POSSÍVEL VIAGEM DO PAPA A MOSCOVO – A NATO FEZ COM QUE O KREMLIN REAGISSE MAL E DESENCADEASSE O CONFLITO

Uma boa Ocasião para os Media começarem a ser mais objectivos nas Informações

Na entrevista ao jornal Corriere della Sera (03.05.2022), o Papa Francisco disse que estava pronto para ir a Moscovo e que quem começou propriamente a guerra foi a NATO: “Penso que antes de ir a Kiev, tenho de ir a Moscovo”. Disse que o encontro não serviria exactamente para condenar Putin, porque o verdadeiro “escândalo” da guerra de Putin era “o ladrar da NATO às portas da Rússia”, fazendo com que o Kremlin “reagisse erradamente e desencadeasse o conflito”(1).

A viagem de um papa tem sempre um caracter simbólico e como tal o Santo Padre prefere ir primeiro a Moscovo e só depois dar resposta ao convite da Ucrânia! Francisco considera que uma visita a Kiev neste momento é de pouca utilidade para a paz. “Sinto que não devo ir. Primeiro tenho de ir a Moscovo, primeiro tenho de me encontrar com Putin. Mas também sou padre, o que posso fazer? Eu faço o que eu posso. Se Putin abrir a porta.”  O Santo Padre já várias vezes tinha condenado claramente a guerra de intervenção.

O chefe da Igreja também culpou a guerra do “comércio” de armas, um “escândalo” com o qual poucos discordariam.  E acrescenta: “Era evidente que as armas estavam a ser testadas ali. Os russos sabem agora que os seus veículos blindados são pouco úteis “e já estão a pensar noutras coisas”. As guerras são travadas para testar armas que tenham sido produzidas. Outras citações do Papa no Corriere della Sera em nota (2):

O vaticano já iniciou diligência e enviou a Putin a mensagem de que o Papa estava disposto a ir a Moscou (3).

À pergunta sobre a conversa vídeo que teve com o Patriarca Kirill, Francisco disse ter-lhe respondido: “Irmão, não somos clérigos do estado; não podemos usar a linguagem da política, mas a de Jesus. Somos pastores do mesmo povo santo de Deus.”

Esta intervenção do Papa poderia tornar-se em motivo para que a imprensa passasse a ter mais interesse em livros e investigação do que em armas e propaganda!

De facto, teremos de concluir que nesta guerra, além da dignidade humana, quem mais perderá será a Europa que vai de Lisboa aos Urais. A estratégia militar russa está a falhar, a estratégia dos USA/NATO de construirem um mundo unipolar falhará porque obrigaria a Rússia a unir-se à China e a China terá então oportunidade de invadir também Taiwan! Este medo de virmos a ter uma guerra mundial com dois epicentros (um na Europa e outro na Ásia, poderá levar os USA a não intervirem directamente mas a tentarem prolongar a guerra na Ucrânia para enfraquecerem mais a Rússia à custa da Europa e a aniquilação da Ucrânia. Ainda bem que a NATO não tem folgo para manter uma guerra com dois epicentros porque desta maneira talvez se evite uma guerra nuclear (4).

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1)  https://doharoots.com/de/papst-franziskus-sagt-die-nato-habe-den-krieg-in-der-ukraine-begonnen-indem-sie-an-putins-tuer-bellte/ ; https://www.vaticannews.va/de/papst/news/2022-05/papst-franziskus-interview-putin-corriere-della-sera.html

(2)  https://www.ihu.unisinos.br/618223-papa-francisco-putin-nao-para-quero-encontra-lo-em-moscou-agora-nao-irei-a-kiev

(3) O Papa Francisco diz que a Otan parece ter começado o conflito latindo na porta de Putin: https://dutchbullion.de/papst-franziskus-sagt-die-nato-habe-den-krieg-in-der-ukraine-begonnen-indem-sie-putins-tur-anbellte/

(4) Ucrânia entre imperialismo russo e ocidental: https://www.triplov.com/letras/Antonio-Justo/2014/ucrania.htm

OS OLIGARCAS DA UCRÂNIA

O Arquivo Taz apresentou os sete super-ricos da Ucrânia de 2021 publicados na Fobes (1); estes têm/tiveram grande influência nos acontecimentos da Ucrânia.

A partir de 2021, Rinat Akhmetov é o cidadão mais rico da Ucrânia, com uma fortuna de cerca 7,6 mil milhões de US-Dólares.

Viktor Pinchuk rem 2,25 mil milhões: o magnata do aço de 61 anos manteve-se durante muito tempo cem ligação com políticos pró-russos.

Petro Poroshenko, o rei do chocolate comanda uma fortuna no valor de 1,45 mil milhões e foi também presidente da Ucrânia até 2019 (Pro USA). Desde o início da guerra, Poroshenko tem-se mostrado em uniforme militar e garantiu a Selenskyj o seu firme apoio.

Ihor Kolomojskyj tem 1,45 mil milhões e financia um batalhão de voluntários.

O oligarca Ihor Kolomojskyj transformou o actor Selenskyj numa figura de identificação ucraniana com a série televisiva “Servo do Povo”. Selenskyj ganhou então (2019) as eleições presidenciais com a lista do mesmo nome.

Kolomojskyj , para além do banco (ver nota), criou um conglomerado com participações em companhias aéreas, engenharia mecânica, indústria alimentar, química, petrolífera e siderúrgica e o sector dos media, incluindo o canal de televisão 1+1, através de cujos programas Volodymyr Selenskyj ganhou grande popularidade como comediante. Kolomojskyj apoiou a candidatura de Selenskyj em 2019 e é considerado o seu apoiante. Kolomojskyj, que é repetidamente acusado de métodos de negócios escuros, foi também governador da região de Dnipropetrovsk (agora Dnipro) de 2014 a 2015 e tem financiado o batalhão de voluntários “Dnipro”, desde a sua fundação. Segundo o comandante, Kolomojskyj deve ficar na sua cidade natal de Dnipro, onde também se distingue há muito tempo na sua comunidade de origem judaica.  De acordo com os media ucranianos e americanos, devido a várias investigações judiciais na Ucrânia, Suíça e EUA, Ihor Kolomoisky vive agora com um passaporte israelita em Israel, que não extradita os seus cidadãos (2).

Um dia os povos ucranianos e europeus acordarão e perceberão quem foi e o que é realmente Selensky e a quem é que ele realmente serve. Então o povo poderá derrubar Selensky mas já é demasiado tarde porque entretanto a NATO já se enontra directamente envolvida! Pelos vistos encontra-se ao serviço não do povo mas de uma nova Ordem Mundial!  Hitler sacrificou o povo judeu à sua visão ária e Selenskyj sacrifica o povo ucraniano a uma nova ordem mundial.

O grande equívoco que a guerra da informação conseguiu é fazer-nos crer que na Ucrânia se trata de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia quando, de facto  a guerra é entre a NATO/USA e a Rússia, tendo por trás a alta finança internacional!.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1)  https://de.statista.com/statistik/daten/studie/590931/umfrage/ranking-der-reichsten-ukrainer/ ; https://taz.de/Das-sind-die-Superreichen-der-Ukraine/!5840207/   

(2) https://www.sueddeutsche.de/politik/ukraine-wahl-ergebnis-wolodymyr-selensky-1.4416812   

UM SOCO NA CARA!

Nesta guerra plurifacetada parece assistirmos a um jogo de ping-pong!

Moscovo está a considerar confiscar os bens de empresários de “países hostis” como resposta ao anúncio dos EUA de que irão transferir para a Ucrânia os bens confiscados aos oligarcas russos, escreveu o presidente do Parlamento, Vyacheslav Volodin.

Encontramo-nos em desespero pacífico e comportamo-nos todos como se estivéssemos sob anestesia com uma autoconfiança infundada. A propaganda de ambos os lados sofre de bloqueio de pensamento sem considerar a realidade dos interesses polares para possibilitar identificação num dos polos mentais com se houvesse um mundo sem polos, uma realidade unipolar.

Esta guerra não é entre a ideologia da esquerda ou da direita, é uma guerra a favor de imperialistas que se querem afirmar.

Há uma perda de realidade e por isso é difícil estar plenamente informado, porque a guerra polariza os jornais e as pessoas. Vai-se tendo a impressão que o melhor é evitar especialmente debates conduzidos por políticos ou pelos principais meios de comunicação. Por isso os que se concentram apenas em coisas que podem influenciar pessoal e diretamente podem ser um exemplo para todos nós.

Há um ditado de clubes de boxe (Mike Tyson) que diz “Todo mundo tem um plano – até levar um soco na cara!”. É natural que lançar tons pacifistas é bom até para se ir criando consciência no sentido da paz. A realidade política económica e militar é bem diferente como se pode verificar pela declaração do Ministério da Defesa alemã: “Não vendemos armas para países em conflito”…

Apesar de tudo, depois de se apanhar um soco na cara poderemos estar certos que passaremos a reagir intuitivamente de maneira certa. Quando penso em tudo isto, vem-me, por vezes, à ideia que desperdiço preciosas horas de vida, ao constatar a realidade que rege o mundo e que nele há muita gente exclusivamente interessada em ideologia, domínio e violência!

A História ensina-nos que a razão permanece do lado de quem luta e deixa de lado os peões e os pacifistas! Não quero vencer, apenas quero lutar pela vida porque a vida é o prémio da luta!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

PROTESTOS NOS COMÍCIOS DE MAIO CONTRA A ENTREGA DE ARMAS À UCRÂNIA

Nos comícios de 1º de maio na Alemanha, a atmosfera da guerra provocou algumas faíscas e trovões. Em Düsseldorf, o Chanceler Federal Olaf Scholz foi apupado como “belicista”.

A Prefeita de Berlim, Franziska Giffey, teve que interromper o comício da DBB em Berlim depois de ser atingida com ovos.

A indisposição da população contra a entrega de armas aumenta. O povo também quer  ter uma palavra a dizer!

Do outro lado do Atlântico o Presidente dos USA quer dar à Ucrânia mais 33 bilhões de Dólares. Essa verba é destinada sobretudo para militares e 3 bilhões para ajuda humanitária. Isso deve ser suficiente “até setembro”. Partindo desta afirmação, pode-se concluir que não há absolutamente nenhum interesse em um fim rápido para a guerra.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

1° DE MAIO – O DIA DO TRABALHADOR E NALGUNS PAÍSES TAMBÉM O DIA DA MÃE

Trabalho é um Direito mais que uma Obrigação

Trabalho é também uma forma de valorização e de emancipação social. O facto de este ano se festejarem o dia do Trabalhador e da Mãe juntos (por calhar no primeiro domingo de maio) ganha um sentido especial atendendo a que a sociedade se tem aproveitado injustamente do trabalho dasmães sem as recompensar!

A luta dos trabalhadores conseguiu restituir-lhes mais dignidade na sua maneira de estar em sociedade. Também o trabalho formal foi o que, socialmente, proporcionou às mulheres independência económica a nível familiar, de maneira a equilibrar a distância entre homem e mulher! Essa distância era marcante pelo facto de a sociedade fazer discriminação entre as diferentes formas de trabalho! Na jerarquia social, a forma de trabalho ainda se revela como configuração determinante de diferenciação.

Com o home office, as discussões sobre horário de trabalho tendem a acabar. Passa-se a ter mais independência que reverte no bem da empresa devido à disponibilidade constante dos trabalhadores. Muitos dos custos da empresa são transferidos para a casa dos empregados.

Os sindicatos para não perderem significado nem sentido terão de conceber uma nova arquitetura de segurança para o trabalhador; esta terá de alargar o seu âmbito de acção também para os trabalhadores não filiados, porque se torna cada vez mais urgente lutar pela justiça distributiva. Uma sociedade escravizada à moeda que cada vez produz mais oligarcas (reinado dos poucos, numa cumplicidade entre riqueza e política) e mais plutocratas (reinado dos super-ricos à margem ou acima da lei) terá de controlar o mundo financeiro que pertence aos juguladores do dinheiro!

A discriminação, na sociedade ocidental, tem sido fortificada pela herança grega que fazia depender a dignidade humana da “dignidade” atribuída ao trabalho e não à pessoa! Na mentalidade grega o trabalho físico era algo inferior destinado aos escravos e mais tarde aos servos, criados, etc. (Os filósofos, membros de famílias abastadas, podiam dedicar-se ao “ócio” produtivo na consciência de que saber é poder!).

Na era cristã afirmou-se a filosofia do “ora et labora” (trabalho também é rezar) dando-se, deste modo uma valorização humana e social ao trabalho! Nesta ordem de ideias, trabalho é parte da realização humana participante da actividade divina e tão digno como a oração; segundo o princípio cristão a pessoa é que dá dignidade ao trabalho e não o trabalho à pessoa.  O princípio básico da regra beneditina (ano 529) que, na sua maneira de viver, estruturava o seu dia segundo a divisa “Rezar, trabalhar e ler” influenciou o desenvolvimento de uma “Europa” que nascia ao lado dos mosteiros.

Hoje trabalho é energia, energia concentrada em capital. O valor do que se adquire é dado pelo trabalho. O trabalho transformou-se em mercadoria e como tal em mero negócio como quer uma sociedade mecanicista, mercantilista e materialista interessada apenas em funções.

Trabalho é a forma de realização humana por excelência e como tal inerente à pessoa como se pode ver já na atividade criativa expressa na necessidade e modo de jogar das crianças; segundo este impulso sem atividade não há felicidade; trabalhar é um direito não uma obrigação! Também sob o ponto de vista bíblico, trabalhar é esforço, é criar e Domingo é o dia em que Deus deixou de trabalhar… Como se vê; também Deus trabalhou mas sem se perder no trabalho!…

Com as novas formas de organização do trabalho talvez nos aproximemos mais da divisa acima descrita.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Aristóteles dizia sobre o trabalho: “Todos aqueles que nada tem de melhor para nos oferecer que o uso de seu corpo e dos seus membros são condenados pela natureza à escravidão. É melhor para eles servir que serem abandonados a si próprios.”