VIDA SOCIAL NO PENDULAR ENTRE PROGRESSISTAS E CONSERVADORES

Da asneira do abuso contra a direita e contra a esquerda

António Justo
A mudança é uma constante da evolução e como tal processo e necessidade, tanto a nível natural e individual como institucional. Quem não tem em conta a lei da mudança é ultrapassado e quem não tem os pés na terra esbarra-se.

A acentuação exagerada da mudança e do progresso em sistemas e estruturas humanas pode ser tão prejudicial no processo de desenvolvimento, como a estagnação.

A área de conflito entre progressistas e conservadores é mais que legítima, dado a vida pressupor os dois polos! Isto confirma a necessidade da tensão, a consciência de que o equilíbrio não é natural e que nenhum dos polos, quer progressista quer conservador, é sustentável por si.

A História ensina-nos, como constatava Hannah Arendt: “Sabe-se que o revolucionário mais radical será um conservador no dia após a revolução.”

O empenho mais adequado seria investir na própria mudança; isto pode parecer atitude não suficientemente política, mas é o pressuposto para a paz criativa, porque surge da consciência que o todo é feito de partes e cada parte é uma perspectiva inerente ao todo. O complexo teve origem no simples.

Penso que o que mais precisaríamos seria de um discurso mais baseado na análise de factos e menos fixo em emoções, pessoas e partidos. Reconheço, porém, que a saudade do perfeito e do equilíbrio também pode constituir impedimento muito embora seja ela um factor movente que provoca a mudança no sentido do desenvolvimento.

De momento, ao lado de manifestantes ordeiros e passíficos, assiste-se à violência da esquerda autónoma, nas ruas de Hamburgo, em contestação da G-20. A violência contra a violência é portadora da morte, porque as energias que poderiam ser empregues de um lado e do outro de maneira a possibilitar humanidade e desenvolvimento são desperdiçadas no caos da pólis. A energia positiva e negativa na perspectiva da complementaridade pode produir a luz que de outro modo não brilharia.

Na minha polís convivem conservadores e progressistas como amigos e cada grupo está consiente do seu papel em prol do desenvolvimento humano e social. Por isso afirmam-se no respeito mútuo, não se combatem. Sentem-se expressão das forças da divindade que tudo move. Os deuses foram-se impondo e à medida que o povo evoluía, eles acompanhavam a consciência humana que com eles crescia.

De resto, para se sair do caminho errado não é preciso voltar para trás, basta mudar de direcção.

Se quisermos reconciliar as divindades temos de mitigar o próprio poderio!

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

TRIBUNAL CONSTITUCIONAL ALEMÃO CONFIRMA PROIBIÇÃO DE LENÇO NA CABEÇA A MUÇULMANA

Karlsruhe confirmou a proibição do uso do véu na cabeça, como sinal religioso, a uma estagiária do Ministério Público.

 

A queixosa   de cidadania alemã e marroquina pretendia continuar o estágio de formação jurídica do Estado de Hesse e poder, em funções, usar o lenço, como expressão de sua crença religiosa.

 

A advogada já tinha perdido em tribunal normal.  Com a proibição confirmada pelo TC, se pretender assumir funções no Ministério Público terá de renunciar ao véu.

 

 

O tribunal considerou de maior peso o dever de neutralidade do Estado do que a liberdade religiosa da advogada. (Cf: Az. 2BvR 1333/17)

 

António da Cunha Duarte Justo

 

António da Cunha Duarte Justo

POLÍTICA TURCA CONSEGUIU MINIMIZAR OS CRISTÃOS DE 20% PARA 0,2% EM 100 ANOS

Estado turco confisca Património cultural cristão

António Justo

O Estado turco acaba de confiscar, pelo menos, 50 conventos, igrejas e cemitérios, dos cristãos ortodoxos sírios (Armênios/sírios) transferindo a sua posse para a Repartição estatal da religião islâmica. À perseguição e discriminação dos cristãos vem juntar-se a expropriação do seu património cultural. Com esta medida o governo pode vender e transformar em mesquitas e museus o património dos cristãos.

A Turquia considera-se exemplar, na tradição do holocausto aos cristãos arménios e da política muçulmana de estabelecer uma monocultura no exterior através de guetos e de procriação e no interior através da discriminação e da negação ao direito de cristãos se organizarem-se como personalidade jurídica; isto corresponde à negação da existência pública a grupos não muçulmanos; deste modo, outros estão expostos às arbitrariedades de um estado hegemónico já com 99% de muçulmanos, quando em 1914 os cristãos constituíam, na região, ainda 20% da população. Hoje são apenas 0,2% (125.000). A diminuição deve-se ao genocídio (mais de um milhão foram mortos 1915-1917), à expulsão e à discriminação sistemática por um Estado que se quer monocultura.

Também milhares de arménios tinham já sido expropriados pelo Estado turco nos últimos 15 anos (HNA, 4.07) na região do sudeste da Anatólia. O convento Mor Gabriel na região Midyat que data do ano 397 ainda é sede do bispado. Os arménios são dos mais antigos povos cristãos a viver na região, já desde o tempo dos apóstolos.

Os arménios também são oprimidos e expulsos das suas residências pelos partidos de conflito entre o Estado turco e os curdos. Em Tur Abdin já só vivem 2.000 arménios, o resto pediu asilo na Europa.

A igreja evangélica na Alemanha já protestou contra as expropriações, considerando tal prática um “acto consciente de destruição da cultura” na região Tur Abdin..

O islamista Recep Tayyip Erdogan implementa consequentemente a monocultura islâmica na sociedade turca.  Conta com a indiferença dos países ocidentais apenas interessados no negócio e sabe que, devido à densidade cultural histórica no país, atrairá sempre o turismo internacional, podendo-se permitir não suportar senão referências ao islão e ter todas de minorias sob controlo na perspectiva islâmica. Na Turquia é possível identificar-se um cristão através de um número do Bilhete de identidade. Assim o Estado e instituições têm mais facilidade em discriminar os seus cidadãos porque só confia em muçulmanos nas altas hierarquias e instituições.

A Turquia, um exemplo de país muçulmano moderno, é um bom exemplo de como o islão mais avançado realiza o seu futuro. A cegueira da humanidade é tanta que, a poder de tanta ideologia na cabeça, já não consegue ver nem interpretar a realidade dos factos; nega-se a discutir factores culturais da própria identidade para fomentar a expansão da alheia, sem haver reciprocidade de atitudes e comportamentos. Enfim, a irresponsabilidade europeia ajuda a esperteza dos outros. É sintomático o facto de só a Igreja evangélica protestar contra a arbitrariedade turca.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

PS: Neste Link: http://www.montfort.org.br/bra/veritas/papa/papa_regensburg/

 encontra-se uma boa lição sobre a razão e religião em relação aos invasores de Constantinopla. O espírito permanece o mesmo. O que o mundo muçulmano faz hoje é mera continuação da imposição através da violência e da espada. Hoje a força do mainstream é tão forte que embota a razão das sociedades ocidentais que fomentam a instalação de cavalos de troia nas suas polis sem solicitar contrapartidas que poderiam levar o mundo islâmico a ser mais dialógico, tolerante e comprometido.

CASAMENTO-CIVIL TAMBÉM PARA HOMOSEXUAIS NA ALEMANHA

Acto maquiavélico de Ângela Merkel tira os trunfos à Esquerda na Campanha eleitoral

A lei passou no parlamento alemão (HNA,30.06), com uma maioria clara votada por SPD, Verdes, Linke (Esquerda) e 75 deputados da União.

A chanceler, para não ver uma lei passada no parlamento com os votos do parceiro de coligação SPD e oposição, adiantou-se a uma “quebra de coligação”, com uma espécie de acto à la “Geringonça”.

Ângela Merkel, que é contra o “casamento para todos”, possibilitou a lei do “casamento para todos”, usando do estratagema da desvinculação da coerção disciplinar partidária do seu grupo parlamentar, para que os deputados da CDU/CSU votassem segundo a própria consciência e não segundo a vontade do partido ou fracção parlamentar.

Deste modo Merkel adiantou-se à vontade do partido e a um motivo, que muitos tinham, de votar no SPD, Verdes e Esquerda, que pretendiam votar tal lei, caso alcançassem a maioria nas próximas eleições; impediu ao mesmo tempo uma votação tipo “geringonça”, impossibilitando uma espécie de quebra da coligação, uma vez que o SPD queria ver já a lei em vigência.

Esta foi uma medida maquiavélica de Merkel, de reforço do poder e para não dar lugar à passagem de eleitores de uns partidos para os outros. Merkel conta que muitos dos membros do próprio partido esqueçam esta medida até às eleições em setembro.

Coisas da democracia partidária: um passo em frente na igualdade legal e na confusão de terminologias; ficará a diferença uma questão de semântica entre casamento e matrimónio?

A lei fundamental e as decisões do supremo tribunal entenderam até ao presente por casamento apenas a ligação entre homem e mulher.

É esquisita esta maneira de legislar sob pressão! Acho um empobrecimento da língua querer meter no conceito de “Casamento” que indica união entre homem e mulher um alargamento da definição e incluir também a união de homem com homem e de mulher com mulher. Uma boa diferenciação e definição de terminologia podia reservar para uns a palavra casamento e para outros “parceria de vida”, o que não deveria, pelo facto, incluir discriminação.

Independentemente de entrar aqui numa discussão sobre defesa da família e valores, com esta lei, o poder institucional e do Estado cedem em favor do poder do indivíduo.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

DOCUMENTA 14 (d14) – O OLIMPO DA ARTE E DA IDEOLOGIA

Arte e Monumentos são a Expressão e Memória visível da Pólis

Por António Justo

O coração da arte contemporânea mundial (documenta) pulsa pela décima quarta vez, durante 100 dias, em Kassel.

Os Responsáveis da documenta 14 decidiram partilhar a d14 com Atenas de modo a realizar-se em Kassel e Atenas (d14 em Kassel de 10 de Junho a 17 de setembro e em Atenas d14 Atenas de 8. 4. – 16. 7.).

A d14 congrega 160 artistas de todo o mundo (Aqui) tornando-se,  centro de atraccão para cerca de um milhão de peregrinos da arte, durante nos 100 dias. Podem-se ver as Imagens da d14 em espaços interiores (em 25 museus e espaços de exposição) e em espaços exteriores (11 obras de Arte ao ar livre, estas: sem necessidade de comprar bilhete); a documenta 14 é acompanhada por muitas representações e performances em lugares públicos. A documenta dispõe de um orçamento de 34 milhões de euros (o Estado contribui com 17 milhões de euros).

Na d14, expressa-se um género de arte que se pode designar de arte do conceito. A d14 na sequência da d13 acentua a politização da arte que parece querer tornar-se numa espécie de religião da política com um novo sacerdócio altaneiro que a explica e interpreta. Tem a característica vantajosa de colocar temas políticos na rampa do público. A d14 além de ser um altifalante de conceitos de emoções e excitações ideológicas apresenta também alguns oásis muito interessantes onde a fantasia artística figurativa é fomentada. A d14 não tem um centro que a oriente e é demasiado grande para poder ser reduzida a uma opinião. Pelo que pude observar, penso que no seu conjunto se pode considerar como que um grito desesperado duma geração passageira, por se tornar numa repetição de apelos niilistas da esquerda dos anos 70/80.

O “Spiegel online” comenta que a d14 ao contrário da Bienal de Veneza “busca o atrito não busca o equilíbrio”. “Die Welt” vê o perigo da arte ser metida numa “prisão de pensamentos de ácido moralista” e onde, segundo o jornal “FAZ”, se encontram “exemplos banais de arte conceptual com pretextos a ser política” com posições autoritárias, que provocam desconforto no cliente da arte. FAZ refere ainda que o Conselho de Curadores da d14 escolheu obras de segunda classe de longínquas paragens para demonstrar desinteresse pelo Staus quo da arte.

A d14, mais que chocar quer provocar, numa sociedade já de pele dura habituada ao estilo hodierno de grupos guerrilheiros autónomos.

No planeta atemorizado e assustador em que vivemos, a documenta 14 pinta o mundo a preto e branco. Quer sacudir as pessoas com os meios da política, do sexo e de outros eventos grávidos de escândalo, numa paisagem recheada de problemas. E isto numa Alemanha em que, segundo as estatísticas, 25% dos alemães se interessam por política e o resto quer paz.

A documenta 14 consegue superar os caixilhos dos Estados nacionais e das multinacionais, mas não consegue, por natureza, superar as fronteiras ideológicas. O seu regente artístico, o socialista Adam Szymczyk opta pela provocação. Szymczyk preceitua “o desaprender” no sentido da desorientação. A d14 transmite a impressão de documentar um caos em que se quer ficar, o fim da democracia racional porque de facto a democracia cada vez se transforma mais num risco porque é esbanjada. FAZ AM SONTAG refere que a grande fraqueza da d14 é o seu “profundo desejo de ser moralmente certa; já em Atenas se fez de obras de arte documentos da luta internacional pela libertação”; os “organizadores da d14 tropeçam no erro do ensino dogmático” em que também tropeçou o movimento Gender com a sua ideologia do preceito transgénico. A documenta encontra-se obcecada pelo espírito crítico contra a dominância “branca, masculinidade heterossexual” vendo por todo lado racismo e fascismo. Falta-lhe “o poder de negociação crítica” numa sociedade considerada como “público experimental”.

 

A Dokumenta 14 em Kassel demonstra a marcha da ideologia na arte; a arte conceptual é aqui o altar da ideologia esquerda que procura criar um pequeno grupo de iniciados para que o povo se pasme não perante a arte mas perante as explicações.

Uma posição arrojada e nova será o aspecto crítico a surgir contra a ideocracia em voga; este será mais um passo que a sociedade terá de colocar na ordem do dia na mesa do seu desenvolvimento. O problema é que pensar a sério faz doer e isto não faz parte de produtos de consumo.

É louvável o espírito tolerante e democrático de uma sociedade aberta que vive da controvérsia mas que permanece fiel à procura da verdade e do essencial não se deixando distrair pelo cantar das sereias.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo