem dominado com a força económica e militar o Islão dominará com a sua força religiosa e com a consciência de “povo”. Ambos terão um denominador comum, não o respeito mas o medo. O Islão sabe que não é respeitado, que a sua presença se torna constante no medo que já reina em toda a Europa. Se outrora a sua melhor arma eram os cavalos hoje é o medo.
Se é verdade que a aceitação da liberdade religiosa e do pluralismo é algo que as religiões têm de aprender também é verdade que o secularismo não se pode apenas afirmar na incriminação das religiões.
Em geral no Islão a discussão teológica não é conhecida. A discussão teológica sobre o Corão e sobre Maomé é mesmo proibida. Maomé e o Corão são declarados tabus bem como a sua análise histórico-cultural crítica. Mais que teólogos são juristas com as suas escolas de interpretação própria. Deus enlibrou-se no Corão e a única coisa que há a fazer é discutir a aplicação e as tradições, isto é pode-se falar sobre ética e política familiar, etc., isto porém no sector do direito islâmico, da scharia.
A ignorância crassa é constrangedora no que toca à discussão pública sobre as religiões e na maneira como agora se distorce a realidade dum discurso papal sem conhecimento do documento. Só interessam títulos de jornais, o resto é preenchido pela fértil fantasia superficial. O stress dos jornalistas não lhes permite mais que a leitura duma página DIN4.
Naturalmente que as ameaças infundadas do mundo islâmico não se fizeram esperar com ataques incendiários a igrejas, assassínio duma freira e seu assistente num hospital na Somália, o propagado “ataque ao Vaticano” pelo grupo terrorista “Armada dos Mudschahedin” do Iraque, sindicalistas na Turquia, etc. A reacção só vem dar razão ao discurso do Papa. A sua aula universitária era dirigida àqueles que apelam à violência e àqueles que não têm coragem de iniciar uma discussão séria para lá da hipocrisia e do oportunismo que tem dominado nas relações inter-culturais entre os contraentes. Ele queria iniciar “um diálogo sério e aberto no respeito mútuo”. Naturalmente que uma leitura completa do documento e a discussão séria viria perturbar aqueles que dum lado e do outro esperam mais da força da violência do que da força dos argumentos. Não querem passar à análise dos factos e das doutrinas e preferem ficar-se pela censura e na irracionalidade dos preconceitos.
Na sua aula académica na universidade de Ratisbona sobre a relação entre razão e fé, Bento XVI começa o seu discurso com uma citação marginal do Imperador Manuel II em 1391 em que este discute com um intelectual da Pérsia sobre a Guerra Santa (Dschiadd): O Papa refere que o Imperador estava interessado na questão central da relação entre fé e Violência e não apenas na discussão entre o diferente trato entre crentes (monoteístas) e infiéis e por isso na sua argumentação terá partido da Sura 2, 256 do Corão que diz “não haja coacção em questões da fé” , uma das suras mais antigas do tempo em que Maomé ainda se “encontrava numa situação de impotência e ameaçado” e por outro lado o imperador sabia que mais tarde foram introduzidas no Corão as determinações sobre a “guerra santa” passando por isso directamente ao problema da questão da relação entre religião e violência, afirmando de maneira rude “mostra-me, o que é que Maomé trouxe de novo, e aí só encontrarás coisas más e desumanas, ao pregar e prescrever o espalhar a fé através da espada”. O imperador continuou argumentando que o espalhar a fé com violência era absurdo e que essa fé se torna uma contradição e afirma: “Ela está em contradição com o ser de Deus e com o ser da alma”… “O sangue não agrada a Deus” e “não agir segundo a razão é contrário ao ser de Deus”…”Quem quiser levar alguém à fé precisa da capacidade de falar bem e dum pensar justo e não de violência e ameaças”…E Bento XVI continua a sua aula e diz “a frase decisiva da argumentação contra a conversão pela violência é: central no diálogo citado: “A frase decisiva nesta argumentação contra a conversão pela violência é: “Não agir segundo a razão é contrário ao ser (natureza) de Deus”. O Papa quer um diálogo sério entre as religiões e as ciências e para isso precisa-se do instrumento comum da razão. Bento XVI cita o Professor Theodore Khoury de Munster que afirma que para o imperador, um bizantino crescido com a filosofia grega isto é evidente, para a doutrina islâmica esta frase não é evidente porque “para o Islão Deus é absolutamente transcendente e a sua vontade não está ligada a nenhuma das nossas categorias nem mesmo a da racionalidade”.
Nesta aula Bento XVI tira a legitimação religiosa aos islamistas, o que os representantes do Islão não fazem.
Por outro lado o Santo Padre ao questionar algumas determinações do Corão sobre a “Guerra Santa” coloca indirectamente a questão se o Islão poderá conciliar fé e razão.
O Papa pretende que a discussão sobre o diálogo das religiões se inicie a sério a nível intelectual e académico dado que a que a política por questões óbvias só tem estado interessada em fazer das religiões uma papa-açorda e em instrumentalizá-las para os seus fins.

António da Cunha Duarte Justo

António da Cunha Duarte Justo
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O Papa quer conciliador a tradição com a época moderna

Contra um iluminismo subserviente
O mundo islâmico reage extremamente intolerante e outros procuram a sua chance na afirmação pela contradição.
A tolerância não poder ser uma estrada de sentido único como até agora. É legítima a pergunta de até que ponto a tolerância pode tolerar a intolerância. Os países islâmicos têm que empreender algo concreto para provarem na prática que é apenas preconceito a ideia que corre de que o Islão anda de braço dado com o terrorismo e com o fanatismo.
Alguns parecem querer continuar no status quo dum diálogo hipócrita contentando-se com a discussão sobre a oportunidade ou não oportunidade das citações para assim passarem à ordem do dia sem sequer terem preocupado com o conteúdo ou a leitura do texto completo. A outros só lhes ocorre o argumento de águas passadas que não movem moinhos recorrendo ao baú da traça das faltas da Igreja de antigamente. É que pensar faz doer e o saber exacto responsabiliza.
O erudito Papa quer não só reconciliar mas sobretudo conciliar a tradição com a época moderna e contemporânea, a aldeia com o mundo global. Lança a iniciativa de se integrar a fé e a razão como dois pratos da mesma balança. Doutro modo encontrar-nos-íamos a caminho duma grande catástrofe. Como interessado no diálogo responsável Bento apela à boa vontade para que o diálogo não continue unilateral. O Islão não pode continuar a adiar o diálogo nem com as outras religiões nem com o mundo secular. De facto no mundo islâmico o mundo secular não existe, nele não há lugar para os ateus, agnósticos e as outras religiões são extremamente discriminadas. O actual presidente do Irão tem uma visão muito reduzida de vida social e da História ao afirmar: “ a vós pertenceu-vos o passado, a nós o futuro”.
Em todas as outras culturas a economia se desenvolve a largos passos enquanto que nos países islâmicos a riqueza continua na mão de poucos e ao povo inocente só lhes deixam a religião como tubo de escape. Manipulam-no possibilitando-lhe apenas uma pseudo expressão política no gesto de queimar símbolos ocidentais e em rituais de punhos serrados, que só põem a nu a sua fraqueza. O seu exército é barato e fácil de mobilizar: homens, mulheres e crianças atrás do facho da religião. Os muçulmanos emigrados para a Europa mais cultos e com mais dinheiro já não alinham nesses rituais públicos, de auto-afirmação. Os chefes semeiam o caos mas aí de quem os lembra dele!
O mundo árabe não pode ser deixado só na sua situação de oprimido – opressor. O Papa defende-o também com o seu discurso. Ele quer uma política do bem e quer lançar pontes. A sua função é servir a humanidade, dentro das suas limitações naturalmente. “O maior entre vós deve ser o vosso criado”. O Papa e muitos como ele já estão fartos de tanta conversa fiada entre religiões e povos, entre políticos, partidos e cientistas. Todos têm falado em nome do bem do povo, da nação, da ciência ou de Deus com posições dialécticas e absolutas à custa duma realidade mais digna e da opressão do povo cada vez mais na mesma. Há meses atrás dizia um jornalista do Egipto, ao falar sobre o mundo muçulmano numa conferência em Berlim:”Nós encontramo-nos numa situação desesperada. O Estado é despótico e incalculável (caprichoso) e nos programas de TV os chefes religiosos debatem se será islâmico ter estátuas nuas no jardim, enquanto que, todos os que de qualquer modo o podem, abandonam o nosso país”.
Bento XVI conhece bem os problemas da Europa e do Mundo. Ele quer que se dê uma oportunidade ao futuro! Com o discurso e a argumentação de carácter científico o Papa dirige-se não tanto à generalidade mas especialmente aos cientistas, aos do poder e quer dizer que o lugar da discussão deve começar pela ciência, que o seu lugar é a universidade e aqui não deve reinar a hipocrisia mas a força dos argumentos. Neste meio argumenta-se com nível mas não se poupa ninguém. É que a opinião pública e a política vivem bem das meias verdades e da lei do oportuno. As populações vivem desinformadas e os “comerciantes” não gostam que se fale da realidade concreta porque isso seria inoportuno para os seus negócios e talvez até não educado. Vivem do comentário e dum espírito dialéctico já ultrapassado pela nova física. Preferem o papel de mortos a enterrar mortos!.. no seguimento da bandeira de algum papa Nobel preso da dialéctica na praça dum mundo que não está convencido dos seus próprios argumentos.
Infiltração subcutânea sem contrapartidas
Bento XVI respondeu bem a muitos “reaccionários” que o criticavam. Não se desculpou porque não havia nada de que se desculpar; lamentou a incompreensão, o equívoco provocado. Quem se desculpa acusa-se! O problema não está tanto nas palavras por ele ditas, mas sim na capacidade para as poder entender e no interesse de alguns em distorcê-las. O seu discurso é científico para especialistas. Estes têm estado ausentes.
Permito-me fazer uma marginal observação à incompreensão que alguns me têm feito relativamente à escolha da citação de Manuel II Palaiologos feita pelo Papa. Eu penso que a escolha foi bem pensada e oportuna:Certamente que ele queria estabelecer relações e comparações entre aquela época e a nossa época e uma certa crise que lhes é comum. Queria apresentar certas semelhanças entre a cor local de então e a de hoje. Hoje como então há o problema da separação entre os cristãos bem como a questão do voluntarismo divino; hoje como então a ameaça muçulmana está muito presente; hoje como então dominam a indiferença e o desinteresse entre os cristãos; hoje como então é necessária uma discussão e um diálogo sério e sem papas na língua ao serviço dos povos; hoje como então o diálogo só se reduz a interesses económicos. Na altura o Imperador bizantino Manuel II Palaiologos estava preocupado em superar o cisma de 1054 entre os cristãos; ele queria organizar a defesa contra os invasores osmanos (turcos); ele fazia o apelo à união das duas Igrejas para poder resistir à pressão islâmica, o cristianismo dividido facilitava o caminho dos invasores; ele queria um diálogo autêntico, também a nível de princípios e de concepção responsável para todos os povos enquanto que os seus parceiros estavam apenas interessados na submissão das regiões dominadas através da espada e em acordar a tolerância religiosa entre as religiões do livro. Facto é que o apelo do imperador em 1393 não foi ouvido e em 1453 os Turcos chegaram mesmo a apoderar-se de Constantinopla passando a chamar-lhe Istambul.
O mundo em que vivemos parece um mundo maluco e contraditório. O pensador Bento XVI exige um diálogo sem mitos subjugado à razão e os nossos iluministas e esclarecidos exigem silêncio e hipocrisia do esclarecido Bento. Os nossos racionalistas já parecem ter medo da razão. Um iluminismo subserviente europeu parece actuar sob o lema: aconteça o que acontecer sou o amigo do inimigo do meu rival.
O Frankfurter Allgemeine de 17.09.06 refere laconicamente: “ Mundo às avessas: O homem de Deus advoga a causa da razão e os esclarecedores (Aufklärer) dão a preferência à obscurantista proibição da crítica”.
A confusão, o oportunismo e o medo podem muito!…

António da Cunha Duarte Justo

P. S. Esta posição é uma tentativa de resposta a alguns comentários e correio electrónico que recebi em relação ao artigo “Bento XVI – O Homem da Europa “.

António da Cunha Duarte Justo

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Mobilização de Soldados para o Líbano

Depois de muito debate a Alemanha resolve mandar um contingente de 2400 soldados da marinha em missão de paz para o Líbano. Esta mobilização tem como objectivo a vigilância das fronteiras marítimas do Líbano para impedir que o Hisbollah receba armamento por mar. Esta missão permite o controlo de barcos sob suspeita mas não lhe dá poder para apreensão de armas; esta será a missão das autoridades libanesas. Com esta missão a Alemanha gasta 46 milhões de Euros em 2006 e 147 milhões em 2007.
Para a Alemanha o envio dos soldados, que dentro de 10 dias se encontrarão no Líbano, é considerado um acontecimento histórico atendendo a que a Alemanha actua pela 1ª. vez perto das fronteiras de Israel. A Alemanha assume assim pouco a pouca um lugar relevante na estratégia militar europeia e mundial.
Espera-se que esta medida seja um primeiro passo no sentido dum verdadeiro armistício nas fronteiras do ódio para que o povo sofra menos.
Contra os inimigos da mobilização a próprio chanceler alemã Ângela Merkel afirmou que na defesa de direitos internacionais não se espera neutralidade.
Naturalmente que a questão posta é: com isto a Alemanha torna-se parceira da solução ou do conflito? Muitos alemães não estão contentes com a mobilização porque os critérios internacionais são demasiado moles não correspondendo às exigências e à qualidade da norma alemã. Além disto a missão inclui três perigos: o peso da história nas relações com Israel, o perigo real dum conflito no momento de controlo e o peso da duração da missão a que se não prevê um fim.
Naturalmente que o maior problema para a paz são as armas que entram através da fronteira terrestre e aqui tornar-se-á mais difícil e arriscada a missão de controlo.
Só com o esgotamento dos arsenais se poderá chegar à paz e convencer o Hisbollah ao desarmamento e a passar duma força terrorista a um partido entre outros. Por outro lado a entrega do arsenal do Hisbollah ao exército libanês corresponderá a uma hisbollahização do exército libanês. A situação não promete!…
Por um lado as companhias de armamento fornecem armamento em regiões de tensão sem que a política o proíba e por outro lado gastam-se somas gigantescas na reparação dos estragos provocados.
A União Europeia apoia o Líbano com 900 milhões de Euros para infra-estruturas. A retirada de Israel de Gaza não impede as acções palestinianas. Dinheiros europeus foram empregues na edição de livros escolares com propaganda anti-israelita. No Líbano domina o Hisbollah. O dinheiro corre sem qualquer conceito para o desarmamento.
Porque não empregar a energia que corre para o aparelho militar em empenho político. Com esta acção o Ocidente sente que já fez muito enquanto que o problema fundamental entre israelitas e palestinianos continua. O que é necessário é uma clara solução de dois estados com uma fronteira reconhecida pelas duas partes. Deste modo indirectamente Hamas reconheceria o estado de Israel. É sarcástico o facto de ter sido necessária uma guerra para que o mundo civilizado tomasse mais a sério o conflito

António Justo
Alemanha

António da Cunha Duarte Justo

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