SIMBOLOGIA DO CAVALO DE TROIA

Na mitologia grega, o Cavalo de Troia é um símbolo da Guerra travada entre gregos e troianos. Os gregos para dominar os Troianos – na guerra que durava já 10 anos – tiveram uma ideia ardilosa, sugerida por Ulisses.

Construíram um cavalo grande em madeira para ser dado em oferta ao rei dos troianos, mas onde se encontravam 30 soldados gregos escondidos. Colocaram o cavalo às portas da cidade muralhada de Troia e os troianos, interpretando a oferta como sinal de rendição dos gregos, permitiram a sua entrada no interior da cidade.

Pela calada da noite, os soldados saíram do Cavalo e abriram os portões da cidade, o que permitiu que o exército grego entrasse. Estes destruíram Troia e puseram fim à guerra.

Com o estratagema do cavalo os gregos conseguiram aquilo que desejavam: vencer a guerra de Troia a partir de dentro. As guerras perpetram-se pela calada da noite e dentro do campo inimigo!

A história mitológica foi descrita por Homero na Ilíada e expressa a possibilitação da penetração dissimulada em território a adquirir.

O vírus cibernético “cavalo de Troia” também vence as defesas do computador e provoca os danos a partir de dentro!

Os Estados também usam os seus espiões e serviços secretos que servem de “cavalo troiano” para espionagem.

No caso da Ucrânia, depois de ter observado a situação criada na sociedade ucraniana a partir de 1991, sou levado a ter de afirmar que a Rússia e USA/OTAN desempenham o papel dos gregos como Cavalo Troiano. O mesmo se prepara em Taiwan onde os gregos são os EUA e a China!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

Taiwan e Ucrânia na Situação de Cavalos troianos de Interesses imperialistas rivais

Nancy Pelosi usada como Farpa dos EUA em presumível Corpo chinês

Todas as populações, atendendo à geoestratégia das potências mundiais, como se manifesta agora no conflito USA-China em Taiwan, são colocadas em situação polémica: defender os direitos humanos e a democracia ou ter consideração pela ditadura chinesa. O povo quer paz e entendimento, mas as potências querem poder e supremacia marcando para isso as suas linhas vermelhas e só cedem quando são obrigadas a ceder, daí as guerras.

Os EUA para impedirem que a China os substitua no seu lugar de controladores do mundo não hesitam em fomentar um conflito no Índico em nome da defesa da democracia embora tenham assegurado a Pequim o poder legítimo sobre Taiwan! Quanto à vontade do povo na História, ela faz sempre parte da letra miúda colocada em nota!

Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, visitou (2.08.2022) Taiwan, o que a China considera uma provocação! Em Taipé, Nancy Pelosi afirmou: “Mantemo-nos firmes no nosso compromisso de defender a democracia no mundo e em Taiwan”. Com esta frase redobra os propósitos afirmados na Cimeira da OTAN em Madrid (1) de afirmar o direito de interferir nas questões internas dos países onde os seus interesses não forem garantidos.

A iniciativa de Nancy Pelosi revelou-se falhada porque a China reagiu de maneira diferente à da Rússia quando Putin em 2007 avisou que tentar arrastar a Ucrânia neutra para a parte da esfera ocidental isso corresponderia a ultrapassar a linha vermelha; apesar disso a OTAN ultrapassou a linha vermelha o que levou à intervenção russa; agora os EUA tentaram usar o mesmo estratagema em Taiwan mas a China, que também tinha avisado que Taiwan constituía linha vermelha a não ser pisada pelos EUA,  ao reagir de maneira tão exacerbada e decidida, mostrou mesmo que o pisar a linha vermelha corresponde a guerra séria! Depois de passados os primeiros exercícios de músculos, certamente se dará espaço de tempo suficiente para uma acomodação ou para um verdadeiro confronto.

A situação na Ucrânia, perante a abdicação da Europa, levou Washington a conseguir a guerra fria com a Rússia e agora que vai perdendo a Rússia, mas conquistou a Europa, começa a fazer provocações à China a partir de Taiwan para assim preparar a guerra fria também com a China. A China passa assim a ser, neste momento, provocada por não ter alinhado na guerra económica contra a Rússia.

O povo taiwanês é que sofre as consequências! Numa demonstração de poder, a China reagiu com manobras da marinha à volta de Taiwan e as autoridades chinesas proibiram a importação de produtos agrícolas a mais de 3.000 empresas de Taiwan, convocaram o embaixador dos EUA e interromperam as conversações sobre o clima e a colaboração em assuntos militares. 

Em 1979 os EUA comprometeram-se a reconhecer o governo da República Popular da China como governo regular de toda a China (Também Taiwan). Esse foi certamente um erro, mas feito num tempo de poder de perspectiva bipolar no mundo.

Neste espírito, a Alemanha e os EUA têm a sua representação oficial em Pequim mantendo apenas uma representação inoficial em Taipé (Taiwan).

Os EUA e a OTAN querem sobrepor-se a outros povos considerando a sua mundivisão como a melhor ordem para o mundo, sem reconsiderarem que essa visão já não funcionou nas cruzadas.  Pouco a pouco vai-se tendo a impressão que o povo não pode pensar pela própria cabeça e os políticos, longe do humano, apenas aplicam as ordens de uma inteligência artificial.

Os EUA querem impedir transformações no mundo que levem à criação de um poder mundial multipolar! O comportamento que assumem parece tomar em conta, para breve, a formação de um mundo bipolar alinhado em socialismo de um lado e capitalismo liberal do outro. Deste modo os circuitos de comércio reduzem-se, tendo o povo, de um lado e do outro, de pagar a conta. Exemplo: a guerra económica com a Rússia leva a Europa a ter de importar gás líquido dos EUA que fica quatro vezes mais caro que o gás russo.

Hoje governa a arrogância e a mediocridade legitimadas por eleições democráticas, mas seguidora da ditadura do mercado determinada pela oligarquia globalista. A narrativa dos Media sobre a Rússia e a Ucrânia consegui transformar-se num meio de lavagem de cérebro do povo europeu de modo a conseguir apagar a imaginação europeia!

Hoje lamentamos na Europa os cadáveres humanos e os prejuízos económicos em consequência da guerra geoestratégica americana e da guerra económica europeia na Ucrânia e amanhã o desastre será mais que duplo no confronto entre a China e os USA (OTAN) em Taiwan, numa luta pelo domínio do Pacífico entre dois rivais imperialistas empenhados em afirmar a sua hegemonia à custa dos vizinhos (2).

Atendendo aos imperialismos e mundivisões rivais, a política externa dos EUA revela-se desastrosa e está a pôr em perigo a paz mundial. De novo os EUA fazem uso de uma política de provocação de maneira sorrateira como fizeram na Ucrânia. Já não chega a guerra fria entre a OTAN e a Rússia para se preparar uma outra guerra fria entre a OTAN e a China. De novo, em nome de guerra económica, geoestratégica ou nacional se atenta contra a paz.

Cada parte quer ver imposta uma nova ordem mundial a seu jeito, mas o mundo está a exigir um outro jeito de andar e de mandar!

A luta pelo domínio do Pacífico faz de Taiwan um ponto quente do conflito mundial. Joe Biden quer domar Putin e Xi Jinping para continuar a manter a sua hegemonia mundial.

Taiwan é o resultado final da derrota da resistência dos nacionalistas chineses que se acantonaram em Taiwan na fuga aos comunistas chineses do continente. Mao Tse Tung proclamou a República Popular Comunista em Pequim em 1949 passando na China a existir dois sistemas de governo propriamente incompatíveis, o democrático em Taiwan e a ditadura na China continental.

Agora o líder Xi Jinping vê como tarefa submeter Taiwan a Pequim. Os EUA, interessados no Pacífico, no comércio e na correspondente esfera de influência, estão empenhados em continuar a ter Taiwan como aliado contra a China.

Os EUA e a OTAN querem sobrepor-se a outros povos considerando a sua mundivisão como a melhor ordem para o mundo, sem reconsiderarem que essa visão já não funcionou nas cruzadas.  Pouco a pouco vai-se tendo a impressão que o povo não pode pensar pela própria cabeça e os políticos, longe do humano, apenas aplicam as ordens de uma inteligência artificial.

Os 23 milhões de taiwaneses querem, pelo menos, preservar o status quo para não terem de seguir os ditadores de Pequim.

Joe Biden disse ser “obrigação” defender Taiwan (Se com armas ou com tropas é uma questão em aberto) de maneira a Taiwan poder autodefender-se.

Taiwan ocupa o número 22 entre as grandes economias mundiais e encontra-se fortemente entrelaçada com a economia global. Se houvesse uma guerra económica também contra a China, as consequências seriam muito mais desastrosas e incomensuráveis em comparação com as advindas contra a Rússia.

A situação mundial é catastrófica porque o poder dos EUA com as suas bases militares em todo o mundo é tão grande que obriga grandes potências a ter de ajoelhar a seus pés. Daí o interesse de países, também com interesses imperialistas, apostarem no fabrico de bombas atómicas.

Na consequência do seguidismo descabeçado dos políticos europeus iremos certamente observar representantes parlamentares europeus em peregrinação a Taipé no seguimento de Nancy Pelosi para mostrarem os músculos da OTAN, tal como fizerem em Kiev.

A matriz mental por que se orientam poderosos e “cromos” são selectivas (não inclusivas) com uma linha de pensamento apenas linear mono-causal e de visão numa só perspetiva (dirigida a um só fim ou objecto resumido no próprio ganho) enquanto que pessoas mais pacíficas têm uma matriz mental mais abrangente com uma linha de pensamento a-perspetivista (global) capaz de perceber o mundo no seu todo e na sua complexidade, compreendendo a necessidade da complementaridade de elementos, ideias e comportamentos; em vez de um pensamento de luta tornar-se-ia adequado um pensamento que tenha como base o compromisso; doutro modo quem não é pelo compromisso entre interesses divergentes é pela guerra.

Os tempos em que uma filosofia ou uma ideologia dominavam o mundo já passaram. É preciso uma filosofia aliada aos compromissos! Precisa-se de uma mistura de estratégia ocidental (doutrina) e oriental (compromisso pragmático) na maneira de solucionar os problemas do mundo.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

(1) https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/cimeira-da-nato-em-madrid-um-marco-historico-da-hegemonia-global-dos-eua-algumas-mulheres-no-afeganistao-podem-estudar-atraves-de-online

(2) Michael Müler, antigo Secretário de Estado da Alemanha, em contrapartida à política actual do governo avisa: “A Rússia é o maior país da terra com mais matérias-primas do mundo. Pode desenvolver-se na direcção da Ásia ou da Europa. O maior perigo para o mundo seria uma dupla guerra fria – com Pequim e Moscovo” e acrescenta: “O perigo está a crescer devido à política externa dos EUA”. “O verdadeiro problema é que, quando o mundo compreender o que está a acontecer, a fractura global já terá permitido à Rússia, à China e à Eurásia criar uma verdadeira Nova Ordem Mundial não-neoliberal que não precisa dos países da NATO e que perdeu a confiança e a esperança de ganhos económicos mútuos com eles. O campo de batalha militar estará repleto de cadáveres económicos”: https://thesaker.is/the-dollar-devours-the-euro/?fbclid=IwAR1gP_VuLXCEB30TCW1Pa7XrcUCaJor6LzvCt3Nv2pCglzyHJjIyWsGHVCk

AMEAÇA DE POBREZA NA ALEMANHA

De acordo com o último relatório do Instituto Federal de Estatística, 13 milhões de pessoas na Alemanha estão em risco de pobreza (2021).

Pessoa que ganhe menos de 1.251 euros por mês e família com dois filhos com rendimento inferior a 2.627, é considerada em risco de pobreza. Isto significaria que teria um rendimento inferior a 60% do rendimento médio na Alemanha, o que é considerado limiar da pobreza!

A desigualdade social está a aumentar escandalosamente. Cada vez se veem mais pessoas à procura de garrafas e artigos aproveitáveis nos caixotes do lixo.

A inflação atinge mais duramente os mais pobres.

O facto de alguns deles ainda disporem mais do que algumas pessoas de classe média nos países mais pobres não deve ser argumento para justificar a situação.

O nosso comportamento político torna-se patético quando se vê quantos biliões de euros são gastos em armamento e como as grandes empresas são favorecidas.

Encontramo-nos numa época de extremismos em que os oligarcas do mundo são favorecidos de maneira a povo e políticos se tornarem seus serviçais!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo